Capítulo 6

1808 Words
Anne A sensação de cair era horrível, como se algo estivesse sugando todo ar dos seus pulmões. Quando criança eu tinha medo de altura, aconteceu desde que me empurraram de um brinquedo no porquinho. Pensei que nunca mais sentiria aquela sensação de pavor e insegurança antes. Você simplesmente não sabe o que lhe espera lá embaixo, mas consegue imaginar quantos ossos quebrados poderia ter. Meu corpo afundou em vários sacos de lixo e o impacto foi violento, fazendo-me perder o ar por alguns segundos. Olhei assustada para a ruela vazia ouvindo apenas sons de gatos e carros na avenida ao longe. Você sabe que fracassou quando se sente um nada, jogada no meio do lixo em uma noite fria, sozinha e quebrada. Eram 3 horas da madrugada e eu havia pulado a janela do 2 andar, apenas com uma roupa de dormir, um escovão e uma bolsa velha onde guardava todo o meu dinheiro. Ela era o mais importante que eu tinha, as poucas roupas velhas não valiam a pena pegar. Ouvi ruídos acima de mim e vi Theo aparecer na janela. Pelo seu olhar vi apenas maldade e raiva. Ele estava bêbado e quando sumiu da minha visão eu sabia que era o momento de fugir dali. Quando me levantei cambaleante e corri pelas ruas escuras, me vi perdida perguntando-me o que seria de mim agora. Passei a mão pelo rosto, choramingando ao pisar em falso sentindo meu tornozelo doer. Manquei para longe dali, abraçando meu corpo para proteger do frio. É claro que eu não sairia ilesa dessa queda. Um gato pulou a minha frente assustando-me, e eu respirei fundo apressando os passos até a avenida. Ainda tinha dinheiro guardado e dava pra alugar um quarto em algum lugar, só precisava sair das ruas porque era perigoso andar com esse dinheiro por aí. Acenei para um táxi que se aproximava e ele passou direto, sem nem ao menos pensar duas vezes. Grunhi irritada batendo os pés no asfalto, só então notando que estava vestindo apenas uma camiseta velha de dormir, e os cabelos bagunçados se encontravam presos no topo da cabeça. Já estava pensando na possibilidade de sair caminhando a procura de um hotel mesmo com o tornozelo doendo, quando um carro preto derrapou de repente ao meu lado, assustando-me. Pensei em correr, mas estava paralisada demais, além de sentir uma certa semelhança com aquele veículo. Eu conhecia aquele Suv porque já havia entrado nele, mesmo não sabendo quantas pessoas de Los Angeles tem um carro assim, a probabilidade do motorista ser quem eu estava pensando era enorme, até mesmo maior que meu próprio azar. Ele só estava lá na hora estranhamente certa. O que estou pensando? Esse cara não era a minha salvação, eu deveria fugir dele Quando os vidros se abriram eu respirei fundo ao encontrar Derek atrás do volante. A forma que ele me olhava parecia cansaço, e pude notar que estava uma bagunça, na verdade parecia que havia saído de uma luta. — Entre. — a voz rouca e fria soou tranquila. Apenas um "entre" como se fosse normal entrar em carros de mafiosos pela madrugada. As ordens estavam lá outra vez e eu quis rir se não estivesse em um estado tão deplorável. Era muita coincidência logo ele aparecer aqui agora, encontrando justamente eu. Será que estava me perseguindo? Pela sua cara de cansaço deveria estar trabalhando. Talvez tenha sido realmente uma coincidência e eu não deveria estar tão paranoica com isso, porque tinha outros problemas para me preocupar agora. Theo deveria estar atrás de mim e eu não gostaria de encontrá-lo. Fiquei o encarando em silêncio e odiei o olhar que o homem me lançou. Era como se eu precisasse dele, como se estivesse ali para me salvar e fosse minha única esperança. E naquele momento me senti impotente porque precisava realmente da ajuda de alguém. Decidi deixar meu orgulho de lado e entrei no carro. Ninguém ousou dizer uma palavra, mas eu estava atenta a cada movimento violento que Derek vazia ao dirigir. — Se me colocou dentro desse carro para me matar, é melhor parar agora. — Se eu quisesse te matar já estaria morta a muito tempo. — sua resposta foi curta e grossa. — Brigou com um Pit Bull? — zombei me referindo ao estado amassado das suas roupas. Não deveria estar puxando assunto com ele, na verdade eu nem ao menos deveria estar aqui. Mas lá estava eu outra vez na presença do maior criminoso de Los Angeles. Parabéns Anne você está fazendo um belo trabalho em ser a maior i****a da história do mundo. — Ele estava com fome. — Eu estava brincando. — revirei os olhos. — Eu não brinco. O homem continuava sério, prestando atenção no trânsito. Apesar deu achar que ele não se importava de dirigir feito um louco por aí. Era madrugada, as ruas não estavam tão cheias. Me pergunto o que essas pessoas fazem acordadas a essa hora da madrugada, suas vidas não podem ser tão ferradas como a minha. Eu trocaria tudo para estar descansando agora. Ter sonhos bons, sem medo ou preocupações. Eu não teria que acordar no meio da madrugada e fugir de um louco. — Nunca? — perguntei duvidosa. — Nunca. — Entendo. Sem senso de humor. — voltei minha atenção para a janela. — Talvez meu humor seja diferente do seu. — Com certeza é! — afirmei. — Bom, não sou eu que estava de pijama no meio da rua, se é que posso chamar isso de pijama. — olhou de relance para minhas pernas que estavam expostas na camisa velha. Eu estava horrível mesmo, e sentia vergonha disso. Eu só queria dormir em conforto, não imaginava que teria de fugir no meio da madrugada. — Algumas pessoas não são tão privilegiadas na vida e precisam aprender a sobreviver. — alfinetei. — Está fugindo de quem? — foi direto ao ponto. — Meu chefe talvez. — Eu sou seu chefe. — O outro chefe, apesar de que também estou fugindo de você. Derek ficou em silêncio por um momento. — Ótima forma de fugir de mim. — sugeriu ao fato de estar dentro do seu carro. — Só estou aqui porque era minha única opção. — cuspi a verdade com desagrado. Não tinha o que negar, naquele momento Derek era minha única opção de fuga. Talvez eu esteja entrando em uma cilada maior ao estar aqui com ele, ou estivesse realmente sendo salva. Ainda não entendia o que se passava na cabeça daquele homem. — O que aquele cara fez com você? — Eu só preciso encontrar outro lugar para ficar. Pode parar em um hotel ou pensão, por favor? — pedi não querendo falar sobre aquilo. Derek fez uma curva e eu me recordei daquele caminho. Ele estava indo para sua casa. — Ele machucou você? — Não, eu consegui fugir a tempo. — Como fugiu? — Pulei de uma janela. Houve alguns segundos de silêncio. — Você pulou de uma janela. — Parece que sou mais resistente do que pensei. — dei de ombros. Derek não disse mais nada, apenas continuou dirigindo e como havia pensado ele havia me levado para sua casa. — Eu quero um hotel. — suspirei saindo do carro. — Está tarde, não reclame de barriga cheia. — apontou para a mansão a sua frente e seguiu caminho pela entrada da mesma sem me esperar. Suspirei pegando minha bolsa e o acompanhei abraçando meu corpo. Não conseguiria dormir naquela noite de qualquer forma. Derek caminhou diretamente para suas bebidas e eu me sentei no grande sofá abraçando uma almofada. — Pode ficar aqui o tempo que quiser. — Vou procurar um lugar para mim. — Tanto faz, só cuide melhor de si mesma. — me olhou com repreensão. Quem ele pensa que é pra me dar lição de moral? — Fala o cara que provavelmente daqui a alguns anos não terá mais um fígado. — O que já está estragado não pode piorar. — Não acho. Sempre pode ficar pior. — sussurrei, lembrando-me da minha condição. — Se quiser pode cuidar da casa, o pagamento é bom. — Quer me contratar como empregada? — Você já é minha dançarina de qualquer forma. Mas se não quer ficar aqui de graça, faça algo para recompensar. O quarto de hóspedes é todo seu. — o homem anunciou e subiu as escadas levando sua bebida junto. Me levantei o seguindo, não admitia que falasse isso para mim e me desse as costas. — Espere. — briguei quando chegamos ao corredor. Derek continuou a me ignorar e eu a segui-lo. Não pedi para me trazer a sua casa e muito menos para me jogar aquela ideia estúpida. — Você pensa que pode controlar tudo, mas não pode. E eu não vou morar na sua casa, quase fui morta da outra vez que fui encontrada ao seu lado naquela maldita boate. — gritei o fazendo se virar bruscamente e em seguida eu estava presa contra a parede ao lado. Ofeguei olhando nos olhos azuis do homem que estava colado a mim, minhas mãos estavam presas no alto e ele estava perto demais. — Não deixarei que nada aconteça com você, enquanto estiver sobre o meu domínio. Consegue entender isso? — soprou próximo do meu pescoço. Minhas pernas formigaram e eu estava sem fôlego agora. Não deveria me deixar afetar pela sua proximidade, mas Derek sabia provocar. Ele nasceu para isso. De repente me senti estúpida, ainda mais quando senti seus lábios tocarem meu pescoço. Derek beijou minha pele e o calor se alastrou por todo meu corpo atingindo o ponto entre minhas pernas. Toquei em seu peito buscando forças em algum lugar para afastá-lo, mas meu corpo não reagia, estava gostando daquela loucura insana. Seus dentes arrancaram meus pescoço e a sucção de sua língua era forte, mordi os lábios com força para não soltar um som indevido. Ele estava apenas no meu pescoço e se estivesse em mim toda? Espantei os pensamentos insanos, perguntado-me o que estava fazendo. Derek deixou um beijo demorado perto da minha boca e se afastou bruscamente voltando a caminhar pelo extenso corredor, entrando em seu quarto. Fiquei parada e ofegante me sentindo uma i****a e com raiva de mim mesma. Diria que minhas pernas estavam bambas e que se tentasse dar o primeiro passo, m*l sairia do lugar. Suspirei tentando me lembrar qual era o quarto de hóspedes e entrei no mesmo quarto que dormi quando passei a noite aqui na outra vez. Ele se encontrava da mesma forma, mas organizado. Já era tarde e provavelmente eu não dormiria, mas quando deitei meu corpo exausto nos lençóis fofinhos daquela cama enorme, tudo mudou. Eu estava no paraíso e o centro dele era um cara que me levaria à ruína e eu não poderia permitir que isso aconteça.
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