Anne
Sou odiada desde que nasci. Minha mãe me abortaria se minha vó não a tivesse encontrado no banheiro de um posto de gasolina se entupindo de remédios. Era apenas uma adolescente de 18 anos depressiva que m*l conhecia o pai da filha. Cresci sem pai, com uma mãe depressiva que trocava de marido quase todo mês.
Ela sofreu violência doméstica e foi traída várias vezes enquanto eu apenas assistia escondida o seu sofrimento e me afundava em um trauma profundo. Jurei que nunca seria igual ela, que seria uma mulher melhor e não deixaria nenhum homem me usar ou fazer o que quisesse comigo.
Meu maior desejo era conseguir sair de casa para dar um sustento melhor para minha mãe, pagar um tratamento bom para ajuda-lá a sair da depressão que seu último marido deixou ao larga-la sem nada.
E foi isso que fiz ao completar 22 anos. Resolvi sair do buraco onde morava e tentar uma vida melhor porque eu não queria ser igual a minha mãe e precisava salva-lá dela mesma. Enquanto ela não quisesse ajuda, ela nunca ficaria boa, mas eu faria de tudo para cuidar dela, mesmo que para isso precisasse me mudar para longe.
Porque eu não me afundaria junto com ela, alguma de nós duas precisava fazer alguma coisa.
Quando sai de casa para tentar uma vida melhor na cidade grande prometi à minha mãe que procuraria um trabalho honesto. Consegui um trabalho de garçonete, mas mesmo com as horas extras não era o suficiente para me sustentar e mandar dinheiro para casa porque o custo de vida aqui era alto.
Limpar mesas não era a melhor profissão, mas foi a única que encontrei que sabia fazer e as vezes conseguia ganhar uma boa gorjeta.
Precisava apenas ser amigável e sorrir.
— Com licença. Qual o seu nome? — uma mulher loira perguntou enquanto eu limpava a mesa que uma família havia acabado de sair.
A criança havia derrubado muita comida e feito escândalo na hora de ir embora. Lhe ofereci um pirulito e consegui acalma-lo para a felicidade dos pais.
Observei a mulher bonita a minha frente, me sentindo inferior a ela.
— Anne Mackenzei.
— Sou Alice Stewart é uma prazer conhecê-la. — me estendeu a mão.
Devolvido o comprimento educado esperando que ela pudesse falar algo.
— Vi lhe oferecer um emprego na melhor boate dessa cidade, se quiser irá ganhar uma boa quantia. — me entregou um cartão preto antes de colocar a bolsa no ombro e sair com elegância.
Uma boate? Pessoas saiam convidando qualquer um que encontrasse para boates? Por que ela acharia que eu serviria para o serviço?
Sabia do que se tratava e olhando para a bagunça daquela lanchonete eu suspirei derrotada me lembrando da minha mãe. Se continuasse naquele lugar nunca ganharia o dinheiro que precisava.
Quando aquela mulher me encontrou na lanchonete e me ofereceu um emprego melhor eu não pensei duas vezes. Sabia onde estava me metendo, sabia dos meus princípios e valores e ninguém me obrigava a nada.
Era dançarina em uma das melhores boates de Los Angeles, algumas vezes exibia meu corpo demais, mas era apenas isso, ainda não havia me vendido por completo.
Odiava os olhares de desejo e malícia no rosto de alguns homens, porque sabia que muitos deles estavam traindo suas esposas. Mas um em especial, um que eu não deveria me aproximar deixou-me intrigada desde que atravessou as portas daquela boate pela primeira vez cercado por seguranças.
Era simplesmente o dono de tudo aquilo, o chefão de toda a cidade porque era a máfia que mandava ali. Alice já havia deixado claro de quem era ele. O homem merecia respeito, e ninguém ousava fazer o contrário se não quisesse perder a vida.
Não se brinca com um homem assim.
Me pergunto porque minhas pernas não tremeram ao vê-lo, e porque o encarei de volta quando me comeu com os olhos, por que sustentei seu olhar todas as noites, jogando um jogo perigoso demais para mim.
Quando entrei no palco aquela noite procurei pelos olhos azuis mais bonitos que já tinha visto, eram os únicos especiais naquele lugar. De alguma forma eles me traziam desejo e intriga.
Os olhos dele estavam em mim desde que entrou na boate aquela noite, e não fazia questão de disfarçar. Ele não se importava em parecer intimidador ou arrogante demais. O corpo estava jogado no sofá de couro de um jeito desleixado, conciliando com uma pose arrogante e metida.
Afrouxou a gravata de tons escuros, atraindo atenções aos primeiros botões abertos de sua camisa social. Todas as noites ele estava elegante, e era o centro das atenções.
Duas semanas, foi o tempo em que veio me ver. Sim eu sabia que eles estava ali para mim porque simplesmente sentava no melhor lugar e me adorava a noite inteira, o homem me comia, apenas com os olhos. Não ousava se aproximar ou dizer nenhuma palavra, ele me olhava dançar e ia embora depois de deixar uma gorjeta gorda.
Estava me bancando e eu ganhei em duas semanas o que nunca ganhei na minha vida inteira. Não me faria de rogada porque eu estava ali pelo dinheiro, e mesmo não conhecendo aquele homem, não me sentia culpada pelo o que fazia.
Enquanto dançava no palco junto com outras duas garotas, assustei-me ao sentir uma palmada forte em minha b***a, causada por um cara bêbado que invadiu o palco.
Fui pega totalmente desprevenida e quando ele se aproximou de mim não tive nenhuma reação.
— Sua gostosa vem para minha cama.
Ele tentou me agarrar e os seguranças se aproximaram para tirá-lo de perto de mim. As pessoas à nossa volta fingiam que nada estava acontecendo até que o barulho de um tiro ecoou pelo local, causando completo silêncio.
A música havia parado e todos abriam espaço para Derek Costello, que caminhava a passos arrogantes e duros em direção ao palco.
Os olhos fixos no homem que havia me atacado e agora era segurado por seguranças, a arma em suas mãos se ergueu até que enfiou garganta a dentro no cara.
— Você não toca nela, não respira o mesmo ar que ela. Está entendendo? — A voz ameaçadora me fez engolir em seco e algo dentro de mim se apertar em ansiedade.
Ele estava me defendendo. O grande mafioso estava defendendo uma simples dançarina. Mas de qualquer forma esse lugar é dele, talvez esteja apenas defendendo a honra de uma funcionária.
— Me desculpa eu não sabia… — o homem tentou falar com a boca cheia.
Imagino o quão tenso deve ser estar com uma arma enfiada na garganta.
— Não sabia o que?
— Que ela era sua p**a.
Um sorriso c***l surgiu nos lábios de Derek. Franzi o cenho me sentindo ofendida, desejando que aquele cara se fode-se.
O tiro foi certeiro e eu engoli o grito de pavor ao ver sangue espirrar para todos os lados, inclusive nas minhas roupas. Meus olhos estavam arregalados quando Derek entregou a arma para um de seus seguranças e limpou suas mãos e um lenço branco como se não tivesse acabado de tirar uma vida, por motivo nenhum.
Eu estava trêmula e apavorada. Esse homem acaba de matar por mim. Era doente, simplesmente doente, não havia outra explicação para esse ato impulsivo.
Os seguranças começaram a limpar o local e a música continuou. As pessoas fingiam que nada havia acontecido enquanto eu continuava incrédula demais.
Senti meu braço ser segurado e um dos seguranças me arrastou em direção ao Derek que agora caminhava por um dos corredores da boate. Meu coração acelerava a cada passo que dava atrás do homem, observando suas costas largas e passos arrogantes.
Paramos em frente a um quarto, um homem abriu a porta e a fechou me deixando sozinha no local luxuoso com um cara que acabou de matar por mim.
Fiquei parada na porta observando os passos de Derek. O homem desabotoou os botões de sua camisa que só agora percebi estar manchada de sangue e a jogou no chão, não se importando em ficar sem camisa à minha frente.
Eu não deveria me incomodar porque estava com muito menos pouca roupa. Derek tinha muitas tatuagens e cicatrizes e eu não consegui disfarçar encarar demais.
Ele entrou no banheiro e depois voltou com algumas toalhas molhadas enquanto se aproximava de mim.
Quando ele me olhou eu sustentei seu olhar, tentando não me intimidar.
Ficamos em silêncio e eu segurei a respiração quando senti a toalha passear pelo meu braço limpando as manchas de sangue que haviam ali. Ele fez tudo com cuidado e concentração como se estivesse limpando algo valioso.
Quando a toalha escorregou próximo ao vale dos meus s***s senti algo como se o seu corpo estivesse tendo.
Estava paralisada.
— Por que está fazendo isso? — ousei perguntar.
— Se sujei, limpo. — foi sua única resposta.
Ele havia me sujado, tinha atirado em alguém na minha frente e agora estava limpando o sangue da vida que tirou por mim.
Quando Derek terminou ele entrou de volta no banheiro e voltou agora com um roupão, onde usou para me cobrir. Agradeci amarrando o laço em volta do meu corpo o observando se servir com uma garrafa de Whisky que havia ali.
— Quem lhe trouxe para cá? — perguntou de costas para mim.
— Alice me contratou.
— Onde ela encontrou você?
— E isso importa? — indaguei o vendo se virar para mim e dar um gole em sua bebida.
— Garotas como você não trabalham em lugares assim.
— Garotas como...eu?
— Garotas boas!
— Como sabe que sou boa? Você não me conhece. — retruquei não gostando da sua afirmação.
— Quantos anos tem? 18?
— Tenho 22.
— Rosto inocente, olhar delicado demais. Esse lugar é para mulheres vividas e quem não tem outra opção de vida.
— Estou aqui porque quero.
— Pois eu lhe demito. — disse tranquilamente, fazendo-me arregalar os olhos e em seguida sentir uma espécie de raiva tomando todo meu corpo.
Odiava pessoas egoístas que pensavam que podiam controlar as outras só porque tinham dinheiro.
— Não pode me demitir sem motivo algum. — retruquei com raiva, vendo algo como surpresa passar pelos seus olhos bonitos.
— Eu posso, sou o chefe.
— Um cretino. — surrei.
— O que disse?
— Primeiro você fica me comendo com os olhos durante duas semanas inteiras, e depois mata um cara na minha frente como se fosse a coisa mais normal possível e agora quer me demitir? Que tipo de cretino é você? — desabafei ofegante, apertando meus punhos com força para me dar forças para continuar.
Não sabia se sairia viva daqui, talvez pudesse colocar culpa no meu gênio forte e esquentado por estar quase gritando com um mafioso que acabou de matar um cara por nada.
— Acha que sou um cretino? Oh querida eu sou pior que um cretino, você nunca conheceu ninguém igual a mim ou pior. E é exatamente por isso que estou lhe mandando embora, não faz parte deste mundo. — o homem soltou as palavras arrogantes e virou o resto da sua bebida na garganta com uma tranquilidade irritante.
Senti meus olhos aderem por vontade de chorar, mas não lhe daria esse gostinho. Não iria me humilhar para ele, mas precisava desse emprego mais que tudo. Só o trabalho de garçonete não ajudaria nas despesas e muito menos daria para ajudar a minha mãe.
— Eu preciso desse emprego.
— Pode encontrar algo melhor.
— Eu quero esse. — bati o pé o ouvindo respirar fundo.
Derek guardou seu copo e se aproximou se exibindo com aquelas malditas tatuagens intrigantes. Havia uma cicatriz enorme em seu peito e eu tentei não olha-la tanto e quando ele se aproximava e segurava meu queixo.
Seu corpo me empurrou contra a porta e agora eu estava tensa por ele estar perto demais. Sua respiração forte alcançava meu rosto e eu sustentei seu olhar enquanto me devorava.
Simplesmente me devorava.
Seu polegar passou pelos meus lábios e eu continue a encara-lo com seriedade, sem tremor.
Derek deslizou a mão pelo minha cintura abrindo o roupão para tocar em minha pele. Seus dedos me causaram calafrios ao mesmo tempo que esquentava tudo dentro de mim.
Ele continuou a brincar com meus lábios até que senti sua respiração quente tocar meu pescoço, onde ousou usar a boca para mordiscar minha pele.
Derek beijou e chupou meu pescoço, fazendo-me suspirar, mas me mantive firme. Estava irritada por me sentir mais do que atraída por ele e principalmente por saber que não deveria sentir algo assim por um criminoso, isso era doentio.
Ele acabou de me demitir, eu deveria chuta-lo para longe de mim.
— Doce. — suspirou ao deslizar a língua pelo meu pescoço.
Arfei tentando manter a sanidade e controlar o meu próprio corpo que respondia aos estímulos daquele homem.
Soltei um gemido quando sua mão apertou minha cintura apertando meu corpo contra o seu. Ele era duro e quente. Tentei apertar as pernas para diminuir a dor entre elas, me sentindo uma i****a por estar molhada por um homem assim.
Derek ficou tenso e quando olhou em meus olhos eu desejei que me beija-se, eu nunca desejei que um homem me beija-se tanto como agora, mesmo sabendo que era errado.
De repente Derek se afastou como se eu tivesse alguma doença contagiosa, e tudo a minha volta pareceu c******r fazendo-me voltar a realidade.
— Esse lugar não é seguro para você. Irei mandar os seguranças a levarem em casa. — avisou quando me soltou.
Respirei fundo buscando dignidade e força.
— Não vai perguntar meu nome? — perguntei quando ele seguiu outra vez em direção a sua bebida.
— Não preciso saber seu nome.
É claro que não. Homens como ele só querem diversão, e eu deveria ficar longe de caras assim.
Engoli em seco buscando meu orgulho e tirei aquela porcaria de roupão jogando em direção ao homem, antes de sair do quarto e bater a porta indo embora quase nua.
Aquela roupa de dança não cobria praticamente nada, minha b***a estava completamente a mostrar em um mini short de couro preto que mais parecia uma calcinha e o top de couro era o suficiente para cobrir meus s***s pequenos.
Logo senti a sombra de alguém me seguindo e respirei fundo tentando escapar do segurança de Derek. Eu sempre ia embora de táxi e hoje não seria diferente. Eu não entraria em um carro com um brutamontes que não conhecia.
Passei no meu camarim para pegar um sobretudo e o resto das minhas coisas.
— O que ele fez a você? — Alice se aproximou com um olhar nervoso.
— Me demitiu. — resmunguei.
— Demitiu você? Qual o problema dele?
— Também gostaria de saber. Olha eu preciso muito desse emprego. Poderia fazer seu chefe babaca mudar de ideia? — a olhei em súplica vendo surpresa passar pelos seus olhos claros parecidos com os de Derek.
Alice me olhou surpresa.
— Você o chamou de que?
— Babaca. — uma voz grossa respondeu por mim fazendo-nos olhar em direção a porta.
Lá estava o causador de toda essa discórdia escorado a porta com um olhar casual demais.
— Derek é a segunda semana da menina, ela está indo muito bem nos palcos, os clientes estão a adorando. — Alice tentou intervir por mim.
— Eu não a quero aqui. — respondeu simplesmente.
Soltei uma risada irônica com sua fala absurda. Ela m*l me conhecia. Como não me queria aqui?
— Qual a p***a do seu problema comigo? — alterei o tom de voz.
Alice estava assustada agora e o babaca parecia estar se divertindo. Qual era o problema desse cara?
Derak ficou pensativo e soltou uma risada irônica. Ele simplesmente riu deixando todos com cara de i****a e quando ele parou me olhou com uma seriedade que me deixou tensa.
Por que tinha que ser tão bonito? E por que ainda estava sem a maldita camisa?
— A garota pode continuar no emprego, mas será exclusivamente minha juntamente com sua boca espertinha. — soltou a bomba antes de nós dar as costas e ir embora.
Exclusivamente dele. Nunca poucas palavras me deixaram tão tensa antes.
Olhei para Alice e ela suspirou praguejando alguma coisa.
— Quando Derek quer algo ele tem Anne, sinto muito.
— Ele fará m*l a mim?
— Ele não machucara você, não fisicamente, mas pode estragar seu coração.
— Como ele faria isso?
— Fazendo você se apaixonar por ele, como já fez com muitas, mas no fim nenhuma era importante ou necessária na sua vida.
— Alice, eu nunca me apaixonaria por alguém como ele.
Ela soltou uma risada fraca ao me olhar.
— Nenhuma mulher resiste aos encantos de Derek, Anne. — disse com absoluta certeza.
Toda mulher tinha suas qualidades. Alice não poderia generalizar todas elas porque sei que existe alguma mulher sim que não se sentiria atraída por Derek por mais que ele exale algo que deixou até eu com as pernas bombas.
Se trata apenas de agir com a razão e quando se tratava da minha vida eu não deixava as emoções falarem mais forte. Sempre estava disposta a fazer o que era certo. Por que quando se age com o coração, você só ganha tristeza e desgosto.
A vida é c***l, você deve lutar para sobreviver nela e não há espaços para emoções ou corações tolos. É um jogo de vida ou morte e só sobrevivem os fortes, porque os fracos não são nada.
— Digo com todas as letras Alice. Eu não me apaixonaria por ele nunca. Só preciso do emprego. — respondi convicta a vendo arquear uma sobrancelha duvidosa.
— Tem certeza?
— Tenho escolha? — zombei.
— Derek pode ser c***l, mas não te obrigaria a nada.
Derek afirmou que eu seria exclusiva dele e eu não queria estar na mira de um mafioso, mesmo que não fundo não sentisse nenhum pouco de medo daquele homem, na verdade era algo mais perigoso e assustador.
Desejo.