Seu pai estava na sala sentado com os pés descansando sobre a pequena mesa de apoio com jornal na mão, Dalila disparou pela escada a fim de esconder todas as sacolas.
— Quanto privilégio uma garota jovem pode ter, sabia que não precisava dar dinheiro a essa medíocre — Resmungou demonstrando seu total incômodo. — Bom, ao menos vou ligar dizer que o pouco limite foi um m*l-entendido e agradecer pelos presentes — dizia enquanto discava o número
— Onde ela está? — perguntou atendendo imediatamente.
— Já chegou em casa
— Não conseguir chegar a tempo de vê-la, meu filho não estava muito animado com a ideia de conhecer a garota
— Então o senhor não a viu? — Perguntou curioso se levantando olhando acima da escada com os olhos em chamas de fúria.
— Não, infelizmente quando cheguei ela havia ido embora
— Está bem
— Podemos marcar outro dia, agora não estou com tempo, mas quero vê-la novamente
— ok, até mais — desligou o telefone e subiu lentamente pela escada mantendo pensamentos frios e perversos sendo alimentado a cada passo, seguiu pelo corredor com a iluminação limitada, Dalila já havia escondido parte do presente, deixando apenas os que iria usar, junto o presente da visita misteriosa. — Filha — chamou com a voz suave forçada enquanto sua mão tremia em resposta a sua mente perversa.
— Papai! Pode entrar! — Abriu a porta inocente e animada com sorriso de orelha a orelha, ele entrou silenciosamente e antipático olhando ao redor até encontrar algumas poucas coisas na penteadeira.
— Acredito que o dinheiro que eu te dei não dava para comprar isso — Comentou mexendo na penteadeira olhando cada frasco.
— Foi mais como um golpe de sorte, a esposa de um homem não queria e ele não sabia o então ele me deu — explicou ingenuamente.
— Então... Você aceitou isso de um homem? — Perguntou fechando os punhos como se segurasse a sua raiva dessa forma.
— Sim... — respondeu com receio após perceber a expressão brava do pai, e a resposta foi imediata, a bofetada a fez cambalear caindo na cama ainda tentando assimilar a dor enquanto massageava o rosto.
— Você acredita que uma mulher de respeito vive aceitando presentes de homens desconhecidos? Ainda mais casados? — bradou irritado enquanto as lágrimas escorrem do rosto de Dalila, após essas duras palavras, Dalila não ouviu mais nada ligando apenas para sua dor, até ouvi a porta bater indicando que seu pai havia ido embora, encolheu-se sobre a cama e permaneceu lamentosa até a empregada vir bater à sua porta.
— Dalila, a visita chegou... — Interrompeu o aviso, prestando atenção no rosto vermelho da garota. — Aquele velho perverso, ele te bateu de novo? — perguntou preocupada.
— Não é óbvio? — Respondeu segurando o choro novamente.
— Vamos dar um jeito nisso! — Pegou a menina pela mão a levando até a penteadeira. — Nossa, seu pai foi generoso como nunca vi — comentou perplexa ao visualizar os produtos.
— Não foi meu pai — Avisou lhe dando um sorriso tímido olhando o curativo em seu dedo.
— Quem te deu?
— Um homem chamado Vitor, ele havia comprado para sua esposa, mas ela repentinamente disse que não queria então ele fez essa doação para mim
— Isso me soa tão estranho — Comentou pegando o ** compacto começando a borrifar na mancha. — uhm... Seu rosto está um pouco inchado, isso não vai dar para disfarçar. — fez ao franzir a sobrancelha. — Mas como era esse homem?
— Aparentava ser rico, tinha uma barba grande, parecia ser alguém carismático, bonito e jovem, porém não posso garantir devido à sua grande barba, mona! — fez se levantando ficando de joelhos na cadeira de frente para a moça com o olhar malicioso. — Está interessada nele? Ele é alto, o corpo... Deixa eu pensar... Não sei nem explicar, era definido camisa preta social e calças jeans um pouco colada, eu não sou boa com discrição, mas ele parecia ser jovem e forte, acredito que se ele fosse solteiro, ele se interessaria por você
— Credo, menina, você tem cada ideia, um desconhecido qualquer não ganharia o coração de mona dessa forma — comentou com ironia, mona é empregada da casa, jovem e bonita, olhos castanhos, cabelos encaracolados e negros, lábios fartos, normalmente Dalila dividi seus produtos com ela, então mona adorava a arrumar uma vez ou outra.
— Por que não? Ele é rico, mas pena ser casado, mas um dia nesse passeio eu poderei encontrar um parceiro para você — Disse animada
— Pare de loucura — fez com sorriso tímido. — Se arrume, seu pai não está muito paciente, não quero que ele a machuque de novo — disse pegando o batom rosa passando uma camada fina nos lábios desenhados da menina. — Pronto, está incrível
— Obrigada, mona! — Agradeceu eufórica pegando a caixa com o presente seguindo pelo corredor até chegar a escada, ainda de cima da escada conseguiu ver a mulher de vestido longo vermelho sentada no sofá ao lado de seu pai, seu coração gelou, as batidas pareciam ter ficado nulas, enquanto descia cada degrau lentamente, a ideia de ser uma visita foi apagado da cabeça de Dalila quando viu a mão dos dois, entrelaçadas uma na outra.
— Dalila! — chamou seu pai com sorriso de orelha a orelha.
— Que menina linda você tem, Auro — o chamou carinhosamente pelo apelido.
— Boa tarde senhora — Disse timidamente com reverência entregando o pequeno pacote.
— Oh! que linda e educada, obrigada, querida — agradeceu em um falso sorriso.
— Vou ser direto, essa é a esmeralda, a sua madrasta — Essas palavras ecoam na cabeça dela a deixando trêmula direcionando os olhos a grande barriga da mulher
— Ah! Isso? — fez ela com o sorriso brilhante ao perceber o olhar da garota — São seus irmãozinhos, são gêmeos, um lindo casal
— Irmãos? — inquiriu petrificada
— Sim, trate esmera bem, ela é sua nova mãe! — novamente as palavras sujas correram ecoando pelo ouvido da garota sua respiração ficou pesada e visão turva, ela deu meia volta correu pela escada sem nem olhar os degraus e entrou em seu quarto trancando a porta com olhar de Pânico, imaginando o que já era óbvio, isso só a fez cair na cama em prantos novamente, ficando lá até amanhecer.
O sol raiava pela sua grande janela a varanda de seu quarto lhe dava uma visão esplendorosa da frente da sua rua e o jardim da frente da casa, observava o balançar das árvores e o transitar das pessoas até avistar um carro do outro lado da rua, que lhe soou familiar, ela m*l havia percebido o rapaz que lhe observava outrora com o vidro do carro abaixado, agora escondido atrás do vidro fumê.
— Uhm... Esse parece aquele carro... Vitor! Parece o carro dele — Fez pensativa debruçada sobre o pequeno muro da sua sacada, enquanto ele se sente um sortudo por conseguir a ver novamente.
— Por quanto tempo teremos que ficar com essa menina? — Perguntou na grande mesa de café.
— até ela ter 18 anos
— Sabe que não precisa mantê-la na sua casa por tanto tempo, não sabe?
— Óbvio que sei, ainda assim... Eu não quero que ela vá agora — Confessou com a expressão dura.
— Por quê? — O silêncio pairou sobre a cozinha, até a empregada passar com uma bandeja.
— Onde está indo, Monalisa
— Leva o café da senhorita — Respondeu meio acanhada ficando com a postura curva.
— Chame-a para a mesa — Ordenou indiferente voltando a comer.
Assim que Monalisa avisou, Dalila vestiu-se e desceu para o café, o silêncio incômodo continuava apenas quebrado pelo barulho da colher batendo no prato, Dalila comeu o mais rápido possível sem os encarar, enquanto seu pai a observa imparcial.
— Depois iremos conversar sobre o que aconteceu ontem — Avisou tranquilamente descansando a colher sobre o prato cruzando os braços.
— Bom, eu tenho que sair agora, preciso escolher o enxoval, você quer vir? — Perguntou a Dalila que Exitou.
— Sim, ela vai — Confirmou seu pai a encarando, a menina levantou os grandes olhos surpresos e assentiu mesmo que não quisesse.
— Então se arrume e vamos — Fez apontando para os cabelos desgrenhado, a vermelhidão do seu rosto ainda estava aparente, algo ignorado pelo seu pai e a madrasta, ela subiu rapidamente, trocou-se rapidamente colocando um vestido com um decote coração discreto azul-marinho, esvoaçante curto acima dos joelhos e desceu a escada novamente encontrando sua madrasta a encarando dos pés a cabeça.
— Como pode ficar tão bonita com tão pouca dedicação — Comentou com um falso sorriso branco entre o batom vermelho intenso.
— obrigada... — falou timidamente sua primeira palavra da manhã.
— Não quer que eu vá levar vocês? — Insistiu Aurélio.
— Não, eu já pedi um carro, estamos tranquilas.
— Está bem, querida — Disse de forma afetuosa lhe dando um beijo terno na têmpora, enquanto sua filha observa contendo a revolta e a mágoa.
Assim que saíram, o mesmo carro que ela viu em frente mais cedo estava ali, vidros levantados ela não conseguiu ter a sua confirmação.
— Vamos!? — Chamou Dalila que andava pausadamente. — Essa é a nossa carona hoje — Avisou a deixando surpresa, então o viu sair do carro com aquele mesmo sorriso fechado e gentil entre a barba.