Manhã. Amora acordou Trabalhar era um esforço enorme, não porque ela tivesse preguiça de levantar cedo ou algo parecido, mas o lugar a sufocava e os olhares sugestivos do médico também. Se soubesse que seria assim, não teria aceitado o trabalho, deveria ter procurado uma casa de família, poderia ter sido babá, governanta, cozinheira ou cuidar da limpeza. Teria sido melhor, teria tido casa, comida e não viveria assustada. Mas com o passar das semanas, as coisas na clínica ficaram estranhas. Os sussurros de Cindy e do doutor Benício eram impossíveis de ignorar, pareciam esconder um segredo. Para piorar, quase todos os clientes eram muito pobres, até mesmo moradores de rua iam até a clínica marcar consultas e eram atendidos, e Amora, mesmo sendo ingênua, sabia que não era caridade,