Capítulo 1
LEON
— Não baixe a guarda, Leon.
Meu pai grita atrás de mim.
— Direita, esquerda, direita, esquerda.
Obedeço ao seu comando, suor escorrendo em minha testa.
Respiro fundo desferindo socos e joelhadas no saco de areia.
— Pare — Ele olha para o relógio em seu pulso e sorri largo.
— Vamos tomar um banho e nos arrumar para ir à casa dos Coopers. Carmem fez aquele empadão de frango que você adora.
Sorrio com o estômago roncando em apreciação.
O empadão dela é simplesmente a oitava maravilha do mundo.
Mas assim que me lembro da Summer, meu sorriso desaparece. Garota mimada e irritante.
Quando nos mudamos para o bairro, seus pais fizeram um jantar de boas-vindas. Tirando o olhar de desdém que a garota me lançava a cada cinco minutos, teria sido perfeito.
Mimada!
— Sei bem o porquê desse olhar. Já passou da hora de vocês se entenderem. Summer é uma garota legal.
Reviro os olhos.
Meu pai às vezes tem uma espécie de cegueira quando se trata dela. Ele a vê como uma filha.
— Tem razão papai, calada ela é maravilhosa.
Ele me dá um tapa na nuca, sorrindo.
— Não seja assim, Leopoldo.
Grunho acertando um soco em seu braço.
— Leon, pai. LEON!
Me olho no espelho conferindo minha roupa pela milésima vez. Não entendo essa obsessão em estar apresentável. É só um jantar.
Fecho o último botão da minha blusa branca e vejo meu pai parado na soleira da porta.
— Tudo isso para o empadão?
Sinto meu rosto esquentar como se tivesse pego fazendo algo de errado.
Ele percebe, pois, não fala mais nada.
— Vamos?
Seguimos para a casa dos Coopers, atravessamos uma rua e pronto.
Meu pai toca a campainha, meu corpo começa ter reações estranhas. Me sinto ansioso, mas, por quê?
De repente a porta é aberta revelando uma Summer muito diferente.
Desde o verão passado não nós vimos e sua visão agora me agradou mais do que eu quero admitir.
Seu cabelo castanho cresceu, está solto como cascatas sobre os ombros. Seu corpo ganhou curvas, belas curvas, aliás.
Sua face de menina travessa e angelical me faz querer ajoelhar em seus pés.
Droga!
Acho que fiquei encarando tempo de mais seus lábios rosados. Eles se repuxam em um sorriso de canto me surpreendendo.
— Oi, Léo!
Aceno levemente, sentindo borboletas no estômago. Só Summer me chama assim e antes eu odiava. Agora, não mais.
Meu pai a puxa para um longo abraço e fico apenas observando seu vestido subindo pelo movimento, revelando polegadas das suas coxas.
Para meu próprio bem, resolvo entrar. Ficar babando na garota que odiei desde a minha infância, é algo assustador.
— Quinze anos, e está um mulherão.
Ouço meu pai exclamar com uma risada.
Esfrego o rosto encontrando Carmen na cozinha terminando de colocar a mesa.
— Quer ajuda, tia?
— Não. Já terminei, obrigada Leon.
Sorri, deixando um beijo em minha bochecha.
Segundos depois meu pai entra com Summer e balança o vinho para Carmem.
— Trouxe um vinho.
Ela sorri batendo palminhas.
— Bem que poderíamos beber também, Leon e eu, já temos quinze, quase dezesseis anos— Murmura e não deixo de sorrir.
— Passo. Prefiro um suco.
Ela revira os olhos.
— Esqueci que o grande Leon é o senhor certinho em pessoa. — Balbucia baixo.
Ergo uma sobrancelha e ela levanta o queixo em desafio.
— Meninos, vamos comer. O empadão está uma delícia.
Sorrio, m*l podendo esperar para comer essa maravilha.
Nós sentamos e começamos a servir.
Em um momento e outro flagro Summer olhando para mim. O que é um pouco estranho.
Não é o mesmo olhar irritado e desdenhoso de sempre. Esse olhar é mais contemplativo, cobiçoso.
E me deixa um pouco… e******o.
Merda.
Summer está me deixando e******o, a minha maldita e irritante vizinha.
Decidido a não deixar ninguém perceber termino de jantar e peço licença.
Corro para o meu quintal, precisamente para o saco de pancadas.
Há algo estranho acontecendo comigo.
Desde quando a minha vizinha deixou de me irritar para me excitar?
— Léo?
Ouço sua voz suave atrás de mim.
Grunho baixinho.
Porque ela está aqui? Droga.
Não a olho.
Continuo a socar o saco com força.
Sinto seu cheiro doce e floral invadir os meus sentidos, o que me deixa com mais raiva.
Sinto seu toque quente e suave no meu ombro e me afasto, como se eu tivesse acabado de levar uma descarga elétrica.
Giro meu corpo ficando a centímetros do seu. A encaro e vejo o olhar vacilante de Summer em meus lábios.
Porra! Ela está olhando para meus lábios e um lado meu está adorando isso. Porém, o outro lado grita em pânico.
Ela torce suas mãos à frente do seu corpo e prende o lábio inferior com os dentes. Fecho minhas mãos em punho e uma vontade insana de fazer o mesmo me invade.
Não sei o que está acontecendo, mas quando dou por mim, tinha Summer em meus braços, prensada contra uma árvore, escondida da visão dos nossos pais.
Seus olhos de corsa estão arregalados e há um misto de surpresa e algo que eu não consigo decifrar o que seja.
Passeio com as pontas dos dedos, seu pescoço, deslizo por seus braços e descanso as mãos em seu quadril apertando-o levemente.
Ele arfa, arqueando o corpo.
Não consigo raciocinar e nem quero. Tudo que eu desejo agora é beijá-la.
Summer segura a parte da frente da minha camisa com as pupilas vidradas e quando entreabre os lábios e passa a língua sobre eles, eu me transformo em um monte voraz de desejo e luxúria.
Com uma mão em seu quadril, e a outra em um lado do seu rosto, colido nossas bocas.
Incrível! Ela tem gosto de suco de laranja e ele acaba de ser o meu favorito no mundo.
Sem saber o que fazer com minha língua, começo uma leve pressão, me enroscando na sua. Sugo seu lábio inferior e mordisco-o, escutando nossas respirações e corações acelerados. Meu primeiro beijo. Estou beijando uma garota. Gradualmente Summer e eu, desenvolvemos uma sincronia quase perfeita e passaria horas e horas beijando seus lábios deliciosos.
Calor irradia pelos nossos corpos, o desejo crepita entre nós.
Apertando suas curvas contra meu corpo escuto um pequeno gemido da sua garganta e a reação que tenho é vergonhosa.
Summer me afasta com um misto de horror e surpresa.
Olho para baixo praguejando sem parar.
Estou duro como uma pedra
— Summer, desculpa e-u…
Não consigo terminar a frase, a vergonha estava queimando minha face.
Ela se afasta em silêncio, e vira as costas correndo em direção a sua casa.
Soco a árvore com força.
Você é um babaca Leon! Um maldito babaca.