O despertar da esperança

1179 Words
Se passaram dois dias desde que Viktor apareceu em sonho pela primeira vez para me mandar a mensagem. O problema é que Anthony não apareceu para que eu pudesse dar a ele o recado de Viktor. Desde então, Viktor tem aparecido para mim em sonho, me trazendo um pouco de tranquilidade. Ele tem esperado que Anthony apareça para termos uma confirmação de algo que eu sequer sei. Era o terceiro dia, e eu estava me preparando para deitar e dormir quando a porta se abriu bruscamente. Dentro do quarto, entrou Anthony, ferido e angustiado, indo até mim e sentando-se ao lado da minha cama. — O que houve com você? - perguntei, colocando a mão sobre o rosto ferido dele. — Treino de vampiro. Daqui a pouco se regenera. — Eu fiquei preocupada com você. Achei que eles teriam... — Não vai acontecer. - ela sorriu levemente. Os olhos dele transmitiam tristeza, mas logo, com um estalo em minha mente, eu disse sem pensar. — A noite é estrelada. Anthony pensou por um tempo e riu. — Tem certeza? — Acho que era isso... Faz dois dias que ele me passou o recado, um segundo que vou lembrar. Respirei fundo tentando lembrar das palavras de Viktor. Depois de mais ou menos uns dez minutos, eu pude me lembrar. — O céu é estrelado. — Ah! sim! Entendi. Anthony pareceu se animar ainda mais, mas, por outro lado, o sorriso deu lugar a um olhar preocupado. "Diga pra ele quando o encontrar "o horizonte está claro, mas cuidado com as estrelas traçadas." Fiz que sim com a cabeça, e ele abriu a mochila tirando algumas frutas, biscoitos, uma garrafa de suco e uma de água. — Desculpe, eles não querem que você saia do quarto por enquanto, então vou ter que trazer assim. — Uhum. — Mas eles vão retirar o espelho. — Isso é bom! Eu vou me sentir mais livre. — Mais ou menos, o espelho foi desativado, mas estou pensando que eles estão tentando fazer você se sentir mais segura, para ver se você cai em alguma coisa. — Nikolai é sujo... — Infelizmente, ele não vai medir esforços para ter o que quer, mesmo que tenha que matar a própria filha. — Esse cara não é meu pai... Nunca tive pai ou mãe, e não é agora que eu vou ter. Fechei a mão com força e me assustei quando a luz do quarto piscou freneticamente, como se estivéssemos perto de ter uma queda de energia. — Droga... - Anthony me olhou assustada. Nesse momento, a luz de todo lugar caiu, e o manto do escuro caiu sobre nós, ofuscando nossas visões. — O que foi isso? — Isso foi você. Respira fundo. Não sei o que você fez, mas a partir de hoje vai ter que se controlar. Ouvi quando a porta se abriu e senti quando seguraram meu braço. Algum tempo depois, a luz voltou com força total. Eu pude ver que no quarto havia três capangas de Nicolai e o próprio, que estava ali me olhando de cima a baixo. — Está olhando o quê, Nikolai? Nunca viu uma queda de energia? Mande seus capangas tirarem a mão de cima de mim. Nicolai se aproximou, segurou meu rosto com a mão direita e aproximou seu rosto do meu pescoço. — Parece que realmente não foi você, mas estarei de olho. Eu me calei olhando para Anthony, com uma verde cabeça, ordenou que seus servos saíssem de dentro do meu quarto. — Anthony... — Não se preocupe, foi uma descarga de energia muito pequena, não deixou cheiro ou vestígio. Respirei fundo e me deitei na cama enquanto o olhava. — Depois que sua irmã morreu, você conseguiu pegar o vampiro? - perguntei calmamente. — Não, para ser sincero, ainda procuro o desgraçado que a matou e fez isso comigo. Quero evitar que esse maldito futuro aconteça com mais alguém. Eu encontrei algumas pistas que sugerem que eles façam parte disso tudo aqui, mas ainda não o encontrei. — Então você está aqui por causa disso? - o olhei com atenção. — Também, mas estou cuidando para que nada te aconteça. — O que aconteceu depois que você virou vampiro? - perguntei olhando para o teto. — Depois que virei vampiro, acabei tendo que me alimentar. Descobri que eu não me alimentava do sangue em si, mas da água nos corpos. O final acabava com as pessoas ressecadas como múmias... Eu me arrependo tanto das coisas ruins que fiz que eu... — Mas se você se arrepende do que fez... Por que cair na provocação e fazer tudo o que fez com minha ilha? Minha família... — Infelizmente, mesmo alguns de nós sendo vampiros controlados, ainda precisamos nos alimentar, tomar sangue de animais ou a água do sangue deles me deixa fraco por um tempo. Sacia, mas não tem os nutrientes que eu preciso, não é como o sangue de um humano. — Entendi. - respondi olhando para o teto. — Olha... Sei que fizemos uma coisa horrível com sua... Ilha, eu realmente sinto muito. — Está tudo bem, não é como se eu estivesse vivenciado tudo... Minha mãe não sobreviveria mesmo se vocês tivessem poupado minha ilha, eu a matei. - eu disse com meus olhos marejados. — Não fala assim, pode não ter sido o real motivo da morte de sua mãe. - ele disse com voz tênue. — Queria eu acreditar nisso, mas eu sou o problema. Tudo isso só aconteceu porque eu nasci. Se não tivesse nascido, não existiria um cálice compatível. — Elena - ele tentou dizer, mas não o olhei. — Darei seu recado a Viktor seele aparecer em meus sonhos hoje. — Certo, me desculpe te incomodar... - ele caminhou até a porta e então me sentei na cama, olhando para ele. — Eu não quero morrer, Anthony. Estou com medo. Quero ser livre, andar por aí sem que as pessoas me encarem. Quero conhecer o mundo sem ter medo de alguém vir atrás de mim. Eu quero ser feliz, conseguir sair desse lugar e sentir o vento tocar meu rosto de novo. Eu quero ir para rua e comer um hambúrguer enorme. Eu quero viver. Ele se virou para mim com um leve sorriso. — Você vai. Para ser sincero, eu também achava que não tinha vivido até encontrar Dimitry. Ele me ensinou a controlar minha sede, me levou para a mansão e mostrou que sou mais do que apenas um assassino. Ele falou com um certo brilho no olhar, havia algo que ele não queria revelar, algo que, se eu não o conhecesse bem, poderia até dizer que era um sentimento escondido. — Será que eu vou voltar para a mansão um dia? - disse para ele. — Nós dois iremos. Quando ele terminou de falar, virou as costas e caminhou lentamente até a saída, abrindo a porta e se retirando. Deitei novamente na cama e fechei os olhos, buscando adormecer para encontrar Viktor em meus sonhos. Porém, desta vez, apenas adormeci, sem sucesso em encontrá-lo.
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