Prisioneira do Passado: Revelações Sombrias

1298 Words
Acordei sentindo minha cabeça doer, minha visão estava turva como a de um míope tentando ler um cardápio sem óculos. Confusa e assustada, minha mente vagava lentamente tentando lembrar dos acontecimentos passados. Olhei em volta, mas não consegui enxergar muita coisa; o local onde eu estava era escuro. Respirei fundo e me levantei, estendi as mãos à frente do corpo e procurei as paredes do quarto. Quando encontrei uma superfície plana e vertical o suficiente para ser chamada de parede, tentei procurar um interruptor para acender a luz. Minhas mãos não encontraram nada para acender a luz, aos poucos minha visão foi se adaptando, pude perceber algumas poucas formas. O suficiente para saber que eu não estava em um quarto. Respirei fundo, caminhei em volta da parede procurando a porta; assim que a encontrei, segurei a maçaneta, girei-a e puxei, mas a porta não abriu. Bati na porta enquanto puxava, meu coração acelerou drasticamente, e bati enquanto gritava desesperadamente: — SOCORRO! POR FAVOR, ABRAM ESSA PORTA! Respirando ofegante pelo medo, meus olhos marejaram e aos poucos fiquei rouca pela tensão que estava sentindo; minha garganta parecia obstruída por um nó causado pela aflição. — Viktor, Diego, Dimitry... Anthony... Nicolai? Por favor! Me afastei depois de várias tentativas e me sentei no chão. Senti meus ombros ficarem tensos, minhas mãos suaram enquanto eu as fechava com força para evitar tremer. Perguntava-me por que algo assim estava acontecendo novamente. Tentar encontrar as respostas era tão r**m assim? Em meio à minha aflição, ouvi o ranger da porta; uma claridade repentina ofuscou meus olhos. Eram as luzes do local onde eu estava que foram repentinamente acesas. Alguém veio até mim e me puxou pelo antebraço, erguendo-me; era a mesma ruiva que eu tinha avistado antes de desmaiar. — Levante-se, sua inútil. - Disse ela, puxando-me para fora do quarto. Eu não sabia o que responder, estava sendo puxada como se fosse uma bonequinha de pano mais uma vez. Observei com atenção as dezenas de portas de metal, como se estivesse em uma antiga cadeia abandonada; as paredes eram de metal puro. Até que, repentinamente, a garota ruiva parou bruscamente e me empurrou, fazendo-me cair de barriga no chão. – Ai... - resmunguei enquanto me apoiava com meu braço para sentar no chão. À minha volta, vi algumas pessoas se aproximarem, todas com os olhos vermelhos, usando mantos negros com capuz. A multidão poderia ser contada facilmente em mais de cinquenta pessoas no mínimo. Olhando em volta, percebi várias teias de aranha se espalhando pelos cantos, as paredes tinham tinta descascada e algumas manchas de umidade, dando uma sensação de decadência. O som ocasional de vento batendo nas janelas quebradas criava uma atmosfera melancólica. Eu olhava o que provavelmente era o interior de um galpão, com medo do que fariam comigo ali. Tentei rastejar para longe, mas alguém estava abrindo caminho para chegar até mim. Com alguns segundos, um alívio me percorreu; eu conhecia o dono do cabelo curto, extremamente arrumado e loiro. Os passos de Nikolai ecoavam pelo piso, assim como sua bengala, que ele obviamente usava por classe. Levantei-me e corri até ele, reunindo o máximo de força que tinha. Mas, antes de chegar até ele, a mesma ruiva de antes apareceu entre nós dois, me dando um soco no estômago. O soco foi o suficiente para me fazer cair de costas no chão e voltar a ver tudo como um borrão por alguns segundos. — Levante-se, Elena. - Ouvi a voz de Nikolai não muito longe. Respirando ofegante, levantei-me com dificuldade e dei um leve sorriso. — Nikolai, finalmente alguém vai me tirar daqui. Por favor, diga para eles que pegaram a pessoa errada! Ele riu, pela primeira vez, o riso de Nikolai se transformou em algo assustador. Os olhos dele ficaram vermelhos, como os olhos dos que já estavam lá. — Nikolai... Nikolai me ignorou e olhou para os outros, rindo de maneira perversa. Assustada, levantei-me e toquei seu ombro, mas ele se virou e segurou minha mão, erguendo-me. — Elena, doce Elena, você nem sabe o que o futuro lhe reserva. Ouvi os outros vampiros rindo e comemorando algo que eu não sabia o que era; a confusão em minha mente rondava como se eu fosse uma pequena marionete no meio de tudo isso. — O que você vai fazer comigo, Nikolai? Por quê? Justo você! A pessoa que mais me ajudou, eu - fui interrompida em minha fala pela risada do mesmo. — Jovem Elena, tudo sempre foi muito bem preparado... — Como assim? — Vou te explicar, eu já sei que você está perdida. - Disse ele, rindo. A aflição era visível em meu rosto. — Anos atrás, eu era um caçador, eu era humano, e eu era muito bom no que eu fazia, ninguém me vencia... Mas isso mudou quando ela apareceu. — Isso é tipo aqueles clichês em que o vilão conta a sua história de vida e tal? - Perguntei, fazendo uma leve careta. — Calada. - Ele segurou em meu pescoço com a mão canhota e apertou um pouco para me dar medo. Assustada, fechei os olhos e segurei a mão dele tentando abrir, mas ele fez isso por conta própria. — Amara Blackheart, sua tia-avó. — Não... Eu não tenho família... — Garotinha insuportável, nem acredito que seja minha filha... - Respondeu ríspido. — Espera... O quê? - Eu estava confusa, assustada e agora irritada. — Sua tia-avó, Amara Blackheart, irmã de sua mãe Maria Luíza Blackheart, se tornou uma vampira na mocidade. Todos acreditavam que ela havia morrido, mas na verdade virou uma vampira. Um silêncio constrangedor se instalou no ambiente. Era estranho o jeito como ele dizia, parecia que eu tinha alguma culpa em algo, mas era antes de eu sequer vir ao mundo. — Sua tia-avó me deduziu, me enganou e me transformou nessa coisa que hoje eu sou, um vampiro, condenado a ir para o inferno. Além do mais, ela fundou o próprio clã, o clã Blackheart, clã este do qual todos daquela maldita mansão participam. — Não, impossível... - Respondi incrédula. Essa história não fazia sentido, pelo menos não na minha cabeça. — Eu a esperei ficar fraca como em todo dia, a mordi durante seu sono e a deixei em estado mumificado. Achei que ela estaria derrotada. Depois disso, fui me vingar da sua família. Possuir o corpo de sua mãe seria o suficiente; morreria sua ilha inteira, minha vingança de sua família estaria completamente destruída, mas você estragou meus planos vinte anos atrás. Eu não esperava que sua mãe engravidasse, não esperava que um cálice iria ser formado. Ele rosnou de raiva enquanto olhava para a ruiva, a qual havia me trazido até ali. — E quais são os planos agora, meu senhor, meu lord? - Disse ela, mais lenta, como se estivesse dando em cima de Nikolai só por respirar. — É uma ótima pergunta, minha ruiva. - Ele riu, mudando de humor. - Mas ainda temos muito o que ver. Aliás, agora eu tenho que ir fazer o bom moço, voltar para a mansão e garantir que eu esteja seguro de cada suspeita. Enquanto isso, nossa hóspede deve ficar. — E o que te garante que eu vou querer fazer isso? Eu não sou uma assassina como você, como todos vocês. — Querida Elena, para ser sincero, você não tem escolha. Após alguns minutos de silêncio, ele riu novamente. — Curta sua estadia aqui; minha legião cuidará bem de você, do ponto de vista deles. Uma pessoa encapuzada me ergueu jogando-me sobre seus ombros como se eu fosse um saco de arroz, e me tirou do local, entrando em um dos vários corredores do que parecia um galpão abandonado. Eu me debati e soquei as costas do meu atual "carregador".
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