O Limiar da Escuridão: O Despertar de Elena

1218 Words
O coração de Maria Luiza batia em descompasso, sua respiração estava ofegante, pelo medo e embargada pela tristeza provinda das palavras cruéis da pessoa que por muitos anos ela chamara de pai, a jovem olhava em volta, enquanto lágrimas quentes molhavam seu rosto. Antônio deu as costas caminhando lentamente para fora do local, pouco a pouco as esperanças de escapar daquele lugar com vida estavam diminuindo no coração de Maria Luiza pois seu próprio pai havia a abandonado e ela não tinha visto sinais de sua mãe no meio da multidão, provavelmente a mãe da jovem estava de acordo com o que tinha acabado de acontecer ou não sabia do ocorrido. Maria Luiza se perguntava o que tinha feito de tão perverso para merecer tal castigo e se alguma hora alguém voltaria para buscá-la, a angústia agora era sua única companheira fiel. Soluçando ela tentou se acalmar, fechou os olhos e tentou cantar uma leve melodia, mas sua voz não queria sair, o medo havia paralisado suas cordas vocais, os minutos se passaram e aos poucos o coração de Maria começou a regularizar os batimentos cardíacos, embora os barulhos na mata eram assustadores, bichos passavam bem perto como se não tivessem medo da jovem, ao longe uma coruja filhote piava chamando por sua mãe, barulho até que comum para o meio do mato. Porém um barulho inexplicado chamou a atenção da jovem, eram barulho de passos que ressoavam pela floresta. Maria olhou em volta e reuniu coragem para suplicar por ajuda. — Olá por favor, tem alguém aí? socorro! Os segundos pareciam se transformar em décadas, enquanto Maria gritava por socorro. Sua voz estava rouca por conta de tanto chorar, seu nariz, agora dera uma leve entupida. Das sombras cinco silhuetas saíam duas delas eram da mesma altura as outras três eram duas mais altas e uma um pouco menor. — Olá? tem alguém aí? - perguntou como se fosse uma boa idéia. As cinco silhuetas se aproximaram lentamente e desamarraram Maria Luiza, assim que o fizeram ela sentiu um leve alívio. — Obrigada, muito o- Maria é interrompida ao sentir seu braço ser puxado e a se arrepiou quando uma respiração quente se aproximou de seu pescoço, essa respiração logo foi seguida de um suspiro de desaprovação. — Esta humana é indigna. - uma voz rouca fora ouvida, logo a jovem Maria presenciou algo que jamais imaginaria. — Esses humanos fracos e imbecis, não tem capacidade nem para entregar uma jovem pura.- disse uma voz um pouco mais calma, mais...seduzente. — Mas me diga, o que você pretende fazer? - uma voz que parecia mais preocupada mostrou-se imponente. — Seria uma pena desperdiçar esse sangue, mas, que seja.- disse o terceiro. — Deixa esta humana quieta, não está sentindo esse cheiro? - O quarto perguntou enquanto ria. — Devemos ir para a vila, agora temos assuntos pendentes. - afirmou o quinto. Em um piscar de olhos todos sumiram ficando apenas Maria Luíza, assustada e praticamente desesperada novamente, sentiu a aflição percorrer sua alma enquanto corria procurando o caminho para voltar para casa, a aflição parecia tanta que fazia o escuro parecer palpável, aquelas silhuetas não saíam de sua mente, em um descuido antes de entrar na vila acabou tropeçando em uma raiz de árvore e rolando morro à baixo. Seu coração batia em descompasso com medo de levantar o rosto e olhar para a mesma vila que a havia amarrado em uma árvore. Ela respirou fundo e se levantou, ao se levantar a cena a qual a jovem se deparou foi horrenda, de cortar seu coração. As casas estavam sendo engolidas pelas chamas, o cheiro das casas de madeira sendo queimadas, mesmo eles a tratado tão m*l, a jovem correu para pegar um balde de água perto dos estábulos para jogar em uma das casas, mas logo ouvi uma movimentação no meio da vila, "Saqueadores talvez?" , Pensou ela mas, Não, não era isso. Ao correr para ver o que era, a jovem se deparou com uma cena horrível, o pai dela está sendo segurado pela gola da camisa. Um homem loiro, vestido com roupas antigas estava ao lado de um rapaz ruivo, esse ruivo usava uma camisa branca e calça jeans, a camisa estava aberta. Este rapaz ruivo era o que segurava o pai da jovem pela gola. A jovem correu para perto do pai assustada. — Pai! - gritou a jovem, mas assim que se aproximou alguém a segurou, ele tinha mãos fortes e um odor de jasmim e canela, usava roupas um tanto modernas e um olhar sério. — A humana que vocês nos entregaram, é impura, carrega dentro de seu ventre uma criança. Pensaram que podiam nos enganar? Tal homem segura Maria pelo pescoço a erguendo, a jovem aflita sentia o aperto em sua garganta, logo a falta de ar começaria a perturbá-la. — Mas, seremos bonzinhos dessa vez, por mais que vocês não mereçam. - disse o loiro. Alguns vampiros saíram do meio da multidão e dilaceraram o pescoço de pessoas com mais de trinta anos. Gritos de medos foram ecoados por toda aldeia, enquanto as crianças choravam alto por conta do medo. — Antes que eu me esqueça, a mulher a qual tentaram nos enganar está grávida, daqui a vinte anos voltaremos, deixem a filha desta na árvore do sacrifício, ela deverá ser virgem ou então...podem ir escolhendo a roupa de seus funerais. - disse um ruivo. O vampiro ao qual segurava Maria pelo pescoço a jogaria no meio de todos. — Mais uma coisa...Rezem para que seja uma menina. - Disse o vampiro mais baixo, enquanto os outros sumiam em meio a escuridão. Naquela noite só havia restado o caos, casas em chamas e corpos para enterrar, Maria correu em direção ao corpo de seus pais, ao ver que ambos morreram de mãos dadas ela se ajoelhou e os abraçou chorando. Ela os amava, mesmo que seus pais haviam a entregue para morrer, nunca que a jovem desejaria o mesmo destino para ambos. A noite de todos seguiram em claro, e pela manhã enterraram os corpos dos assassinados. O único lugar inteiro era uma igreja não centro da vila, lugar que parecia ter recebido a misericórdia dos vampiros. Maria ajudou a enterrar seus pais e agora órfã teve que se virar para tudo sozinha, ou seja, morou nos escombros da casa queimada, e graças a isto, a igreja serviu por muito tempo como lar para os que tinham perdido tudo neste fatídico dia que fora nomeado como "A noite sangrenta". Aos nove meses de gestação a dor era grande, as parteiras da vila foram acionadas e deitaram Maria no chão. Ela suava, estava pálida, não comia direito, não bebia direito, Maria a este ponto estava fraca, não aguentaria até o final do parto, pelo menos era o que as parteiras diziam entre sí, o que veio a ser verídico, pois no final do parto Maria segurou a criança em seus braços e dando o último sorriso disse para sí mesma. — É uma menina, não é? isso é bom, não é? meus pais e eu a veremos lá de cima...eu...já amo, Elena. - após sua fraqueza, Maria veio a óbito, deixando para trás sua filha, que agora cresceria sem pai e sem mãe e com um destino impiedoso pela frente.
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