Marina chegou à surpresa de Isa bem a tempo. A ideia surgiu numa conversa das madrinhas sobre o casamento. Elas conversaram sobre o quão grande iria ser e quanto tempo e dinheiro Isa e Felipe iriam por nele, para no fim, não aproveitarem como deveriam, como elas sabiam que Isa gosta de aproveitar. Elas sabiam, ainda mais por conhecer Isa e a família, que os noivos iriam ficar constrangidos em beber na própria festa de casamento. Então elas quiseram dar a eles a oportunidade de ficarem bêbados e darem vexame sem se preocupar com os pais e sogros de olho.
Então, perto das 3 da manhã, todos os convidados a festa interna iriam se despedir, alegando estarem com sono e partiriam para o outro lado do resort, no campo de minigolfe, onde estaria um DJ e um bar. Além disso, as meninas ficaram encarregadas de falar sutilmente para os pais dos noivos que os noivos passariam o dia seguinte numa programação especial presenteada pelo resort, assim a ressaca poderia ser escondida. Era um plano de mestre.
Então pouco antes das 3 da manhã, os poucos convidados, em torno de 30 pessoas, estavam no campo de minigolfe. Das 30 pessoas, estavam apenas amigos próximos.
Quando os noivos chegaram quase arrastados pelas madrinhas, a multidão comemorou e a música começou. Isa se virou para as madrinhas.
— O que é isso? Cadê a gerente? — Isa perguntou.
Emília decidia inventar que a gerente do resort precisava falar urgente com eles sobre os estragos durante a festa e os dois passaram o caminho inteiro tensos.
— Não tem gerente, essa é a surpresa de vocês. — Gabi disse.
Felipe franziu a testa.
— A nossa surpresa é...a mesma festa que a gente estava?
Marina riu.
— Não, cunhado. A surpresa é uma festa íntima, para que vocês finalmente possam aproveitar de verdade o que vocês pagaram. Só tem amigos aqui, nada de parentes.
Marina, Emília e Isa tinham o costume de chamar os cônjuges das primas de cunhado. Parecia certo pela irmandade que elas tinham.
— Vocês deram uma festa dentro de uma festa pra gente poder ficar bêbado? — Isa perguntou.
De repente, os padrinhos começaram a gritar por Felipe, levantando seus copos e chamando com as mãos. Marina pôde ver Ander entre eles.
— Vocês são gênias. — Felipe disse já sem olhar para as garotas e em poucos segundos, tinha uma cerveja na sua mão.
Isa sorriu e olhou para as amigas.
— Vamos fazer valer esse open bar então. — Isa falou.
Não demorou para a festa começar a ferver. O minigolfe logo se tornou um beerpong, a cerveja nas mãos dos rapazes se tornara tequila, os drinks coloridos e divertidos das meninas se tornaram vodca e Marina jurou que o mundo virou de lado uma hora. Isa arrastou as madrinhas para perto dos padrinhos, e poucos minutos depois, ela e Felipe ignoraram completamente todos ao redor durante um longo beijo. Enquanto isso, as madrinhas e os padrinhos se olhavam como se procurassem algum assunto.
— Então...— Fabião, o careca que acompanhou Marina na entrada do casamento, se virou para as meninas. — Onde estão os acompanhantes de vocês?
Marina, Gabi, Emília e Luísa se olharam. Se fossem em qualquer outro momento, as quatro garotas teriam tido uma conversa silenciosa com o olhar que resultaria em mandar Fabião arrumar o que fazer. Mas não era outro momento. Era aquele momento. O momento em que o corpo e a mente delas eram puro álcool.
— Onde está mesmo seu acompanhante, Mili? — Marina perguntou a prima.
Mili colocou a mão no queixo.
— Provavelmente na casa da mãe dele, que foi o exato lugar que ele terminou comigo. — Emília disse.
Marina assentiu e olhou para Fabião.
— Na frente da mãe dele, no dia do aniversário dela. — Marina completou.
Fabião fez uma careta.
— E o seu, Marina? — Luísa perguntou.
Marina olhou para a amiga e se pôs a rir loucamente.
— Pela risada, o ex dela foi pego pelo Batman? —Esse era Gustavo. Ou Eric. Na cabeça de Marina, os dois estavam falando ao mesmo tempo.
— Pela risada, não há um ex. — Luísa corrigiu.
Todos estavam com a fala embolada, como se perdessem a capacidade de falar durante as frases, o que gerava uma cena engraçada para quem via de fora.
— E vocês duas? Também alguma razão depressiva para não terem acompanhantes? — Fabião questionou Luísa e Gabi.
Luísa levantou a mão.
— Eu tenho um namorado! — Ela exclamou.
Marina riu.
— Exceto que ele não é seu namorado.
Luísa se virou para a amiga.
— Ainda. É que ele anda um pouco distante. — Ela se voltou para Fabião. — Ele não é brasileiro, a gente se fala uma vez por semana.
— Sim, porque ele é um golpista. — Marina disse.
— Ele não é um golpista! Ele só me pediu dinheiro uma vez! — Luísa exclamou.
As garotas caíram na gargalhada. Luísa havia relevado há uns meses que estava conversando com um rapaz americano. Até que um tempo depois ele pediu que ela enviasse dinheiro para ele. Luísa recusou e desde então o rapaz a ignora.
Fabião assentiu, olhando as garotas rirem como se tivessem contado uma piada que ele não entendeu. Na verdade, todos os rapazes pareciam se sentir assim. Eric e Gustavo estavam franzindo a testa, Mário observava a conversa com uma curiosidade vaga e Ander...bom, Ander observava apenas uma das meninas.
— E você? Não é possível que só a Isa tenha tido sorte no amor nesse grupo. — Fabião perguntou a Gabi.
A mesma, estava terminando sua bebida e parou apenas para responder Fabião.
— Lésbica que mora com pais crentes. — Ela disse simplesmente. — Mas eu namoro a distância.
Marina deu um pulo.
— E vocês?! Isa roubou toda nossa sorte no amor e deixou a gente com umas migalhas mal aproveitadas, é assim com vocês também?
Fabião riu de Marina.
— Eu sou divorciado e saio só com esses caras, então eu sei bem como é essa coisa de migalhas. — Marina assentiu. — Gustavo tem uma namorada, mas ela estuda em outro estado, Eric gosta de mulheres mais velhas, o Mário é um atrativo pra maluca e Ander é estupido demais pra conseguir ter um relacionamento.
Fabião levou um total de três tapas na cabeça.
— Eu não sou estupido, só sou...— Ander começa a se explicar, mas ele acaba não encontrando as palavras.
Marina então, faz a mesma imitação de homem das cavernas que fez mais cedo.
Então Fabião apontou para Marina freneticamente.
— Isso, ele é assim mesmo! — Ele exclamou.
— E é por isso que não há um ex há muuuito tempo. — Ander disse a Marina.
Isso fez com que as próprias amigas de Marina rissem.
— Ah, qual é? Ela só é engraçada. — Fabião defendeu Marina.
Ander balançou a cabeça.
— Engraçada, maluca...há uma linha tênue aí e ela pratica corda bamba nessa linha.
Marina resolveu fazer o que achava mais saudável, o que era até surpreendente para o teor alcoólico do seu corpo. Então ela se pôs de costas para Ander, como se ele nem estivesse presente na conversa e abriu um baita sorriso a todos. Ela não podia ver, mas Ander a olhava de cima a baixo, como se estivesse prestes a atravessá-la.
— Temos planos pra amanhã! — Ela vibrou olhando a todos. — Vamos todos ao spa! De graça!
Em qualquer situação normal, o grupo questionaria Marina pelos serviços gratuitos. E é claro que não foi isso que aconteceu. As meninas levantaram os braços e começaram a gritar e os rapazes acabaram contagiados pela alegria.
— O que faremos? Massagem? Sauna? — Luísa perguntou a Marina.
— Tudo. Acordaremos as 8:00 e aproveitaremos o dia inteiro com refeições inclusas.
A informação recente faz o grupo vibrar e brindar. Ao que parecia, eles não haviam escutado nada além de "refeições inclusas". O que se provou verdade no outro dia. Marina já tinha passado pelas ressacas, mas horríveis do mundo antes de uma prova ou um teste importante, ela era do tipo de pessoa que honrava compromissos.
Mesmo que esse compromisso a fizesse ter apenas 3 horas de sono. Ela se levantou naquela manhã e parecia que a gravidade do seu corpo havia dobrado de valor. Ela sentia a exata sensação do seu cérebro fazendo força para baixo.
Ela olhou em volta, com as lembranças de horas atrás inundando a sua mente e fazendo sua cabeça doer mais ainda. O quarto estava escuro, por alguma intervenção divina, ela e Emília se lembraram de fechar as cortinas antes de desmaiarem.
Ela pôs os pés no chão e olhou para a prima dormindo sentada na cama com as costas apoiadas na cabeceira. Marina alcançou o primeiro objeto que encontrou e jogou na prima, fazendo com que Emília desse um pulo e abrisse os olhos imediatamente.
— O...que? — Emília bodejou.
— Ta na hora do spa. — Marina disse na mesma entonação.
Emília assentiu. Ela também honrava seus compromissos.
Marina catou uma toalha e entrou no chuveiro do jeito que estava. Aparentemente a bêbada que assumiu seu corpo, lembrou de tirar a roupa e ela dormiu de calcinha e sutiã. Ela deixou a água quente acalmar seus músculos e então, ligou a água fria para a ajudar a despertar. O que deu certo e ela só precisou vomitar em seguida para reagir.
— Água fria e vomito na privada é o segredo. — Marina falou para Emília quando voltou a quarto.
Emília assentiu.
— Vômito frio e água da privada. Entendido. — Emília falou entrando no banheiro.
Marina vestiu um vestido de alcinhas, colocou uma sandália leve e tentou dar um jeito no cabelo que havia dobrado de volume. Alguns minutos depois, ela e Emília estavam na porta do quarto de Luísa e Gabi. Após bater diversas vezes, Finalmente Gabi abriu. Ela já estava pronta, vestia um short jeans e uma camisa básica.
— Cadê a Luísa? — Marina perguntou.
— A essa altura deve ter se afogado na banheira. — Gabi respondeu.
Marina e Emília entraram e ajudaram Gabi a tirar Luísa do banho e arrumá-la. Luísa estava semiconsciente o tempo todo, mas no fim, conseguiram arrastá-la até o lado de fora.
— Sabe, eu sinto que estou esquecendo de algo. — Emília falou.
— Você tá menstruada? — Gabi perguntou.
— Por Deus, não. Eu tô coordenando meu período a meses pra que eu não estivesse menstruada essa semana. Não é isso. Parece que eu tô esquecendo de alguém.
Luísa voltou a consciência por um minuto.
— Não éramos cinco?
Isso fez com que as três garotas arregalassem os olhos.
— Ana Paula! — As três falaram quase juntas.
— Vocês a viram ontem? — Emília perguntou.
— Eu acho que vi ela dançando com a Isa algum momento, ela não ficou conosco. — Gabi respondeu.
— Faz sentido, ela é amiga da Isa, conhecemos ela por causa do casamento, ela provavelmente tinha amigos mais próximos ali.
As meninas assentiram.
— A gente deveria convidar ela? — Luísa perguntou.
— Podemos mandar uma mensagem. — Marina deu de ombros.
— É isso. E onde fica o spa? — Gabi perguntou.
— Espera, e o padrinhos? Eles disseram que iriam. — Emília lembrou.
Marina fez careta.
— Será? — Marina perguntou.
— Não custa nada perguntar. Sabem os quartos deles?
— Seis. — Marina respondeu instantaneamente. A verdade é que se Isa estivesse ali, ela teria achado extremamente estranho Marina saber o quarto dos padrinhos, mas ela não estava. No momento, Marina tinha 30% de cada amiga ali presente.
— Ah, ok. É aqui na frente. — Emília disse.
Antes que Emília pudesse bater na porta, a porta do lado se abriu.
— Ah, eu achei ter ouvido vocês. — Fabião apareceu. — Vamos, Eric, elas já estão prontas.
— Como você parece saudável? — Gabi perguntou. — Sem olheiras, fala normal...qual seu segredo?
Fabião riu.
— Eu ainda não dormi.
As meninas assentiram. Marina pensou que deveria ser uma ótima ideia. Logo Eric se juntou a eles.
— E o Gustavo? — Emília perguntou.
— Ah, ta no pronto socorro. Vamos ser só nós quatro.
— Hmmm, pronto socorro. Podemos passar lá? — Luísa perguntou.
— Não, você tá bem. Vamos? — Gabi falou.
Fabião lembrou que ainda faltavam dois padrinhos, então o grupo foi até a porta de Mário e Ander. Após algumas batidas, Mário abriu a porta. Ele estava fazendo uma careta para a claridade e tinha o cabelo bagunçado.
— O que? — Mário perguntou. Ele analisou as pessoas na sua frente e pareceu lembrar. — Espera, aquilo era sério?
— O que você acha? — Luísa perguntou.
Mário assentiu. Ele olhou para dentro do quarto e então abriu a porta.
— Fiquem à vontade, eu vou só me trocar, se puderem tentar acordar o Ander...
E assim o grupo entrou no quarto. Marina se sentiu estranha ao lembrar dela mesma naquele quarto na noite passada. Mário se dirigiu ao banheiro com sua mala e o grupo ficou ao redor da cama de Ander.
O rapaz dormia profundamente, Marina observou seus pés para fora da cama e revirou os olhos. Ela achou ridículo Ander ser tão grande que não cabia na cama. Após alguns segundos, Marina percebeu que na verdade, ela se achava ridícula por notar isso. Grande parte por Marina sempre ter tido atração por homens altos.
— A gente acorda? Ele tá dormindo tão bonitinho. — Emília reparou.
Marina bufou.
Luísa então segurou no coxão com as duas mãos e usou toda sua força para balançar a cama.
— Se eu vou, ele vai. — Ela disse.
Após uma troca de olhares, todos tomaram os sentimentos de Luísa para si e a ajudaram. Em pouco tempo, o coxão estava no chão com um Ander bem irritado nele.
— O que? Que porra? — Ele indagou.
A cena gerou um ataque de risos coletivo, e os rapazes começaram a arrastar Ander para o banheiro. Em poucos minutos, todos estavam prontos e o grupo caminhava lentamente até o spa. Alguns deles começaram uma conversa divertida sobre o Resort enquanto outros mal existiam. Ao chegar no Spa, o grupo foi até a recepção, onde foram atendidos e questionados sobre quais procedimentos queria fazer.
Marina sacou a pilha de cupons da sua bolsa e colocou em cima do balcão.
— Todos, por favor. Queremos tudo que o spa oferece.
A recepcionista tremeu um pouco com a surpresa e pediu licença dar um telefonema, provavelmente para verificar a veracidade dos cupons. Alguns minutos depois ela voltou mostrando todos os serviços que o spa oferece.
— Então, vocês têm alguma preferência?
— De novo, vamos querer todos, por favor.
E assim, ela deu a cada um uma lista enorme com todos os procedimentos e levou o grupo para o primeiro. O dia começou com uma massagem relaxante. As salas tinham no máximo duas macas, então eles dividiram e por 1 hora inteira, tiveram a mais relaxante experiência de suas vidas. Logo em seguida, as meninas passaram algumas horas em procedimentos como massagem linfática, tratamentos antiflacidez, massagem reflexiva, dentre outros. Os rapazes zeraram o cardápio de procedimentos masculinos e ao meio-dia, eles se encontraram para almoçar. O Spa oferecia um cardápio exclusivo cheio de pratos com benefícios corporais, e cada um pediu o que mais gostava.
— E aí, o que fizeram hoje? — Luísa perguntou aos rapazes.
— Uma mulher subiu em cima das minhas costas hoje. — Fabião comentou.
— Eu fiz uma que massagearam todos os músculos do meu rosto. — Eric contou.
— Eu dormi por 4 horas. — Ander deu de ombros.
Luísa levantou a mão.
— Eu também, não sei nem se recebi alguma massagem.
Mário levanta o folheto que lhe foi entregue na recepção.
— Tem uma espécie de águas termais mistas, você topam depois do almoço? — Ele perguntou.
O grupo achou uma boa ideia, então eles almoçaram e foram para as águas termais, que consistia numa enorme piscina de água quente em meio a pedras.
As meninas ganharam um biquini do Spa e os rapazes ganharam shorts personalizados. Logo todos estavam de molho na água morna.
— Se um dia eu estava tomando banho de canequinha, eu desconheço. — Emília falou.
— Eu consegui sentir cada nó no meu corpo se desfazendo. — Gabi comentou.
Os meninos concordaram na hora. Marina estava ao lado de Mário, as amigas garantiram isso. Durante a conversa, Mário frequentemente roçava o braço no de Marina, e ela estava eufórica por dentro, mesmo depois de tanto relaxamento.
— Eu me sinto curada da ressaca. — Marina comentou.
— Eu não sei o que eles põem nos sucos verdes, mas eu tomei uns cinco e melhorei. — Mário informou.
Marina assentiu concordando.
— Eu tomei três desse, acho que tinha gengibre.
Mario assentiu.
— Eu senti hortelã, disso tenho certeza.
Em poucos segundos, os dois engataram numa conversa individual sobre os sucos do Spa. Aparentemente Mário pediu todo o cardápio e Marina ficou curiosa em saber o sabor de um suco de Romã com cenoura.
— O sabor era nojento, a cor também. Parecia muito o que o Gustavo vomitou ontem.
Marina riu.
— E ele tá bem?
— Bem é uma palavra muito forte, ele tá melhorando. A gente levou ele só porque ele pediu, ele já teve um coma alcoólico uma vez e sempre que acha que exagerou, pede que a gente leve ele.
— Então isso é frequente?
Mário balançou a cabeça. Ele chegou mais perto de Marina para conversar, como se a conversa fosse ficar mais íntima. Marina estava boba demais para perceber o interesse nos olhos de Mário, afinal, os delas quase gritavam isso.
— A gente trabalha muito, quase sempre um ou dois de nós está viajando, são cada vez mais raras as vezes que a gente consegue estar todos juntos pra beber e curtir, então eu não diria que é frequente, mas ele faz isso todas as vezes sim.
Marina riu, imaginando ter uma amiga que sempre que bebe, pede pra passar a ressaca no hospital.
De repente, Ander joga uma boa quantidade de água em Mário e interrompe os dois.
— O que vocês tão falando? — Ander perguntou e deu um jeito de se pôr no meio dos dois.
Mário balançou a cabeça.
— Cara, não precisa disso. — Mário tentou sussurrar, olhando Ander com uma certa raiva.
— Eu não tô fazendo nada, só queria saber o que vocês conversaram tão pertinho. — Ander rebateu.
Marina bufou. Ela já estava farta de Ander, então olho para ele com um olhar cuidadoso e jogou a cabeça para o lado.
— Ander, você ta com ciúmes? — Ela perguntou com o olhar preocupado para a nuca de Ander, que logo se tornou seus olhos.
— O que? — Ander perguntou.
— Você ta com ciúmes? Pode dizer, tá tudo bem, a gente entende. — Marina falou com o intuito de deixar Ander constrangido. Ela pôde ver até um sorriso no rosto de Mário.
Ander levanta uma sobrancelha.
— Cala a boca, por favor? — Ander disse, fazendo pouco de Marina, e então se virou para Mário. — Porra, Mário, eu já te falei...
Mário interrompeu Ander chegado mais próximo do ouvido dele e sussurrando. Felizmente, (ou infelizmente) Marina estava muito próxima e conseguiu ouvir.
— Ela não parece a maluca que te atacou com uma lâmia de barbear, eu acho que você exagerou.
Marina absorveu aquelas palavras como se fosse veneno. Um veneno forte e fatal que tomou conta do seu corpo no segundo seguinte. Marina puxou Ander pelo braço bruscamente, fazendo com que ele olhasse diretamente nos olhos dele. Olhos que emanavam fúria.
— O que você falou pra ele? — Marina perguntou rispidamente. O episódio chamou atenção do resto do grupo, que se calaram na hora para prestar atenção no que acontecia.
Ander encarava os olhos de Marina em busca da garota assustada que o olhava na noite anterior segurando uma arma. Mas ele não encontrou isso, na verdade, ele teve ainda mais medo.
— Eu só falei o que aconteceu. — Ander explicou.
Marina, ainda encarando Ander, voltou suas palavras para Mário.
— O que exatamente ele te falou?
— Que você invadiu o nosso quarto e quase matou ele com uma lâmina de barbear. — Mário explicou.
E esse foi o grande estopim. O som da voz de Mário agiu na cabeça de Marina como se fosse um tiro simbolizando a largada. E Marina partiu para cima de Ander, com seus 1,60 metros, tentando afogar um cara de quase 2 metros.