NIKOLE
Dei uma parada e sentei na calçada por um tempo pra tomar um ar. Estava chorando quando o Jason me chamou.
Jason está do mesmo jeito de sempre, só que parece que ele levou esse negócio de pegar muitas mulheres a sério. Coitado. Eu botei esse garoto a perder.
Logo depois voltei ao trabalho e de noite tudo já estava arrumado. Por volta de umas 10 horas da noite.
Só aí pude ver que precisava de um banho e dar um banho na Stacy. Fiz isso com a mangueira dos vizinhos, e aqueci no fogo. Comemos o que restou do almoço (que nem foi na hora do almoço, foi bem depois), e deitamos no sofá. Tudo isso a luz de velas.
Stacy estava feliz. Mais feliz do que nunca. Fiz popinhas nos cabelos pretos dela e coloquei um pijama. Ela estava tão cheirosinha que eu queria ficar cheirando e a apertando o tempo todo.
Mas eu tinha que abrir as contas e ver a facada que tenho que levar pra pagar tudo. Pagar como, eu não sei.
[...]
905 dólares de Contas atrasadas. Quase um salário. Eu tô perdida.
Demorei tanto pra fazer as contas que dormi encima delas.
— Bom dia, Coe! — Stacy estava a todo vapor essa manhã.
— Bom dia, minha irmãzinha gostosa! — a abracei falando com voz fofa. Eu não preciso de mais uma criança na minha vida. Já basta a Stacy agora. Eu também tenho que resolver isso, e tem que ser antes de arranjar um trabalho.
Cocei os olhos a fim de melhorar a visão e segui pra cozinha pra por um café no fogo.
— Eu vou pra escolinha hoje, Coe? — Stacy me seguiu.
A escolinha... Essa daí tá nas contas atrasadas.
— Stay, você não sabia que agora você vai ficar de férias até o verão?! — digo num tom animado e ela se anima.
— É mesmo?
— Sim. E eu vou te ensinar as letrinhas enquanto suas férias não acabam. Ok?
— Sim. Sim. — ela começou a pular na cozinha.
Eu queria ainda ter essa energia. Porque pra mim que ainda falar 20 horas de sono pra que uma pilha recarregue.
Hoje eu vou resolver meu problema da gravidez. Ou pelo menos tentar.
[...]
Depois do café da manhã, deixei Stacy com a mamãe e meu celular. Ela ficou brincando. Eu o coloquei pra carregar no carregador portátil. Tentei falar com a minha mãe, mas ela não responde. Está num tipo de depressão que só dorme. O tempo todo. Não a vejo levantar muito além de pra fazer xixi.
Eu também tenho que resolver isso.
Se eu conseguir resolver todos esses problemas já posso me chamar de Madame e atender outras pessoas.
Fui num postinho e conversei com uma das enfermeiras. Eu não sei se é permitido o que vou fazer nesse país, e com medo, vou optar por uma clínica fora dos padrões.
Eu não posso seguir com isso. Na minha vida de merda não se encaixa um filho. Eu seria uma péssima mãe, então ele tem sorte de eu estar fazendo isso. Estou o poupando de sofrer.