MARCO
O Angelo e sua noiva haviam organizado um almoço.
Eu voltei do Brasil, descansei um pouco e peguei a estrada com destino a Roma.
Eles haviam se mudado fazia pouco tempo, e queriam reunir às família do Angelo e da Aurora em um almoço de domingo.
Eu parei em um posto para abastecer, e em seguida coloquei a minha moto na lateral para usar o banheiro.
Eu escutei o mesmo barulho do motor da minha moto, e saí as pressas do banheiro achando que estavam tentando rouba-la, mas para a minha surpresa, era um modelo de moto idêntico a minha, sendo pilotado por uma mulher, que eu não cheguei a ver o rosto porque estava de capacete.
Ela terminou de abastecer, arrancou com a moto em alta velocidade e eu a segui.
Aquele cheiro se gasolina me fez sentir vontade de relembrar os velhos tempos.
Eu fui aumentando gradativamente a velocidade, até conseguir alcançá-la.
Eu me posicionei ao lado dela, e fiz sinal para que fizessemos um racha.
Não dava para ver a sua expressão facial, visto que ela estava de capacete, mas eu posso jurar que ela gostou do convite.
Nós arrancamos com tudo, dando início aquele racha. A garota era durona e nós corremos lado a lado a maior parte do percurso.
Quando estávamos bem próximos do trilho do trem, a sirene começou a tocar. Eu automaticamente diminui a velocidade enquanto a garota fez o inesperada, ela acelerou ainda mais.
Meu coração chegou a saltar, o trem estava muito próximo.
Depois que cada vagão passou em alta velocidade, não tinha nem mais a sombra da garota. Ela já tinha sumido das minhas vistas.
Eu já estava furioso por ter perdido aquele racha, e para piorar eu acabei passando direto da entrada da cabana do meu primo.
Quando enfim consegui chegar na naquela cabana, eu paralisou.
A garota estava lá, e caraIho, eu sabia que ela era a irmã gêmea da Alice, mas a semelhança era espantosa.
Era o mesmo rosto, mas ela era ainda mais linda, talvez por já ser uma mulher.
O que a garota tinha de linda, ela tinha se irritante.
Eu dei uma bronca nela por ter se arriscado tanto no trilho do trem, e ela ficou estressadinha.
— Tartaruga, você pode passar a salada? — a garota falou quando já estávamos na mesa almoçando. É claro, a Aurora, a irmã dela e o Angelo começaram a rir.
— Nossa, como você é engraçada — revirei os olhos.
Ela passou o almoço inteiro me provocando.
[...]
SERENA
Eu fui até Siena para visitar uma amiga do orfanato.
Eu e a Isabella éramos melhores amigas inseparáveis, mas aos doze anos ela foi adotada.
Ela chegou no orfanato aos oito anos, depois que perdeu os pais em um acidente de carro.
Ela e sua família adotiva não se davam tão bem. Por sorte, ela conseguiu um emprego de recepcionista em um hotel em Siena e alugou seu próprio apartamento.
Desde que me estabilizei depois de sair do orfanato, que eu tinha oferecido o meu apartamento para ela ficar por uns tempos, já que eu viajo bastante, mas ela queria andar com suas próprias pernas.
Nós passamos uma tarde agradável juntas, e eu prometi voltar mais vezes.
[...]
Eu estava passando por Grosseto quando a minha moto apresentou um problema.
Eu a empurrei por um tempo até chegar em uma oficina mecânica.
— Olá, boa tarde! — me aproximei de um dos mecânicos. — A minha moto apresentou um barulho estranho, eu parei para ver o que podia ser, e quando tentei ligar para chegar até a oficina, ela já não funcionou mais e eu tive que trazer empurrando.
O idiot@ começou a me secar, mas eu já estou acostumada. É isso que acontece quando você é mulher e vai em um ambiente masculino.
— É para analisar a moto — falei já sem paciência.
— Desculpa, moça — ele desviou o olhar e começou a analisar qual poderia ser o problema da moto.
Eu olhei para o lado e reconheci a moto do Marco.
— Essa moto é do Marco, não é?
— Sim — ele olhou para a moto, e em seguida para mim. — A moto dele precisa apenas de uma revisão. Ele vem buscar amanhã.
— Por falar no Marco, onde fica o bar dele?
— De onde conhece o Marco? — o olhar dele era de desconfiança.
— Ele é primo do meu irmão.
— Então é seu primo?
— Não, ele é primo do Angelo por parte de pai, e eu sou irmã do Angelo por parte de mãe.
— O Angelo que você está se referindo é um cabeludo, m*l humorado.
— Exatamente.
— Nunca soube que ele tinha uma irmã.
— Você sabe alguma coisa da vida do meu irmão? — o Angelo não gostava de pessoas até conhecer a Aurora, então pelo que eu sei, ele não era muito de falar antes dela.
— Tem razão! — ele sorriu sem graça. — Quer dizer, as pessoas comentam bastante em Grosseto que ele tomou a esposa do falecido delegado Francesco.
Eu até pensei em retrucar o que ele falou, mas não valeria a pena, e eu tenho certeza que para o Angelo e para a Aurora o que as pessoas falam é indiferente.
— O bar do Marco é a um quilômetro daqui. Pode ir reto que também fica na pista — ele falou apontando a direção.
— Ah, valeu! E a minha moto?
— O problema está na engrenagem — ele apontou para o local — Eu estou com bastante serviço e não tenho a peça para trocar. Eu só consigo entregar daqui a três dias.
— Sério?
— Infelizmente! Se eu tivesse a peça aqui eu até poderia abrir uma exceção e tentar adiantar, já que você não é daqui, mas sem a peça eu estou de mãos atadas.
— Tudo bem, eu vou dar um jeito, pode consertar — falei saindo da oficina.
Eu fui andando pela pista, até parar de frente ao bar do Marco.
Assim que abri a porta, dei de cara com ele no balcão.
"Merd@, porque tem que ser tão lindo?"
— Como vai, câmera lenta? — eu não poderia perder a oportunidade.
— Serena?