CAPITULO 1

1122 Words
Seis anos atrás... A elegante sala de conferências estava impregnada de tensão de uma negociação de alto risco. Vittorio Amorielle estava sentado na longa mesa, seus olhos escuros fixos no contrato aberto diante dele. Do outro lado da mesa, Ellis Barker deveria estar sentada, mas ela havia saído deixando seus próprios advogados defendendo sua causa. As discussões legais prosseguiam, um vai-e-vem de jargão jurídico que escapava dos pensamentos de Vittorio. Seu foco oscilava das palavras no papel para o solitário anel de noivado com diamante n***o descansando sobre a mesa. Um diamante tão escuro quanto as sombras que agora envolviam sua vida. Seus dedos se estenderam, quase como se fossem compelidos por uma força magnética. Ele pegou o anel, o peso das memórias inundando-o à medida que o metal frio se acomodava em sua palma. Ele o girou distraído em seu dedo, relembrando aquela fatídica noite em que propôs a Ellis em casamento no estacionamento do banco. Uma memória cheia de vulnerabilidade e a esperança por um futuro diferente. Enquanto seus advogados continuavam a falar sobre acordos pré-nupciais e divisão de bens, a mente de Vittorio voltou ainda mais no tempo. Ele recordou da maneira como os olhos de Ellis brilhavam com lágrimas de alegria, a sensação de seus dedos se entrelaçando aos dele quando ela disse sim. Parecia ter sido um momento de clareza em uma vida obscurecida por sombras. Mas agora, ao brincar com o anel, ele era um lembrete contundente do que havia dado errado. Ele a havia perdido. A mulher que amava. A mulher que ele pensava que estaria ao seu lado por tudo. No entanto, ali estavam eles, dois lados de uma mesa, seus advogados traduzindo sua dor em linguagem legal. Uma onda de frustração percorreu-o. Com um movimento brusco, Vittorio empurrou sua cadeira para trás, as pernas raspando no chão. Ele não conseguia mais suportar estar encurralado entre aquelas paredes. Precisava de ar. Precisava pensar. Precisava encontrar Ellis. No saguão do elevador, ele se deparou com os números luminosos indicando os elevadores ocupados. A impaciência o corroía. O tempo estava se esgotando, e ele precisava acertar as coisas. Ele pressionou o botão repetidamente, implorando que o elevador viesse mais rápido. Mas o tempo era uma força que não podia ser apressada. Com um suspiro frustrado, ele se afastou dos elevadores e se dirigiu para a escada. Os degraus pareciam intermináveis enquanto ele descia andar após andar. Sua mente disparava, revivendo momentos que compartilhara com Ellis, se perguntando onde tudo havia dado errado. E então, lá estava — o saguão. Matarazzo, estava perto da entrada. Vittorio se dirigiu até ele, seu olhar exigindo respostas. "Onde está Ellis?" A expressão de Matarazzo estava tensa, revelando algo que Vittorio não esperava. Ele caminhou até Vittorio e começou a falar hesitante. "Ela saiu. Encontrou-se com John Smith." Os olhos de Vittorio se estreitaram, uma onda de confusão misturada com raiva. John Smith — o homem que ele orquestrou para ser falsamente preso pelo assassinato da investigadora policial Laura. Seu plano de mantê-lo longe, mas agora ele havia se encontrado com Ellis. "O que quer dizer com 'encontrou'?" Sua voz soou baixa, perigosa. Matarazzo hesitou antes de continuar. "Houve uma conversa entre eles, e então ela foi levada por Smith. Inconsciente." O coração do mafioso acelerou, seus pensamentos em turbilhão. A fúria queimava nos olhos escuros de Vittorio, sua mente uma tempestade de emoções conturbadas. Ele encarou Matarazzo com uma intensidade que poderia ter incendiado o próprio ar entre eles. As palavras saíram entre os dentes cerrados, cada uma carregada com a promessa de um perigo iminente. "Reúna os homens", ele disse, sua voz baixa e venenosa. "Encontre John Smith." Matarazzo assentiu, compreendendo a urgência da situação. Ele sabia que não havia espaço para demora. Era evidente que Vittorio estava à beira da explosão. Vittorio permaneceu parado ali por um momento, sua mente uma turbulência de emoções conflitantes. A lembrança do passado com Ellis, os momentos de amor e alegria que compartilharam, estavam em contraste agudo com a ideia de que ela poderia estar em perigo agora. Ele sentiu o peso de sua própria escolha, sua decisão de usar John Smith como peão em seu jogo, agora voltando para assombrá-lo. Enquanto Matarazzo se afastava para cumprir suas ordens, Vittorio lutou para controlar a tempestade dentro de si. Ele fechou os olhos por um momento, respirando profundamente, tentando encontrar uma maneira de canalizar sua fúria e preocupação. A lembrança de Ellis, sua risada, sua força, a maneira como ela o desafiava, tudo isso se misturava em uma tristeza amarga e uma ira intensa. Ele tinha jurado protegê-la, dar a ela um futuro melhor, longe das sombras do seu mundo. E agora, ela estava no epicentro de um conflito que ele havia criado, um conflito que ameaçava destruir a frágil paz que ele imaginava ter encontrado. Se John Smith tinha a ousadia de ferir um único fio de cabelo dela, ele pagaria um preço inimaginável. Rocco,se aproximou do líder da máfia com uma expressão séria e respeitosa. Ele sabia o quão delicada era a situação, mas também compreendia a importância dos compromissos de Vittorio. Com um leve aceno de cabeça, ele chamou a atenção de Vittorio. "Don Vittorio, o senhor tem outro compromisso. Precisamos partir", disse Rocco, sua voz baixa e respeitosa. Vittorio virou-se para Rocco, a fúria em seus olhos ainda latente. Ele abriu a boca para responder, mas então fechou-a novamente, como se reconsiderando suas palavras. A menção do outro compromisso pareceu se desvanecer em meio à sua preocupação com Ellis. A ideia de continuar como se nada tivesse acontecido era insuportável. "Não", disse Vittorio finalmente, sua voz firme. "Não agora." Rocco assentiu compreensivamente, sabendo que essa não era uma decisão que Vittorio estava tomando levianamente. Ele encarou seu chefe por um momento, avaliando a situação. Finalmente, ele deu um passo à frente, sabendo que precisava transmitir uma verdade dolorosa. " Don Vittorio, sei que está preocupado com a senhora Amorielle, mas não temos escolha. Mas o senhor sabe... eles não podem esperar", disse Rocco com sinceridade. "Prometo que vou descobrir o que aconteceu com ela, mas não podemos adiar isso." Vittorio suspirou, lutando contra sua própria impaciência e raiva. Ele sabia que Rocco estava certo, mas a ideia de deixar Ellis em perigo o atormentava. Finalmente, ele assentiu, ainda relutante, mas sabendo que precisava confiar em seus homens de confiança. "Vá, então", disse ele, sua voz carregada de tensão. "Mas traga-me notícias assim que puder." Rocco assentiu, dando um passo para trás e se virando para se juntar aos outros homens, que já estavam prontos para partir. Enquanto eles se afastavam, Vittorio permaneceu imóvel por um momento, sua mente atormentada por pensamentos de Ellis e do que poderia ter acontecido.
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