Dois

1995 Words
Sarah Me chamo Sara Milani e tenho vinte e dois anos. Nasci na cidade de Catânia que fica ao leste da Sicília, conhecida por ser uma das cidades portuárias mais conhecidas da Europa e o destino de inúmeros cruzeiros de Luxo. Ela também possui belas praias e muita gente bonita. Mas a principal atração dessa linda cidade não tem nada a ver com mar, ou, terra e sim, com a natureza em sua forma mais brutal. Eu falo do temido e majestoso Monte Etna. Situado entre as províncias de Catânia e Messina, esse terrível e bela montanha de fogo é a mais alta de toda Europa e uma das maiores do mundo. Mas não vamos falar da minha cidade natal e sim, de mim. Estou nesse exato momento em frente ao espelho passando o meu batom, estou há poucos minutos de sair em viagem para acompanhar a minha patroa, mademoisalle Nicole Satine até o meu berço natural. Já fazem dois meses que ela não vê o noivo, senhor Sebastian Baroni e agora resolveu fazer uma visitinha. Minha patroa até que é legal, isso porque eu raramente a vejo, pois sempre está ocupada com alguma coisa fútil como: ir a um spa, fazer as unhas, arrumar o cabelo, etc. Ela é linda, alta, magra e com um corpo de dar inveja, não que eu não tenha os meus próprios atributos. Tenho um e sessenta e cinco de altura, pele clara, cabelos pretos na altura dos ombros, calço 35, 42 de quadril, 42 de b***o e peso 55 quilos. Meus lábios são rosados e carnudos e meu rosto é levemente triangular, os meus olhos são de cor azul topázio, o que acaba muito chamando a atenção para mim. Adoro malhar nas horas vagas, mas não para ficar musculosa, gosto apenas de manter a boa forma o mais naturalmente possível. O contrário da minha patroa que além de ser bem mais alta, tem umas pernas que falam por si próprias. Visto um vestido azul claro e rodado na altura dos joelhos, coloco uma jaquetinha por cima e pego a minha bolsa. Assim que abro a porta tenho uma surpresa. — Por que está vestida assim? Ah, mon Dieu, como pretende acompanhar mademoiselle Satine vestida desse jeito? – diz Margot, sem ao menos me cumprimentar antes. — Vamos, deve haver alguma coisa mais decente que possa vestir! – ela fala, revirando minhas roupas — achei! — O que tem de errado com a minha roupa, Margot? Nós não vamos a Catânia? – pergunto-a. — E esse é o terninho que uso nas minhas apresentações na faculdade. — Caso você não saiba, as empregadas de Monsieur Baroni se vestem parecendo executivas e por conta disso é que Nicole gosta que suas acompanhantes não fiquem para trás. – ela responde. — E vai ser esse e pronto. Vista-se e se apresse, pois os carros já estão lá fora e as bagagens todas dentro deles. Suspiro! Nossa, ainda bem que ela não falou nada do meu cabelo e nem da maquiagem, senão eu teria de arrumar tudo outra vez. — Ah! E esteja preparada, pois quando chegarmos a Catânia eu vou te levar às compras, certamente que sua mala não está adequada ao requinte para onde você está indo! Margot fechou a porta. Nossa, ela é bem legal, mas quando se sente pressionada pela patroa, ela fica insuportável. Parece que Margot é quase como uma mãe para a Nicole, pois cuida dela desde criança, pelo menos é o que as outras que trabalham aqui há mais tempo do que eu, me disseram. Troco a minha roupa e vou para a frente da mansão onde os carros já nos aguardam e quando estou na porta para entrar em um deles, lá se vem a Margot novamente. — O que pensa que está fazendo? – ela pergunta. — Entrando no carro. Por que? — Tudo bem, venha comigo. Você vai com a gente na Limusine, foi uma determinação da mademoiselle. Que ótimo! Agora eu devo ficar de babá juntamente com a Margot. Em pensar a um dia atrás, Paty me disse que nem sempre os que viajavam com Nicole trabalhavam, era mais para mostrar o empoderamento da dondoca, mas vejo que esse não será o meu caso. Mas o bom é que estou retornando à minha Catânia depois de alguns anos. Me mudei para Paris quando eu ainda era adolescente. Meu pai se chama Bernardo Milani e minha mãe, Donatella. O meu pai é um engenheiro de software e minha mãe é professora particular de crianças com necessidades especiais, ela se formou em psicopedagogia e os pais gostam muito dela. Não somos ricos, mas o que temos dá para vivermos com dignidade. Já eu decidi cursar enfermagem, pois adoro cuidar das pessoas que precisam serem cuidadas. O Meu pai queria que eu seguisse a mesma careira que ele, mas respeitou a minha decisão. Nunca gostei de ser totalmente dependente dos dois, por isso trabalho desde que completei dezoito anos e escolho sempre os trabalhos que não atrapalham os meus estudos. Li num jornal que Nicole Stine estava precisando de uma moça que tivesse boa aparência, bons modos, para que lhe servisse como uma espécie de dama de companhia. Me candidatei e pelo fato de estar quase terminando o meu curso, fui aceita. Ela é legal, quase não vive pegando no pé das empregadas, como fazem as demais dondocas, mas já soube que é uma mulher extremamente territorial, inclusive soube que, a moça da qual eu substituo, foi despedida porque se engraçou pelo noivo dela. Mas vamos deixar essas coisas de lado, por enquanto. Estou no interior da limusine e as duas estão sentadas bem de frente para mim. Dio mio, elas conversam feito maritacas. Falam do vestido de casamento, dos convidados, das inúmeras mulheres com as quais o noivo vive se deitando..., mas o engraçado nisso é que ela não parece se importar muito com o último detalhe. Gente rica é bem estranha. Chegamos ao aeroporto, finalmente, pois meus ouvidos já estavam doendo. O avião da família possui um quarto para o descanso dos patrões enquanto viajam, mas acredito que eles só vão para lá depois de o avião ter decolado. — Viu só. Ela nem olhou pra você. – diz Margot, com um singelo sorriso. — E isso é bom? – pergunto. — Claro que é. Agora imagina se você está vestida naquilo? Ela iria surtar. Agora vamos, que eu ainda quero aproveitar um pouco desse lindo dia de verão. – ela fala, toda cheia de empolgação. — E também matar a saudade do meu Camilo. Sorrio. O nome da Margot é de fato, Margarida Laurent. Ela sempre viveu com os Satine e cuida da Nicole desde que ela era criança. Camilo deve ser alguém que trabalha com o Baroni, só pode. Subimos todos a bordo. O pilo diz a todos que ponham os cintos e deixem as poltronas na vertical, cuidados básicos de antes da decolagem. Nicole está no quarto, há poltronas com cintos lá dentro, mas quando o avião estava ganhando altitude, ouço um barulho estranho, seguido de um solavanco muito forte. Não fosse os cintos de segurança, teríamos ido parar no teto. — Mas o que é isso? – eu pergunto. Todos estão apreensivos, quando uma comissária de bordo entra. — Por favor, pessoal, todos fiquem calmos e não saiam de suas poltronas. Permaneçam sentados e com os cintos! m*l ela fechou a boca e outro solavanco ocorreu, mas dessa vez foi bem maior. O avião caiu. Eu vi a pobre comissária ir com tudo em direção ao teto do avião e cair violentamente no chão. Caramba, ela está inconsciente e o braço direito parece que está quebrado, ela caiu com o rosto no chão. Ouço gritos e em meio à fumaça eu vejo Nicole correndo e gritando, ela passa por cima da pobre moça que está inconsciente. Ela e seus homens cuidam logo em abrir a porta da emergência, melhor, os homens abrem e ela sai correndo. Um tumulto acontece, mas eu tenho de me concentrar, a uma pessoa que precisa da minha ajuda. Enquanto todos saem correndo e gritando, eu começo a arrastar a moça de modo que não lhe cause muitos danos, até que Margot retorna chamando o meu nome. — Aqui! – respondo. — Tem uma moça muito ferida e ela precisa de ajuda. — Tudo bem, os bombeiros estão a caminho. Vamos! Margot e eu conseguimos levar a comissária para junto da porta de emergência, quando um bombeiro chega para nos ajudar. — Ela bateu muito forte contra o teto na hora da queda. – Explico-lhe. — Eu vi tudo! — Tudo bem, moça, você é uma heroína, mas agora deixa com a gente. — ele diz. Xiii, certeza que a Nicole vai chiar pelo resto do dia. Além da comissária, nenhum outro se feriu gravemente, apenas escoriações e alguns passaram m*l por causa da fumaça. Fora isso, tudo ocorreu bem. *** Depois do susto, ficamos sabendo que houve uma falha mecânica em um dos motores, mas que uma investigação já foi iniciada. Pobre do mecânico. A comissária também estava bem, ela havia passado por uma cirurgia, mas não corria risco de morrer e sendo assim, Nicole decidiu seguir viagem no avião de um amigo. Aquele tipo de “amigo”. Agora entendo o motivo de ela não sentir ciúme do noivo. Não disse que gente rica é doida. *** A viagem foi tranquila e estamos aqui em Catânia. Ah! Esse cheiro de mar, o início de tarde que tanto me fascina. Fico imaginando se poderei visitar os velhos amigos, mas por enquanto eu estou mais preocupada em saber como será o meu cronograma aqui, já que a patroa exigiu que eu a seguisse. Estamos em frente à mansão e passamos pelo portão de entrada. Caramba, do portão até a frente da mansão são três minutos de carro e o jardim é muito lindo. A casa está localizada à beira de um penhasco, mas segundo Margot, ela já possui meio século de construção, então deve ser seguro. Estou para a observar a enorme sala, cujos móveis datam do período renascentista. O lustre principal é enorme e feito do mais puro cristal. Só essa sala cabe toda a minha casa dentro e ainda sobra espaço. Estou embasbacada com tamanho luxo, quando sou surpreendida por uma mão em meu ombro. — Oi, desculpa se te assustei. Sou Marta e vou mostrar o seu quarto. — Ah, sim. Eu é quem estava feito boba olhando o lugar. – respondo-lhe, meio sem graça. — Não, todos os que vêm aqui ficam hipnotizados com a suntuosidade da mansão. Logo vai poder conhecer tudo por aqui, eu mesma vou te mostrar, agora vamos. Marta me levou por baixo das escadas e seguimos por um corredor até uma porta que dava para o lado fora da mansão. Então seguimos por uma trilha feita com pedras de calcário, bastante antigo, pelo menos era o que dava a intender. Enquanto caminhávamos, ela contava como era trabalhar ali e perguntou como era Nicole, seu temperamento e se a mesma era muito exigente. Falei-lhe a verdade e esta implicava em eu não saber muito. Chego a uma casa de dois andares, Marta explica que é a casa dos empregados, mas que Margot ficaria na mansão — Por que? – pergunto-lhe, curiosa. — Certamente você é mais uma das que só veio para dar volume ao comboio. É, tomara que ela esteja certa. *** A noite cai e eu não vi Nicole e Margot desde que cheguei. Também não saí do meu quarto, que por sinal... é maravilhoso. Tem vista para a praia e dá para ver o penhasco. Estou deslumbrada com a vista, quando avisto vários carros pretos subindo a ladeira que dá acesso ao protão principal da propriedade e pela sofisticação dos carros, só pode ser o famoso Sebastian Baroni. Será que ele é mesmo tão lindo quanto apresentam as revistas e os jornais?
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