05- Culpa

1203 Words
Cris narrando: Não podia acreditar no que o médico estava me falando, não pode ser, eu estou grávida? Isso não é verdade, não, porque eu? Senti um frio passar pelo meu corpo, começou a ficar difícil de respirar, parece que o tempo parou, estava repetindo em minha mente o que o médico disse, e lembrando de Jhon, do ataque, tudo voltou como um chute na cabeça, fechei os olhos por um instante, e parecia que está lá de novo, vendo Jhon me segurando, me violentando como se fosse nada. Sinto até mesmo a dor entre as pernas, isso é culpa minha… Abri os olhos e vi Sol me olhando, segurando as lágrimas. _ Sol, não poder ser, grávida, não, isso é culpa minha, Sol, eu deveria ter ido no médico, o que vou fazer agora Sol? Sol me olhou tentando me acalmar, mas não conseguiu, comecei a sentir algo apertar o meu peito com força, tentei me levanta da cama e tirar o soro do braço, só queria ir para casa. _ Vou para casa, já chega por hoje! Falei gritando com Sol. Sol narrando: Cris recebeu a notícia da gravidez, e não reagiu bem, como esperado, ela saiu de si, começou a falar gritando, e seu rosto que era branco começou a ficar vermelho como uma morango. Tentei acalmar Cris, mas ela não estava me ouvindo, quando tentou arrancar soro do braço a segurei... _ Cris, tô aqui com você, olha para mim, vai dar tudo certo. _ falei com Cris, mas ela não me olhou, e vi que estava em outro lugar, os pensamentos dela estavam a lembrando de tudo que passou, vi o medo, a angústia em seu olhar. Meu peito se apertou com a dor dela. _ O que ela tem? Enfermeira? _ o médico perguntou confuso. Cris começou a se debater na cama, querendo sair dali, o médico aplicou algo no soro, Cris aos poucos foi dormindo. _ O que deu para ela?_ perguntei para o médico. _ Calma, é apenas uma medicação para acalmar, ela teve uma crise de ansiedade, a notícia pelo jeito não foi esperada. Me sentei ao lado de Cris, até o momento dela está dormindo profundo, a enfermeira arrumou o soro dela que quase saiu. Fiquei um tempo ali, olhando Cris, esse mundo não é justo. Depois de um tempo o médico voltou e me chamou para fora do quarto de Cris. _ Poderia me explicar qual o motivo da paciente ter recebido a notícia assim? _ O médico estava confuso e esperando a reposta. Me sentei na cadeira que estava atrás de mim, o médico sentou ao meu lado. _ Cris, é uma mulher incrível sabe, tem o coração enorme, é gentil, respeitosa e amorosa, quando a conheci estava na pior, mas ela me ajudou, me deu conselhos, me apresentou algumas pessoas, e com isso consegui fechar o meu primeiro desfile. Cristina, é o tipo de pessoa rara, as que não existe mais, inocente, e determinada. Ela recebeu a notícia assim porque foi violentada, ela era virgem ainda, o monstro a humilhou, e tirou a sua inocência nesse dia, ela ficou em pedaços, nunca a vi desse jeito. _ Sinto muito, mas vocês denunciaram? _ O médico me perguntou preocupado. _ Não, foi em Nova York, e pior, como denunciar umas das pessoas mais poderosas e perigosa de lá? Cris ficou em depressão, ela estava começando a voltar a ser ela mesma, até recebeu um convite de trabalho perfeito, para dar ajuda que ela precisava. Mas agora, como ela vai passar por isso, grávida de um monstro. As lembranças dela voltaram, eu vi nos olhos dela o desespero. O médico me olhou surpreso com o meu relato. _ Você sabe que Cristina não é obrigada a ter esse bebê, ela tem opções, ela não precisa passar por isso, não importa se o que aconteceu foi aqui ou lá fora, eu vi a reação dela, essa gravidez vai ser difícil para ela. Vejo que é um bom amigo para Cristina, converse com ela, mostre as opções. E o mais importante nesse momento, ela precisa de um acompanhamento psicológico, ela precisa curar suas feridas, ou pelo menos saber lidar com a dor para continuar vivendo. _ Eu sei, mas aí que está, Cris, tem uma criação diferente da nossas, ela tem uma família forte e incrível, ela precisava deles, mas não deixa eu contar nada. E sinceramente tenho medo de contar, e perder a confiança e amizade dela. O médico analisou o que eu disse, pegou a sua carteira abriu e me entregou um cartão. _ Essa aqui é uma amiga, ela é uma profissional excepcional, sei que vai ajudar Cris, marque uma consulta com ela. E nesse momento, aconselho não fazer nada que deixe Cristina pior. Quando ela acorda vou lhe dar alta, e uma receita com vitaminas, mas se ela for ficar com o bebê, vai precisar começar o pré-natal, é importante esse acompanhamento. O médico estava sendo tão legal, que fiquei desconfiado. _ Porque todo esse interesse na minha amiga? Não vai dizer que gostou dela, mesmo passando por tudo isso? _ Perguntei em um dom de p******o a minha amiga. _ Não tenho esse tipo de interesse em Cristina, só estou preocupado com o estado dela, e outra coisa, você faz mais o meu tipo do que Cristina. _ O médico sorriu com malícia quando disse a última parte, senti um arrepio no corpo. _ Não creio... Olhei para ele surpreso. Com essa ponta de homem hétero. _ Já joguei a dúvida nele. _ Nem tudo é o que parece Sol. _ Ele se levantou, olhei o uniforme dele com o nome. _ Muito bem! Doutor Pierre. Ele sorriu e saiu, depois que recuperei o fôlego do Doutor, peguei o celular e liguei para Nani, falando tudo o que aconteceu, e como Cris estava. Ela me disse que estava voltando para casa. Cris acordou depois de algumas horas, a levei para casa, quando chegamos no apartamento ela se jogou na cama, ela não queria falar comigo. No dia seguinte Nani chegou, disse-lhe o que aconteceu, e que Cris estava deitada, e não queria falar com ninguém, e pior, chorava muito e dormia, não comeu nada. Nani me abraçou, me puxou para o quarto de Cris, assim que entramos ela estava no celular falando com os pais. Mas apenas o de costume, assim que a ligação acabou, fomos a cama dela, Cris nós olhou triste. _ É culpa minha tudo isso, eu deveria ter sido responsável, ido ao médico. _ Cris falou se segurando para não gritar de desespero. _ Cris a culpa não é sua, sabe que você não fez nada, a culpa é daquele monstro, e de mais ninguém. Estamos com você. _ Sabe que não precisa levar a gravidez para frente, você tem opções amiga. Só precisa pensar bem no que vai fazer, porque depois não tem volta, é uma decisão que vai mudar toda sua vida, mas saiba que eu e Nani estamos aqui com você para qualquer decisão que tomar. Cris começou a chorar, abraçamos ela com força, limpando suas lágrimas. Conseguimos fazer ela comer um pouco, e ficamos com ela na cama. Dias se passaram…
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