— Pode confiar em mim. — Sussurrei.
Ela assentiu e se encolheu um pouco. Tirei o blazer e coloquei sobre o ombro dela.
— Vamos, eu vou tirar você daqui. Agora. — ela segurou meu braço e pude sentir o seu corpo tremer um pouco.
Saímos da sala a passos vagorosos, ela olhou para os lados, como se tivesse medo do que pudesse encontrar. Peguei o celular do meu bolso e caminhei com ela até a escada.
— Suba! — Mandei.
Ela me encarou por alguns segundos, antes de começar a subir devagar e com cuidado. Parecia estar fraca.
"Onde está?" — Dmitry
"Na mansão, pegue o meu carro, Lindsay e me espere na saída. Chego em cinco minutos.",
A casa estava bastante silenciosa, se passavam das onze da noite. Me perguntei porque essas reuniões ocorriam tão tarde. Ignorando todo o resto, puxei a garota por todo o jardim, até o extenso corredor que eu havia atravessado antes.
Ela se parecia com um gatinho assustado, com as suas unhas grudadas no meu braço e seu corpo tremendo, enquanto ela me encarava, confusa e implorando para que eu não a deixasse ali.
Alguns olhares foram levados a nós, soldados. Eu podia vê-los secando Ava e sobre como a desejavam, e depois de a terem visto comigo, as coisas só pioravam.
Se eu passasse tempo demais, seria como um prêmio para quem roubasse assim que eu descartasse. Se eu ficasse tempo de menos, seria classificada como lixo e usada pelo maior número de homens possíveis.
Eu não tinha planos para Ava, não sabia ao certo o motivo de tê-la tirado de lá, mas acredito que foi por Lindy, mais os olhos suplicantes da morena e eu havia amolecido.
Ao deixarmos o bordel, encontrei meu carro parado na entrada. Uma Lamborghini Aventador Roadster, minha mais nova e mais cara aquisição.
Abri a porta de trás e Ava entrou, se encolhendo ao lado de Lindsay que sorriu para mim e me deu um tchauzinho. Dei a volta no carro e abri a porta do motorista, Dimitry sorriu cínico.
— Sai. — Mandei.
Ele bufou e se levantou, fazendo uma cara feia.
— Vou comprar um carro mais caro que o seu e não irei deixar que você respirei perto dele. —Resmungou.
Entrei no carro e bati a porta ao meu lado, Dimitry sentou no banco do passageiro, ainda resmungando e eu acelerei.
Longos quarenta minutos depois, havíamos chegado a minha casa. Era enorme. Dois andares, piscina ampla, casa da piscina. Parecia com a que eu havia crescido.
Não entendia o motivo de ter uma casa tão grande, mas foi presente da máfia, eu não podia negar. Aliás, eu não achava tão r**m assim.
Em sua grande maioria, a casa nunca estava vazia. Mikhail costumava vir passar os seus fins de semana aqui e Dimitry havia se esquecido de sua casa e passava boa parte dos dias zanzando pelos meus corredores.
Estacionei o carro na entrada e sai, abrindo a porta traseira para que Ava e Lindsay saíssem.
— Cuide delas. — Mandei. — Tenho alguns assuntos para tratar.
Dmitry assentiu, enquanto eu entrava na casa e ia direto para o escritório no segundo andar.
Passei a mão no rosto e respirei fundo. Eu estava cansado. Me levantei da cadeira e fui até o pequeno bar no canto da sala e enchi o meu copo com o whisky.
Ouvi duas batidas na porta e revirei os olhos antes de andar até ela e abrir. Era Lindsay.
— Resolveu se casar com ela? — Perguntou, entrando na sala animada.
— Não.. ou melhor, não sei. — Dei os ombros e dei um último gole. — Muita coisa pode acontecer, Lindy.
— Eu não me importo com as muitas coisas, Niko.. — Ela se sentou no sofá do meu escritório. — a Ava é bonita, delicada e determinada, ela só está com medo, duvido muito que ela recuse o pedido e eu poderia ficar.
— Você pode ficar. — Eu a encarei. — Eles não vão sentir saudades de você por lá, eu acho.
— O Don não permitiria. — Ela desviou os olhos e encarou a lua. — Aqui é tão calmo.
— É... — Eu disse e caminhei para me sentar ao seu lado. — Eu prometo, Lindy, que eu vou fazer o possível para livrar você.
— Só.. — ela começou a falar e deu uma pequena pausa antes de continuar. — Só pense que todos ganham.
— Porquê você não vai se deitar? — Perguntei, acariciando seus fios loiros.
— Eu vou, eu preciso mesmo descansar. — Ela sorriu e me encarou. — Obrigada, Niko, você é a melhor pessoa do mundo.
Ela se aproximou e depositou um beijo na minha testa, antes de sair do cômodo e sumir pelos corredores. Eu já estava cansado, eram duas da manhã, eu só precisava dormir um pouco e quem sabe, amanhã, colocar a cabeça no lugar.
Me levantei do sofá e tranquei a porta, seguindo até a última porta do corredor vazio. Abri a porta do meu quarto e a tranquei em seguida, seguindo para o closet. Peguei uma calça de moletom e uma box preta e segui para o banheiro.
Tomei uma ducha rápida e me vesti, voltando para o quarto. Respondi algumas mensagens de Dimitry e me deitei, me entregando a um sono profundo.