Café da manhã

877 Words
Melissa Fiquei muito assustada em deitar ao lado de dois estranhos. Não conheço nada sobre a máfia e não sei até que ponto eles podem ir antes do casamento. Sou bem friolenta e confesso que senti até calor durante a noite. Os dois são bem assustadores mas não tiveram nenhuma atitude desrespeitosa comigo. Quando acordei estava sozinha na cama. O quarto é bem masculino e rústico. Lá fora podia ouvir o barulho dos pássaros. Confesso que fiquei com um pouco de receio de descer. Nos últimos meses Victor não podia me ver pela casa que já achava um jeito de me trancar no quarto ou me dar uns t4pas. Infelizmente preciso comer algo pois faz dias que não consigo comer direito, as restrições alimentares dele estavam me enfraquecendo cada vez mais. Desci as escadas pé por pé, se eu tivesse um pingo de sorte não teria ninguém na casa. Senti um cheiro maravilhoso de café. Fazia muito tempo que eu não tomava um café quente ou sequer tomava café da manhã. Bisbilhotei através de um pilar e vi os gémeos sentados na mesa, eles são idênticos em quase tudo, apenas alguns traços conseguem distinguir um do outro. _ Pode se aproximar, ninguém aqui vai morder você! - José; Disse um deles. Eu fui pé por pé, nenhum deles me olhou diretamente. Apenas puxou uma cadeia para que eu sentasse. Fiquei olhando aquele café tentador com bolo e misto quente, minha barriga começou a protestar. _ Não vai comer ? - Hugo; O outro perguntou. O cabelo dele é um pouco mais claro que o do outro, vai ser a maneira que eu vou conseguir saber a diferença entre eles. _ Eu ... eu posso ? _ Claro, na sua antiga casa você não podia ? - José. Fiquei em silencio, não sabia se podia responder ou não. Não sabia o grau de i********e deles com Victor e não quero viver uma vida de surras constantes, ainda mais de dois. Me limitei a comer tudo o que vi pela frente. Nenhum deles me olhou atravessado, nem sequer me olhavam, estavam mexendo em seus celulares e tomando seus devidos cafés. Me senti cheia e satisfeita, diria que até mesmo cansada de tanto comer. Os últimos dias foram infernais e eu mau dormia. Me levantei e fui lavar a louça mas fui impedida por uma das vozes grossas presentes. _ Não, pode ir descansar. É visível seu cansaço físico. - Hugo _ Eu ... eu to bem ... _ Não gostamos de mentiras garota! - José Um deles falou um pouco mais irritado, isso me deixou um pouco receosa. Minha vontade era correr mas aprendi que esses homens correm mais rápido. Victor sempre me alcançava e a dor era pior ainda. Fiquei paralisada. _ Pode sair. - Hugo Sai rapidamente da cozinha. Subi as escadas correndo e me enfiei em baixo das cobertas. Não que fosse adiantar muita coisa, nada ali me protegeria deles. Depois de alguns minutos peguei no sono, a cama é macia e confortável, coisa que eu não sinto a muito tempo. Quando acordei já era tarde, dormi praticamente o dia inteiro, me senti renovada mas com a barriga vazia novamente. Tomei um banho quente e demorado, extremamente relaxante. Coloquei uma roupa mais quente pois fazia frio. Decidi explorar um pouco o andar de cima e descobri que tinha um quarto de hospedes com chave, caso precisasse seria ali que me esconderia. Tinha mais um quarto mas este estava trancado. Desci as escadas mais uma vez na ponta dos pés. Toda a decoração era bem masculina e minimalista. Não havia plantas e nem quadros. Tudo muito preto e branco. Fui para a cozinha, estava sozinha na casa e senti um imenso alivio. Lembrei de todas as vezes em que Victor estava em casa, das vezes em que ele me pegou comendo ou andando pelos corredores. Meu estômago chegou a embrulhar. Lembrar da cara dele de prazer em me ver sofrer era terrível. Abri a geladeira e devorei algumas frutas que tinham ali. Fazia tempo que não comia tão bem assim. _ Vejo que achou o caminho da cozinha- José. Tomei um susto ao ouvir a voz de um dos irmãos. Me virei bruscamente temendo pelo pior. _ D-desculpa ... eu ... eu estava com fome... Ele me olhou e ofereceu um sorriso sedutor, mas que mais parecia de um predador pronto para dar o bote. Não parecia tão amistoso quanto deveria. _ Não se desculpe. Não gosto de mulheres choronas e muito menos de ratos assustados. Se vai se tornar nossa mulher deve aprender a não nos temer. Fiquei terrivelmente confusa com as palavras dele mas logo um choque de realidade veio a minha mente. Lembrei das palavras de Victor e me senti uma coisa qualquer descartável que seria usada e jogada fora, assim como ele havia especificado. Não pude evitar que um bolo de choro se formasse em minha garganta. O homem apenas me deu as costas e sumiu pelos corredores. Comi mais um pouco e subi novamente para o quarto, meus dias seriam longos e as noites piores ainda após esse casamento. Meu irmão havia me vendido como uma mercadoria qualquer a dois mafiosos e um deles com certeza não ia com a minha cara.
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