APAIXONADA POR UM CRIMINOSO

EPISÓDIO DOIS| PESSOA CERTA NA HORA ERRADA

NEFERTARI| PARTE 1

(.... ) Eu nunca quis te machucar, pelo contrário tentei deixar claro que comigo é temporário vivendo um romance igual os contos literários contra minha intuição e o meu calendário.



Tão logo termino o jantar , com preguiça de me arrastar até a cozinha e também para evitar um novo conflito com a minha mãe. Deixo o prato por aqui mesmo . Ando até o banheiro para tomar o comprimido para dor , tiro a pílula e jogo na minha boca . Me sentindo um pouco ofegante pelo latejar em minha mandíbula , me apoio nas laterais da pia e aguardo o remédio começar a fazer o seu efeito , antes de me enfiar por debaixo dos cobertores .

Novamente sinto aquela pinicada em minha nuca , apenas uns milésimos de segundos antes de tudo acontecer . É rápido e sútil , apenas um vago deslocamento atrás de mim . Minha carne estremece quando um sentimento de perigo me assola repentinamente . Com os pelos do meu pescoço eriçados sinto que já é tarde demais . Um momento seguinte onde estou de pé na pia , no próximo uma grande mão já está me encobrindo a boca , enquanto um corpo grande e duro me segura contra o balcão e pelas minhas costas.

- Não ouse gritar.- Uma profunda voz masculina sussurra ao pé do meu ouvido , e logo algo frio e afiado sinto pressionando contra a minha garganta – Te garanto que não vai querer que a minha lâmina faça o restante do trabalho .

Todo o meu corpo está congelado de terror , não grito – tão logo porque sei que não é a coisa sábia a ser feito. Todos os meus músculos estão travados e imóveis , adicionando ao pacote as minhas cordas vocais . Minha respiração torna-se forte e exigente, conforme faço força para respirar com medo da lâmina me cortar .

- Vou tirar a minha mão de sua boca – O homem murmura em meu ouvido , a sua respiração quente em minha pele me deixando estremecer de pânico. – E você não vai soltar um chiado que seja. Me entendeu ?

De alguma maneira consigo um assentimento fraco .

Percebo ele abaixar a mão , e logo seu braço rodeia em torno do meu tórax . Sem querer solto um suspiro audível , permitindo a meus pulmões continuar com as suas atividades normais . De imediato, a lâmina gelada pressiona ainda mais contra a minha pele , congelo de novo , sentindo minha alma prestes a abandonar meu corpo .

Meu Deus ! ele vai me matar ...eu vou morrer , aqui no meu banheiro e na minha própria casa – O terror é monstruoso por dentro de mim , me perfurando como agulhas . Apenas alguns centímetros pra esquerda e ...

- Escuta bem Nefertari .- Fico tesa , como ele sabe meu nome???. Estou gritando por dentro de mim em meu cérebro tomado por medo e confusão . É como se alguém tivesse ativado uma bomba atômica em meu quarto . No entanto a voz do ladrão é calma como o mar , nada em sintonia com o punhal quase enterrada em meu pescoço . – Se cooperar comigo , vai sair com vida . Ou se não , vai em um saco de defuntos mesmo . Você tem o poder de escolha.

Ele disse mesmo viva ? – Um fiapo de esperança , ainda que seja um grão, atravessa a nuvem de terror que monopolizou o meu cérebro . Fazendo com que eu me dê conta que ele tem um sotaque , é algo exótico . Se estivesse com minha mente coordenada diria que é ‘’Europeu ‘’ .

De alguma maneira , esse pequeno detalhe me chama atenção – ainda que mínima , estou mais preocupada com meu extinto de sobrevivência .

- O ...o que quer de mim ?- As palavras saem quase inaudíveis e esganiçadas de dentro da minha boca . Ainda assim considero um milagre ter conseguido falar .

Meu processamento mental está estranhamente lento – diferente de como estava a toda como em alguns instantes atrás .

- Algumas perguntas poucas .- O mesmo diz , e então eu sinto a lâmina se afastando um pouco . Sem sentir o aço contra a minha pele , metade do meu horror diminui e então eu instantaneamente consigo registrar um outro detalhe . De que meu agressor é pelo menos uns bons 30 centímetros mais alto do que eu e coberto por músculos . Sinto o braço em volta do meu corpo como uma verdadeira barra de aço , e corpo grande por detrás de mim pressionando minhas costas não deixa nenhum espaço maciço em lugar algum. Não me considero uma mulher baixa , mas tenho um bom corpo – o indicado pelos nutricionistas , embora consuma besteiras alimentícias constantemente – então por algum milagre do universo não ganho maiores pesos em decorrência deste fato . Por isso calculo em minha cabeça , que se ele é superiormente bem mais alto do que eu e tão cheio de músculos como suspeito , ele deve ter o dobro do meu peso ou quem sabe até o triplo .

Ainda que ele não tivesse me ameaçando com uma faca , eu não teria a menor chance.

- O que quer saber ? – Tentando uma coragem que sei que não possuo , resolvo adiantar logo o seu inquisitório de perguntas , quanto antes tudo isso acabasse de uma vez por todas , melhor para mim- pelo menos eu achava .

Quem sabe até hipoteticamente colocando em base , ele só não esteja aqui querendo roubar a casa ? . Não é novidade para ninguém que a minha família é conhecida por toda a cidade e se bobear o país – então ele deve estar atrás de dinheiro ou coisas do tipo . Só estarei em maus lençóis caso me exija a combinação dos cofres que fica no escritório do meu pai .

Ainda assim percebo que ele tem cheiro de homem limpo , chutaria que acabou de sair do banho . Então logo trato de isolar que seja um viciado em drogas ou algum vagabundo que perambula pelas ruas para roubar os pedestres . Seria um arrombador profissional ? , se for este o caso não terei problemas em lhe dar as joias que Nicolas me deu em meus aniversários e em tempo de namoro , e as outras que ganhei dos meus pais ao longo da vida e algum dinheiro que devo ter por minha conta , o problema era lhe passar . Será que ele tem pix ?.

- Me fale sobre seu pai . Em especifico , onde ele escondeu Alvarez Lenovan . Quero a sua localização .

- Meu..pa..pai ?- Tenho um surto quando um temor me banha o sangue e meus batimentos cardíacos aumentam . – Po..porque , está me perguntando isso ?

Outra vez a lâmina me pressiona a carne sensível de minha garganta .

Fecho meus olhos com força

- Eu faço as perguntas . E você só responde.

- Pelo amor de De..Deus . – Me engasgo em minha própria lamúria e petição para que ele me mantenha viva . Então novas lágrimas quentes alcançam meu rosto deixando minhas vistas embaçadas . Todo meu corpo está trêmulo – Por favor...não sei nada...

- Só responda a pergunta que te fiz . Onde está Alvarez Lenovan ?

- Eu..já disse que...- O que devo falar para ele ? . Meu pai foi bem claro quando disse que eu nunca deveria tocar neste assunto com mais ninguém a não ser com a policia , como vou abrir a minha boca e contar para esse homem onde ele está ? e colocar toda a minha família em risco ?. E se for algum comparsa dele ?.

Outra vez sou banhada pelo terror iminente .

- Odeio que mintam para mim , então pare de fazer isso Nefertari . Me dê a localização dele agora .

- Eu te juro por tudo o que é de mais sagrado que eu não sei...- Engulo nervosamente – Não faço a mínima ideia onde ele está .

O braço duro em volta do meu corpo me aperta , e a faca crava mais fundo em minha pele

- Me diga uma coisa Nefertari . Quer morrer ? , seria uma pena sendo tão jovem e tão cheia de saúde . – Percebo uma zombaria maldosa em seu timbre contido tomado por uma fúria silenciosa .

- Não... não por favor , não faça isso . Eu te imploro – Tremo ainda mais , agora as lágrimas se intensificam me deixando à beira do desespero de forma que nem mesmo possa raciocinar dignamente .

Depois do dia do acidente , houve dias em que de verdade pensava que iria morrer por sentir tanta culpa e tanto remorso . Mas agora a um passo de morrer eu vejo o quanto quero viver . Quero muito!.

- Então abra a boca e me diga de uma vez onde ele está.

- Não sei!.- Conforme a minha tremedeira , meus joelhos estão ameaçando dobrar .

Sei que poderia abrir a minha boca e dizer tudo o que acontece , mas não posso trair a meu pai e as pessoas que confiam em mim . Não posso entregar assim tão facilmente , estaria colocando a todos nós em perigo.

- Você está mentindo .- Sua voz é tão afiada quanto a uma pedra de gelo pontiaguda – Eu li a sua mensagem de alguns instantes atrás antes que apagasse , você sabe onde ele está.

- Não..eu apenas..- Tento fazer com que minhas engrenagens voltem a funcionar e que me ajude a lhe dizer qualquer mentira que seja mas não consigo racionalizar direito . Droga! E agora ? o que vou fazer ?. O pânico me trava, minha língua se torna amarga enquanto tento entender como ele teve acesso ao meu celular e as minhas mensagens , sempre que as recebo deleto uma por uma – foram recomendações do delegado . – Eu juro ...que não sei do que está falando .

A faca pressiona mais fundo sem nenhuma dó , fazendo com que eu aperte meus olhos com mais força lutando pelo ar . Um suor frio desce pelas minhas costas me deixando dormente . Mais uns segundos e ele corta minha jugular .

É isso mesmo que eu merecia ? . Apanhar como mala velha do meu ex noivo , em seguida ser negligenciada por meus pais e em terceiro morrer com uma faca afiada atravessada contra a minha garganta ?

Aperto meus dentes tentando prender os soluços que querem escapar da minha agitação mental de tentar me defender de alguma maneira .

Meu agressor solta um suspiro nada contente e no segundo momento a faca desaparece e então sou virada para ele, o mesmo usa uma touca preta em sua cara e tudo o que eu posso ver são seus olhos escuros e cruéis . Sou rebocada para debaixo do chuveiro e minha cabeça cai para trás , os músculos do meu pescoço gritam de dor , de acordo com meus olhos arregalados e a sua mão grande e firme contra um punhado de cabelos que ele segura na minha nuca .

Tentando a sorte e ofegante sabendo que não tenho a mínima chance de lhe vencer , ainda tento lhe socar e lhe chutar , mas ele é muito forte e tem agilidade rápida . Num instante ele já está me pressionando contra o azulejo gelado do banheiro me prendendo com seu peso . Segurando meus pulsos o prendendo com uma mão . E não adianta o quanto tento lutar para me livrar de sua ameaça , não tenho êxito em minha tarefa desesperada para me livrar de seu julgo.

Me vendo imobilizada e presa , uma nova onda de pânico me atinge em cheio.

Meu senhor qualquer coisa ! eu lhe peço . Menos estupro , isso não! Eu juro que isso eu não vou aguentar.