CAPÍTULO 8

2008 Words
BRIANA MORRIS Passo na minha sala apenas para pegar a bolsa e logo em seguida vou para o meu apartamento. Por mais que mamãe insista para que eu more com ela, ainda assim prefiro a minha privacidade. Confesso que as vezes me sinto culpada por deixá-la sozinha, mas sei que ela me entende. Não moro muito perto da empresa, então demoro um pouco para chegar e como já estou atrasada para encontrar a Duda na tal boate, não posso perder muito tempo. Corro para tomar banho e me arrumar o mais rápido que consigo. Me olho no espelho e me agrado da imagem que vejo. O vestido que vai até o meio das minhas coxas me cai bem e o cabelo amarado em um coque frouxo completa o visual despojado, ao mesmo tempo, sexy. Não me sinto muito à vontade arrumada desse jeito, mas a ocasião pede, então completo com uma maquiagem leve. Por último, passo perfume. Adoro fragrâncias florais, são os meus preferidos. Estou prestes a sair e é como se escutasse a voz de Oliver no meu ouvido, então volto correndo pra o quarto: “Sempre use o seu colar quando for sair Briana, é para a sua segurança.” Procuro pelo colar e o coloco no pescoço, um lindo pingente de ouro rosé com topázio London e Diamantes. Lindo e discreto. Até que combinou com o meu vestido. Agora sim, eu posso sair de casa e segundo Oliver vou estar segura, o que chega a ser ridículo de se pensar. Mas se ele manda, eu obedeço. Dirijo pelas ruas tranquilamente até chegar ao meu destino. Quando estaciono em frente a boate do endereço que minha amiga mandou, sinto vontade de voltar para o meu apartamento correndo. Caramba, essa boate é do Oliver. Duda tinha que escolher justamente essa? Eu só não vou embora porque já tinha mandado mensagem para ela no caminho avisando que já estava chegando. Respiro fundo tomando coragem e saio do carro. Oliver com certeza vai saber que estive aqui e vai me encher de perguntas como sempre faz, mas eu não tenho nada o que esconder dele e estou encontrando uma amiga e o noivo dela. Nada de mais. Como não tem a mínima possibilidade de enfrentar a fila enorme em frente a boate, eu me aproximo de um dos seguranças e sussurro um nome que vai me fazer entrar rapidamente. Como eu já esperava, o nome sussurrado logo aparece na minha frente. — Briana Morris, Oliver sabe que está aqui? Sorrio para o elegante senhor a minha frente e ele balança a cabeça. — Não, e o senhor também não vai falar nada. — Briana! — Ele fala o meu nome em forma de aviso. — Fred... — falo de forma carinhosa com ele. Fred é primo e, ao mesmo tempo, sogro do Oliver, chega a ser engraçada a convivência dos dois. — Entra logo, sua pirralhada, mas ele vai ficar sabendo. — Fred, não estou fazendo nada de mais, vim encontrar com a Duda e o noivo dela. Quando ela me passou o endereço do lugar não me atentei que seria aqui. Não vou demorar, sabe que não gosto de ambientes como esse. — Tudo bem, se precisar de alguma coisa mande me chamar, o Denner está aí também. Estanco no lugar ao escutar esse nome. — Denner está aí!? Ele me encara como se quisesse ler a minha alma. — É claro que está, afinal ele é o dono disso tudo também, não é mesmo? Meu neto é muito bom nos negócios. — Fala sério. Às vezes, esqueço que Denner é neto dele. — Como uma pessoa tão arrogante e sem coração pode ser neto de um homem tão adorável como o senhor? Ele gargalha. — Você não muda nunca, menina. Denner tem uma personalidade forte, mas, no fundo, é um bom garoto. — Ele não tem nada de garoto e é terrivelmente terrível. Não o suporto e sinto vontade de jogá-lo pela janela da sala da presidência. Ele me irrita a ponto de me fazer... — Paro de falar quando me dou conta de que é do neto dele que estou falando. — Desculpa, Fred. Ele sorri balançado a cabeça. — Meu Deus, é como se estivesse vendo a mesma história se repetir depois de tantos anos. — Que história!? Ele sorri sem graça. — Uma história muito sofrida e cheia de dor, mas que, no fim, teve um final feliz. Agora vamos encontrar a sua amiga. Não entendo muito bem o que ele fala, mas o sigo e não demora muito encontro Duda e o noivo dela. — Se precisar de mim, já sabe — Fred fala e me dá um beijo no rosto. Assim que ele sai, cumprimento Duda e o noivo dela. — Você conhece o dono daqui? — ela pergunta surpresa com a atitude de Fred. Duda não sabe que o conheço, ela sabe apenas do meu relacionamento com o Oliver. — Longa história. Ela sorri. — Fico feliz em saber que você ainda me esconde coisas sendo que a minha vida para você é um livro aberto. — Treta de melhores amigas? Vou pegar uma bebida enquanto lavam a roupa suja — Justin fala dando um beijo em Duda, em seguida beija a minha bochecha. — Vai começar o drama? Ela bufa irritada. — Não é drama, é que só assim você me conta as coisas. Sinto sua falta. Voltou para a cidade e nem mesmo teve coragem de me ligar, tive de fazer chantagem emocional para você estar aqui. Eu vou até ela e a abraço. — Me desculpe, Dudinha, mas foi tudo tão rápido que não tive tempo. Não foi nada fácil minha chegada na cidade, meus dias foram transformados em um inferno. — Um inferno gostoso de se admirar ou um inferno dos infernos mesmo? Acabo sorrindo de como ela fala. — Um pouco das duas coisas. E o Fred é primo e sogro do Oliver. Ela arregala os olhos. — Sério!? — Sério e essa boate pertence ao Oliver e não ao Fred, mas para todos os efeitos, Fred é o dono, então... — Já entendi, essa gente rica é muito estranha, sabia? Quando você ficar rica não se deixe contaminar por eles. Acabo gargalhando do que ela fala. — Você não muda. — Nunca, minha querida. Agora me fale como é trabalhar... p***a! — Ela coloca as mãos na boca e olho na direção em que ela olha. Vejo Denner no maior beijo com a mulher que estava no colo dele mais cedo na empresa e não sei o motivo, mas ver isso me incomoda um pouco. — Não é da minha conta — falo e ela levanta uma sobrancelha. Por que ele tem que estar aqui? Parece uma perseguição. — O seu amor platônico por ele já passou? Olho para ela surpresa. — Do que está falando? Eu nem mesmo o conheço. Ela sorri. — Pra cima de mim, não né, Briana? Você não o conhece pessoalmente, mas sabe de praticamente tudo da vida dele. — Já disse que não me interessa e nunca tive um amor platônico por ninguém. Cadê o seu noivo que não volta com as bebidas? — pergunto tentando mudar de assunto, mas ela não desiste fácil. — Aquele senhor não é o dono daqui, mas o Oliver, então quer dizer que o seu novo chefe é o dono daqui também, já que ele é o herdeiro de tudo o que o senhor Thompson tem. — Ele não é o meu chefe. — Trabalha para ele. — Eu trabalho para o Oliver. — Não é a mesma coisa? — Não, não é. — Para mim, é a mesmíssima coisa. Tem que fazer tudo o que ele manda, então ele é o seu chefe. — Ai, Duda, você saber ser chata quando quer. Nesse momento, Justin chega com as bebidas, pego um copo da mão dele e viro de uma vez sentido o líquido descer queimando a minha garganta. — Mas que p***a é essa? — pergunto fazendo uma careta. — É o meu uísque caro que você acabou de virar praticamente em um gole sem nem mesmo saber aproveitar o sabor. — Isso é horrível. E cadê as outras pessoas que também viriam comemorar o seu aniversário? — Estão chegando, enquanto isso vamos aproveitando. Agora eu vou buscar outro uísque. — Por que eu não consigo aproveitar lugares assim? Para mim, isso tudo não passa de uma grande chatice, ainda mais tendo a visão do Denner com outra mulher, no que parece uma sala privada de vidro. — Vai acabar atraindo a atenção dele se continuar o olhando assim... — Duda para de falar no momento em que Denner olha na nossa direção. É como se o meu olhar estivesse chamando pelo dele. — Às vezes eu tenho medo do que sai da sua boca. Ela sorri. — O nome disso é experiência. Vejo que ele fala algo no ouvido da mulher e me olha novamente. — Eu vou embora, sinto muito. — Briana! Praticamente acabou de chegar. — Não posso ficar aqui? — Briana. Uma hora vai ter que... — Não, Eduarda. Eu não preciso contar nada, eu já tenho problemas o suficiente com ele achando que sou amante do Oliver. Ela arregala os olhos. — O quê!? O senhor Thompson já sabe disso? — Não, e pela minha boca não vai saber. Oliver é um homem muito ocupado e não vou incomodá-lo com isso. — Precisa contar para ele. — Não preciso não e agora eu vou... — Com licença, senhorita. Será que pode me acompanhar? Sou interrompida por um homem muito alto e forte que está ao meu lado. — Não, ela não pode. Duda sabe muito bem o que está acontecendo aqui, ela não é boba. — Ele mandou me acompanhasse até a saída, não foi mesmo? Ele não quer ter que se divertir tendo que olhar para a amante do pai dele — falo olhando para o homem. — Mas isso é um absurdo — Duda fala muito chateada. — Tudo bem, Duda. — Não está nada bem, Briana, você é uma cliente como qualquer outro que esteja aqui dentro. — Por favor, senhorita, me acompanhe. — Ela não vai. — Eu vou sim, não quero mais confusão, Duda. Sabe muito bem que não me sinto à vontade com isso. Ela me olha respirando fundo, me abraça forte e fala baixinho no meu ouvido: — Você é a melhor pessoa que eu conheço na vida, mas não pode deixar que os outros pisem em você desse jeito, Bri. — Vai ficar tudo bem, no fim do dia... — Tudo sempre fica bem — ela completa a frase. — Sempre fica. Eu te ligo assim que eu chegar em casa. — Vou aguardar, também não vou mais ficar aqui. Assim que o Justin voltar com as bebidas, vou chamá-lo para irmos embora, nunca mais venho aqui. — Não precisa ter que encerrar a noite de vocês por minha causa, isso só faria com que eu ficasse m*l. Ela me abraça mais forte ainda. — Cedo ou tarde vai ter que dar um basta nisso. Tem que aprender a lutar suas batalhas e sair por cima, Bri. — Estou tentando, mas não é fácil. Por isso não quero envolver o Oliver nesse absurdo, isso só o deixaria chateado. — Beijo o rosto dela e nos despedimos com a promessa de que eu ligarei assim que chegar em casa. Quando me aproximo da saída o homem que me acompanhou segura em meu braço e me assusto com o aperto dele. — Por aqui, senhorita. Ele me guia em outra direção. — A saída não é por aí. — Não, não é, o senhor Thompson a aguarda na sala de jogos. Meu coração falha uma batida ao escutar isso, pois esse lugar não é só uma boate normal como as outras. Saber que Denner quer me ver na sala onde homens ricos saem pobres, me faz sentir um arrepio na espinha.
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