36" Sob o feitiço da tentação "

1445 Words
Priscilla A batida pulsante da música envolvia todo o ambiente, preenchendo cada espaço com sua intensidade. As luzes piscavam em um ritmo frenético, criando um efeito hipnótico, enquanto as sombras dançavam pelas paredes como se fossem vivas. Meus pensamentos, por outro lado, estavam tão caóticos quanto as luzes. Eu não conseguia acreditar no que havia acabado de sair da minha boca. _ Merda, merda, merda_ xinguei mentalmente, tentando entender o que tinha me passado pela cabeça. Era como se eu estivesse em um estado de transe, e agora, a realidade começava a pesar sobre meus ombros. Voltei para a mesa onde o pessoal estava reunido, sentindo o chão vacilar sob meus pés. A presença de Emanuel já não estava lá, o que me deu uma breve sensação de alívio, ainda que o aperto no peito persistisse. Sentei na cadeira, quase colapsando sobre ela, e rapidamente fiz outra bebida, tentando afogar a angústia que parecia subir pela minha garganta. Foi então que Fernanda apareceu, com seu jeito descontraído de sempre, embora um olhar mais atento pudesse perceber uma pitada de preocupação em seus olhos. Fernanda_ Priscilla, viu um fantasma foi?_ ela perguntou, sentando ao meu lado e me observando com curiosidade. Seu sorriso estava lá, mas seus olhos escaneavam meu rosto, buscando respostas. Eu soltei uma risada amarga, sem conseguir esconder a frustração que estava sentindo. Levei o copo aos lábios e virei a bebida de uma vez só, sentindo o calor do álcool escorrer pela minha garganta, enquanto eu tentava processar tudo. Priscilla_ Quem me dera. Vi seu irmão mesmo_ respondi com uma sinceridade nua e crua, meu tom carregado de amargura. Fernanda arregalou os olhos, sua expressão alternando entre surpresa e diversão. Fernanda_ Eita, amiga, calma! O que aconteceu? _ ela perguntou, pegando o copo vazio da minha mão como se quisesse me impedir de beber mais, seu olhar agora cheio de uma preocupação genuína. As palavras saíram de mim como uma avalanche, enquanto eu explicava a ela o que havia acontecido com Emanuel. Cada detalhe, cada palavra que trocamos, tudo veio à tona em um fluxo descontrolado. Esperei por uma reação de empatia, mas ao invés disso, Fernanda começou a rir. Uma risada tão contagiante que fez alguns à nossa volta olharem curiosos. Priscilla _ Você vai rir? É sério? _ perguntei, minha voz saindo quase num gemido de frustração, enquanto meu olhar se enchia de tédio e irritação. FNFernanda_ Não acredito que meu irmão fez isso!_ ela exclamou entre risos, sua mão pousando no meu ombro como se quisesse me tranquilizar. _ Pelo visto, ele gosta mesmo de você, amiga! Eu a olhei como se ela tivesse acabado de dizer a coisa mais absurda do mundo. Priscilla_ Que gosta o quê, maluca? Seu irmão não gosta nem dele mesmo, imagina gostar de mim!_ repliquei, meu sarcasmo escorrendo pesado nas palavras. Antes que Fernanda pudesse responder, Th se aproximou e se sentou ao lado dela, envolvendo-a em um abraço de lado, com um sorriso descontraído nos lábios. Th_ Assim você ofende meu irmão, pô_ disse ele, brincalhão, lançando-me um olhar de quem estava mais interessado em provocar do que defender. Revirei os olhos, um sorriso irônico se formando nos meus lábios. Priscilla_ Não vem defender ele não, Thiago, te mato, seu filho da p**a _ falei, tentando soar ameaçadora, mas acabei por rir junto com eles, a tensão aliviando por um breve momento. Th_ Tá meaçando bandido, sua p*****a?_ ele retrucou com uma risada, provocando mais risos entre nós. Havia uma camaradagem implícita ali, algo que nos unia apesar de todo o caos ao nosso redor. A conversa fluiu com naturalidade, cheia de provocações e piadas internas, enquanto o álcool continuava a correr livremente. Mas eu não conseguia me desligar completamente, uma parte de mim estava sintonizada em outra frequência, esperando, observando. E então, lá estava ele. O Diogo. Minha respiração parou por um instante ao vê-lo se aproximar da mesa novamente. Aquela presença que parecia dominar todo o espaço ao redor, sugando o ar dos meus pulmões. Sem pensar duas vezes, puxei Fernanda para a pista de dança, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Meu coração martelava no peito, mas minha expressão era de pura confiança. Eu sabia que ele estava me observando, e esse pensamento fez um calor peculiar se espalhar pelo meu corpo, como um fogo que começava nas entranhas e subia até a superfície da minha pele. Comecei a rebolar devagar, cada movimento calculado, preciso, como uma dança antiga de sedução. A raiva ainda queimava dentro de mim, mas havia algo mais, algo primitivo, que se sobrepunha a qualquer lógica. Meus quadris se moviam no ritmo da música, e eu podia sentir os olhos dele queimando em mim. Aquele era o jogo que eu sabia jogar bem. Meus movimentos eram como um feitiço, e eu estava determinada a enfeitiçá-lo, a fazer com que ele se arrependesse de cada palavra não dita, de cada olhar que me lançou sem explicação. O calor do desejo e a frieza da vingança se misturavam em um coquetel perigoso dentro de mim. Então, como uma sombra prestes a devorar a luz, ele veio em minha direção. Pesadelo, com sua presença que fazia meu corpo inteiro vibrar. Seu corpo se colou ao meu de forma firme, possessiva, enquanto ele começava a sarrar em mim ao ritmo da música. Meus movimentos continuavam lentos, mas agora havia uma tensão, uma provocação direta. Sentia seu corpo responder ao meu, o desejo dele crescendo e se manifestando de forma incontrolável. Virei-me para ele, nossos rostos tão próximos que eu podia sentir a respiração quente dele no meu rosto. Meus lábios encontraram o caminho até o pescoço dele, depositando beijos lentos, quase preguiçosos, mas cheios de intenção. Meu coração batia freneticamente, cada batida ecoando o desejo que se acumulava em meu corpo. Minhas unhas encontraram o abdômen dele, explorando cada contorno, cada músculo tenso, enquanto eu arranhava sua pele com uma pressão exata, calculada para provocar. Ele se inclinou em direção ao meu ouvido, seu hálito quente acariciando minha pele, e a voz rouca, carregada de um desejo avassalador, escapou em um sussurro trêmulo. Pesadelo_ Não faz isso comigo..."_ ele implorou, mas o som das palavras era quase inaudível, tão contido que parecia que sua alma se partia ao proferi-las. Ainda assim, o pouco que ouviu foi o suficiente para enviar um arrepio incontrolável que percorreu cada centímetro do meu corpo, como se cada palavra fosse um fio condutor de eletricidade. Um sorriso c***l e provocador curvou lentamente meus lábios, sabendo que estava no comando daquela situação. A proximidade era sufocante, e eu aproveitei cada segundo dessa tensão. Com uma lentidão calculada, deixei minha boca se aproximar do seu ouvido, a um ponto em que meus lábios tocavam de leve a sua pele. O toque sutil e quase imperceptível, como um fantasma provocador, fez com que ele prendesse a respiração. Eu senti o poder em minhas mãos, e ele me alimentava, acendendo uma chama de controle e desejo dentro de mim. Priscilla_ Você nem imagina o que eu realmente queria estar fazendo com você, meu amor..._ murmurei, minha voz maliciosa e envolta em promessas que só o mais profundo dos infernos poderia cumprir. Era uma tentação, um convite para um jogo perigoso que sabíamos que não teria vencedores, mas isso não importava agora. A emoção estava em jogar, em empurrar os limites até que eles quebrassem. O gemido rouco que escapou dos lábios dele, abafado e desesperado, foi uma resposta crua e visceral, a confirmação de que eu o tinha onde queria. Era como se aquele som fosse o estopim de um incêndio que já começava a consumir ambos. A excitação dele era palpável, pulsava no ar ao nosso redor como uma entidade viva, e eu me embriagava com a sensação de tê-lo assim, à mercê de meus caprichos. Cada fibra do seu ser parecia vibrar, implorando por mais, pedindo por um alívio que eu estava mais do que disposta a negar, prolongando o tormento o máximo possível. A batalha entre nós não era apenas de desejo, mas de poder e controle, uma dança intricada onde cada movimento, cada toque calculado, poderia ser o último. No entanto, naquele instante suspenso no tempo, o mundo ao nosso redor deixou de existir. Não havia música, não havia pessoas, apenas o calor esmagador de nossos corpos tão próximos que era impossível distinguir onde um terminava e o outro começava. Estávamos presos em uma tempestade de emoções intensas e conflitantes, de desejo e vingança, onde qualquer gesto, por mais simples que fosse, tinha o potencial de nos destruir por completo. Mas, mesmo sabendo disso, nenhum de nós estava disposto a parar.
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