15" Fogo Cruzado"

1720 Words
Priscilla Eu m*l podia acreditar no que estava acontecendo. O Théo estava caído no chão, com sangue escorrendo do rosto. A raiva queimava nos olhos de Pesadelo, e eu sabia que precisava intervir antes que algo pior acontecesse. Malu_Pesadelo, pare com isso, olha o que você fez com ele! — falei, apressando-me até Théo. Pesadelo_ Ele deu sorte que eu não dei um tiro na cara dele — rosnou Pesadelo, sua voz carregada de ameaça. Virei-me para Fernanda, que estava visivelmente abalada com a cena. Priscilla_Fernanda, leva o Théo no banheiro pra ele limpar o rosto, por favor. Antes que ela pudesse se mover, Pesadelo levantou a mão, apontando para Théo com um desprezo evidente. Pesadelo_Esse filho da p**a não vai a lugar nenhum, não. Pode meter o pé. Meu pai, sempre o mediador calmo, tentou intervir. Murilo_ Pesadelo, calma. As coisas não se resolvem na ignorância, vocês precisam conversar — disse ele, tentando acalmar os ânimos. Eu sabia que precisava tirar Pesadelo dali antes que a situação piorasse. Priscilla_ Fernanda, leva ele. E Pesadelo, quero conversar com você lá fora — falei, tentando manter a compostura apesar da raiva. Pesadelo se virou e saiu da casa, e eu fui atrás dele, o coração batendo forte no peito. Pesadelo_ O que você quer? Vai defender seu namoradinho? — ele perguntou com desdém, os olhos brilhando de raiva. Priscilla_Quero saber o motivo de você bater nele. Isso tudo por ciúmes? Só porque eu estou com ele e não com você? — minha voz tremia de frustração e confusão. Ele riu, um som seco e c***l. Pesadelo_ Você está achando que eu bati nele por você? — riu mais alto, zombando. _Não viaja, Priscilla. Nunca ia perder meu tempo com isso, nunca ia brigar por b****a nenhuma, ainda mais a sua — ele falou com frieza, e eu engoli seco, sentindo a humilhação. Priscilla_ Então por qual motivo você bateu nele? — perguntei, tentando entender a verdadeira razão. Pesadelo_ Porque o seu namoradinho de merda estáva pegando minha mãe na cara dura dentro da minha própria casa — sua voz era uma mistura de fúria e desprezo. A revelação me pegou de surpresa. Théo e Júlia? As peças do quebra-cabeça se encaixavam de uma forma que eu nunca imaginei. Fiquei ali, em silêncio, tentando processar o que acabei de ouvir, enquanto Pesadelo me olhava, ainda furioso. Pesadelo Quando o Laranjinha veio me avisar que minha mãe estava pegando o filho da p**a do Théo dentro da minha própria casa, meu sangue ferveu. As palavras saíram da boca dele com uma urgência que me pegou de surpresa, mas a raiva foi instantânea. A imagem dos dois, lá dentro, enquanto eu estava lá fora bebendo com meus amigos. Queria meter um tiro no meio da cara dele. Estava já puto com a Priscilla também. Qual o motivo de ter que trazer esse arrombado? Não conseguia entender o que ela via nele. Aquela situação toda parecia uma traição dupla, vinda de dois lados que, de alguma forma, conseguiam me atingir no mesmo ponto. Priscilla estava lá, com uma expressão de confusão e medo ao mesmo tempo. Não hesitei em falar, o dedo apontado diretamente para ela, tentando controlar minha voz, mas era impossível esconder a raiva. Pesadelo_Vai lá dentro e pega seu namoradinho e mete o pé da minha casa. Se eu ver esse arrombado mais uma vez, juro que não vai ter perdão, entendeu? — falei com uma firmeza que tentava disfarçar o tremor nas minhas mãos. Priscilla não hesitou. Ela deu um tapa na minha mão, afastando meu dedo do rosto dela. Priscilla_ Tira o dedo da minha cara. E outra, se o Théo não pode subir aqui, eu vou fazer questão de não vir também. Minha raiva só aumentou. Como ela podia ser tão insensível? Como ela podia defender ele depois do que ele fez? Priscilla_Por mim que se f**a você e ele. Vocês dois se merecem, dois filhos da p**a — falei e saí antes que fizesse algo que pudesse me arrepender depois. Peguei minha moto e fui direto para a boca. Precisava me afastar de tudo aquilo. Acelerava a moto com fúria, o vento batendo no meu rosto não conseguia esfriar minha cabeça. Chegando lá, desci da moto e entrei, ainda com a adrenalina correndo nas veias. Estava com ódio. Se bobear, eu matava o próximo que apareces. Se na minha frente esfriar a cabeça de alguma maneira Pesadelo_Ou, filho da p**a! — falei, a voz transbordando raiva. Ele parou, levantando as mãos em um gesto de rendição. Pesadelo_Tá de s*******m, né, p*u no cu? Quero conversar agora não, tô afim de ficar sozinho. Th_Tua coroa está te procurando, pô. Ela falou que está querendo trocar ideia contigo sobre o que aconteceu — ele disse, e eu olhei pra ele com a cara fechada. Pesadelo_ Tô afim não, Th. Fala pra ela que depois nós conversamos, tô estressado, pô. Não quero descontar nela. Th saiu da minha sala, negando com a cabeça. Eu precisava me acalmar. Peguei minha cocaína que estava dentro da gaveta e fiz três carreiras, cheirei tudo de uma vez. O efeito era imediato. O estresse parecia diminuir um pouco, a raiva, embora ainda presente, estava mais controlada. A noite já estava avançada, e eu ainda estava lá, na boca, me drogando pra c*****o. Precisava escapar de qualquer jeito da realidade insuportável. A porta da sala se abriu de repente, e Fernanda entrou, com um olhar de reprovação. Fernanda_Você é um filho da p**a mesmo, hein, Diogo? Mãe está lá em casa preocupada com você, e você aqui enchendo o ** de droga. Vamos logo embora. Eu não estava com paciência para discussões. Pesadelo_ Vou para lugar nenhum, não. Vou ficar por aqui mesmo, amanhã volto pra casa. Ela não desistiu. Sempre determinada, Fernanda era a única que conseguia, de alguma forma, atravessar minha barreira de raiva e dor. Fernanda_ Ela quer conversar com você sobre o que aconteceu. Ela quer saber por qual motivo você bateu no Théo. Eu ri, um riso sem humor, mais um reflexo de deboche do que qualquer outra coisa. Pesadelo_ Por qual motivo? Será que é porque ele estava quase comendo a minha mãe na minha própria casa? — falei com sarcasmo. Fernanda não se deixou intimidar. Fernanda_Para, que eu sei muito bem que não é por isso. A mãe já ficou com vários outros caras e você não reagiu dessa forma. Será que é porque era o Théo, especificamente, o cara que tá ficando com a garota que você quer? — falou, e eu a encarei com a cara fechada. Pesadelo_ Tá viajando você. Tenho nada com Priscilla, não. Quero que aquela patricinha mimada se f**a. Fernanda_ Uhum, sei. Vamos embora logo, tô morrendo de fome e a mãe fez eu vir aqui te buscar. Bora — falou me puxando. Antes de irmos pra casa, passei na pizzaria que tinha ali no morro mesmo e comprei duas pizzas. Enquanto esperávamos as pizzas ficarem prontas, o silêncio entre mim e Fernanda era palpável, cada um preso em seus próprios pensamentos. Com as pizzas em mãos, voltamos para casa. O caminho foi feito em silêncio, a tensão pairando no ar. Ao chegar, minha mãe estava sentada na sala, a expressão no rosto dela misturava preocupação e cansaço. Ela levantou os olhos quando entramos, um alívio perceptível na sua postura ao me ver. Júlia_ Diogo, precisamos conversar — ela começou, mas eu a interrompi, levantando a mão. Pesadelo_ Eu sei, mãe. Só me deixa tomar um banho primeiro, tá? Ela assentiu, e eu subi para o meu quarto, sentindo o peso do dia inteiro nas costas. No banho, a água quente não conseguia lavar a raiva e a frustração. Eu precisava de respostas, de alguma forma de entender o que tinha levado tudo a esse ponto. Depois de me vestir, desci para a sala. Minha mãe estava lá, ainda esperando, e Fernanda tinha colocado as pizzas na mesa. Nos sentamos, e ela começou a falar. Júlia_Diogo, eu sei que você está magoado, e com razão. Mas precisamos conversar sobre o que aconteceu hoje. Não é normal você reagir dessa forma — ela disse, a voz calma, mas firme. Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras. Pesadelo_Mãe, ele estava na nossa casa, com você. Como você acha que eu ia reagir? — minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. Ela balançou a cabeça. Júlia_ Diogo, eu já fiquei com outros homens antes, e você nunca reagiu assim. O que está realmente te incomodando? Olhei para Fernanda, que me encarava, esperando minha resposta. Ela tinha mencionado algo que eu não queria admitir nem para mim mesmo. Pesadelo_ É o Théo. Ele não é como os outros — admiti, finalmente. Minha mãe suspirou. Júlia_E por que isso importa tanto? Por que ele é diferente? Pesadelo_Porque ele está com a Priscilla — minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Minha mãe e Fernanda trocaram olhares. Eu sabia o que elas estavam pensando. Toda a situação girava em torno de um ciúme que eu não queria admitir, mas que estava lá, corroendo por dentro. Júlia_ Diogo, você precisa entender que não pode controlar a vida dos outros. O Théo e a Priscilla são adultos e fazem suas próprias escolhas — minha mãe falou com gentileza, mas com uma firmeza que eu não podia ignorar. Pesadelo_ Eu sei, mãe. Mas é difícil, sabe? Ver ela com ele... e agora ele com você... é demais pra mim — admiti, finalmente deixando as lágrimas escaparem. Fernanda se aproximou e colocou uma mão no meu ombro. Fernanda_ Diogo, você precisa aprender a lidar com essas emoções de uma forma melhor. Se afundar nas drogas e na violência só vai te machucar mais — ela disse, e eu sabia que ela estava certa. Passamos o resto da noite conversando, desenterrando sentimentos que eu tinha enterrado por muito tempo. A raiva, a frustração, a dor de ver a Priscilla com outro cara, tudo veio à tona. Era um processo doloroso, mas necessário. No final da noite, me senti um pouco mais leve. A conversa tinha ajudado a clarear meus pensamentos, e, embora ainda estivesse magoado, sabia que precisava encontrar uma forma de seguir em frente. Dormi naquela noite com um pouco mais de paz, sabendo que, de alguma forma, tudo ficaria bem.
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