16" Encontros e Desencontros"

1566 Words
Priscilla Eu e Théo voltamos para casa em um silêncio constrangedor. Ainda não conseguia acreditar que ele tinha ficado com a mãe da minha melhor amiga. Sabia que ele era mais velho, quase da idade dela, mas isso não diminuía a traição que eu sentia. Ele estava ficando comigo, e isso tornava tudo ainda mais complicado. Priscilla_c*****o, Théo, de tantas mulheres naquela casa você teve que pegar logo a mãe da minha melhor amiga — falei indignada, rompendo o silêncio. Théo_ Desculpa, me desculpa de verdade. Não queria ter causado essa confusão e muito menos ter feito isso com você por perto — disse ele, visivelmente arrependido. Eu suspirei, tentando controlar minhas emoções. Priscilla_ Tá tudo bem. Só falei porque você foi pegar logo a mãe do i****a do Pesadelo — revirei os olhos, ainda incrédula com a situação. Théo parecia pensar por um momento antes de falar. Théo_Será que foi por isso mesmo que ele veio pra cima de mim? — perguntou, e eu o olhei confusa. Priscilla_ E por qual outro motivo ele ia bater em você? — perguntei, ainda tentando entender a lógica da situação. Théo me olhou com um olhar significativo. Théo_ Você, né, Priscilla. Você é o motivo. Acho que ele é doido por você — falou, e eu ri, achando a ideia absurda. Priscilla_ Eu pensei nisso, mas ele deixou bem claro que não é por isso — respondi, lembrando das palavras de Pesadelo. Théo deu um passo mais perto, tentando mudar o clima. Théo_Então, já que nós já conversamos sobre o que aconteceu — começou ele, chegando mais perto —, a gente podia relaxar um pouquinho agora, né? Antes que eu pudesse responder, a voz do meu pai ecoou pela sala. Murilo_Você pode ir relaxar na sua casa. Minha filha vai dormir agora — disse ele, descendo as escadas e nos olhando com desaprovação. Priscilla_ Achei que o senhor já estava dormindo, pai — falei, surpresa. Murilo_ Vou dormir quando esse daí for embora — ele respondeu, apontando para Théo. Priscilla_Pai, não fala assim com ele. Cadê o respeito? — rebati, tentando defender Théo. Olhei para Théo e vi que ele estava de cabeça baixa, como se estivesse com medo do meu pai. Murilo_Eu só respeito quem tem respeito com minha família. E ele não te respeitou. Ao invés disso, ele ficou com outra mulher na sua frente, como se você não fosse nada — disse meu pai, sua voz firme e inabalável. Priscilla_ Pai, mas nós não temos na... — comecei a dizer, mas fui interrompida por Théo. Théo_ Está tudo bem, Priscilla. Já está tarde, eu já vou embora — disse ele, resignado. Priscilla_Tem certeza? Você pode ficar se quiser — insisti, mas sabia que era inútil. Murilo_ Priscilla, já falei que aqui ele não fica — meu pai reforçou. Théo_ Está tudo bem, Priscilla, já estou indo — disse Théo, indo até a porta._ E outra coisa — ele voltou _Acho melhor nós sermos só amigos de agora em diante, para não causar problemas — falou e saiu. Fiquei parada por um momento, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. Olhei para meu pai, que estava mexendo no celular, ignorando completamente o que tinha acabado de acontecer. Murilo_ Que coisa feia, hein, senhor Murilo. Que falta de educação — falei, subindo as escadas em direção ao quarto do meu irmão, Kauã. Quando entrei no quarto, ele estava deitado na cama, rindo de algo no celular. O amor que sentia por ele crescia a cada dia. Sempre quis ter um irmão, e Deus me deu isso de uma forma tão inesperada. Priscilla_Oi, meu amor. Está conversando com quem, hein? — perguntei, deitando ao lado dele. Kauã_ Tô conversando com uns amigos aqui. Nós estamos marcando de ir numa lanchonete amanhã depois da aula. Posso ir? — perguntou ele, animado. Priscilla_ Claro que pode, só toma cuidado e não se mete em confusão, ok? — respondi, acariciando seu cabelo. Kauã_Eu sei disso, relaxa. Me conta aí o que rolou lá no churrasco! — pediu ele, curioso. Kauã não tinha ido ao churrasco porque preferiu ir para a casa de um dos amigos dele. Priscilla_Então... — comecei a contar tudo o que tinha acontecido, desde a briga até o desfecho com Théo e meu pai. [...]Conversamos por um bom tempo sobre o que tinha acontecido. Kauã ouvia atentamente, ocasionalmente fazendo perguntas ou expressando sua opinião. Era reconfortante ter alguém com quem compartilhar meus sentimentos e frustrações. Depois de conversar bastante, fui para o meu quarto, tomei um banho e me preparei para dormir. Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, tentei processar tudo o que tinha acontecido. A noite tinha sido um caos, cheia de revelações e emoções conflitantes. Kauã Acordei cedo para ir à escola. O sol ainda estava nascendo e um brilho suave entrava pela janela do meu quarto. Levantei-me, espreguicei-me e fui direto para o banheiro. Tomei um banho quente e relaxante, deixando a água lavar o sono que ainda tentava me prender à cama. Depois do banho, vesti meu uniforme escolar, me olhei no espelho, passei uma escova rápida pelo cabelo e desci as escadas em direção à cozinha.Ao entrar na cozinha, senti o cheiro delicioso de café recém-coado e pão torrado. Minha mãe, Paula, estava de pé junto ao balcão, servindo suco de laranja fresco, enquanto meu pai, Murilo, lia o jornal do dia. Sentada à mesa, Priscilla, minha irmã mais velha, já estava comendo seu café da manhã. Kauã_Bom dia, mãe! Bom dia, pai!_ falei, dando um beijo na cabeça de cada um deles. Paula_Bom dia, meu amor. Dormiu bem? Quer carona para a escola?_Minha mãe disparou as perguntas de uma só vez, com seu sorriso caloroso que sempre me animava. Kauã_Dormi sim, mãe. E eu aceito a carona, sim, por favor. Priscilla, que até então estava concentrada no seu cereal, levantou os olhos e sorriu com uma pitada de sarcasmo. Priscilla_Bom dia pra você também, Kauã. É tão bom ver o amor que você tem pela sua irmã. Kauã_Ah, oi Priscilla. Bom dia! Nem tinha te visto aí_ menti, sabendo que ela ficaria irritada. Adorava provocá-la. Quando estava irritada, ela ficava com uma carinha fofa, parecendo um smurf bravo. Priscilla_Não se faz, Kauã. Seu falso!_ ela retrucou, revirando os olhos. Murilo_Não começa, vocês dois_ interveio meu pai, abaixando o jornal._Filho, como estão indo as coisas na escola? Kauã_Tá indo bem, pai. Semana que vem já vamos entrar em prova. Murilo_Que bom. Estuda bastante para ir bem nas provas e não precisar fazer recuperação_ ele aconselhou, enquanto eu concordava com a cabeça. Sentei-me à mesa e comecei a preparar meu prato, pegando uma fatia de pão e espalhando manteiga. Enquanto isso, minha mãe colocou uma xícara de café com leite na minha frente e um prato com ovos mexidos. A cozinha estava cheia de vida, com o som das conversas e o cheiro do café da manhã.Priscilla terminou seu cereal e se levantou para lavar a tigela. O celular da minha mãe tocou e ela foi atender, depois de alguns minutos voltou. Paula_Querido tem como leva o Kauã hoje? Tenho que ir na loja agora,as roupas novas já chegaram e eu preciso receber_falou pro meu pai Priscilla_Pode deixa, eu levo ele! _falou e eu olhei para ela confuso Kauã_Por que? Você nunca quer ir me levar, seu escritório fica no caminho contrário Priscilla_Tenho que entregar um projeto para um cliente meu e é no caminho da sua escola Terminamos o café e saímos,chegando na porta da escola vi alguns dos meus amigos nos olhando, me despedi da Priscilla e fui até eles Kauã_Iae, seus puto! _falei fazendo toque com eles Vítor _quem é aquela, gostosa pra c*****o! _falou olhando para minha irmã Kauã_Vitor seu p*u no **, respeita minha irmã desgraçado! _falei dando um tapa na cabeça do mesmo Vítor_Irmã gostosinha essa em, será que tenho chance? _falou e eu rir Pedro_A mina já deve até ser casada seu arrombado, deixa a irmã do cara em paz Arthur_Papo reto, que isso em Kauã, você é o único feio da família, sua irmã e sua mãe duas gata que isso Fechei logo a cara, quem esses filhos da p**a acham que são para falar assim da minha mãe e da minha irmã. O sinal tocou indicando que as aulas começaram, fomos todos pra sala. [...] Quando as aulas acabaram, eu e os meninos fomos pra lanchonete. Arthur_Vocês viram a cara que o professor de educação física fez, quando o Vitor apareceu de saia. _falou rindo, quase derrubando o seu refrigerante. Kauã_Vocês são muito idiotas, essa ideia foi de quem mesmo? Vítor_Foi do Pedro, era para nós quarto entrarmos com as saias, mais vocês arregaram, seus cuzão. Kauã_Nem fodendo eu ia fazer isso, em troca tú perdeu dois pontos na aula dele. _rir da cara dele Ficamos mais alguns minutos conversando e zuando, decidi ir embora, tinha que estudar para as provas. Kauã_Galera, vou ir nessa!_ Falei me levantando e fazendo toque com eles. Estava caminhando para casa, quando escutei um choro de uma criança,estava vindo de uma rua com pouquíssimo movimento. Segui o som do choro e cheguei perto de umas caixas de lixo, procurei para ver se era mesmo uma criança e quando vi me assustei. Era uma menininha linda, estava com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, as roupas rasgadas, e uns machucados nos braços e nas pernas.
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