27" Sombras reveladas"

1517 Words
Priscilla Minha mãe chegou junto com o Kauã. Ele tinha ido com ela, pois Kauã era amigo do filho da amiga da minha mãe. Contei e mostrei tudo para eles, que ficaram chocados. Nós três verificamos cada papel naquela sala. A sensação de estarmos desenterrando segredos há muito tempo escondidos era palpável. Os documentos revelavam detalhes minuciosos sobre negócios obscuros, transações e relações perigosas. Entre as descobertas, estava o fato de que Théo era o braço direito do meu pai. Priscilla_ Agora tudo faz sentido. O Théo me disse que ia viajar também e ia ficar fora por três meses, mas ele disse que seria no final de semana. _ eu disse, perplexa. Paula_ Seu pai é um mentiroso_disse minha mãe, incrédula._ Todos esses anos de casados e ele me escondeu isso, uma coisa tão importante da vida dele. Kauã_ O que vocês vão fazer? Precisamos ligar para o pai, né? Falar que já descobrimos tudo. _ sugeriu Kauã, nervoso. Priscilla_ Não!_ respondi firme._ Vamos esperar ele voltar, e durante esse tempo vamos fingir que nada aconteceu, entenderam? Paula_ Eu não vou conseguir,_ disse minha mãe, levando a mão à cabeça._ Eu vivi anos ao lado de um mafioso, meu Deus. Kauã_ Mãe, calma! É melhor a senhora tomar um remédio pra conseguir dormir. _ disse Kauã, tentando acalmá-la. Priscilla_ Kauã, leva a mãe pro quarto. _ pedi, tentando manter a calma. Kauã_ Você também deveria ir para o seu, descansar um pouco._ sugeriu ele. Priscilla_ Já estou indo, vou fechar tudo aqui primeiro. Antes de sair dali, tirei fotos de tudo, de cada coisa que havia ali. As pilhas de documentos e fotos eram como fragmentos de um quebra-cabeça sombrio que eu precisava montar. Fechei a porta e depois apertei o botão novamente para fechar a prateleira. Com um último olhar para aquele local cheio de segredos, fui para o quarto, minha mente fervilhando com as revelações. --- Três meses depois... Théo já tinha voltado de viagem. Ele veio até minha casa para me ver e ver a Sophia, e eu fingi que nada tivesse acontecido. A tensão em mim era como um fio esticado prestes a arrebentar. Priscilla_ Você viu a cara de cínico dele, mãe? Que ódio!_ falei, furiosa. Paula_ Eu vi. É a mesma cara que teu pai fez e faz todos esses anos._ respondeu Paula, com amargura. Priscilla_ Eu quero muito que o pai volte. Preciso saber o que ele tem para dizer. Estou com tanta saudade da Fernanda_ disse, angustiada._ Depois que o Pesadelo veio aqui, ele me proibiu de subir no morro e proibiu a Fernanda de vir aqui. Resumindo, ele a proibiu de conversar comigo e fez a cabeça dela para acreditar que eu estava fingindo ser amiga dela para passar informações para o meu pai. E como a Fernanda é meio lerdinha, ela acreditou. Paula_ Acho que eu entendo o lado do Pesadelo, filha. Ou melhor, Diogo_ minha mãe disse, olhando para as fotos na parede, onde estavam os nomes verdadeiros de cada um deles._ Eu também ficaria desconfiada se visse todos os meus dados pregados na parede de alguém. Priscilla_ Eu sei, mãe. Eu também ficaria. Sabe o que mais me magoou? Foi ele dizer que mataria a Sophia_ falei, triste._ Ela chamou ele de pai, mesmo depois disso ele teve coragem de dizer que mataria ela._ senti um nó se formar em minha garganta. Pesadelo_ Falei aquilo porque estava com o sangue fervendo de raiva,eu me senti traído._ disse Pesadelo, entrando na cozinha e nos assustando. Priscilla_ Como você entrou aqui?_ perguntei, surpresa. Pesadelo_ Pela janela do seu quarto_ respondeu ele, calmo, sem se importar. Paula_ O que veio fazer aqui, Pesadelo?_ perguntou minha mãe, preocupada. Pesadelo_ Descobri que seu maridinho está voltando hoje. Quero esperar ele aqui_ disse ele, sorrindo de lado e brincando com a arma na mão. Priscilla_ Só não faz nada com a gente, Pesadelo, por favor_ implorei. Pesadelo_ Por enquanto não! Algumas horas depois, meu pai chegou. Estávamos todos na sala esperando, inclusive Th, C2 e Fernanda. O ar estava carregado de tensão, como se o tempo estivesse prestes a explodir. Pesadelo_ Olha só, quem eu mais queria ver nesse momento_ disse Pesadelo, apontando a arma para meu pai, que olhou sem entender. Murilo_ Que brincadeira é essa, Pesadelo? Abaixa essa arma. Tem uma criança aqui_ disse meu pai, apontando para Sophia, que estava no meu colo. Pesadelo_ Não tem brincadeira nenhuma. Quero bater um papo com você_ respondeu Pesadelo. Murilo_ Pode falar, mas primeiro abaixa a arma_ insistiu meu pai. Pesadelo_ Não quero!_ Pesadelo fechou a cara._ E aí, onde podemos conversar? Aqui, no seu escritório, ou lá na salinha escondida atrás da estante de livros?_ falou sorrindo. Meu pai olhou para ele assustado e depois nos olhou. Murilo_ Eu posso explicar, Pesadelo. Não é nada do que você está pensando_ disse meu pai, nervoso. Pesadelo_ Então o que é, c*****o?! Porque você estava depositando dinheiro para os vermes?! E porque das fotos na parede? Me diz!_ disse Pesadelo, batendo a arma na cabeça do meu pai. Murilo_ Você vai se arrepender de ter feito isso, Pesadelo. Pesadelo_ Aah vou? Você vai mandar a sua máfia atrás de mim, é isso?_ debochou Pesadelo. Murilo_ Claro que não. Não gastei milhões do meu dinheiro te protegendo para te matar tão fácil assim_ debochou mais ainda meu pai. Pesadelo_ Como assim me protegendo?_ perguntou Pesadelo, sem entender. Murilo_ Você é tão ingênuo, Pesadelo. Ou melhor, Diogo. Porque você acha que seu morro está tão calmo ultimamente?_ debochou meu pai._ Se você não morreu até hoje é porque eu não quis que você morresse. Então, ao invés de me matar, me agradeça. Pesadelo_ Te agradecer? Pelo quê, por me manter vivo?_ riu sarcástico, e depos ficou sério novamente ._ Se eu estou vivo até hoje não foi porque você quis, foi porque ninguém conseguiu. Murilo_ Não seja burro, Diogo. Foi tão fácil saber quem você é. Todas as vezes que você vinha pro asfalto sempre teve uma arma apontada para você, mas eu estava lá para te salvar. Pesadelo_ Por quê? Por que você fez isso?! Murilo_ Simples! O Vidigal é ótimo para os meus negócios de contrabando. Seria fácil demais para mim se conseguisse a sua confiança. Pesadelo_ Você me usou, então? Veio com aquela ideia de ONG só pra esconder o seu verdadeiro plano? Murilo_ Não é bem assim. Eu quis mesmo ajudar a sua comunidade. Eu posso ser o que for, mas não sou um cara r**m, só com quem merece, é claro. Fica despreocupado, Diogo. Não vou te fazer m*l algum. Isso não está nos meus planos. E se estivesse, nunca deixaria você encostar na minha filha_ disse meu pai, olhando nos olhos do Pesadelo. Paula_ Estava nos seus planos esconder isso tudo de mim, Murilo?_ falou minha mãe, chorando._ Por que escondeu isso de mim? Murilo_ Eu não contei nada pelo bem de vocês, meu amor. A vida que eu levo é perigosa demais. Só estava protegendo vocês. Priscilla_ Não é assim que você deveria nos proteger, pai. Nós tínhamos o direito de saber com o que estávamos lidando. O senhor não tinha o direito de esconder isso de nós_ disse, indignada. Murilo_ Eu sei, filha. Me desculpa. Aliás, eu devo um pedido de desculpas para todos vocês. Deveria ter contado a verdade desde o início. Fernanda_ Então o senhor não vai matar a gente, né?_ perguntou Fernanda, nervosa. Murilo_ Claro que não. Não quero machucar nenhum de vocês. Na verdade, eu quero sim. Vou descontar o que você fez na minha cabeça, Pesadelo. Pesadelo_ Tenho medo de você não, seu velhinho. Nem sei como consegue comandar uma máfia sozinho_ respondeu Pesadelo, rindo. Eles finalmente foram embora, e eu fui direto para o quarto. Meu coração ainda batia acelerado, como se estivesse preso em um ciclo interminável de medo e ansiedade. Peguei minha filha nos braços, sentindo o peso suave de seu corpo adormecido. Enquanto eu a embalava, tentando acalmá-la, meus pensamentos voltavam incessantemente para aquele olhar gelado de Pesadelo, para o tom ameaçador em sua voz ao falar de Sophia. Cada palavra dita por ele ecoava na minha mente, como um pesadelo do qual eu não conseguia escapar. "Eu vou descobrir o que o filho da p**a do seu pai quer," ele disse, seus olhos perfurando os meus com uma fúria assassina. "E quando eu descobrir, eu vou matar um por um de vocês" corpo inteiro tremeu só de lembrar da forma como ele disse. "Até mesmo a Sophia," ele completou, uma promessa de violência fria e implacável. Enquanto embalava minha filha, lágrimas silenciosas deslizavam pelo meu rosto. A impotência era esmagadora. Eu queria protegê-la, afastar aquele monstro das nossas vidas, mas como? O medo me consumia, uma dor lancinante que se enraizava no meu peito. Cada respiração parecia um esforço, e cada batida do meu coração um lembrete doloroso da ameaça constante que pairava sobre nós. Eu beijei a testa de Sophia, sentindo a suavidade de sua pele, e sussurrei uma promessa desesperada. Priscilla_ Eu vou te proteger, minha filha. Custe o que custar.
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