Pesadelo
Acordei às 8:23, tomei um banho rápido e fui direto para a casa da Priscilla. Queria ver minha pequena e entregar um presente que comprei para ela. Chegando lá, toquei a campainha e fui recebido por Murilo. Nossa amizade não mudou desde o dia que descobri que ele é chefe de máfia. Agora, estamos faturando juntos e é isso que importa.
Murilo _ Bom dia, Diogo. O que faz aqui uma hora dessas? _ perguntou, estendendo a mão para fazer o nosso toque.
Pesadelo _ Vim ver minha filha e trazer um presente que comprei para ela. _ falei enquanto entrava.
Murilo _ Você vai ter que esperar um pouquinho, Sophia não acordou ainda. Ela foi dormir tarde ontem, estava ligada no 220. _ rimos juntos.
Pesadelo _ E a Priscilla, cadê ela? Tá dormindo também?
Priscilla _ Tô aqui! _ ela respondeu descendo as escadas, usando uma camisola incrivelmente sexy. _ Isso é hora de aparecer na casa dos outros, Pesadelo?
Pesadelo _ Tem hora para ver minha filha!? _ respondi, admirando-a de cima a baixo.
Murilo interveio, visivelmente incomodado com a situação.
Murilo _ Vai trocar de roupa, Priscilla!
Priscilla _ Vim só pegar água, vou voltar a dormir de novo.
Murilo _ No frigobar do seu quarto não tem não?! _ ele perguntou, e ela negou com a cabeça. _ Tô indo trabalhar. Vai trocar de roupa e volta para fazer companhia para o Diogo. _ falou, saindo logo em seguida.
Pesadelo _ É, pô, tem que me fazer companhia. Se quiser, nem precisa trocar de roupa, pode ficar sem mesmo que eu não ligo. _ provoquei, vendo um brilho de irritação em seus olhos.
Priscilla _ Sonha, Diogo. _ respondeu, dando ênfase no meu nome.
Pesadelo _ Fala Diogo de novo. Quero ouvir você gemendo esse nome mais tarde. _ murmurei no ouvido dela, vendo seu corpo se arrepiar.
Priscilla _ Vai lá acordar sua filha, que eu vou tomar um banho. _ disse, afastando-se e subindo as escadas.
Ela foi para o quarto, e eu a segui, já que Sophia também dormia ali.
Pesadelo _ Você não acha que essa casa é muito pequena pra vocês?
Priscilla _ Também tô achando. Por isso estou olhando outra casa, pra mim, Kauã e a Sophia. _ respondeu tirando a roupa sem qualquer pudor.
Pesadelo _ Porque você não vai lá pro morro? Consigo uma casa dahora pra vocês, vai ser até melhor pra eu ficar perto da minha filha. _ falei, meus olhos presos em cada movimento dela.
Priscilla _ Não mesmo. Quero montar a casa do jeitinho que eu quero.
Pesadelo _ Dá pra você fazer isso lá. Não coloca dificuldades nas coisas, c*****o. Se você quiser, consigo isso pra você hoje.
Priscilla _ Vou pensar. Acorda a Sophia logo. _ falou, entrando no banheiro.
Fui acordar a Sophia, enchendo-a de beijos. Ela acordou sorrindo.
Sophia _ Bom dia, papai. _ falou, coçando os olhinhos.
Pesadelo _ Bom dia, amor do papai. Isso é hora de acordar, minha princesa? _ disse, pegando-a no colo.
Sophia _ Tio Théo brincou com eu ontem. _ fechei a cara na hora.
Pesadelo _ Théo tava aqui? _ ela assentiu com a cabeça.
Fui até o banheiro e abri a porta de uma vez.
Priscilla _ Tá maluco? Sai daqui agora! _ Priscilla gritou, surpresa.
Pesadelo _ O filho da p**a do Théo tava aqui ontem? _ perguntei, minha expressão fechada.
Priscilla _ Tava. Algum problema com isso?
Pesadelo _ Não quero aquele desgraçado perto da minha filha, tá ouvindo?
Sophia _ "Digaçadu!" _ repetiu
Priscilla _ Filha, não fala isso. E você, para de falar palavrão na frente dela. Outra coisa, ela é minha filha e eu escolho quem pode ou não ficar perto dela. _ falou, desligando o chuveiro.
Pesadelo _ Estou só avisando, Priscilla. Se eu ver aquele des.. aquele cara perto da minha filha, eu acabo com ele.
Priscilla _ É só fechar os olhos, meu amor. _ debochou.
Pesadelo _ Vai brincando, sua arrombada.
Ajudei Sophia a escovar os dentinhos e depois "arrumei" o cabelinho dela, enquanto Priscilla se vestia.
Priscilla _ Vem com a mamãe, meu amor. Vamos tomar café. _ pegou Sophia do meu colo.
Priscilla foi para a cozinha com Sophia e eu fui pegar o presente da minha filha no meu carro. Quando voltei, Priscilla estava dando umas frutas para Sophia, que mais brincava do que comia, e isso deixou a mãe dela bem irritada.
Pesadelo _ Se você não comer direitinho, não vai ganhar o presente que o papai comprou para você. _ falei, escondendo o presente atrás do sofá.
Priscilla _ Pra que presente agora, Pesadelo? O aniversário dela é daqui a 15 dias. _ olhei para ela, confuso.
Pesadelo _ Ela faz aniversário este mês?
Priscilla _ Sim, a mãe biológica dela me entregou os documentos de quando a Sophia nasceu. Ela faz aniversário dia 16/05, mesmo mês que o meu, por sinal.
Pesadelo _ E que dia você faz?
Priscilla _ 14. respondeu sem se importar muito. _ Senta aí pra tomar café também, porque pela hora que você saiu de casa deve nem ter comido nada, né?
Pesadelo _ Comi mesmo não, tô varado de fome. _ sentei ao lado dela.
Eu nem sabia que elas faziam aniversário esse mês. Eu poderia guardar o presente que comprei agora para dar a ela só no dia 16, mas nem eu ia aguentar de ansiedade. Então, no dia do aniversário, compro outra coisa.
Tomamos café e fomos para a sala. Priscilla colocou Sophia no chão com alguns brinquedos e eu fui pegar o presente.
Pesadelo _ Aqui, filha, o presente que o papai comprou para você, meu amor. _ falei, colocando no chão ao seu lado.
Era um mini carrinho infantil. Comprei uma Lamborghini rosa com brilho.
Priscilla _ Ai, Diogo, Sophia só tem 1 ano, poxa. Ela não tem idade para essas coisas.
Pesadelo _ Eu sei, amor. Ela brinca quando crescer, ué. _ falei sem perceber o que estava falando.
Priscilla _ Tú me chamou de quê? _ falou, rindo.
Pesadelo _ Foi sem querer, mas pelo visto tu gostou, né, pilantra.
Priscilla _ Se manca, Pesadelo. Só achei estranho. _ revirou os olhos.
Nem respondi mais nada. Peguei Sophia no colo e fiquei brincando com ela no carrinho, depois fui para a boca.
Priscilla
Aproximava-se o meu aniversário, mas este ano, a data trazia um gosto amargo de nostalgia e saudade. As lembranças das tradições familiares me torturavam com uma mistura de melancolia e desejo de voltar no tempo. Minha família sempre celebrava de uma forma única: doze dias antes do aniversário de alguém, começávamos a criar uma corrente de papel com doze laços. Cada dia, um laço era removido, e cada m****o da família compartilhava uma lembrança querida ou dizia algo especial sobre o aniversariante. Aqueles momentos, cheios de afeto e cumplicidade, eram preciosos e inigualáveis, e agora, sentia a falta deles como uma faca cravada no peito.
Este ano, no entanto, tudo seria diferente. Minha família estava longe, e a tradição seria apenas uma memória distante. Decidi me concentrar nas pessoas que ainda estavam ao meu redor, mesmo que isso significasse mergulhar em uma atmosfera mais sombria e intensa. Eu ia comemorar com meu país, Sophia, Kauã, Fefe, Júlia, Th, C2 e... Pesadelo.
Pesadelo, cujo nome já trazia um peso inexplicável, era uma presença constante e enigmática na minha vida. Meus sentimentos por ele eram um labirinto de incertezas e confusão. Havia algo nele que despertava em mim uma sensação avassaladora, uma mistura de desejo e inquietação que eu não conseguia decifrar. Quando estávamos juntos, uma tensão elétrica preenchia o ar, mas eu não sabia se isso era amor, desejo ou algo ainda mais profundo e perigoso.
Eu sabia que, se revelasse meus sentimentos, poderia parecer vulnerável, uma emoção crua que eu não estava pronta para expor. Em um mundo onde as aparências e as máscaras eram cruciais, demonstrar qualquer tipo de sentimento por Diogo poderia me deixar à mercê das minhas próprias fraquezas. Decidi então esconder meu coração sob um véu de indiferença, mesmo que por dentro eu queimasse em um fogo de emoções não ditas.