O Jantar

2090 Words
( Esther ) Quando cheguei na sala vi quando aquela moça beijou ele na boca! Tive vontade de voltar pra cozinha correndo no mesmo instante, mas ele me viu. Percebi que ficou tenso depois disso. Ela fez questão de deixar transparecer sua antipatia por mim. Eu nem ligo! Mas me dói mesmo... É vê-lo com ela! Saber que ela pode beija lo quando quiser. E daqui à alguns meses ele será só dela! Voltei pra cozinha e deixei os dois na sala conversando. Naná percebeu minha angústia. - O que foi filha? Ela perguntou quando me viu sentar na banqueta. - Nada! Sorri pra disfarçar. - Não minta pra mim querida! Você veio da sala tão desapontada... - Não é nada demais... É só a noiva do Pither que está aí! Falei. - De novo essa "Magrela com cara de retardada"! Eu olhei para Naná no mesmo instante, e soltei a risada. - Desculpe! Eu não sou de ficar apelidando os patrões, mais essa moça não me desce na garganta! - Eles estavam se beijando, quando eu cheguei! Os olhos de Naná brilharam na hora. - Eu sei bem o que aquela pervertida está querendo! - Aquela o quê? Perguntei intrigada. - Nada filha! Deixa pra lá... Mas quero que saiba que eu ainda tenho fé, que mesmo que for na última hora, Pither acorde e se livre desse pesadelo! - Pelo menos uma de nós, tem esperanças... Falei. - Eu não tinha! Mas agora eu tenho! Ela respondeu e me deu beijo no rosto saindo pela porta da cozinha. Peguei o meu livro, e resolvi subir para o meu quarto. Decidi nem olhar para o lado, e seguir meu caminho escada acima. Quando passei pela sala, o pai de Pither insistiu que eu me sentasse com eles. A cara de nojo que Déborah fez foi inconfundível! E começou sua sessão de perguntas. No começo não entendi nada, depois percebi que o senhor Álvaro me conciliava com o Tio Osvaldo de Pither. Saquei naquele instante! Eles estavam fazendo Déborah acreditar que eu era a sobrinha, que nunca existiu. Meu Deus! Tenho até pena do Pither... Conviver o resto da sua vida, com uma mulher tão insuportável! Era pagar todos os pecados! E ele não merecia... Era tão bom! Tão generoso... Ele falou sobre a faculdade de artes, e eu entendi que era pra elogiar o desenho que eu fiz dele. A campainha tocou e chegou um casal que logo de início eram muito divertidos. A moça tinha cabelos vermelhos como se pegassem fogo! E o rapaz era branco, cabelos castanhos, e olhos azuis. Era um azul claro, mais parecido com os da mãe do Pither. Quando ele mencionou que Pither e ele eram primos, entendi o porquê dos olhos... Com certeza a mãe dele era irmã de Raquel. Olhei para o quadro na sala, e tudo fez muito sentido. Não sei porque... Mas senti no ar uma desavença entre Déborah e a namorada do Matheus. Eu nem tentei imaginar o motivo, estranho seria se elas fossem amigas! A moça ruiva me cumprimentou, e sentou-se ao meu lado. Ela tinha um sorriso aberto, e sua gargalhada era alta, e intensa! Ecoando na sala. Pither estava conversando com o seu primo. Me olhou várias vezes, e eu retribui todas elas. Até que a 'Noiva do m*l', percebeu e se levantou no mesmo instante. Deixando nós e seu Álvaro no sofá. Naná trouxe aperitivos, ofereci minha ajuda se ela precisasse de uma mão na cozinha. Mas afirmou que estava tudo bem. Matheus e Pither percebeu a nossa conversa, Déborah também! Vi quando revirou seus olhos e começou a falar sem parar com os meninos. Talvez o motivo de sua indignação seja eu! Ela tá noiva e sente ciúmes de Pither estar me ajudando... Se eu fosse ela também sentiria, ele é maravilhoso! Mas ela não precisa se preocupar! Ele me vê como uma irmã, já deixou isso bem claro! E eu vou aceitar e respeita-lo! Mesmo que a minha vontade seja de pular no seu pescoço e enche los de beijos, eu não vou estragar a confiança que ele depositou em mim. Depois de muitas conversas do senhor Álvaro, risos de Luísa, e caras feia de Déborah enfim o jantar estava na mesa. Senhor Álvaro se levantou e guiou sua nora até a sala de jantar. Juntamente com Matheus e Luisa, Pither e eu ficamos por último. Ele veio até a mim e sussurrou. -Tá tudo bem? Eu assenti com a cabeça dando lhe um sorriso. Ele ficou me olhando, parecia preocupado, seu maxilar mexia sozinho quando isso acontecia. Era uma curiosidade que eu descobri, que talvez nem ele sabia que fazia. Nós fomos para a sala de jantar, e todos já estavam sentados nos seus lugares. Déborah me fuzilou quando me viu chegar com o Pither. -Senta comigo amor! Ela mostrou o lugar reservado pra ele. Eu me sentei com Luisa, e Matheus do outro lado da mesa. Senhor Álvaro pediu que servissem o jantar. Nele havia várias coisas que eu não conhecia. Lembro-me que peguei um pedaço do frango assado, um pouco do arroz a piamontese, e da salada. Déborah me viu comer só com o garfo e debochou de mim em meio a mesa. - Por que você não usa a faca? Não te ensinaram isso em Madri? Nessa hora desejei ser um tatu, para fazer um buraco e me enfiar dentro. Seu Álvaro pigarreou, senti os olhares todos voltados para mim. Meu rosto pegou fogo e tive vontade de correr dali na mesma hora. - Déborah! Deixe a Esther em paz! Ouvi a voz rouca e calma de Pither. - Qual é Pither?! Eu só fiz uma pergunta! Quando eu já ia sair da mesa, notei que todos olharam para Matheus. Que pegou uma coxa de frango do seu prato com os dedos e deu uma mordida generosa. Pither sorriu, e fez o mesmo com a dele. Seguido por Luísa que também mordiscou sua carne, e olhou intimidante para Déborah. No final todos estavam rindo, menos Déborah que nos olhava com nojo. Eu também ri e naquele instante amei profundamente Matheus e Luísa. Enquanto jantávamos, Senhor Álvaro tagarelava com Matheus sobre o pai dele. Pelo o que eu entendi o pai de Matheus vivia no interior, e era uma pessoa doente. Os olhos dele brilharam quando mencionou a falta que ele sentia do pai, mas infelizmente ele e os irmãos precisaram vir para a cidade tentar uma nova vida. O Pai de Pither perguntou quando Matheus pensava em vê lo... E ele disse que Luísa e ele pensavam em ir no fim do próximo mês. Fiquei comovida com a história de Matheus e seus irmãos. Ter um pai, e devido a situação eles só conseguiam se ver de vez em quando. Déborah por outro lado comia fazendo cara de entediada para o assunto deles... "Meu Deus como ela conseguia ser tão fria?!" Fiquei olhando no seu prato e só tinha salada. Por isso era tão magra, só vivia de folhas, feito uma lagarta. Quando Naná serviu a sobremesa Pither piscou pra mim, e eu sorri discretamente. Déborah recusou todas as opções, afirmando que estava cortando qualquer tipo de açúcar. Alegou que seu desfile estava próximo e ela não podia estar acima do peso. - Que bom! Assim sobra mais! Matheus falou colocando uma colherada bem cheia de sorvete na boca. Déborah o ignorou, então Luísa voltou-se para Pither. - E você parece cansado! Aposto que hoje vai capotar na cama! Déborah o olhou aborrecida e interviu no assunto. - Espero que não esteja tanto assim... Quero atenção hoje à noite! Nessa hora não sei se foi o sorvete, mas meu corpo gelou no mesmo instante. Tive a sensação que Pither percebeu, pois não conseguiu me encarar depois disso. Matheus entrosado na conversa, brincou com o primo. - Xiii Pither! Faça bem feito seu papel de homem... Aposto que daqui vai dar pra ouvir os rugidos! Todos riram menos Pither e eu. Pra falar a verdade eu não tinha entendido a piada. - Rugidos?! Falei questionando. Infelizmente Luísa me ouviu ( boca aberta a minha). - Sim Esther! Rugidos de um Leão! Ela disse sorrindo. - Ou você também não sabe o que é um leão?? Déborah falou me provocando. - Claro que sei! É o mesmo que tem na barriga do Pither! Falei espontaneamente. Nessa hora a mesa inteira se calou! Pither ficou bege, Senhor Álvaro fez cara de confuso e Déborah berrou na cadeira. - Como assim ela sabe da tatuagem Pither?? - Que tatuagem? Senhor Álvaro perguntou. - Você tem uma tatuagem? Matheus fez cara de surpreso. - Pither! Somente eu sabia da sua tatuagem no abdômen, pode me explicar como essa garota soube do leão? - Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? Senhor Álvaro pareceu intrigado. Pither não conseguia responder nenhuma das centenas de perguntas, que todos faziam ao mesmo tempo. Luísa começou a gargalhar, no meio daquela confusão toda. - Eu era a única que tinha visto a tatuagem! Déborah falou muito irritada. - A única não! A última né?? Você quiz dizer! Muitas outras mais conheceram antes de você... Matheus falou em tom de deboche. Luísa jogou sua cabeça para atrás e ria descontroladamente. -Eu devia ter conhecido essa família antes! Déborah avermelhou seus olhos, furiosa. - Pessoal já chega!! Pither fez toda a conversa parar. - Eu tenho sim uma tatuagem, há muito anos... É um leão! E assunto encerrado! E você Déborah! A gente conversa depois! Ele falou extremamente sério, fazendo todos calarem a boca na hora. Meu rosto outra vez pegou fogo, Luísa olhou para mim ainda sorrindo, e isso chateou ainda mais Déborah. Fomos todos para sala, e Senhor Álvaro ofereceu a todos exceto a mim um drinque. Além de eu ser menor de idade, eu nunca tinha bebido, por isso nem me fez falta. Por incrível que pareça Pither recusou, e todos ficaram surpresos com tal comportamento. - Pither recusar um drinque é o mesmo que macaco rejeitar a banana. Matheus falou entre risadas. E esse foi o primeiro trocadilho que eu finalmente entendi. - Eu prometi parar! Ele disse me olhando. - E promessa a gente procura cumprir! Meu coração acelerou na mesma hora, eu sabia que era uma indireta pra mim. Depois de muitas risadas, Matheus e Luísa decidiram ir embora. Senhor Álvaro foi se deitar e despedi dos meus amigos novos com muito carinho. - Tchau Esther! Foi muito bom te conhecer! Matheus falou apertando a minha mão. Já Luísa me abraçou, e mostrando seu sorriso largo disse. - Esther, eu voltarei mais vezes só pra gente conversar... Você é muito legal! Ela beijou meu rosto e eu assenti sorrindo. - Eu vou ficar esperando Luísa! Também gostei muito de te conhecer! Pither os levou até a saída, e eu voltei para a cozinha. Não estava afim de ficar com Déborah no sofá, e além disso ela deixou bem claro que iria passar a noite com ele. Quando cheguei perto do balcão, analisei todo o espaço e não havia ninguém. Onde será que a Naná estava? Esperei alguns minutos, para que Déborah e Pither tivessem tempo de subir as escadas, e com o coração quase em pedaços eu voltei para a sala devagar. Quando me aproximei ouvi quando Déborah e Pither discutiam junto a escada. Ela estava muito brava, e Pither passava a mão nos cabelos sem parar. - Eu exijo que ela saía dessa casa!! Déborah falou autoritária. - Por que acha que vou fazer sua vontade? Pither rebateu. - Por que eu sou sua noiva e você me deve isso! Ela gritou. - Fala como se tivesse algum poder sobre mim! Ele respondeu tenso. - Eu não sou b***a Pither! Estou percebendo o que está acontecendo aqui! Ela chegou mais perto encarando-o. - E o que está acontecendo? Ele perguntou sem pestanejar. - Ela mexe com você né?! Déborah revidou provocando-o, e um silêncio se estendeu. -Você nem consegue negar! Mesmo sabendo que vai se casar comigo! Pither se aproximou mais de seu rosto, eu vi quando seus olhos fitaram os dela. - Talvez nós devêssemos reavaliar essa decisão! - O que disse? Ela soltou seu corpo na mesma hora. - Déborah você não acha que isso é um erro? - O que você está querendo insinuar? - Acredito que o melhor... Pither até tentou. - Nem pense em fazer isso!! Ela gritou.- Você jamais vai terminar comigo!! Você é meu! Ouviu?! Meu!! Não vai se livrar de mim tão fácil!

Read on the App

Download by scanning the QR code to get countless free stories and daily updated books

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD