(Pither )
O reflexo do sol tocou meu rosto e eu pude abrir meus olhos lentamente. Pisquei algumas vezes e percebi que o quarto não era o meu. Minha cabeça latejava tanto, que à qualquer momento achei que ia explodir.
Percebi que alguém dormia ao meu lado (Que não seja a Deborah, por favor). Quando me virei vi cabelos louros em cima do travesseiro, ergui a cabeça e vi seu rosto ( Meu Deus não pode ser!).
Levantei com tudo e puxei o edredom, a cabeça estourando como se mil agulhas perfurassem o meu cérebro. Suspirei aliviado! Graças a Deus eu estava de roupas!!
Deslizei da cama e peguei minha jaqueta e meus sapatos do chão. E sai do quarto de fininho, relembrando os velhos tempos em que eu fazia isso na faculdade, quando eu dormia com uma caloura e não queria dar falsas esperanças. Ou contar alguma mentira como " Vou te ligar", " Vamos sair pra jantar amanhã?" ou algo do tipo.
Eu não sei como fui parar na cama errada! Só de estar de roupas esclarece que eu não fiz nenhuma besteira. Menos m*l! Apesar que eu não me lembro de nada que aconteceu ontem... Se acordei na cama de Esther, ela poderia me contar! Não sei se é uma boa idéia também... E se eu falei alguma idiotice? Não!! Relaxa Pither! Haja naturalmente! Não há nada que eu não possa consertar, eu espero!
Quando saí, fechei a porta Naná estava vindo atrás de mim e pigarreou ao meu lado.
- Que susto! Assombração!
- Bom Dia Pither! Assustado logo cedo?
- Eu achei que fosse o meu pai! Nem percebi que você estava vindo com esses sapatinhos de algodão! Falei sussurrando.
Ela sorriu, e teoricamente eu sabia o que Naná estava pensando.
- É... Ainda bem que fui eu que o encontrei saindo desse quarto! Olhei para os lados, e peguei no braço de Naná trazendo a para o meu quarto, e fechando a porta.
- Você ficou maluca?! Falei jogando minha jaqueta na cama e os sapatos no chão. - Falando assim no corredor, se algum funcionário ouvir ou pior o meu pai?!
Naná deu uma imensa risada, e depois me olhou.
- Pither! Achei que você não estava preocupado com o que as pessoas vão pensar, saindo daquele jeito...
- Engraçadinha! Eu dormi com a Esther, mais não passei a noite com ela! Falei encarando a com o meu olhar severo.
- Que? Ela me disse confusa.
- Quero dizer... Eu dormi naquele quarto, mas não dormi com ela! Não desse jeito!
Abri minhas gavetas procurando roupas e cuecas limpas, para tomar banho. E Naná me olhava ainda sorrindo.
- Apesar de eu já perder as contas de quantas mulheres eu já vi saindo de fininho do seu quarto, temendo dar de cara com seu Pai... Sei que você não seduziria essa menina!
- Nossa! Falei tirando minha camiseta. - Precisa relatar tudo isso pra dizer que confia em mim?!
Ela sorriu, e eu puxei o cinto da calça.
- Mais voltando no que interessa.... Porque passou a noite lá?
Entrei no banheiro para tomar banho, mas antes puder responder a Naná.
- Não sei, eu não me lembro! Vi seus olhos assustados e eu entrei no box sorrindo, deixando Naná preocupada.
(...)
Eu não sei como consegui trabalhar hoje! Essa ressaca que estava me matando, e a dor de cabeça então, nem se fala. Pra piorar papai entra no meu consultório sem bater, isso não poderia ser bom...
- Nem vou perguntar onde você passou à noite, porque a sua cara já diz tudo! Ele disse se aproximando.- Pena que o quarto não seja o da Déborah!... O Senhor Augusto me ligou hoje e já me contou tudo!
- Ótimo! Era só o que me faltava... Agora você deu pra resolver briguinhas minhas com a Déborah?! Por que não coloca uma coleira em mim e me leva para passear? Falei pegando o meu jaléco, e indo em direção a porta.
- Pither espera! Papai me impediu de passar pela porta. - Eles não sabem nada sobre essa garota que você trouxe pra casa!
- E daí? Falei cerrando meus dentes.
- Eu falei com eles! E contei que aquela moça era minha sobrinha. Filha...
- Do tio Osvaldo?? Falei. - Você está ficando maluco?!
- O que você queria que eu fizesse? Que contasse a eles que você teve a brilhante idéia de trazer uma moça sei lá de onde pra nossa casa?! E está de parceria com o Osvaldo para uma possível adoção?! Pither de todas suas idéias malucas essa agora não faz o menor sentido!!
Eu me aproximei do meu pai e olhei olho no olho, para que ele me entendesse bem.
- Dane-se a 'A família da Déborah' Dane-se a sua opinião sobre a Esther! Você sabe que eu não amo aquela moça e mesmo assim está me obrigando a se casar com ela!
- Agora você vem por a culpa em mim? Papai falou autoritário. - Foi você quem seduziu Déborah e trouxe ela pro seu quarto, muitas e muitas vezes ... Eu estou limpando a sua barra com os Dávila!
Sorri ironicamente, meu rosto estava pegando fogo, eu pude sentir .
- Claro! Você fala como se Déborah fosse uma camponesa indefesa, sem experiência da vida! Eu não vou difama-la por que não sou moleque! Mais se quer me convencer de se casar, não use a pureza de Deborah! Saiba que isso comigo, ela já não tinha!
Saí do consultório, e tenho quase certeza que Pâmela estava ouvindo atrás da porta, porque quando sai ela estava perto de sua mesa assustada. "f**a se também!"
(...)
Quando cheguei no condomínio e entrei com o meu carro na minha rua, olhei para o parque e vi Esther se balançando em um dos balanços, sozinha. Sorri na hora! Era automático.
Ela estava de vestido, seus cabelos soltos compridos voavam com o vento, a deixando mais bonita. Estacionei o meu carro, e fui em direção ao parque. Sentei em um dos balanços e ela me olhou sorrindo.
- Se está sorrindo pra mim, quer dizer que não está mais brava comigo?!
Ela abaixou a cabeça meio tímida, e isso me encantou ainda mais.
- Como você está? Ela perguntou.
- Eu estou mais ou menos! Ela me olhou rapidamente. - Digo pela ressaca terrível que estou por ontem a noite! Ela balançou a cabeça, compreendendo. - Sabia que eu levei um susto quando acordei na sua cama hoje?!
-Sério? Ela disse curiosa. -Por que?
-Eu não queria que tivesse me visto como me viu na madrugada, Esther! Eu a olhei sério.
-Tudo bem! Ela respondeu.
- Não! Não está nada bem! Quando bebo um pouco a mais... Falo e faço coisas que não devo fazer! Desculpa por ter te decepcionado?!
- Não! Ela balançava a cabeça. - Pra mim não foi uma decepção...
- Mais pra mim sim! Esther quero que me perdoe, e esqueça tudo o que você viu de mim ontem.... Okay?
Ela me olhou como se eu tivesse dado lhe um tapa ( O que será que eu fiz ontem?). Por fim assentiu com a cabeça.
- Ta! Peguei em suas mãos. - Agora eu quero que você venha almoçar comigo!
- Eu? Na mesma mesa? Ela parecia surpresa.
- Claro! Não trouxe você aqui pra ficar comendo no quarto. Levantei e a puxei pelo braço. Ela se relutava não querendo ir.
- Se você não ir andando! Eu juro te jogar nas costas, e te levar a força! Ela sorriu, desacreditada.
- Aaaaaah tá duvidando?! Peguei Esther como se pega uma boneca de pano e a joguei sobre as costas. Ela gritou! Eu a ignorei e fomos assim até em casa. Aos poucos ela foi se acostumando e parou de tentar descer, deixando cair suas mãos em meus ombros.