(Esther)
Eu não estava acreditando!...Puxa! Eu fugi mesmo do Orfanato! Apesar de Pither achar que isso ainda não acabou, eu estou tão feliz!
Conhecer a casa dos DeFragma foi incrível. Naná a antiga babá de Pither é maravilhosa! Pela primeira vez eu me sinto em casa.
Depois de ter me alimentado, e Naná ter feito um curativo no Pither. Ele me chamou para ver o meu quarto. Subi as escada acenando para Naná que já ia se deitar.
- Esther! Espero que você goste do seu quarto! Logo você poderá decora-lo como quiser! Pither disse-me antes de entrar.
Quando ele abriu a porta e deu sinal para que eu entrasse, quase não acreditei.
O quarto era gigantesco. Nele havia paredes brancas, com detalhes Rosê e uma cama enorme, cheia de travesseiros. Pither abriu uma outra porta, dentro do quarto.
- Esse é o seu banheiro! Ele apontou e fomos ver juntos. Era enorme, detalhes em mármore com luminárias modernas, com box e uma banheira só pra mim.
Saímos de lá e ele me mostrou o resto do quarto.
- Essa é a sua Tv, aquele é o seu Closet, e alí é a sacada. Nessa hora me virei para vê la. Com vista para a piscina!
- É tudo muito lindo! Falei ao chegar na sacada. - Esse quarto é maravilhoso!!
- Sim! Minha mãe sonhava em ter uma filha! Agora ele é todo seu... Só peço que não se debruce demais. Longe de nós um acidente! Pither disse sorrindo e eu sorri do seu senso de humor.
Ele colocou seus braços sobre a sacada e olhava para a vista, como se tivesse preocupado. Seus olhos verdes, ficavam pequenos quando ele apertava para pensar. O que será que estava preocupando Pither? Por que ele era tão misterioso?
Seu olhar não tinha foco, e eu percebi que sua mente não estava alí... Eu somente o observava, enquanto o via sério pensando em tudo.
Enquanto ele estava perdido em seus pensamentos, eu continuei admira- lo. Pither era absurdamente bonito. Seus ombros eram largos, e seus braços fortes, deixavam seu corpo mais definido.
O seu jeito sério, como franzia o cenho o deixava ainda mais atraente. Era o tipo de homem que se você olhasse por um lado, via um cara intelectual, inteligente e sério... Mas se prestasse mais atenção. Seu outro lado era totalmente o inverso. Um homem misterioso, engraçado e extremamente sexy.
Pither voltou de seus pensamentos, e percebeu que eu estava olhando-o.
- Desculpe Esther! Eu estava longe...
Ele sorriu sem graça, eu nem respondi. Ainda meio zonza com todas as descobertas que eu tinha feito sobre ele em um só dia.
- Eu vou pro meu quarto, tomar banho! Depois eu te trago-lhe um pijama! Pither saiu, e eu só consegui assenti com a cabeça. Enquanto o via sair pela porta.
Depois que ele saiu fui tomar banho também. Minha pele estava um pouco ralada, com toda aquela correria do orfanato. Alguém bateu a porta.
- Posso entrar? Naná perguntou.
- Claro! Respondi
- Ah querida, vim te trazer alguns objetos pessoais, e produtos de higiene. Como uma escova de cabelo, um Shampoo, cremes, e ah!... Esse pijama é o mais pequeno que eu encontrei. Era da mãe do Pither.
Naná me mostrava tudo com muito carinho, era extremamente dedicada com a família.
- E você, porque está de toalha? Coloquei um roupão no seu banheiro.
Naná me perguntou, e eu fiquei confusa.
- Um roupão?
- Sim querida, aquele roupão é pra você colocar depois que sair do banho.
Naná sorria pra mim, e eu parecia só querer saber onde Pither estava.
- E o Pither?
- Aah acabou de subir. Ele estava no meu quarto... Pediu que eu trouxesse suas coisas, e já foi se deitar.
- Obrigada por tudo! Respondi.
Naná sorriu com seu jeito doce.
- Imagina querida, agora dessa vez eu vou tentar dormir! Se precisar de algo pode me chamar!
Assenti com a cabeça e sorri para Naná.
- Boa Noite Esther!
- Boa Noite, Dona Naná....
Ela saiu e eu fiquei ali parada, com minha toalha pensando... " Por que ele não veio me dar, boa noite?"
Depois dos meus pensamentos bobos, eu vesti o pijama. Ele serviu certinho em mim. E imaginei o quão magrinha a mãe dele era. Foi muita gentileza dela me emprestar seu pijama, amanhã eu precisava agradecer.
Eu não tinha nada pra fazer, então fui o ler livro que Pither me dera. Ele era tão empolgante, que nem percebi que horas eram . Depois de muito ler, acabei adormecendo com meu livro no rosto. Com as luzes acesas e a porta da sacada aberta.
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Eu estava dormindo. Disso eu tenho certeza! Quando a vi outra vez... "Era ela, a moça do anel bonito. Ela estava num lugar não pude ver onde, mas estava com um rapaz... Não consegui ver seu rosto, estava de costas. Ela sorria pra ele sem parar... Vi quando ela colocou suas mãos pelas costas dele, e seu anel brilhou, em meio as luzes daquele lugar... Ele beijou ela na boca. Várias vezes, e ela tocava seu rosto como se gostasse dele com seus olhos pretos brilhando..."
Foi aí que acordei, o ar gelado assoprava para dentro do quarto. Fechei a porta da sacada e apaguei as luzes. Somente com o abajur aceso, fiquei pensando porque sonhar duas vezes com aquela moça. Alguém que nem sequer conhecia.
(...)
Apesar do dia frio, levantei cedo. Escovei os meus dentes e resolvi dar uma volta pela casa. Abri a porta do quarto e espiei pelo corredor, estava vazio. Fechei a porta e desci de pijama e meias pelas escadas.
A sala também estava vazia, notei os vasos antigos que faziam parte da sua decoração, um grande conjunto de bom gosto. Na parede havia um quadro, pintado a mãos. Era de uma moça, parecia ter menos de vinte anos. Ela era branca, cabelos castanhos, bem magra e olhos azuis. Sua pose parecia estar deitada, o rosto era bem angelical e tímido. A observei tanto que nem vi Naná se aproximar.
- Bom dia...
- Ah que susto ! Olhei para trás e a vi.
- Desculpe, não foi a minha intenção.Você estava tão distraída com o quadro!
- Estava! Quem é ela ?
- Dona Raquel, a mãe do Pither!
Sabia que aqueles traços não me eram estranhos, e o contorno dos olhos também. Com certeza eram iguais aos dela.
- Ele se parece com a mãe!Disse me virando para Naná.
- Sim! Mais do que ele mesmo imagina... Principalmente seu interior! Pither tem o mesmo gênio da mãe. Exceto a teimosia, que herdou-a todinha do Senhor Álvaro... Vamos pra cozinha?
- Sim! Respondi acompanhando-a até a cozinha.
A sala de jantar da família era enorme. Havia uma mesa com mais ou menos umas dez cadeiras. Todas com estofados e cada uma no seu devido lugar.
Mas eu preferia o balcão da cozinha. Sentar na banqueta e ver Naná preparando o café, era muito mais legal.
- Naná, você trabalha aqui á muito tempo?
- Vixe! Estou aqui vai fazer 24 anos. Praticamente desde que o Pither nasceu! Lembro da primeira vez que eu o vi, ele tinha apenas 1 aninho! Dona Raquel precisava de alguém para cuidar dele, enquanto ela trabalhava... Ela brilhou seus olhos no mesmo instante. - Quando cheguei foi amor a primeira vista!
- A senhora parece gostar muito dele!
Naná fazia um suco de laranja pra mim. E parecia emocionada ao falar sobre isso.
- Sim, eu gosto muito. Eu cuido dele desde sempre, e apesar de no início eu achar que seria por pouco tempo... Nunca tive coragem de abandona-lo!
- Ele também gosta muito da senhora...
- Atah! Sei... Naná respondeu risonha.
- Claro que gosta! Ele trata a senhora com tanto carinho...
- Eu sei que gosta... Já foi bem mais fácil pra ele, acredite! De uns anos pra cá ele se fechou, prefere não sentir! Tem medo de se machucar, de se abrir de mais e acabar se decepcionando sabe?... Então ele finge que não se importa, como se fosse uma defesa!
Naná me entregou o suco, com pão e queijo. E voltou para o café que fazia.
- E a mãe dele Naná? Deve ter orgulho de ter um filho médico!
Naná me olhou diferente, como se eu tivesse dito algo errado. Ela não sorriu e eu tomei um pouco do suco, temendo uma repreensão.
- Sim! Com certeza onde quer que ela esteja, esta muito orgulhosa...
Parei o que estava fazendo naquele momento e pensei no que Naná tinha falado, " Onde quer que esteja"... Por que ela disse isso? Onde ela estaria?! Eu precisava perguntar, não ia me aguentar de curiosidade.
- Como assim Naná? A mãe do Pither não mora aqui?
Ela olhou pra mim com tristeza nos olhos, como se fosse um assunto doloroso.
- Não! Dona Raquel morreu à 6 anos...
- Meu Deus Naná! Eu não sabia!
- Sim... Esse é um assunto em que não falamos muito nessa casa! Agora se me der licença querida, vou pegar algumas roupas sujas lá em cima.
Naná saiu e eu fiquei sozinha, com minha boca aberta totalmente surpresa com o que ouvira.
A mãe do Pither estava morta. E ele morava só com o pai e a antiga babá. Agora entendo porque ele se afeiçoou tanto a Naná. É a única imagem materna que ele tem!
Nessa hora a porta da cozinha abriu e Pither entrou vindo lá de fora. Ele estava com uma camiseta cavada e usava shorts, nunca tinha-o visto assim, até então! Ele estava extremamente suado e bebia água de uma garrafinha.
- Bom dia Esther! Já acordada?!
Eu sorri pra ele no mesmo instante.
- Você também, acordou cedo! E por que está assim suando?
Ele bebia água sem parar, e seu fôlego parecia cansado.
- Estava malhando! Fiquei sem entender nada, acho que a minha cara de confusa despertou em Pither. - Eu quis dizer, que estava fazendo exercícios.... correndo e tal!
- Humm... Legal! Respondi a ele.
- Você devia fazer também, pra ver se cria massa nesses bracinhos! - Ele me olhou sorrindo enquanto falava. -Vou subir e tomar uma ducha, já desço!
Pither subiu e eu fiquei olhando para os meus braços," Não eram tão magros assim," Pensei.
Terminei o meu suco e fui para a sala, sentei naquele sofá tão confortável que dava até pra dormir ali. Me encostei nele com os olhos fechados, quando ouvi passos pela escada que se aproximavam.
Abri meus olhos rapidamente, quando notei que um homem veio da escada olhando pra mim.
Ele era um pouco mais baixo que o Pither, tinha cabelos grisalhos e a mesma expressão de bravo no rosto que eu via em Pither, quando estava sério.
Seus olhos não eram verdes, pareciam mais um castanho puxados pro mel. Ele vestia uma roupa totalmente branca, a boca dele era igualzinha a de Pither, até o jeito como mexia o seu maxilar.
- Bom dia! Ele me disse meio que me analisando. - Quem é a senhorita?
- Bom dia... Respondi já nervosa com a sua pergunta. - Eu sou Esther!
Aquele senhor analisou meu pijama e por algum motivo, ele fez alguma conclusão errada sobre mim.
- Cadê o meu filho?
- Foi tomar banho senhor, ele disse que já desce!
O Pai de Pither, fez uma expressão de desespero. Foi apressado para a cozinha e começou a chamar por Naná. Depois voltou ainda olhando pra mim.
- Cadê a Naná?
- Está lá em cima senhor!
- É incrível, como do nada esses dois somem....
Ele voltou a subir a escada e eu fiquei lá embaixo , sozinha, sentada no sofá sem entender nada.
(Pither )
Fiquei debaixo do chuveiro, deixando a água cair pelo meu corpo. O cheiro do shampoo invadia o box me fazendo relaxar.
Passei as mãos pelo rosto, e lembrei de Esther na sacada na noite anterior... "O que será que seus olhos curiosos, tanto me olhava? Será que estava arrependida de ter vindo? Não! Acho que não é possível alguém preferir ficar num lugar como aquele... E dos males o menor! Não acredito também que minha companhia seja tão r**m assim. Apesar de eu nem ter ido dar "Boa Noite' a ela."
Saí do banheiro e enrolei uma toalha de banho na cintura. Voltei para o quarto para me trocar quando deparei com o meu pai.
- Eu bati na porta dessa vez! Você que não ouviu...
- Tudo bem Pai! O que o senhor deseja? Perguntei com o maior sarcasmo, pois sabia o que ele vinha me dizer.
- Pither! Quem é aquela moça, que está lá embaixo?
- A Esther?! Falei enquanto penteava meus cabelos em frente ao espelho.
- Ela me disse que se chamava Esther, mais de onde ela é? E por que está aqui? E de pijama!
- Ela é a garota de quem eu falei! Me virei para olha-lo nos olhos. Papai fez cara de confuso.
- Pither eu não lembro de ter concordado com o seu pedido de adoção. E nem de ter autorizado a vinda dela pra cá!
- Aaaah ! Que Pena! Mas com certeza o senhor vai pensar melhor... Pois eu ainda não dei o meu 'Sim' diante de um juiz! E posso muito bem revogar a minha decisão!
Dei um meio sorriso quando notei o nervosismo do meu pai.
- Isso se chama chantagem, sabia?
- Não Pai! Estou usando as suas armas contra você...
- Então, trouxe-a aqui para me provocar?
- Eu jamais faria isso com a Esther!
Papai balançou a cabeça e deu meia volta, antes se virou e apontou pra mim.
- Espero que você saiba o que está fazendo!!!
Ele saiu e eu voltei a olhar para o espelho... - Nem um de nós sabemos, meu Pai! Nem um de nós!!
✿❯────「✿」────❮✿
- Pither, cadê a Esther? Naná me perguntou quando me viu no sofá a toa.
- Eu pedi para ela se arrumar, vamos sair!
- Você e a Esther? Ela me perguntou.
- Sim Naná! Lembra daquela frase que minha mãe dizia quando estava preocupada?
Ela se aproximou, sentando no sofá.
- Como eu poderia não lembrar ... " Nada como umas blusinhas novas para esquecer os problemas!". Ela sorriu. E eu também porque me fez recordar o senso de humor da Dona Raquel, em fazer compras quando estava triste.
- Então... Hoje vamos usar a técnica da minha mãe, na Esther!
Naná sorriu e depois olhou para cima para ver Esther descendo as escadas. Eu também olhei. Ela estava com as mesmas roupas do orfanato, e seu sorriso ainda mais encantador no rosto.
- Eu estou pronta! Ela disse saindo da escada e se aproximando de mim.
- Então tá! Vamos? Me levantei.- Naná até mais!
Esther também acenou para Naná antes de sair. Abri a porta da sala e ela passou, e eu logo atrás. Entramos no carro, e saímos do condomínio.
- Tá preocupada? Perguntei quando a observei inquieta pelo canto dos olhos.
- Onde vamos? Ela me olhou intrigada.
- No centro da cidade, por quê? Falei dando um meio sorriso.
-É... que não estou bem arrumada pra isso!
- Isso é fácil de resolver! Pisquei pra ela e continuei dirigindo. Sentindo o prazer de ver como ela era tão ansiosa.
Passamos por várias avenidas, eu procurava uma em especial. Quando a encontrei dei seta. E encostei meu carro numa calçada.
- É aqui! Falei. - Espera, que eu abro a porta pra você! Ela assentiu.
Desci do carro e olhei a rua movimentada. Pessoas passavam pelas calçadas, enquanto carros se dividiam entre as ruas, com ônibus e motocicletas.
Abri a porta e ela saiu, olhando surpresa para todos os lados. Esther se admirou com o tamanho dos "arranha céus" que cobriam quase toda a nossa metrópole.
- Gostou dos prédios? Perguntei.
- Sim! São enormes, né? Sorri com a ingenuidade dela.
- Vem! A loja é por ali! Peguei na mão de Esther, e atravessamos a rua. Quando entramos na loja, uma moçinha baixinha, cabelos curtos, estilo Chanel nos atendeu.
- Bom dia! No que posso ajudar?
- Bom dia! Respondi analisando toda a loja.
- Estão procurando algo em especial?
Ela perguntou a mim, enquanto Esther também me olhava sem entender nada.
- Sim! A senhorita pode nos ajudar e muito... Essa moça aqui é a Esther! Trouxe Esther mais para perto de mim. Ela estava tímida e confusa diante da tal funcionária.
- Oii Esther! Seja bem vinda a loja!
Esther assentiu a moça, e eu continuei a conversa.
- Eu quero que a senhorita mostre a nós tudo o que vocês têm para uma garota de 17 anos... Entre Roupas, sapatos e bolsas!
Esther arregalou seus grandes olhos azuis, e a moça sorriu com a minha boa vontade. Certamente precisava bater a sua meta do mês, e teria uma grande comissão com a gente.
- Sim, claro! Temos ótimas novidades esse mês de inverno....
- Esther! Acompanhe a senhorita?...
- Vanessa! Me chamo Vanessa! A vendedora me disse sorrindo.
- Acompanhe Vanessa, e ficarei esperando sentado ali, enquanto você experimenta!... Confio no seu bom gosto! Disse me virando para a vendedora.
Esther meio sem jeito, seguiu Vanessa até o outro lado da loja. Enquanto eu fazia uma ligação do meu celular.
- Pâmela? Sou eu o Pither!
- Bom dia Doutor...
- Bom dia! Pâmela vou chegar um pouco mais tarde no consultório hoje!
- Okay Doutor! O seu paciente das onze, posso confirmar a consulta?
- Sim Pâmela! Estarei aí antes das onze... Obrigado!
Sentei me, em um dos puffs da loja e fiquei esperando. Enquanto via Esther e Vanessa em volta das araras conversando. Aproveitei e mandei uma mensagem para Déborah, desde o acontecido ela tem ignorado as minhas ligações e não respondeu as minhas mensagens.
Esther entrou no provador, e Vanessa a esperava sorrindo com uma porção de cabides nas mãos. A loja estava vazia, era cedo ainda e eu estava muito entusiasmado para ver como ela ficaria.
Quando Esther terminou, abriu um pouco a cortina meio tímida. Vi quando a Vanessa cochichou com ela. Ela assentiu, e saiu do provador. Eu estava distraído com o meu celular, e só pude ver quando a vendedora me chamou.
- E então, o que o senhor achou?
Levantei meus olhos, e pude ver Esther vestida com um vestido rosa, seu comprimento na altura dos joelhos. Ele era apertado no b***o e as mangas detalhadas com rendas. Fiquei sem reação! Ela estava tão bonita, que nem sabia o que dizer. Eu fiquei tão sem graça quando percebi que a vendedora ainda esperava minha resposta, que comecei até a gaguejar.
- É... Bem... Eu... acho que ficou tão... tão... ficou muito... Muito bonito Esther!
Ela sorriu, e se olhou como se também gostasse do que via. Vanessa deu lhe outro cabide e ela foi se trocar outra vez.
A cortina se abriu outra vez, e eu já nem ligava mais para o meu celular. Nem sei se tinha terminado a mensagem que ia mandar pra Déborah.
Dessa vez Esther apareceu de calça jeans. Eu quase enfartei! Tinham ficado tão agarradas nela. Que acho, que nunca prestei atenção como as pernas de uma mulher ficam valorizadas com elas.
Quando a cortina abriu outra vez eu já estava de prontidão. Esther estava com uma regata e shorts. Dei uma voltinha com o meu dedo indicador para que Esther virasse de costas e ela fez... Bati palmas e a elogiei.
- Está muito linda Esther, vá experimentar outra !
Esther saiu corada, enquanto a vendedora a entregava mais cabides.
- A senhorita pode pegar uma jaqueta de couro preta e uma marron. Com a numeração dela pra mim?
- Claro! Vanessa disse sorrindo. - É muito legal o que o senhor faz pela sua irmã!
Eu fiquei sem reação, apenas assenti! Pois a partir daquele momento, era isso o que Esther representava pra mim. Uma "irmã".
Depois de vestidos, saias, sapatos e bolsas... Esther estava de guarda roupas novo. Foi ai que ela se aproximou de mim meio envergonhada.
- Esther, você precisa de mais alguma coisa? Perguntei.
- Pither! Acho melhor escolhermos algumas coisas, e deixarmos o resto.
- Por quê? Gargalhei com a sugestão de Esther.
- Vai ficar muito caro tudo isso! Ela dizia com seus olhos azuis arregalados. Como se tivesse realmente preocupada.
- Estherzinha, sabe o que é isso? Mostrei a ela um cartão. Ela balançou a cabeça em negativa. - Isso chama se cartão de crédito! A solução para o nossos problemas... Compre o que quiser, vamos levar tudo!
Precisou de meus pares de mãos, a de Esther e de mais duas vendedoras da loja para levar, todas as sacolas que compramos. Saí muito satisfeito de lá! Só de pensar que Esther nunca mais usaria aqueles trapos velhos, um alívio tomava conta de mim.
Chegamos no condomínio, e estacionei na frente da minha casa. Chamei Naná para ajudar-me com as sacolas .
- Pither Monteiro de Fragma Neto! Onde você esteve até essa hora que não apareceu na clínica? Seu pai já ligou duas vezes!
- Ajude Esther com as sacolas, eu estou indo pra lá! Tenho um paciente as onze!
Deixei as sacolas na sala e peguei meu jaleco em cima do sofá. Coloquei o por cima da minha camiseta branca.
- Vai meu filho! Naná bateu nas minhas costas. Beijei o rosto dela, e passei por Esther que estava na porta.
- Você vai ficar bem ?
- Vou sim! Ela respondeu.
- Tabom... Se precisar de algo, a Naná te ajuda tá?!
Naná me observava da sala.
- Pither! Ela vai ficar bem...
Olhei para Naná, e depois para Esther.
- Tabom! Até daqui a pouco... Fiquei meio sem jeito, mas me atrevi a beijar o rosto dela. Bem na bochecha.
Ela não reagiu m*l, sorriu e eu fui embora, com a esperança de um dia tranquilo.
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No consultório cheguei em cima da hora. Meu paciente entrou e eu fiz a minha sessão de terapia. Não era nada muito sério. Ele estava preocupado com o casamento, e algumas dívidas. Depois de ter ouvido ele por um tempo, eu pedi que retornasse na próxima semana. Pois ele não estava dormindo bem e precisava continuar com o tratamento.
Eram meio dia em ponto. O meu consultório estava vazio, e eu estava me preparando para almoçar. Quando ouvi um tumulto na recepção.
- A senhora não pode entrar sem ser anunciada! Minha porta foi escancarada, e Pâmela vinha atrás gritando. Com uma suposta senhora na frente que invadiu o meu consultório, sem pedir licença.
- Doutor!...
- Tudo bem Pâmela! Eu recebo essa senhora!
Pâmela saiu. Fechando a porta e eu fiquei ali de pé, encarando a cara de quem eu sabia que viria atrás mim.
- Boa tarde Lúcia ! No que posso ser útil? Ela me fuzilou com os olhos e cruzou seus braços como se quisesse me intimidar.
- Admiro o seu sarcasmo , quando bem sabe o que vim fazer aqui?
- Receio que ser quer uma consulta, precisa marcar antes! Estou no meu horário de almoço!
- Pither, vamos parar com a gracinha? E começar a falar?!.... Dei um meio sorriso, como se esperasse a pergunta dela. - Onde está Esther?...