— Bom dia Mrs. Lee, como vai a senhora nesse sábado lindo? - digo, assim que a esposa do Sr. Young aparece á minha frente, com um sorriso encantador e os olhos puxados de sempre.
– vou bem, querida, e você? - Ela deixa uma xícara de café para mim perto do caixa. Como a rotina.- isso é pra você.
– Obrigada.
Embora seja trabalho e*****o, eu gostava de estar ali, as pessoas geralmente eram gentis, meus chefes eram maravilhosos, sem contar nas inúmeras fotografias que eu conseguia das flores.
Porém eu estava contando os dias para minhas férias, que eu nem sabia quanto iria tirá-las, mas só pensava nelas.
– Estou indo até Himato, qualquer coisa é só gritar.- Ela diz, se retirando e indo para os fundos, o escritório. Onde eles só saíam de lá pra almoçar, fechar ou se eu precisasse. O que me dava liberdade total de fazer o que eu quisesse.
– Pode deixar.- sorri, agradecendo e ela desapareceu em meios as flores. Fui até meu café e o peguei, aproveitei o momento de paz pra pegar minha câmera e fotografar a nova remessa de flores que havia chegado. Assim que chegavam, era a hora perfeita para uma foto por que elas estavam frescas e lindas.
No momento seguinte que eu peguei a câmera, outra borboleta apareceu, era comum elas estarem sempre por ali, afinal, eram flores! Porém, ela parecia ser a mesma que eu havia visto ontem no Central Parque.
Mirei a lente até ela, que havia pousado sobre uma rosa vermelha e tentei tirar uma foto, se alguém não tivesse aparecido no segundo seguinte e assustado ela, teria tirado a foto mais perfeita do mundo.
Direcionei a câmera para o rosto do tal cliente e assisti o rapaz, que eu nunca havia visto pelas redondezas, rindo.
Soltei a câmera meio sem jeito e limpei as mãos no avental, tentando desviar a atenção da minha bochecha que havia corado por tamanha timidez. Ele era lindo.
– Ela era uma linda borboleta.- ele puxa assunto assim que entra por completo dentro da loja e começa a olhar ao redor, enquanto outra pessoa entra por outro lado, provavelmente acompanhante dela já que eu também nunca havia visto ele por ali.
– Sim, porém vi ela ontem.- murmurei, tirando os olhos do rapaz e olhando minhas unhas, como eu sempre fazia.
Desviando o olhar.
– Duas vezes em menos de uma semana? Deve ser sorte.- Ele continuou, se aproximando do caixa, onde eu havia me enfiado. De tão tímida que eu estava.
Ele era atraente, e intimidador, o que me deixava bem nervosa. Por que eu estava assim? era só um homem bonito, Aya!
– sorte? Se isso for sorte, não quero saber o que seria azar.- murmurei, dando risada da minha própria desgraça. Sozinha. Esquecendo completamente de não ser louca na frente das pessoas. Alguns clientes já reportaram isso para meus chefes, embora eles não se importem, era muita vergonha.
– Conseguiu a fotografia ? - Ele questiona, se encostando no meu balcão e me encarando muito com aqueles olhos castanhos penetrantes. Ele nem sequer piscava.
– Não mas outra hora eu consigo.- solto um sorrisinho simpático, que provavelmente foi h******l e vejo a outra pessoa se aproximar, outro homem. Um pouco mais velho que o rapaz a minha frente, assim que se aproximou dele falou algo em seu ouvido e logo depois entregou algumas flores pra mim.- São... 4 dólares.
– Aqui.- O rapaz mais velho diz, me entregando o dinheiro contado e eu apenas embrulho suas flores e lhe entrego em seguida.- Obrigada.
– Eu que agradeço.- sorrio, olhando os dois e ficando meio sem graça enquanto o mais jovem me encara meio risonho, meio confuso.
Vejo os dois se afastarem lentamente e suspiro. Pego minha xícara de café e me abaixo para pegar meus biscoitos. Era cedo para se ter clientes, dificilmente alguém aparecia, por isso me atrevi a pegar a câmera. Mas a timidez que me consumiu naquele momento foi imensa e eu sentia meu coração pulando forte até aquele momento.
Nesse meio tempo, entre o caminho até meu biscoito, vejo o rapaz que falava comigo antes voltar, apressado.
– Você tem telefone? - Ele pergunta, um pouco tímido, deduzo eu.
Olho pra ele por uns instantes, confusa por tal gesto. Eu estava ridícula, nas piores roupas possíveis e ele era tão... Lindo, bem vestido e simpático. Por que ele teria interesse em mim? Era algum tipo de brincadeira? Pegadinha?
Olhei para o escritório dos meus chefes e suspirei, sem nem mesmo saber o motivo.
– Estou no meu local de trabalho.- mordo os lábios, ainda pensando sobre o assunto e olho pra ele de novo.
Mas ele é tão fofo! — meu subconsciente joga sujo e eu suspiro.
Encaro o rosto do mesmo por uns segundos, ele estava com um brilho nos olhos tão grande que eu não podia dizer não e quando vi, lá estava eu pegando papel e caneta e anotando meu número para entregá-lo. Seja o que Deus quiser.
– Pronto.- entrego e olho pra ele, o mesmo apenas sorri e pisca.
Me fazendo estremecer toda.
O que que é isso Jesus ?
Olho minha aparência no espelho atrás do balcão enquanto o mesmo está indo para a saída e depois olho para fora da loja, onde não há mais vestígio do homem tão atraente que tinha acabado de tirar meu fôlego
Será que ele viu errado? Uma brincadeira ?
Não é possível ele ter pedido meu número enquanto eu estou no meu pior estado, sem dormir direito.
Dei risada da situação e balancei a cabeça negativamente, arrumando os fios bagunçados, levando a xícara aos lábios e ainda desacreditada com a situação.
– Que cara de quem viu um anjo é essa? - Austin aparece na minha frente, me assustando completamente e me fazendo derrubar café no avental branco.
– filho de uma...
– não foi por que quis.- Ele ergue as mãos rindo e se defendendo. Reviro os olhos, limpando minhas mãos.- então, que cara é essa?
– Nada! - retruco nervosa, não iria compartilhar isso com ele, logo quem mais zomba da minha cara.- o que veio fazer aqui?
– comprar comida que não foi.- ele rebate, me fazendo socar o ombro dele e o mesmo ri, massageando o local.- grossa.
– O quê vai aprontar? - perguntei, saindo da minha zona de conforto e indo até as flores que Drey gostava, tulipas.
– Pedir ela em noivado.- Ele murmura, me mostrando o anel dentro da caixinha preta. Arregalei os olhos no mesmo momento.- sei que tá cedo mas...
– você tem que parar de me contar as coisas antes de acontecer, eu não sei guardar segredo!- falei histérica, passando a mão na cara e batendo na testa, sabendo que aquele segredo não estaria seguro comigo.- aaaaaa seu inútil.
– Eu iria falar pra quem? - o mesmo me olha entediado.
– Pro seu cachorro! - falo histérica de novo.- quando você vai pedir a ela?
– Não sei, daqui uns meses..
– MESES ? - tapo a minha boca no mesmo instante e olho pro escritório. Verifico que meus chefes não tinham ouvido nada e volto a olhar para Austin.- não sei guardar segredo por tanto tempo.
– Te p**o Subway por 1 mês.- Ele coloca sua mão na frente da minha e olha nos meus olhos.- palavra de homem.
– Seu vale do The petrie court cafe por 1 mês...- proponho e ele dá risada, enquanto coloca a mão na minha.
– fechado.
– Tulipas, são as preferidas.- acrescento, mostrando as flores ao nosso lado.- espero conseguir guardar segredo.
– Só libero o vale depois que eu pedir ela em casamento e você não tiver soltado um piu.- Ele adverte enquanto pega duas flores sozinhas, e eu faço bico, contrariada mas aceitando os fatos.- É mais seguro.
– me sinto ofendida.- murmurei, estendendo a palma da mão logo em seguida pra receber as moedas.- vaza daqui.
– é sempre um prazer. - Ele zomba, saindo de fininho assim que mando dedo do meio.
(***)
— eu conheci alguém.- falei pra minha amiga assim que fechei a porta do apartamento e observei ela colocar sua bolsa no sofá, mostrando que ela também havia chegado a pouco tempo.
A mesma me olhou de repente, cara de quem não entendeu. Mas eu estava tão eufórica ainda, não conseguia tirar ele da cabeça. Aqueles olhos tão penetrantes, então eu só continuei a falar e falar.
– Ele pediu meu número, eu estava no meu local de trabalho, não podia passar!- continuei tagarelando.- mas ele era tão fofo e eu não pude resistir!
– Espera! - Ela colocou sua mão na minha frente e aguardou eu ficar em silêncio.- de novo, sem ser histérica e por favor, mais devagar!
Respirei fundo e dei uma risadinha, ainda boba por pensar que alguém pediu meu número enquanto eu estava no meu pior estado espiritual... corporal também, vamos colaborar.
– Um rapaz muito fofo pediu meu número hoje, lá na floricultura.- falei, mais devagar dessa vez.
– qual o nome dele? - perguntou, e aí eu me dei conta, eu também não sabia, ele não tinha me falado.
– Eu.. não sei. - murmurei baixo. E como se fosse o destino, uma notificação chegar no celular, me deixando meio alegre ao ver do que se tratava.- mas acho que vou descobrir.
Desbloqueei a tela do celular, sentando ao lado da minha amiga para compartilhar o sentimento e sorri com a mensagem:
6;55pm
XX: Oi :) desculpa não ter mandado mensagem antes, estava meio ocupado.
6:56pm
XX: a propósito, sou William, um prazer te conhecer.....
Dei uma risada antes de digitar uma mensagem de volta, com meu nome.
– Ele é o William.- falei para a Audrey, e dei uma olhadinha pra ela, rindo baixinho, animada.
Aquilo era o começo de uma longa jornada.
E estranha.