Capítulo 4 - A Date

1315 Words
– Desculpe pelos meus amigos.- murmurei envergonhada enquanto andávamos lentamente pelos corredores do shopping, passeando.  Tínhamos comido comida japonesa, William disse que nunca havia comido e por que não apresentar minha comida favorita? Se bem que não foi uma boa ideia, era o primeiro encontro, isso se pudéssemos chamar aquilo de encontro, e apresentar minha comida favorita de cara era muito desespero, não era? Se bem que não falei nada sobre isso enquanto fazíamos a refeição, mas quem não podia notar minha paixão por peixe cru só de me ver comendo? eu era patética.  Meus amigos só disseram meus defeitos, me fazendo passar vergonha, então não quis permanecer na mesa por muito tempo, arrastando ele pelos corredores do shopping.  – O quê? - Ele abriu um sorriso gostoso.- Eles são legais e parecem se preocupar com você. – Sim.- Soltei um riso, aliviada por Drey e Austin não ter assustado ele.- Eles são tipo irmãos mais velhos para mim, embora às vezes eu queira mandar eles para o fim do mundo. – Todos queremos mandar alguém para o fim do mundo, parentes ou pessoas próximas principalmente.- Deu de ombros, e eu ri concordando. Nos aproximamos de um banco no meio do corredor e nos sentamos, em silêncio por uns segundos, mas logo embarcamos em uma troca de olhares que parecia tão barulhenta dentro de mim que eu m*l pude ouvir os pensamentos. – Me diz um pouco de você.- pedi, quebrando o silêncio e desviando um pouco o olhar. Ele havia conseguido algo que jamais alguém conseguiu por tanto tempo, olhar dentro dos meus olhos. Era algo e******o para umas pessoas, mas todos diziam que os olhos são as portas para a alma, e eu nunca conseguia encara-los por tanto tempo, eu sempre desviava ou dava um jeito de nunca olhá-los, nunca soube o motivo desse problema. Alguns psicólogos diziam ser falta de confiança devido a traumas passados, e certo, deveria ser isso. Mas ele, ah ele com certeza tinha algo que me encantava. Conseguia observar no brilho dos seus olhos que a vida não tinha sido fácil para ele assim como não foi para mim, um suicida reconhecia outro assim na lata, porém ele tinha algo a mais que isso, ele tinha esperança. Algo que eu não via nas pessoas há muito tempo. – Eu não sei o que dizer.- O mesmo me respondeu, me tirando do transe que eu havia entrado. Sorrindo graciosamente por estar tímido. – Sua cor favorita? - perguntei, tentando tirá-lo da bolha de timidez. – Azul, é uma cor que me agrada muito.- diz.- a sua? – Não é querendo parecer a garota perfeita..- zombei soltando uma risadinha.- mas é azul também, embora eu ande muito de preto. – Deu pra perceber.- disse, se referindo as minhas roupas, pretas, que vestia. Soltei um riso frouxo antes de olhá-lo. – Você disse que está aqui a pouco tempo, de onde você veio? - perguntei curiosa. Apesar da pergunta simples, ele demorou um pouco para responder, parecendo hesitar se devia ou não contar. Fiquei apreensiva por um momento, parecia ser um assunto delicado, talvez? Pela sua hesitação, não era um assinto bom.  – Eu vim da França.- murmurou, baixo. – E o que está fazendo em Manhattan? - abri a boca surpresa, brincando, tentando mudar o humor.- França deve ser tudo de bom, nunca sairia de lá. – E na verdade é.- Me respondeu mais calmo dessa vez, pensativo e parecendo nostálgico, abrindo um sorriso acolhedor e obtendo um brilho nos olhos.- um lugar realmente maravilhoso, nunca conheceu? – Não tive muitas oportunidades de sair do país, acho que nunca de fato sai de Manhattan.- fiz um bico manhoso, imaginando como seria os outros lugares do mundo.- Mas um dia pretendo fazer um mochilão por todos os lugares que puder, conhecer o máximo que conseguir. – Essa parece uma ótima ideia. – E é, porém para quem não tem nada na vida é meio difícil de realizar.- murmurei melancólica, vagando meus olhos pelo chão. Sonhos distantes, muito distantes.  Ficamos em silencio por alguns segundos, eu sem saber o que perguntar e ele procurando algo pra falar.  – Você disse que mora com sua amiga, mas tem apenas dezenove...- Começa a dizer, vendo que aquele era um assunto delicado, e aproxima sua mão da minha, acariciando meus dedos para me deixar mais confortável.- O que aconteceu com seus pais? – prefiro não falar deles.- tentei ser ao menos educada para fugir do assunto, lhe enviando um sorriso acolhedor. Não que fosse tão difícil falar sobre o assunto mas eu tinha que estar preparada para isso. Era um assunto delicado e que me trazia muitas más lembranças, não era uma história para se contar na primeira vez que se conhece alguém. Trazia de volta uma garota que eu não queria mais ser, uma Aya que eu enterrei e que não gostaria de trazê-la de volta. Embora eu não tenha evoluído muito desde então.  Apesar dos internautas dizerem que a primeira impressão é a que vale, e que é muito bom contar os defeitos e qualidades de cara, eu preferia deixar essa parte de mim bem longe do assunto. Principalmente por que ele parecia alguém diferente de todos os outros que já conheci. Eu sei que me arrependi de pensar assim por culpa do último garoto que conheci, que achei que era diferente, mas eu tinha esse defeito em persistir nas pessoas. E talvez essa seja minha decadência, acreditar nas pessoas mesmo depois de todas as esperanças se forem. – Hãm.. me desculpa.- Ele me tira do transe pela segunda vez naquela hora, me fazendo sentir rude pela forma que falei. – Não, não, não, desculpas eu que peço. Não queria ser rude, é por que é um assunto meio difícil. E olhei nos olhos dele de novo, uma afirmação sincera que ele pareceu entender de imediato. – devo te entender, não tenho uma relação muito boa com meus pais também.- diz, mudando de assunto e tentando me confortar.- Hoje em dia está cada vez mais complicado. – Isso é verdade.- dei de ombros, observando as pessoas passarem por ali, cada vez menos já que o shopping estava fechando e ficando sem graça pelo nosso pequeno surto de timidez repentino. Observei que estávamos em uma proximidade grande, e comecei a ficar meio tensa, mas foi quando eu olhei para ele que fiquei sem chão. Os olhos castanhos mais lindos que já vi, me olhando de uma forma que não sabia explicar, com um brilho diferente, me deixando cada vez mais tímida. Eu sentia minhas bochechas se avermelharem cada vez mais mas sabia que não conseguiria desviar o olhar naquele momento apenas por que eu sabia o que vinha a seguir e bom, não queria perder isso por nada. Meu coração acelerou quando senti a mão dele tocar na minha, e vi ele se inclinando na minha direção. Automaticamente eu fui para ele, como se ele me atraísse de alguma forma, como um imã. Não demorou muito para que os lábios rosados e muito convidativos chegassem até os meus, e eu até podia dizer que já beijei o suficiente para não ser mais surpreendida porém aquele dava um gostinho do que tinha no além, algo depois dos limites do possível. Eu não digo que sabia decifrar beijos mas aquele em si me dizia ter muita aventura e complicações porém haveria amor, se assim decidíssemos seguir. As borboletas diárias da minha vida estavam ali, mas no meu estômago. Os lábios dele eram macios e calmos, ele me beijava com tanta ternura da qual eu jamais havia sentido.  E bem que estava na hora de ter algo de verdade na minha vida. Nos separamos, com dificuldade, um do outro, logo nossos olhares se encontraram e ali eu soube: Paixão a primeira vista existia. Por que naquele momento, eu havia me apaixonado profundamente por aquele homem.
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