Henrik Cartier.
Tanto trabalho simplesmente retirou a estrangeira da minha mente, por algum tempo.
Até o Virgil entrar no meu escritório.
- O que aconteceu? - eu questiono-o levantando o meu olhar para ele que simplesmente se sentou na poltrona de frente a minha mesa.
- Você não sabe quem eu encontrei! - ele exclama e eu me ajusto a poltrona o encarando.
- Por enquanto, você não tem muitas opções de quem encontrar aqui, Virgil. - eu falo e ele sorri, sabendo que eu sei a quem ele se refere.
Eu espero que ele não tenha a ‘encontrado’ no quarto onde ela está.
- Ela é extremamente atraente. - ele menciona um facto que foi mais do que notável assim que os meus olhos pousaram nela. - E eu a encontrei no corredor da antiga biblioteca, sozinha. - ele menciona, e eu o observo atentamente.
- O que está sugerindo? - eu o questiono, porque claramente ele veio com uma hipótese já elaborada.
- Um, ela é uma jovem moça, extremamente atraente e visivelmente sabichona demais. - ele diz. - A forma com que ela se fez ser encontrada, aparenta-me, que ela talvez seja uma espiã. - ele sugere e eu suspiro o encarando, deixando ele terminar.
- Ela estava sozinha no corredor da antiga biblioteca, com os pés marcados puxando o carrinho de comida que a Cora a levou, e supostamente ela procurava a cozinha. - ele diz e eu sorrio.
- É por isso que sugere que ela seja uma espiã? - eu o questiono e ele suspira frustrado por eu não estar convencido com a sua hipótese.
- Henrik, porque uma moça como ela, estaria simplesmente jogada no meio de uma floresta daquele jeito, no preciso caminho em que você estava? - ele questiona.
- Se eu tivesse conhecimento, ela estaria com a família e não aqui. - eu o respondo e ele suspira encostando a cabeça na poltrona.
- A Cora informou-me que ia levar o jantar para ela, também. - eu digo-lhe e ele suspira.
- Tem algo de errado. - ele pontua.
Isso é inegável.
- Ela com certeza não é uma plebeia. - ele afirma. - Ela sabe se portar à mesa, ela sabe se expressar, embora tenha maneirismos peculiares. - ele diz e eu assinto.
Ela entende da política mundial, nenhuma mulher entende tão bem, quanto ela, e ficou óbvio que ela sim sabe do que fala, quando explicou o assunto superficialmente para a Cora.
- Ela é o perfil de espiã perfeito. - ele conclui, e eu o observo. - Atraente o suficiente para atrair os olhos do príncipe regente. - ele sugere.
- Ela chegou m*l se aguentando em pé. - eu falo. - Com certeza, não enviariam uma espiã, que m*l deve conseguir manejar uma espada para dentro desse palácio, não acha Virgil? - eu questiono internamente me divertindo com a sua hipótese e ele suspira frustrado.
- Ela realmente não parece aguentar carregar uma. - ele confessa, e eu o observo, curioso para escutar o que mais ele está pensando, porque eu estou extremamente curioso para saber mais dela.
- Seja como for, eu deixei ser sabido por ela que a realeza não se mistura com… - o Charles entra em meu escritório enquanto o mesmo fala.
- Com? - ele questiona já se sentando na poltrona, e eu o entrego o meu isqueiro para que o mesmo pudesse acender o seu charuto e eu, pego a garrafa de uísque servindo para o Virgil e para mim.
- Com quem não possua sangue real. - ele conclui e eu suspiro frustrado.
- Devia ter permanecido quieto. - eu falo.
- Veremos se amanhã ela não conta toda a verdade. - ele completa.
- Para ser sincero, seria divertido ter uma estrangeira como ela, por aqui, durante mais tempo não? - o Charles questiona sugestivo.
- Ela já tem olhos para alguém, e não é para você, Charles. - o Virgil diz.
E eu realmente espero, que para o bem dela, nenhuma das sugestões aparentes seja verdadeira.
- Não é como se ela tivesse muita opção de escolha, meu caro. - o Charles diz e eu reviro os olhos.
- Eu quero que se foque. - eu digo para o Charles. - Já escolheu a princesa que pretende cortejar? - eu o questiono.
Quanto mais cedo, ele e a Lyra se casarem, melhor para o reino, e obviamente menos com que eu devo prestar atenção.
- Não, o amor ainda não bateu a minha janela, meu irmão. - ele diz irónico e eu me limito em tomar mais do uísque.
- O seu legado não se importa com a sua espera inalcançável, Charles. - eu lhe digo.
- Está sugerindo que eu sou incapaz de amar, meu irmão? - ele questiona sarcástico e eu sorrio.
- Você ama demais, Charles. - o Virgil responde por mim.
- Vocês deviam aprender comigo. - ele fala, e acabo com o líquido no copo.
- Se estivesse amando agora, não estaria tão 'stressado' assim, meu irmão. - ele diz para mim. - Me tratando como uma criança, como se eu não fosse apenas dois anos apenas, mais novo que você. - ele reclama.
- Esses dois anos de diferença trazem-me responsabilidades que você jamais terá. - eu concluo realmente farto disso.
- O que eu posso dizer? - ele questiona sarcasticamente, se encostando a poltrona.
- Acompanhou todo o histórico do Leopoldo? - é o meu trabalho como irmão mais velho, saber se ele serve ou não para a minha irmã.
A Lyra não aceitou nenhum dos seus pretendentes no ano anterior, justamente por conta dele.
Pessoalmente, não gosto dele como um possível pretendente para ela, mas se ela gosta, a única coisa que me resta, é ter certeza que ele presta o suficiente, para colocar as mãos na minha irmã.
- Bem, não teve como saber muito, ele estava no treino militar, durante esses anos. - o Virgil conta.
- Até onde eu sei, ele gosta de artes visuais e música clássica, tem ao menos os mesmos interesses que a Lyra. - o Charles diz e humn…
- Com certeza a Christine saberá dizer mais. - eu falo, e eles assentem positivamente com a cabeça.