Capítulo XXVI

1657 Words
Celleney Peny. Eu adormeci, depois de algum tempo. Foi uma tarefa difícil, já que a minha cabeça funcionava tal como a engrenagem de um relógio, o meu cérebro não parava nem sequer por um milésimo, mas assim que a minha cabeça encostou no travesseiro, adormeci de tão exausta que eu estava. Estava tudo bem, no último sono, até sentir uma movimentação estranha ao redor da cama, o que me acorda assustada, e faz-me abrir os olhos de imediato com a estranha sensação de que estou a ser observada. - Levante-se. - ainda atordoada, os meus olhos sonolentos observam a silhueta de ninguém mais, ninguém menos que a duquesa me assustando para c*****o, me fazendo sentar na cama de imediato. Será que ela descobriu alguma coisa? - O que está acontecendo? - eu a questiono sonolenta, preocupada e chateada porque, poxa, eu estava dormindo. Há necessidade para entrar desse jeito no quarto de alguém? - Acontece que a senhorita virou assunto nesse reino. - ela responde sarcástica, lançando um jornal na minha direção e eu pego ele preguiçosamente semicerrando os meus olhos para confirmar o que ela disse. Eldravia Deslumbrante: Um Despertar Gracioso e Súbito no Coração da Corte Real. Gostei. Eu suspiro deixando o jornal do meu lado, passando as minhas mãos pelo meu rosto, morrendo de sono, e voltando a olhar para a cara dela que me observa visivelmente furiosa. Eu não sei por quê. - Aparentemente o povo daqui é bem fofoqueiro, não é? - eu a questiono e ela suspira frustrada, me encarando. Por favor... - Olha... eu não saí, ninguém me viu, não sei como sabem que eu sou graciosa, mas eu concordo. - eu pontuo e ela me fulmina com o seu olhar. - Porém, isso não é motivo de simplesmente entrar no meu quarto enquanto eu estou dormindo. - eu falo chateada. E com sono! - Levante-se. - ela manda acerada e céus. Eu só queria dormir mais um pouco, só mais um pouco. Por que fui dormir tão tarde? Eu levanto o meu olhar para o relógio na parede, e ainda são cinco da manhã, não foi nesse horário que o pequeno-almoço começou, ontem. - Para quê? - eu a questiono confusa, retirando o lençol de mim a contragosto e vejo ela suspirar. Esse suspiro foi um pedido de paciência, eu conheço bem ele porque eu tenho dado muito desses ultimamente. - Irá tirar medidas para os vestidos que usará durante a temporada. - ela fala, me observando de cima a baixo minuciosamente enquanto coloco as minhas pernas para fora da cama. - Enquanto permanecer aqui, deverá se vestir adequadamente. - ela diz e traduzindo ela disse: "Visto que você não vai embora, não tenho outra escolha para além de garantir que ao menos se vista como alguém pertencente a essa família extremamente nobre." Mas precisava ser às cinco da manhã? - Tudo bem. - eu falo sem disposição para brigar, porque fim ao cabo, eu não tenho escolha alguma morando de favor por aqui. Após me dar uma olhada presunçosa, com a sua elegância ela retira-se do quarto e fecham a porta assim que ela sai e eu fecho os olhos passando as minhas mãos pelo meu rosto até aos meus cabelos que estão todos embolados no meu rosto, suspirando fundo e frustrada. Você acordou Neyney, mas não na sua casa, mais uma vez… - Eu já preparei o seu banho senhorita. - a voz da dama de companhia que nem vi entrar na casa de banho soa, me fazendo abrir os olhos assustada, novamente para a encarar. Quanta invasão de privacidade. - Obrigada. - eu agradeço-a escondendo a minha desanimação e ela assente, me observando. Ficamos as duas paradas olhando uma para a outra por alguns instantes. Céus. - Pode fazer as suas coisas, eu tomo banho sozinha. - eu lhe digo e ela ruboriza assentindo positivamente com a cabeça. - Como desejar, senhorita. - ela fala, e eu simplesmente levanto-me e vou até a casa de banho morrendo de sono. O que foi que fiz para merecer isso? O quê? - É melhor eu me apressar antes que a água quente esfrie. - eu murmuro olhando para o balde e a caneca querendo chorar. Que vida de sofrimento. Tomo o meu banho querendo morrer. Está frio, e eu preciso fazer um exercício para tomar banho estando exausta, cartando a água quente com a caneca para despejar sobre o meu corpo, mas a sensação boa da água quente nesse frio se vai quando a água na caneca esgota, outra vez e outra vez até eu terminar o meu banho. Sinceramente por que aquele senhor inventou de criar uma geringonça dessas? Para quê? O que ele queria fazer aqui no tempo jurássico? Era suposto essa coisa vir me fazer parar justamente aqui? ARGH! Já chega, chega Celleney. - Eu já estou com dores de cabeça e aqui nem comprimido para dores de cabeça deve ter. - eu reclamo comigo mesma escovando os meus dentes. O bom é que o sabão aqui cheira bem, tão bem quanto perfume importado e a pasta de dentes parece menta pura de tão refrescante que é. Eu tive que molhar o meu cabelo e desembaraçá-lo, porque eu simplesmente não o trancei antes de dormir e ele ficou todo embaraçado. Nessas últimas semanas nada anda ao meu favor, nem o meu cabelo. Termino a minha pequena batalha, vulgo, banho, e saio do banheiro em direção ao closet encontrando a dama de companhia aqui, com os seus ferros e os seus tecidos a minha espera. Ela morde os lábios me encarando receosa, acho que ela já sabe que eu detesto tudo isso. - Vá, pode me sufocar. - eu falo para ela, desistindo de reclamar, me virando para ela que dá um sorrisinho e começa a minha tortura. O vestido é de cor rosa-claro, pesadíssimo, porém até que bonito. - Eu faço o meu cabelo. - eu lhe digo, e a mesma assente. A minha cabeça está querendo explodir para eu simplesmente deixa-lá puxar o meu cabelo hoje. Eu limito-me em pentear o meu cabelo, faço apenas uma trança embutida, deixando um cachinho e outro solto, só para um charminho a mais e pronto. Ficou bonito, combinou com a configuração do vestido, já que ele tem as mangas dos lados e deixa os ombros descobertos, e o mais importante, não está apertando a minha cabeça. - Podemos ir, senhorita. - a dama de companhia diz para mim, enquanto eu fecho o relógio no meu pulso. - Tudo bem. - eu a respondo e saímos do quarto e vamos em direção à sala de desjejum. - Onde eu tirarei às medidas? - eu a questiono desentendida, eu achei que iria tirar essas medidas antes de vir para cá. - Na cidade, senhorita. - ela me responde enquanto entramos na sala de desjejum que como sempre possui um banquete em cima da mesa, mas nenhum deles está aqui. A Lyra vai gostar disso. - Cidade? Quer dizer que eu vou sair daqui? - eu a questiono e ela assente positivamente, me fazendo sorrir. Isso é bom, não é? Quer dizer, se a cidade for como eu imagino, espero que seja, deve ter ao menos um relojoeiro, aonde eu possa pedir ajuda com o meu relógio, ou ao menos com ferramentas. - É mesmo? - eu a questiono pegando um bolinho na mesa, enquanto a encaro animada e ela assente positivamente. - E com quem eu vou? - eu a questiono curiosa. - Irá comigo. - a voz da Lyra soa, me fazendo levar o meu olhar até ela que entra na sala com o seu enorme e belo vestido bege. O seu olhar encaixa no meu enquanto ela caminha em direção à mesa. A dama de companhia faz uma vénia e só se endireita assim que a Lyra passa por ela. Impressionante. - E, por que com você? - eu a questiono mais curiosa que outra coisa. - Tem medo de alguma coisa, Celleney? - ela questiona-me e eu dou de ombros a encarando enquanto mastigo o bolinho que levei. O que mais pode me dar medo a essa altura do campeonato? Eu literalmente viajei no tempo. - Do que eu teria medo, Lyra? - eu a questiono e a mesma sorri forçadamente me encarando como se fosse óbvio. - Provavelmente, que a sua mentira seja exposta pelos demais assim que a virem. - ela diz e eu reviro os olhos. Não estou com paciência para lidar com ela hoje. - Quem confeciona as roupas? - eu questiono para a dama de companhia que pisca repetitivamente e oscila o seu olhar de mim para a princesa como se estivesse a pensar se podia ou devia me responder. - A modista Marigold Thristledown. - ela fala e humn. - E ela é boa? - eu questiono querendo criar um assunto, assim evito que eu mesma seja o assunto por aqui. Estou cansada de ser destratada e ter que ficar calada. Eu não fico, mas continuo a ser destratada. - Ela é a melhor modista de entre os reinos. - a Lyra fala, e eu a encaro. - Mas é claro que você não sabe disso. - ela diz e eu ignoro o seu último comentário. - Então você vai para a cidade com frequência? - eu a questiono tentando ser amigável e eu vejo ela morder a parte interna da sua bochecha, me observando de uma maneira completamente desnecessária. Ela não gosta mesmo de mim. - Claro que não. - ela responde como se fosse óbvio e eu ignoro-a, pegando mais um bolinho recebendo um olhar de repreensão dela que também ignoro. Por que razão mais ela iria comigo para a cidade tirar medidas, quando ela simplesmente não vai com frequência para a cidade do reino dela? Eu não acredito que eu estou me questionando isso!? Eu realmente vim parar no fim… início do mundo eu quis dizer.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD