Diana dirige em silêncio enquanto eu olho a estrada passar como um borrão pelo vidro.
Algumas vezes ela me olha e pousa sua mão sobre a minha coxa apertando a mesma como um gesto solidário e um sorriso se abre em seu rosto cada vez que eu a olho também.
– Você quer falar sobre o que aconteceu? – ela pergunta apertando o couro do volante.
– Não. Não quero falar.
– Brigou com o namorado?
– Não Diana.
– Me desculpe.
– Não foi nada demais.
Fecho os olhos com força repreendendo meus pensamentos e Diana estaciona o carro em frente a uma casa branca, com revestimento verde–água em algumas partes.
– Chegamos – ela diz destravando as portas com um sorriso no rosto.
Desço do carro e caminho com ela até a porta branca de entrada.
Ela abre a mesma e eu me surpreendo com o que vejo. O all da entrada há uma imensa janela de vidro dando conta da iluminação do local decorado com objetos antigos porém muito bonitos.
A sala é quente, por conta da lareira acesa e eu agradeço por isso, já que estou congelado.
– Brighton é uma cidadezinha demasiada fria, por isso pedi para John uma lareira – comenta Diana tirando a jaqueta – Você está com frio?
– Sim. Mas suportável.
– Vou arrumar uma blusa para você – ela diz mas eu n**o – Vem comigo Clhöe – ela sobe pela escada no canto da sala e eu a acompanho.
Entramos por uma das portas do corredor revelando um quarto de casal. Vejo que tem uma varanda e Diana faz um gesto para mim ir até lá. Me aproximo da porta de vidro e a abro.
Minha boca se abre num perfeito 'o' ao ver o belo jardim em baixo.
– É lindo não é? – ela pergunta admirando a vista também.
– Sim, é muito lindo – digo boquiaberta e um rápido flash passa pela minha mente, me fazendo soltar um soluço baixo.
A primeira vez que a Onomatofobia deu seus sinais de existência em mim, eu estava tão desesperada que destruí aquele chão forrado de Margaridas.
Fecho os olhos fortemente e sinto as lagrimas escorrerem pelo meu rosto.
Agora o monstro está dentro de mim também. Nas minhas mãos, na minha memória, nos palavrões, nos lábios de quem disser. E eu me lembro despedaçando todas as flores ao meu redor, enquanto tentava afastá-las de mim, me sujando por completa, enquanto a terra adentrava embaixo de minhas unhas.
Isso! Essa era a minha única saída. A Terra, eu enterraria tudo aquilo, toda aquela bagunça.
– Clhöe? – Diana toca minha mão me despertando e eu engulo o seco – Você está bem? – assinto afastando meus pensamentos para a parte mais escura de minha mente.
– Foi você quem fez? – pergunto mudando o assunto, ou melhor, continuando o assunto com ela.
– Harry – ela diz e um sorriso nasce em seu rosto – Harry fez junto com Emilly e Niall, eles passavam horas e horas plantando e preparando a terra.
– É perfeito, as flores a decoração os anões, os bancos... É lindo – percebo o quanto estou admirada.
– Emilly escolheu as flores, Niall a decoração e Harry achou que seria legal ter anões, para cuidar do jardim – ela solta um riso e eu vejo algumas lágrimas escorrendo de seu rosto – Harry ficava no jardim de noite e uma vez eu até ouvi ele conversando com os anões – ela comenta.
– Emilly era muito especial para ele. Para vocês – comento.
– É... – ficamos em silêncio por alguns minutos – Bem! Você veio aqui para bater um bom papo, e não para ouvir minhas lamentações. – ela sorri e me puxa para dentro de seu closet.
Depois de alguns minutos insistindo para que eu pegasse uma jaqueta de couro, acabei convencendo Diana, que queria apenas um swetter.
Ela me mostra o restante da casa, e eu imaginava que seria maior, porém é um pouco maior que a minha e com uma bela decoração.
O telefone toca, e ela corre para atender, vendo que se trata de algo íntimo eu me retiro e entro por uma portinha de madeira. Assim que abro a mesma vejo que é a entrada para o jardim mais fantástico que já vi em toda minha vida.
Encosto a portinha, e caminho até um dos três bancos que há ali. Percebo que em cada banco ha um nome gravado com uma frase em baixo:
Emilly:
A coragem começa quando o medo termina.
Niall:
Você só tem uma vida para dar o seu melhor.
Harry:
O seu tormento, é o tormento de alguém.
Sento-me no banco onde está o nome de Harry. Sentindo o vento embater contra meu rosto, fecho os olhos e uma lágrima escorre pelo meu rosto.
Tudo podia ser diferente. Comigo, com Harry, com Emilly, com Diana, com Megan.
Mas parece que o vento acabou soprando contra a gente, parece que ele resolveu ajuntar todos os problemas em um só, e está conectando minha vida com a de Styles.
É como se tudo tivesse mais claro.
Em todo esse tempo, estive a procura de uma Salvação, mas acabei de perceber, que eu sou a Salvação deles todos.
Sei que estarei sacrificando as minhas últimas energias, que isso poderá sugar as únicas energias que eu tenho para resistir a Onomatofobia, mas estou disposta a conhecer o Harry, que construiu este jardim, estou disposta a mais um abraço, estou disposta a salva–lo, a restituir tudo o que ele perdeu. E se eu for a única pessoa que pode fazer isso, então eu vou construir essa ponte de uma vez por todas.