25| Jardim.

958 Words
Diana dirige em silêncio enquanto eu olho a estrada passar como um borrão pelo vidro. Algumas vezes ela me olha e pousa sua mão sobre a minha coxa apertando a mesma como um gesto solidário e um sorriso se abre em seu rosto cada vez que eu a olho também. – Você quer falar sobre o que aconteceu? – ela pergunta apertando o couro do volante. – Não. Não quero falar. – Brigou com o namorado? – Não Diana. – Me desculpe. – Não foi nada demais. Fecho os olhos com força repreendendo meus pensamentos e Diana estaciona o carro em frente a uma casa branca, com revestimento verde–água em algumas partes. – Chegamos – ela diz destravando as portas com um sorriso no rosto. Desço do carro e caminho com ela até a porta branca de entrada. Ela abre a mesma e eu me surpreendo com o que vejo. O all da entrada há uma imensa janela de vidro dando conta da iluminação do local decorado com objetos antigos porém muito bonitos. A sala é quente, por conta da lareira acesa e eu agradeço por isso, já que estou congelado. – Brighton é uma cidadezinha demasiada fria, por isso pedi para John uma lareira – comenta Diana tirando a jaqueta – Você está com frio? – Sim. Mas suportável. – Vou arrumar uma blusa para você – ela diz mas eu n**o – Vem comigo Clhöe – ela sobe pela escada no canto da sala e eu a acompanho. Entramos por uma das portas do corredor revelando um quarto de casal. Vejo que tem uma varanda e Diana faz um gesto para mim ir até lá. Me aproximo da porta de vidro e a abro. Minha boca se abre num perfeito 'o' ao ver o belo jardim em baixo. – É lindo não é? – ela pergunta admirando a vista também. – Sim, é muito lindo – digo boquiaberta e um rápido flash passa pela minha mente, me fazendo soltar um soluço baixo. A primeira vez que a Onomatofobia deu seus sinais de existência em mim, eu estava tão desesperada que destruí aquele chão forrado de Margaridas. Fecho os olhos fortemente e sinto as lagrimas escorrerem pelo meu rosto. Agora o monstro está dentro de mim também. Nas minhas mãos, na minha memória, nos palavrões, nos lábios de quem disser. E eu me lembro despedaçando todas as flores ao meu redor, enquanto tentava afastá-las de mim, me sujando por completa, enquanto a terra adentrava embaixo de minhas unhas. Isso! Essa era a minha única saída. A Terra, eu enterraria tudo aquilo, toda aquela bagunça. – Clhöe? – Diana toca minha mão me despertando e eu engulo o seco – Você está bem? – assinto afastando meus pensamentos para a parte mais escura de minha mente. – Foi você quem fez? – pergunto mudando o assunto, ou melhor, continuando o assunto com ela. – Harry – ela diz e um sorriso nasce em seu rosto – Harry fez junto com Emilly e Niall, eles passavam horas e horas plantando e preparando a terra. – É perfeito, as flores a decoração os anões, os bancos... É lindo – percebo o quanto estou admirada. – Emilly escolheu as flores, Niall a decoração e Harry achou que seria legal ter anões, para cuidar do jardim – ela solta um riso e eu vejo algumas lágrimas escorrendo de seu rosto – Harry ficava no jardim de noite e uma vez eu até ouvi ele conversando com os anões – ela comenta. – Emilly era muito especial para ele. Para vocês – comento. – É... – ficamos em silêncio por alguns minutos – Bem! Você veio aqui para bater um bom papo, e não para ouvir minhas lamentações. – ela sorri e me puxa para dentro de seu closet. Depois de alguns minutos insistindo para que eu pegasse uma jaqueta de couro, acabei convencendo Diana, que queria apenas um swetter. Ela me mostra o restante da casa, e eu imaginava que seria maior, porém é um pouco maior que a minha e com uma bela decoração. O telefone toca, e ela corre para atender, vendo que se trata de algo íntimo eu me retiro e entro por uma portinha de madeira. Assim que abro a mesma vejo que é a entrada para o jardim mais fantástico que já vi em toda minha vida. Encosto a portinha, e caminho até um dos três bancos que há ali. Percebo que em cada banco ha um nome gravado com uma frase em baixo: Emilly: A coragem começa quando o medo termina. Niall: Você só tem uma vida para dar o seu melhor. Harry: O seu tormento, é o tormento de alguém. Sento-me no banco onde está o nome de Harry. Sentindo o vento embater contra meu rosto, fecho os olhos e uma lágrima escorre pelo meu rosto. Tudo podia ser diferente. Comigo, com Harry, com Emilly, com Diana, com Megan. Mas parece que o vento acabou soprando contra a gente, parece que ele resolveu ajuntar todos os problemas em um só, e está conectando minha vida com a de Styles. É como se tudo tivesse mais claro. Em todo esse tempo, estive a procura de uma Salvação, mas acabei de perceber, que eu sou a Salvação deles todos. Sei que estarei sacrificando as minhas últimas energias, que isso poderá sugar as únicas energias que eu tenho para resistir a Onomatofobia, mas estou disposta a conhecer o Harry, que construiu este jardim, estou disposta a mais um abraço, estou disposta a salva–lo, a restituir tudo o que ele perdeu. E se eu for a única pessoa que pode fazer isso, então eu vou construir essa ponte de uma vez por todas.
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