ANALU
Após o ocorrido na hora do almoço, meu digníssimo patrão não deu mais as caras, a não ser faltando uns dez minutos para eu ir embora.
— Nao jantarei em casa. — ele avisa dando as costas e vai embora
Assim que ele sai tomo a liberdade de imitar.
— "Não vou jantar em casa." — faço uma voz diferente
Verinha ri e fala:
— Ah menina, tome juízo!
— Apenas um pouco de humor não faz m*l a ninguém, desde a hora que ele chegou que essa casa parece estar de luto.
Junto minhas coisas para ir embora, dou um beijo no rosto de Verinha, um abraço em Otávio, e jogo beijo para Morgana. Ela ainda está brava comigo por causa do esporro que recebeu, mas logo a faço amolecer novamente.
Antes de cruzar o portão de saída já coloco meu fone no ouvido para satisfazer meu vício de música, pois por culpa do poderoso chefão já estava em abstinência.
Assim que chego na porta da minha casa já sinto cheiro daquela sopinha de legumes que só as avós sabem fazer. E então sinto aquela famosa paz, e satisfação de estae em meu lar.
— Boa noite minha vó! A sua bênção! — falo assim que entro e vejo minha vó na cozinha mexendo nas panelas
Ela se vira, seca suas mãos no avental que está preso sobe uma saia floral que vai até suas canelas finas.
— Deus te abençoe minha neta. Como foi o serviço hoje? — ela fala e logo me dá um beijo na testa
— Vozinha tenho muitos babados para te contar sobre hoje, mas primeiro deixe-me tomar um banho e te conto tudo tomando essa sopinha que está cheirando lá no portão.
Nossa casa é bem simples e humilde, o portão é seguido daqueles muros baixos que até uma criança consegue pular. Do portão até a varanda tem um caminhozinho curto e dos lados é cheio de flores e plantas. Tem comigo ninguém pode, copo de leite, espada de São Jorge e um pezinho de rosa branca também. Já na varanda tem aquele piso vermelho que parece barro, uma parede branca e uma rede pendurada. A casa é pequena composta por dois quartos, um banheiro, a sala e a cozinha. O quintal atrás é cheio de árvores frutíferas, temos: goiabeira, amoreira e um pé de manga espada. Além da uma pequena hortinha da minha vó. Enfim é um lugar que te trás aconchego e paz.
Já de banho tomado e com minha camisola de algodão que vai até o pé, que segundo minha vó é para espantar namorado, me sento ao lado dela que já colocou na mesa nossos pratos de sopa e uns pedacinhos de pão para molharmos enquanto ela esfria um pouco. E só mais um detalhe, minha avó tentou corrigir a minha boca nervosa a vida toda, mas acreditem eu aprendi a ser assim com ela, ela tem setenta e dois anos, mas é de uma saúde e de umas respostas bem pensadas que só Deus na causa.
— Então vamos lá Analu. Quais são aqueles tais de babados que você iria me contar?
— A senhora acredita que estava eu na minha melhor perfomance de cantora de banheiro, quando meu patrão chegou? — falo agora rindo, porque agora tem graça, mas na hora não tinha
— Meu Jesus Cristinho! E ai?
— E ai que o homem ficou uma fera de bravo, e insinuou que eu era muito menina e que não daria conta do serviço.
— Você não respondeu ele, né Aninha?
— Ora, com toda certeza do mundo que sim, mas o pior foi nosso confronto na hora de servir o almoço.
Conto para ela nossa conversa bastante agradável no almoço. Claro que isso foi sarcástico
— Ai meu pai eterno, desse jeito você não irá ficar lá nem mais um mês. — ela fala rindo
Só mais um detalhe, minha vozinha é católica quase uma beata, então a maioria de suas expressões irão sempre ter santos no meio. Minha avó é única.
— Se eu não ficar corro atrás de outro vó.
— Mas me conte, como é o seu patrão? — ela pergunta
E então focalizo meus pensamentos nele hoje quando saiu, vestido com uma calça jeans preta, blusa social de manga preta, enfim todo de preto, a única luz que tem nele são do mel que irradia na cor de seus olhos. Que homem lindo!
— Vó, ele é um homem arrogante, prepotente e um grande babaca. E é só o que tenho para falar.
— Só isso? — ela me encara
— Até o presente momento sim, tivemos pouco tempo hoje. Mas acredito que em breve ele me surpreenderá com muitos outros defeitos. Porque é só isso que aquele homem tem.
Ela me olha e continua a tomar sua sopa, mudo de assunto antes que ela venha com suas pérolas de avó.
Acabamos de jantar, enquanto arrumo a cozinha minha vó foi guardando as louças, sentamos no sofá, assistimos novela e às dez horas da noite já estávamos as duas nos braços de Morfeu dormindo.
[...]
Continua...