Capítulo 3

1215 Words
Pov. Samuel Enquanto o diretor se reunia com sua amante em segredo, fiquei responsável por organizar a papelada e tranquilizar a sua esposa explicando como a sua agenda era cheia de compromissos. Odeio participar dessa historia, mas foi graças a essa situação que consegui me livrar de um encontro particular com o Padre Álvaro e não podia estar mais satisfeito. Meus dias nesse convento estão contados, portanto, não queria se quer imaginar o que esse homem suspeito planejava com aquele sorriso pretensioso. O sol estava se pondo no horizonte quando terminei de preparar os documentos e fazer a gentileza de limpar o seu escritório que, por sinal, estava coberto de poeira e respingos de café, mostrando que o adultério não é a única coisa que o diretor saboreia. Quando sou surpreendido por uma visita inesperada. Se não fosse pelo perfume cítrico denunciando a sua presença, se quer teria percebido como atravessou metade do escritório. - Minha querida, pensei que tivesse sido claro quando disse para não se envolver na administração do evento. O que você esta fazendo sozinha na sala do diretor? - Padre Alvaro?... Eu_ Bem, o diretor me pediu para organizar os documentos enquanto se reunia com suas santidades. Não foi nada muito complicado, mas, como o escritório estava desorganizado acabei me perdendo na limpeza. O homem caminha lentamente na minha direção como uma onça prestes atacar, me senti como um cateto que se perdeu do seu bando e acabou encontrando a morte nas mãos de um predador feroz. - Pensei que tivéssemos um compromisso marcado para essa tarde. - Oh, me desculpe, fiquei tão ocupada que esqueci. Digo com uma voz suave enquanto me distanciava discretamente. - Você não pode resistir ao meu charme por muito tempo. Eu vou ter o que desejo seja por bem ou por m*l. Essas palavras ameaçadoras sussurram no meu ouvido tão suavemente que o meu corpo inteiro treme. Não esperava que ele estivesse tão próximo, muito menos que fosse ousado ao ponto de impor a sua presença. - Errado, não ha nada que você possa fazer sem o meu consentimento. - Na verdade, eu posso fazer o que desejar, com a minha fama e o meu título qualquer incidente seria velado pela igreja. O motivo pelo qual resolvi revelar os meus sentimentos verdadeiros é porque essa não é a minha intenção. - Então, seus planos são ainda piores do que imaginava. Suas mãos pousam na minha cintura unindo nossos corpos persistentemente. - A única coisa que eu mais desejo nesse mundo é possuir o seu coração. Eu estou perdidamente apaixonado, por isso, prefiro conquistar o seu amor ao invés de toma-lo a força. - Não importa quanto você tente ser doce. Os olhos são a porta da alma e graças a isso eu posso ver a verdade. Se continuar me perseguindo, não vou hesitar em contar ao diretor e ao reverendo sobre as suas intenções maliciosas. - Não seja ingênua, querida, eu não sou o primeiro Padre a receber esse tipo de acusação e não serei o último. O homem debocha da noviça irritado com sua perseverança na honestidade de pessoas que se dizem serem santas e fingem sinceridade. - Suas palavras não me intimidam, porque eu sei muito bem que manter segredo é pior que buscar justiça. Mesmo sabendo como o assédio contra mulheres era discriminado, Samuel confiava que seria ouvido pelos superiores. Afinal de contas ele cresceu como um homem determinado e privilegiado financeiramente. A pouca pressão social que caiu sobre os seus ombros não podia ser comparada com a pressão que uma mulher da periferia sofria diariamente. - Você está dizendo que vai me denunciar? Então, eu espero que isso realmente aconteça. Álvaro não demonstra nenhuma preocupação com a ameaça do jovem e como prova ele se aproveita da sua distração para forçar um beijo. Mas, Samuel consegue contornar a situação e se defender o empurrando para longe. Seus olhares se cruzam e Álvaro sente um arrepio percorrer pela sua espinha ao perceber como os olhos da noviça eram desafiadores. "Seus olhos são encantadores como os de um gato selvagem" Pensa o padre. Nesse momento, a expressão no rosto do homem se torna perversa e um sorriso largo se espalha pelos seus lábios, o sentimento de rejeição que tanto atormentava a sua mente se tornou instintivamente tão excitante se tratando do jovem que não conseguia disfarçar. - Porque o senhor esta me olhando dessa forma tão nojenta? - Nojento?... Ah, você tem razão, pensar numa pessoa dessa forma quando ela esta bem na sua frente é algo realmente nojento de se fazer. Eu deveria te contar no que estava pensando? O comportamento do homem assusta a noviça rebelde. Mas, antes que ela pudesse se afastar sua mão se estende e agarra o seu braço com firmeza. Não existem limites para sua destreza quando deseja alcançar aquilo que anseia. E seu desejo pela noviça está a um passo de se tornar uma obsessão. O jovem ameaça tentando dizer como faria um escândalo, mas sua voz é rapidamente calada por um beijo. Sua verdadeira natureza estava prestes a ser revelada e a única forma existente de acabar com isso seria confessando. - Espera, tenho uma coisa muito importante para falar_ Antes que pudesse protestar, as mãos do homem deslizam pelas suas costas abrindo o zíper do vestido. Os vestidos do convento eram ajustados de acordo o corpo da aluna para dificultar sua retirada de forma proposital, evitando assim a violação de uma das regras mais importantes. Afinal, estávamos sendo treinadas para sermos esposas de Deus e como uma esposa fiel nosso corpo pertence ao marido. Como um dos padres do convento, ele estava ciente de como era importante manter essa regra e mesmo sabendo não pensou duas vezes antes de abrir o zíper e rasgar as costuras. Samuel não podia permitir que ninguém descobrisse o seu gênero, mesmo que fosse para salvar a própria pele. - Padre, eu estou apaixonada. - Então você está apaixonada por mim? É isso que você quer dizer? - Não, eu amo uma pessoa, portanto, não posso me apaixonar por você. - Então você ama alguém, é isso? E quem seria essa pessoa? - Eu não posso dizer quem é esse homem, mas espero que respeite os meus sentimentos. - Respeitar os seus sentimentos... Você sabe que eu não consigo controlar o meu desejo por você, certo? Álvaro parece estar sendo desafiado e sorri empolgado. Deslizando suas mãos pelas costas da jovem com um tom de deboche no olhar, ele revela ser mais ciumento do que imagina. - Você está brincando comigo? - Não, eu estou dizendo a verdade. - Então, você não quer estar comigo, é isso? - Exatamente, então você finalmente entendeu? - Você é tão fofa quando está com medo... Eu vou te fazer muito feliz. - Eu não estou com medo! Fique longe! - Você não está? Então, porque se escondeu nesse escritório ao invés de me encarar de frente? Álvaro agarra seus cabelos pela nuca derrubando a túnica que cobria a sua cabeça. Seus cabelos cacheados caem sobre os ombros naturalmente ressaltando sua beleza e seus olhos amendoados. Encantado pelo seu charme seu peito é incendiado por ciúmes e inseguranças. Um desejo de dominância percorre por todo o seu corpo, instigando pensamentos sombrios e maliciosos.
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