Pov. Narrador
Para evitar mais agressões, o Padre acompanhou a noviça até um lugar seguro, mas ao invés de acalmar os seus nervos. Ele se aproveita do seu momento a sós para pressiona-la, afinal precisava saber a verdade sobre sua gravidez o quanto antes.
- Porque continua agindo como se nada tivesse acontecido?
- Ao que esta se referindo exatamente?
- Nosso momento sozinhos na capela foi tao especial... Nao se lembra?
- Nao, foi perturbador... No minimo...
- Errado, foi muito especial... Naquele dia você me enfrentou e se defendeu pela primeira vez. Quer saber porque eu me apaixonei por você?
- Padre Alvaro, por favor_
- Diferente das outras noviças, você realmente se dedica aos principios. Sua graciosidade me encantou, mas a sua personalidade foi o que realmente tomou conta do meu coração. Eu me lembro, como se fosse ontem de como enfrentou aquele morador de rua na sua primeira comunhão. Demonstrando respeito e empatia.
- Você se lembra daquilo?
- Eu jamais poderia esquecer, afinal, foi a partir daquele dia que passei a notar sua presença.
Quando o jovem se vira para encarar o homem, seus corpos estavam a um passo de se esbarrarem. O perfume citrico que emanava do seu peito, invade o seu nariz atordoando os seus sentidos. Segurando o seu queixo com firmeza, seus olhos se cruzam e antes que pudesse se recuperar seus lábios se tocam suavemente. A inocência da noviça e tão tentadora que Álvaro não consegue resistir e aprofunda o contato usando a lingua para invadir a sua boca.
Samuel desperta da paralisia momentânea e vira o rosto rapidamente, mas o homem não esta disposto a desistir com tanta facilidade.
- Suellen, deveria pensar no seu bebê
- Eu não estou gravida_
- Mentira, porque continua tentando distorcer os fatos?
- Agora, eu preciso provar para você o que estou dizendo?
- Eu só vou acreditar quando me provar que estou errado... Inclusive, essa manha eu fui a farmacia_
- Não, perdeu o juízo?
- Qual o problema? Se não estiver gravida, não tem porque se preocupar.
- Mas, eu não te devo explicações de nada, não temos uma relação ou qualquer coisa do tipo_
- Se não me provar, vou assumir na frente de todos que sou o pai dessa criança!
- Para fazer isso precisa ter coragem e você e um covarde!
Em um surto de raiva o homem agarra a mulher pela nuca e beija os seus lábios a força. O ambiente se torna mais tenso quando, olhando por cima do ombro de seu abusador, encontra uma das crianças do coral parada no canto da porta. Mariana, uma garotinha tímida de cabelos cacheados e olhos claros, encarava os dois pela fresta, obviamente confusa com a situação inesperada. Demonstrando palidez em seu adorável rosto angelical. Preocupado com a sua segurança, o rapaz agarra os cabelos do homem e morde os seus lábios, mostrando que não vai ceder tão facilmente aos seus métodos de submissão.
- Oh, você está amando isso, não está? Você está quase implorando para ir mais fundo. Admita! Vamos, diga com esses lindos lábios carnudos que você gosta de ser pressionada.
Samuel chuta a canela do padre e corre em direção as portas. Levando a garotinha consigo, antes que Álvaro desse conta da sua presença.
- Eu vou te ensinar uma lição e fazer com que nunca mais seja capaz de me rejeitar!
Exclama furioso, mancando em direção a noviça rebelde. Rangendo os dentes de raiva ao assistir como rapidamente se distanciava do seu alcance, fugindo dos seus braços novamente.
Sua mente se torna turva, então o homem desconta sua raiva na primeira coisa que vê pela frente. Álvaro chuta os vasos de flores, decorados pelas crianças do coral, e esmaga os botões com os próprios pés. Revelando sua verdadeira natureza ao amaldiçoar com fervor a criança no seu ventre.
- Se esse tumor realmente estiver-te consumindo por dentro, vou fazer o que for preciso para me livrar dele. Jamais vou permitir que o seu ventre seja ocupado por uma criança bastarda!... Eu vou matar esse feto parasita, antes que faça parte das nossas vidas!
Ao se ver encurralado, Samuel não vê outra alternativa, se não fugir do convento. O Padre não parecia disposto a desistir e suas investidas ousadas estão perdendo cada vez mais a noção do ridículo, não que tivesse muita. Mas, a descrição que tanto preservava esta sendo quebrada a cada encontro particular, graças a imaturidade de seus sentimentos carnais.
Sufocado pela pressão psicológica de manter a reputação da sua irmã e guardar segredos. Samuel, optou por uma manobra arriscada. No escritório do diretor, havia um celular reserva utilizado pelo mesmo para enviar mensagens a sua amante, ao se ver lesionado pelo incidente com sua esposa, o rapaz entregou o celular nas mãos da mulher antes que o diretor pudesse inventar qualquer outra desculpa.
- Chega de mentiras! Você quer uma prova de que não sou a amante do seu marido?! Basta ver com os seus próprios olhos as mensagens nesse celular!
- O que?! Do que está falando sua biscate!?
- Esse celular estava no escritório do seu marido, se realmente deseja saber a verdade, pede para ele desbloquear usando a digital!
A noviça entrega o objeto nas mãos da esposa, mostrando coragem e determinação nas suas palavras.
- Isso é alguma brincadeira?!
Exclama a mulher com um olhar fulminante, crente que as palavras de seu marido alguns momentos atrás eram sinceras. A verdade se torna clara quando seu rosto muda de aspecto diante daquele aparelho.
- Eu não vou ser acusada de algo que não fiz, sou uma mulher digna! Mesmo que não seja digno esconder a traição do seu marido, como cúmplice, não vou compactuar ao ponto de sofrer difamação no lugar da sua amante!
- Eu sabia que você estava envolvida sua p*****a!
A mulher levanta sua mão, mas a noviça segura seu pulso com firmeza antes que fosse atingida.
- Desconta a sua raiva no seu marido! Não pense que só porque não revidei, agora, vou ser o seu saco de pancadas!
As irmãs do convento agarram a jovem pelos pulsos e separam as duas tentando controlar o tumulto.
As crianças do coral aparecem com o final das aulas de matemática e observam a briga de longe se sentindo apreensivas com a situação.
- Porque você fez uma coisa dessas? O diretor tinha conseguido acalmar a esposa, você não tem noção?
- Suellen, você não deveria ter feito uma coisa dessas! Olha o estado dela, você não tem empatia?
- Agora, a culpa é minha que o marido dela é cafajeste?!
"Sinceramente, eu não sabia nada sobre o conteúdo no celular... Foi muito imprudente da minha parte agir dessa forma suja e percebi o erro cometido, logo que presenciei o desespero empregado em seus olhos. Nenhuma mulher merecia passar por esse tipo de situação, mas quando o arrependimento tocou na minha consciência já era tarde demais." Pensa a jovem noviça se arrependendo de suas atitudes instantâneamente.
O diretor se quer teve a oportunidade de desbloquear o aparelho. Bastou uma fração de segundos, um singelo trocar de olhares para a verdade ser revelada e o caos se instaurar no pátio do convento. Depois de anos de casados, sua esposa não precisava que qualquer som saísse da sua boca para descobrir o que estava pensando.
- Então é verdade!? Quem é a p**a que você pegou dessa vez!?
Cega de raiva a mulher vai para cima do homem e ninguém, nem mesmo deus seria capaz de impedir a fúria daquela mulher. Ele podia ser homem, mas a força daquela mulher era tão grande quanto o peso que carregava em seus ombros e estômago.
- Eu carreguei três filhos seus e você ainda tem coragem de me trair!? Seu cafajeste! Você vai pagar por essa humilhação!
O homem correu, mas a fúria da mulher o alcançou e o arremessou pelos ares. Foi assustador e ao mesmo tempo incrível a força em seus braços, afinal o diretor carregava tanto peso em seu corpo quanto a mesma.