Pov. Samuel
Quando éramos crianças, os nossos pais morreram precocemente num desastre natural e acabamos ficando órfãos. Passamos pela casa de vários parentes, antes de sermos acolhidos pelos nossos avós que viviam uma vida culta e repleta de abundância em Santa Catarina, Florianópolis. Era a primeira vez que conhecíamos os nossos avós e diferente da maioria das pessoas, passava longe de ser uma ocasião feliz.
Pensávamos que estávamos sozinhos com a morte dos nossos pais, já que o nosso pai nunca falou a respeito deles. Por tanto, quando descobrimos a verdade, não sabiamos que tipo de pessoas estavamos prestes a lidar. Acontece que, o meu avô era um homem rígido e dedicado ao catolicismo, que não admitia de forma alguma demonstrações de afeto entre nos dois, mesmo sendo irmãos e, odiava o fato de sermos gêmeos. A nossa avó era diferente, mas extremamente submissa ao nosso avô, então jamais batia de frente nas suas loucuras. Num surto de raiva, o homem forçou a minha irmã a usar um véu na cabeça, como se fosse muçulmana, para que nenhum dos seus amigos notassem a sua beleza e passassem a tarde comentando sobre sua existência. O homem agia como se tivesse ganhado um único neto. Eu nunca soube o que se passava exatamente pela cabeça do meu avô quando era jovem, mas, eu odiava receber esse tipo de favoritismo. Tentei de tudo para rebater as suas decisões, mas, a minha irmã continuava agindo com doçura e obedecendo às ordens do nosso avô. Mesmo que, não importasse o quanto se dedicasse para agradar-lo.
- Samuel, eu estou grávida... Eu cometi um erro.
- Suellen, o que aconteceu?...
Eu me lembro como se fosse ontem de como a minha irmã apareceu na minha porta. No meio de uma tempestade com as roupas manchadas de bolo, e pele azul, gelada como um defunto. Seus lábios tremiam de nervoso, enquanto, lágrimas escorriam pelo seu rosto, vermelho como cereja. Tão abalada e inconsolável quanto no dia do velório de nossos pais.
Parecia perturbada como se o castelo de areia que construiu tivesse desmoronado diante dos seus olhos. Eu senti as minhas aveias se contorcerem, como uma mãe que vê seu filho no leito de morte. Abraçando o seu corpo gélido, consolei a sua angústia durante horas, mas, não parecia ser o suficiente. Não era do seu irmão que ela precisava. E sim, o homem que a tornou mulher. O homem que destruiu o seu coração em pedaços, acabando com a sua dignidade e descartando o seu amor, como se descarta uma embalagem avulsa.
- Suellen, você realmente não tem nada com o diretor?
- Você realmente pensa que sou esse tipo de pessoa?
- Você está grávida e não parece disposta a me revelar quem é o pai_
- Eu não estou grávida! Aqueles exames não são meus_
- Seja honesta comigo! Como vou confiar em você se não me conta os seus segredos?
- Padre Álvaro, essa conversa está indo longe demais.
- Eu assumi os meus sentimentos, você não pode negar sobre a minha sinceridade. Mas, quanto a sua honestidade? Eu sei que existe alguma coisa acontecendo_
- Não se intrometa na minha vida, acha mesmo que sou tão inocente?! Também sei que guarda segredos_
- Você prefere que diga? Deseja que eu realmente diga a verdade? Eu não tenho medo de revelar... O meu desejo.
Suas mãos tocam a minha cintura com urgência, parecia desesperado ao ponto de ser ameaçador.
- Por favor, saia! Eu preciso me trocar...
- Se você não me disser vou começar a tirar conclusões precipitadas... Eu me pergunto, porque você está defendendo o diretor?
- Nós temos um acordo, eu guardo seu segredo em troca de ligar para o meu irmão.
- Segredo? Que tipo de segredo? Está se referindo a sua amante? Essa mulher não é a única com quem traí a esposa, minha querida.
- Eu não estou falando de qualquer pessoa... Não sou burra, eu sei que a sua esposa perdoaria facilmente se fosse outra mulher sem importância.
O Padre se afasta ligeiramente percebendo a maldade em meu olhar. Sua expressão surpresa é o suficiente para que pudesse desvendar os seus pensamentos.
- Você pensou que seria fácil me manipular? Eu não sou uma garota ingênua.
Aproveitando essa brecha, a noviça consegue se libertar dos seus braços e correr para se trocar no banheiro. Após uma discussão acalorada, o Padre levou a jovem para a capela, onde não pudesse ser perturbada pela esposa do diretor. E quando menos esperava, eles acabaram sozinhos.
- Onde estão as irmãs? Preciso conversar sobre o que aconteceu.
- Devem estar tentando acalmar a mulher, afinal mesmo que seja mentira. O que disse sobre ficar até tarde no escritório dele é uma verdade difícil de justificar.
- A minha palavra não importa? Eu sou uma noviça_
- Sim, mas, também é uma mulher solteira, uma jovem linda que deixa os homens de pernas bambas.
Álvaro se aproxima da porta para espiar o seu corpo, quando a jovem saí do vestiário, exibindo toda a beleza de uma mulher devota ao catolicismo.
- Elas esqueceram do véu.
- Não precisa usar o véu, você fica linda de cabelo solto.
Seus olhos eram intensos e possessivos, admirando a sua aparência dos pés a cabeça. Como se fosse uma bela obra de arte a ser contemplada, o jovem odeia ser observado dessa forma e finge não perceber as suas intenções maliciosas.
- O uniforme de uma noviça deve ser respeitado.
- Tem razão, minha querida e... Você fica linda usando o uniforme, fico me perguntando o tempo todo como deve ser o seu corpo desnudo.
- Padre Alvaro! Eu exijo respeito_
- Deseja que eu seja mais respeitoso do que isso? Me desculpe, querida, mas não consigo me controlar tanto.
A jovem caminha pelos altares com uma expressão cansada, deixando o homem preocupado. Álvaro se divertia muito com suas p************s e adorava as expressões distorcidas que fazia quando estava brava, como a forma que torcia o nariz e mordia os lábios.