Capítulo 2

1908 Words
Leonardo Depois da noite que tive, fui embora na madrugada e acordei pela manhã me sentindo levemente relaxado e pronto para mais um dia de trabalho. Cheguei em casa sozinho e como sempre, Filippo não tem hora alguma para chegar e muito menos o hábito de informar alguma coisa, mas, assim que levantei e fui a janela, o vi chegar antes do sol raiar. Pelo jeito a noite dele foi muito mais elevada que a minha. Sem demora, fui até o banheiro e eu tomei um banho bem quente, escovei os dentes e me vesti para tomar o meu café como de costume. Assim que cheguei na sala de jantar o meu pai já estava na mesa, mas não vi a minha mãe e acho que ela ainda deve estar dormindo, o que me faz pensar em como ela deve ter passado a noite. Aquela tinha sido a primeira vez que algo do tipo tinha acontecido e também foi a primeira vez que vi o meu pai tão surtado* Novamente eu tenho a plena certeza de que ele é capaz de tudo por ela. — Bom dia, pai! — O cumprimento o vendo tomar o seu café. — Bom dia..., a noite foi boa? — Me sento ao seu lado já pegando uma xícara para pôr o meu café. — Normal..., mas acho que a de Filippo foi melhor. — Sustendo um pequeno riso ao pensar nisso. — Não duvido..., o que vai fazer hoje? — Ele pergunta como sempre faz. — Danilo disse que ia precisar de mim para conferir uma carga grande que chegou ontem no início da noite, mas ele não me deu detalhes. — Respondo pensando que deve ser algo bem grande. — Hum, deve ser as drogas* que vieram do México..., Paolo falou que adquiriu uma quantidade grande e de primeira qualidade. — Ele supõe me fazendo pensar. — Pode ser, vou já saber. — Retiro o celular do bolso, mas não vejo nada dele ainda. — Danilo passou de você..., quando vai ter interesse em casar e ter filhos? — Quase cuspo o café fora e me engasgo. — Quê? — Pergunto em meio as tosses ele se mantém tranquilo. — Você já é um homem, Leonardo! Só tenha em mente que se casar é ótimo e quando percebi isso, vi que essa farra não vale nada. — Ele fala seriamente e sei o quanto ele é louco pela minha mãe. — Ainda sou novo e não penso nisso tão cedo..., o senhor já tem uma filha casada. — Falo achando um absurdo. — Mas os meus filhos homens não são e Danilo também se casou cedo e está feliz..., quero ter a casa só para mim e a Luana. — Não acredito que estou sendo expulso. — Ótima maneira de me expulsar. — Pego um biscoito e começando a comer. — Só pense no assunto! — Não falo mais nada, pois quero esquecer esse assunto. Volto a comer tranquilamente pensando nisso que ele falou. Não estou falando do casamento em si, mas, em relação a ter um lugar só meu e já tenho pensado nisso há um tempo. A nossa tradição italiana é sair de casa depois que se casar, mas, não sei se vou esperar isso. Vai demorar muito e já tenho condições de me manter sozinho. Estava pensando no assunto e para a minha surpresa, Filippo chega na sala de jantar com outra roupa, cabelos molhados e uma cara até que normal para quem não dormiu nada. — Bom dia! — Ele diz puxando a cadeira, se acomodando do outro lado do meu pai. — Bom dia! — Respondemos juntos e ele começa a se servir. — O senhor vai trabalhar hoje? — Pergunto ao meu pai que n**a* na mesma hora. — Não! Eu vou ficar com a sua mãe e estou me dando uma folga. — Ele diz se mostrando satisfeito. — Tio Paolo já sabe? — Filippo pergunta antes de mim sabendo onde isso vai dar. — Vai descobrir sozinho quando tentar me ligar e cair diretamente na caixa postal. — Não consigo evitar um riso. Quero ver só os xingamentos* depois. Depois do café da manhã, sai de casa indo ao endereço que Danilo pediu para nos encontrarmos. É um galpão diferenciado e é como o meu pai disso, é uma carga de drogas* e pelo jeito, é das grandes já que o local é isolado e pela descrição também é subterrâneo onde nunca fui. Estaciono o carro e saio já dando de cara com alguns homens que não demoram a abrir a passagem, então, desço as escadas indo até uma porta que logo é aberta. Passo por um corredor bem estreito e na outra porta, entro para um salão com mesas, homens e caixas para todos os lados onde vejo o tamanho do trabalho que isso vai dar. — Está atrasado! Era para estar aqui a uma hora atrás. — Danilo já resmunga de cara feia. — Depois que se casou virou um insuportável! — Falo tirando o meu blazer e o colocando numa cadeira. — Você me ama... — Ele diz vindo até mim, passando o seu braço pelo meu ombro e continua. — E eu deixei a minha mulher e meu filho em casa para cuidar disso aqui, mas preciso de ajuda. — Do que precisa? — Falo dobrando as mangas da blusa. — Conferir, separar e despachar..., precisamos fazer boa parte até a noite já que o baile dourado é hoje, então, essa quantidade será levada. — Ele explica e acho impossível fazer tanto em tão pouco tempo. — Tinha esquecido. — Realmente, esses eventos sempre se perdem na minha cabeça. — Agora já lembrou..., anda, começa por aqui. — Danilo fala já indo para a outra mesa. Danilo é meu primo, mas o considero como irmão. Temos um vínculo forte, trabalhamos sempre juntos, temos os mesmos pensamentos, mas, quando eu vi a sua obsessão por Irina, percebi que ele realmente decidiu amadurecer e mudar de vida. Éramos amigos de farra também, Danilo sempre gostou de uma loucura, de muita bebida, sexo* e passar a noite aproveitando tudo o que tinha direito e eu não era diferente dele, mas, depois que ele se casou, tenho repensado sobre algumas coisas, pois já o vi de todas as formas, mas agora, o vejo mais feliz e completo. É agora que a frase do meu pai vem na cabeça: “só tenha em mente que se casar é ótimo.” Não me vejo casando ainda, até porque sou novo e quero fazer muita coisa, mas, tenho me controlado mais se comparado a um tempo. Eu não pensava, apenas fazia o que tinha vontade e aproveitava, mas hoje, sem motivos eu apenas repenso sobre tudo e aos poucos as coisas estão meio que sem sentido algum. Já ouvi falar da crise de meia-idade, mas, na minha idade é novo. Começo a trabalhar com Danilo ouvindo-o falar sem parar e a maior parte do assunto é o seu filho, Breno. Danilo se tornou um pai babão, virou uma c****a perante a Irina e é engraçado, mas confesso que me pergunto se casamento é isso. Outro que é até um pouco parecido comigo é Filippo em relação a não querer se casar. Na verdade, eu me pergunto como ele vai fazer quando chegar a sua hora, já que ele tem outros gostos. Não sei quem ele puxou ou quem o estimulou a isso. As horas vão se passando e quando chega a hora de almoçar, Danilo pede comida e fazemos uma pausa. Depois de comer, voltamos ao trabalho e conosco tem cerca de cem homens trabalhando, conferindo tudo e separando para entrega, e quando a noite está chegando, encerramos com mais da metade feita. — Viu só, moleza! — Danilo fala retirando as luvas e a máscara. — É, mas eu preciso de um banho. — Falo fazendo o mesmo e estalando o pescoço. — Eu preciso ser esterilizado..., nem morto* eu chego em casa assim. — Confesso que concordo com ele. Foi o dia inteiro só nisso. — Cuide do seu filho, afinal, em alguns anos ele estará aqui. — Comento já ficando de pé como ele. — Cuido mais dele do que de mim. — Ele diz já se distanciando, mas continua. — Não se atrase! — Vou pensar! — Dou de ombros já querendo um banho. Por não conhecer bem esse lugar, um dos homens me diz onde tem outro banheiro e por sorte, tem alguns ternos disponíveis para ocasiões como essa. Decido me livrar de qualquer resquício e já descarto a minha roupa para ser queimada, e já começo o meu banho. [...] Já é noite e estou praticamente pronto, colocando apenas o meu sapato. Caminho até o espelho novamente e ao ver que não falta nada, saio do quarto dando de cara com a minha mãe toda produzia e com o semblante bem melhor que antes. — Está lindo..., está a cara do seu pai. — Ela diz com um sorriso arrumando o meu blazer. — Ele já está meio velho, não acha? — Brinco com ela sabendo que ela não gosta. — Olha como fala, o seu pai é lindo e continua desde que o conheci. — Ela diz em advertência e sorrio na mesma hora. — Você tem o sorriso dele todo e claro, o porte físico também. — O que o amor não faz, não é... — Retruco brincando com ela. — Vai saber disso quando se apaixonar e quero muito ver isso acontecer. — n**o* com a cabeça não querendo entrar nesse assunto. Desço as escadas com ela e na sala o meu pai já a espera. Ela vai diretamente para ele que a recebe com um beijo e eu apenas caminho até a porta os deixando a sós, então, dou de cara com Filippo escorado no carro querendo acender um cigarro, mas na mesma hora eu tomo dele o jogando fora. — i****a*! — Ele resmunga e fico ao seu lado. — Sabe que ela não gosta. — Respondo o que ele já sabe. — Eles vão demorar! — Ele insiste e mesmo assim o impeço. — Que seja, mas ela não gosta. — Respondo por fim com ele bufando. Em seguida, os nossos pais saem de casa vindo para o carro e Filippo toma a direção, eu me sento ao seu lado na frente e eles no banco de trás. O evento fica cerca de vinte minutos de distância e ao chegar, ele estaciona e saímos do carro para entrar. O evento dourado acontece todos os anos e é onde mostramos os negócios lícitos da família. Não temos apenas negócios negros*, eles podem ser os de mais resultados, mas estamos presentes em todos os tipos de negócios, tanto dentro como fora da Itália. — Parece que Paolo ainda não chegou..., i*****l*! — O meu pai diz negando* com a cabeça. — Amor, por favor! Já ele chega... — Minha mãe o defende e olhamos ao redor. — Viu só, lá está ele. — Ela fala inclinando a cabeça para o lado onde o vimos conversar com um casal e ao lado está a Tia, Lina. Não vejo Danilo ainda pelo salão e como sempre, Filippo já sumiu da minha vista, mas ao entrar e olhar bem o local, os meus olhos se caem sobre uma bela vista onde não consigo desviar. Realmente, é uma Bella vista.
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