Sangue & Mercúrio

VI Capitulo - Side

Cassidy ia descendo as escadas estando todo concentrado a abotoar a manga da sua camisa.

- Alo?

Cassidy ficou surpreso ao ouvir uma voz masculina familiar.

Ele ergueu a cabeça e viu um homem parado de costas em frente a mesinha de centro, da sala de estar e parecia estar a falar ao telemóvel.

O homem era alto, branco de pele bronzeada, loiro de cabelos curtos até as orelhas, usava um jacketa de couro preta, um par de calcas jeans que lhe acentuavam bem as suas pernas de atleta e um par de botas Dr Martens de cor preta.

- Smith? – Cassidy estava deveras surpreso.

O homem virou-se, cruzando os seus olhos aos de Cassidy, revelando um par de olhos azuis-claros lindos e claro a sua face extremamente linda. Também, tinha uma pequena argola de prata na narina esquerda e um pequeno brinco na orelha do mesmo lado e, trazia um cigarro na mão direita. Ele como qualquer outro gângster tinha tatuanges, mas ele em particular tinha uma tatuagem em cada dedo das suas mãos.

Ele clicou algures no telemóvel e pousou o dispositivo sobre a mesinha de centro.

- O que fazes com o meu telemóvel? – perguntou Cassidy, todo confuso ainda descendo as escadas.

- Teu… - Mattew olhou para o telemóvel sobre a mesinha de centro. – Sinceramente… achei que o telemóvel fosse meu… - disse ele, num tom de ironia, ainda olhando para o dispositivo.

- Humph! Como podes confundir o meu telemóvel com o teu?

Mattew olhou-lhe, levando o cigarro a boca.

Ele expirou o fumo pela boca: - Para o teu conhecimento… eu tenho um telefone igualzinho a esse… Mas a sua irmã decidiu confiscar-lhe… então pensei que por algum descuido ela tinha deixado aqui… - Ele mantinha a cabeça erguida e olhava Cassidy nos olhos, como se estivesse a confrontar-lhe.

Cassidy não falou nada, aproximou-se a mesinha de centro e pegou no telemóvel.

- Já agora… - Cassidy ergueu-se.

- O quê? – Matthew perguntou, estando todo indiferente levando o cigarro a boca.

- Jeanette disse-me que não tens vindo para cá há uma semana.

Matthew expirou o fumo pela boca: - Aí disse? – perguntou ele, estando ele todo indiferente.

- Voce ainda está com aquela policial?

Mattew franziu o sobrolho, mostrando um semblante de enojado.

- De que você esta a falar? – perguntou ele.

- Tu sabes muito bem o que perguntei…

- Eu não te devo satisfações… - disse Matthew, tentando se virar.

De repente Cassidy o segurou pela gola da sua jacketa.

- Olha aqui Matthew… não coloques no lixo o esforço que fizemos para livrar a tua amiguinha daquela situação…

- Me solta! – disse Matthew, se soltando de Cassidy.

- Até onde sei nós fizemos um acordo… - Matthew apontava-lhe o dedo indicador. – Não foi nada por livre espontânea vontade.

- E estas a pautar pela tua parte?

- Tenho cuidado perfeitamente dos teus negócios… há dúvidas?

- Sabes… - Cassidy fez uma pausa.

Rapidamente olhou para atras e ao redor, como se estivesse a confirmar que ninguém estivesse a ouvir a sua conversa.

Ele voltou a olhar para Matthew: - Sabes muito bem do que falo…

Matthew fez uma cara de desdém.

- Falo de você e a Jeanette…

- Ah… - Matthew rolou os olhos enquanto desviava o olhar. – Esse assunto não é do teu interesse…

- TU--- – Cassidy voltou a lhe pegar pela gola da jacketa.

- Que barulho vem a ser esse? – a voz de Jeanette foi ouvida vindo em direçao das escadas.

Cassidy virou-se e Matthew olhou para atras do outro, vendo Jeanette descendo as escadas.

Ela como na noite anterior vestia robe sobre um vestido de dormir e um par de pantufas.

Os olhos de Matthew cruzaram aos de Jeanette.

De repente os olhos de Jeanette ficaram esbugalhados e brilharam demais.

- Matthew… - ela ia descendo as escadas a todo o vapor.

- Jean… - disse Matthew, ainda sendo golado por Cassidy.

- Cassy… podes soltar ele por favor? – perguntou Jeanette, aproximando-se deles.

Cassidy olhou para Matthew e ele para ele, como se estivessem a confrontar-se.

- Tsk… - Cassidy soltou Matthew.

- Matthew! – Jeanette abraçou-lhe forte.

Matthew ficou ali parado e não retribuiu o abraço. Momentaneamente ele cruzou os olhos com Cassidy e este ameaçou-lhes com os olhos.

Matthew rolou os olhos e abraçou Jeanette.

- Como estas? – perguntou Matthew, já se afastando dela.

- Bem… agora que voltaste para casa – Ela olhava-lhe nos olhos.

Matthew levou a sua mao a face de Jeanette e começou a acariciar-lhe, mantendo contacto visual com ela.

- Vou deixar-vos a sós… - disse Cassidy, indo embora.

- Onde tens estado? Por que você fica tanto tempo longe de casa? – Alexandria o olhava nos olhos, quase chorando.

Matthew pegou-lhe suavemente pela nuca e colocou a cabeça dela contra o seu peito.

- Tenho trabalhado demais…

- Percebo…

Ambos ficaram naquela posição por alguns instantes.

- Quer comer algo? – perguntou Jeanette, quebrando o gelo.

- Hmmm… Sim… Estou com fome…

Jeanette afastou-se dele e olhou-lhe nos olhos, mostrando um semblante de felicidade.

- Vá tomar um banho… eu vou preparar-te o pequeno-almoço…

Matthew abriu um sorriso, quase forçado.

- Até já… - disse Jeanette, indo em direçao a uma porta.

Mattew assentiu e foi acompanhando os passos de Jeanette.

Jeanette atravessou a porta e deu de cara com Cassidy, o qual estava encostado a parede levando uma chávena de café a boca.

Os seus olhos cruzaram-se e Cassidy franziu o sobrolho, mostrando se surpreso.

Jeanette foi em direcao a geleira.

Cassidy baixou a chávena: - O que fazes aqui? Onde está o Matthew? – perguntou ele, olhando para Jeanette.

- Vim preparar o pequeno-almoço para mim e ele… - Jeanette olhava para o interior da geleira, enquanto segurava a porta.

- Humph! – Cassidy abanou a cabeça negativamente.

- O quê? – perguntou Jeanette, sem muito interesse enquanto tirava alguns legumes da geleira.

- Nada não…

- Ah… sei… - Jeanette fez uma pausa. – Esse barulho… - Ela ficou toda concentrada.

- De?

- Motor…

- Parece ser uma moto…

- Matthew…

De repente Jeanette saiu a correr dali e foi em direção a sala de estar, mas Matthew não estava ali. Ela olhou ao redor em pânico e viu a porta semi aberta.

- Não… - Ela entrou em pânico. Ela prosseguiu em direção a porta principal a todo vapor. – Não… não… ele não pode estar a fazer isso…

Finalmente ela alcançou a porta e abriu-la. Ao abrir a porta ela viu Matthew sobre a mota, já de capacete.

- Matthew… - Jeannete chamou-lhe, estando ela ainda parada ao pé da porta.

Matthew olhou-lhe, os seus olhos cruzaram-se e ela olhava-lhe como quem estivesse a suplicar para que não fizesse aquilo.

Matthew desviou o olhar e seguiu viagem.

- Matthew… - Jeannete via Matthew desaparecer.

De repente ela caiu de joelhos, curvou-se contra o chão e começou a chorar.

Ela chorava e chorava como se não houvesse amanhã.

De repente mãos foram pousadas sobre os seus ombros.

- Levanta-te! – ordenou Cassidy, de forma suave, tentando a levantar.

Jeanette chorava enquanto ia levantando-se com a ajuda do seu irmão.

- Por que ele voltou se não ia ficar? Por quê? – perguntou ela, no meio dos choros enquanto se levantava.

Cassidy não falou nada, virou a irmã e colocou a face dela contra o seu peito.

Jeanette continuava a chorar contra o peito de Cassidy e ele acariciava-lhe a face, tentando confortar-lhe.

- Vamos para dentro – disse Cassidy, puxando-lhe para dentro de casa.

Ambos entraram e fecharam a porta.