Ele nunca se preocupou em cuidar de mim de verdade, sempre achava que o seu dinheiro compraria tudo. Ele só se preocupava em cuidar das minhas babás, imagine o trauma que carregava em o ver com as minhas babás na minha cama.
O fato de ele ter só tido Patrícia e eu como suas únicas filhas, era porque um ano após do nosso nascimento, ele contraiu caxumba de uma de suas amantes e a caxumba desceu para o saco deixando-o estéreo. Ele quase perdeu as bolas, mas felizmente, se curou e agora dormia toda mulher que queria abrir as pernas para ele.
Não culpava as mulheres, meu pai era um homem lindo e atraente. Com seus quarenta e dois anos de idade, cabelos lisos e castanhos, olhos azuis, corpo definido por causa de academia. Gostava de se cuidar para chamar a atenção da mulherada, principalmente, para fechar negócios e abrir outros, se é que você me entende.
— Eu e a Sara precisamos planejar uma estratégia para descobrir quem está por traz dos desfalques da empresa e impedir que o Francisco desfaça a sociedade. São milhares de empregados que serão demitidos, se não tomarmos uma atitude.
Não fazia ideia que a empresa estava com problemas.
— Pai, se o senhor quiser, eu posso ajudar você.
— Acho que a ajuda da Alexia seria bem útil — disse Sara tocando o ombro do meu pai, deixando minha mãe mais irritada.
— Eu não tenho tempo para ficar ensinando.
— Não precisa me ensinar nada, a Sara me informou sobre algumas coisas que acontecem na empresa.
Meu pai olhou surpreso para Sara e ela engoliu seco.
— Quem te deu a permissão para vazar informações?
Eu tinha ameaçado Sara para me deixar informada sobre as transações do meu pai, depois que os peguei fazendo “transações” no escritório dele, mas ela não me informou sobre esse problema que a empresa estava passando. Acho terei que ter uma conversinha com ela e lembrá-la que sua reputação estava em jogo.
— Pai, sou eu sua filha, não uma inimiga. Acho que já passou da hora de me colocar para trabalhar com você.
Ele deu uma gargalhada muito alta e exagerada.
— O que você sabe fazer, a não ser compras e gastar o meu dinheiro?
— Por que eu fiz faculdade, então, se não é para trabalhar com o senhor?
— Para desencargo de consciência.
— Eu posso muito bem te ajudar na empresa.
— Eu não preciso de sua ajuda. Vamos Sara, temos muito o que fazer.
Eu só queria saber o que tanto o aborrecia, desde a minha infância parecia que eu era um peso para ele, nada o agradava. Se bem que na minha adolescência eu não era nada fácil, ainda bem que ele não sabia sobre o Heitor. Se naquela época ele descobrisse o que tinha acontecido...
— A minha mãe tem razão, acho que você não deve ter nenhum problema na empresa, você só trouxe a Sara para cá para humilhá-la. E a única desculpa para não me deixar trabalhar com você, é porque não quer parar de comê-la no seu escritório.
Meu pai já tinha dado alguns passos em direção ao escritório, ao ouvir-me desafiá-lo, virou-se para mim, se aproximou e me esbofeteou na cara. Olhei para ele com ódio nos olhos.
— Você não sabe do que você está falando, amanhã eu precisarei viajar com Francisco, a Sara está aqui para me ajudar em algumas coisas pendentes, o Robson vem daqui a pouco para nos ajudar e o Antony vai assumir a empresa até eu voltar. — Tinha me esquecido que o Francisco era sócio do meu pai, isso complicaria os meus planos. — Agora não me venha com suas frescuras, porque não estou com paciência para aturá-las. A única coisa que você e sua mãe serve, é para pousar diante da mídia, para mostrar-me como um homem responsável, pai de família e nada mais.
Ele falou de uma forma fria, o que me doía muito.
— Você também tem outra filha, sabia? — falei entre lágrimas.
Como ele queria se mostrar um homem responsável, tendo duas famílias?
— Que também não me serve para nada, se uma de vocês fosse homem, aí sim, serviria de alguma coisa.
— Eu ainda vou te provar que está errado, eu posso ser melhor do que você pensa.
Ele riu debochando da minha cara.
— Tá, acredito!
Ele saiu de perto de mim, puxando sua secretária e amante para dentro do escritório.
— Você não vai fazer nada? — minha mãe perguntou indignada.
— Ele não perde por esperar, vou mostrar para ele o meu valor para a empresa.
— Eu estou falando de agora, você não vai fazer nada agora? Ele está lá dentro, trepando com aquela v***a.
— O que você quer que eu faça? Eu não sou a esposa dele, aliás nem você.
Meu interesse estava em provar que eu podia administrar aquela empresa melhor do que ele. Tinha um objetivo a ser cumprido e nada me faria desistir. Por isso, enquanto ele estivesse viajando, eu assumirei o seu lugar, mostrarei o meu potencial, assim, ele terá que me colocar para trabalhar com ele.
Não estudei cinco anos em Londres, num curso que odiava, me tornando a melhor da turma, para ouvi-lo dizer que só servia para ficar fazendo compras. Ele terá que me aceitar de qualquer jeito, sim. Nem que fosse a última coisa que eu fizesse.
A única coisa que atrapalharia os meus planos, era se Francisco, o sócio do meu pai e tio da Patrícia, descobrisse e minha real intenção de trabalhar na empresa. Eu teria que ser mais discreta do que planejei, mas daria certo caso não procurasse logo o Heitor.
— Ok, se você não vai fazer nada, eu vou fazer.
Minha mãe pegou sua bolsa e saiu da mansão, normalmente, ficaria curiosa para saber o que ela faria, mas imaginei que ela se encontraria com um de seus amantes, para dar o troco no meu pai. Eu tinha mais o que fazer, do que me preocupar com os problemas deles.