Alexia
Acordei cedo, o que não era o meu costume, mas se eu fosse assumir a empresa, terei que me acostumar em fazer isso. Abri a janela e vi que hoje o dia estava nublado. Que droga! Parecia que ia chover, odiava dias chuvosos.
Fui para o banheiro, tomei banho e fiz minhas higienes pessoais. Arrumei o meu cabelo, prendendo em um coque. Fiz uma maquiagem leve, algo não muito chamativo, vesti uma roupa social e sapatos que combinasse com a roupa.
Coloquei algumas joias, principalmente, minha corrente com meu relicário em formato de coração, da qual nunca tirava, a não ser, para tomar banho. Fui para a sala de jantar, vi a Sara e meu pai tomando café.
— Bom dia! — falei estranhando a Sara logo cedo em nossa casa. — Caiu da cama, Sara? Chegou cedo.
Sentei-me à mesa e a empregada me serviu.
— Eu dormir aqui — ela falou sem jeito, enquanto eu dava uma mordida no meu croissant recheado.
Era o meu favorito!
— Oh!
Olhei para o meu pai, surpresa com sua audácia.
— Eu não queria perder tempo levando-a para casa, a reunião terminou muito tarde.
— Eu imagino. — Olhei para a Sara que parecia desconfortável. — E a mamãe? — falei tomando o meu café.
— Eu não sei, não dormir no quarto.
Quase me engasguei.
— Oh! — Olhei novamente para Sara que agora, a coitada estava morrendo de vergonha. — O senhor voltará de viagem quando? — perguntei para mudar o foco do assunto.
— Hoje à noite, por quê?
— Nada não, só para ter certeza que horas tenho que encerrar a festa. — Ele parou de mastigar e me olhou. — É brincadeira! Não vou fazer nenhuma festa. — Ele voltou a mastigar. — Não uma festa grande.
Ignorou a minha brincadeira e terminamos o nosso café em silêncio. Meu pai nem reparou na minha roupa, se reparasse daria recomendações para que eu nem chegasse perto da empresa.
Ele saiu para sua viagem, levando a coitada da Sara. Subi para o quarto da minha mãe para verificar como ela estava. Por mais que ela não merecesse, mas eu me importava com ela. Sua cama estava arrumada, isso queria dizer que ela não dormiu em casa. E eu aqui, me importando com ela, nunca vou aprender.
— Eu tenho mais o que fazer.
Fui até o meu quarto, peguei minha bolsa e me mandei para a empresa. Queria mostrar ao meu pai o que ele estava perdendo, em não me colocar para trabalhar com ele.
No caminho, liguei para a Patrícia para ela vir me ajudar e juntas mostrar ao nosso pai, que ele não precisava ser filho homem para ser competente.
Cheguei primeiro na empresa e fui direto para o refeitório da chefia, só os diretores e gerentes tomavam café lá. Nem pensar que me misturava com os empregados, tinha que mostrar para eles onde eram os seus lugares.
Logo de cara, vi o Conrado. Droga! Prometi dar uma resposta para ele, precisava enrolá-lo mais um pouco, pelo menos, até eu arrumar uma desculpa para terminar o namoro.
— Oi, amor! — ele falou parecendo feliz em me ver.
— Oi!
Sorri sem mostrar os dentes. O Conrado era um cara lindo, apesar de ser péssimo na cama, não sei como fiquei tanto tempo com ele. Estudávamos em juntos em Londres, descobri que sua aproximação a mim, era por interesse que seu pai tinha pela companhia. E ainda achava que eu estava apaixonada, mas m*l sabia que eu também o usava, como um meio para alcançar os meus objetivos.
Ele tinha vinte e cinco anos, um metro e oitenta e cinco centímetros de altura, olhos e cabelos castanhos, sempre barbeado, era uma das coisas que eu gostava nele. Odiava homens relaxados que não se cuidavam, esse era um ponto positivo para eu termos nos relacionado.
— O que faz aqui? Pensei que você não acordasse antes do meio dia.
Ok! Ele me chamou de preguiçosa na cara dura.
— Eu queria mostrar trabalho para o meu pai, já que ele está viajando.
— Você, mostrar trabalho? Você deveria estar fazendo compras e não trabalhando.
Agora ele me chamou de inútil.
— E quem é que vai assumir a presidência.
— Depois que nos casarmos, você não vai precisar se preocupar com isso.
— Isso quer dizer que você só está comigo por interesse?
O que era óbvio.
— Não! Não é isso linda, você sabe que eu te amo.
Ele tentou me beijar, mas eu virei a cara. Tinha horas que eu não suportava que ele me tocasse.
— Não parece! — Coloquei a mão em seu peito e o afastei. — Cadê o Antony?
— Ele ainda não apareceu.
— E o Robson?
— Ele não vem hoje. Ele tem outros clientes que precisam dele.
— Uma coisa eu tenho certeza, quando eu assumir a empresa, essas mordomias de vocês vão acabar.
Ele sorriu com cara de bobo e tocou no meu queixo.
— Você fica linda brava, sabia?
Tirei sua mão de mim e saí andando.
— Para onde você vai?
— Fazer algo que vocês não estão fazendo, trabalhar.
Peguei o elevador e subi para o andar da presidência. Paralisei quando vi Francisco mexendo em alguns documentos que estavam sobre a mesa. Ele parou assim que me viu, seus olhos percorreram pelo o meu corpo, antes de retornarem para os meus olhos.
— Seu pai não me disse que tinha voltado de Londres.
— Achei que estivesse viajando com ele.
— Eu já estou indo, só vim pegar algumas cópias que faltavam.
Ele juntou tudo e colocou dentro de uma pasta. Depois andou na minha direção, parando na minha frente.
— Sabe, não acreditei que você tinha caído no papo do i****a do Conrado e ter se apaixonada por ele. Não parece a Alexia que eu conheci.
— Você nunca me conheceu de verdade — retruquei, ele não sabia do que eu era capaz.
— Ah, conheci sim, de uma forma única. — Engoli seco. — Bem que você poderia ter me procurado, assim que chegou de viagem.
— Eu não tenho nada para falar com você.
Ele deu um sorriso sarcástico, e me fitou de cima a baixo novamente.
— Parece estar mais linda do que eu lembrava.
Não respondi aquilo deu-me um calafrio na espinha e passou por mim, esbarrando no meu ombro.
— Quando eu voltar de viagem, eu te procuro. Tenho coisas interessantes para te mostrar, você vai gostar.
— Nada em você me interessa.
Ele parou diante da porta com a mão na maçaneta.
— É o que vamos ver, irá curtir.
Piscou para mim e saiu, deixando-me com as minhas piores lembranças dessa cidade.