O COWBOY QUE NÃO ME AMAVA

Capítulo 6

Rick

Essa Clara ainda vai me infartar, o pior de tudo é que ela tem ideias loucas e o pai dela, faz todas as suas vontades, embora ela seja muito corajosa, mesmo a Haya empinando ela não desistiu, saiu galopando rapidamente pela fazenda. Acho que vou escolher outro cavalo, a Haya não vai ser minha, eu sei quando eu perco uma batalha. Respiro fundo e vou fazer o meu trabalho, hoje tenho muita coisa para fazer. Estou na enfermaria, checando os cavalos, agora tem somente três aqui, mas eu sei que eles logo vão estar bem e voltaram as suas vidas normais.

Clara_ Oi.

Eu reviro os meus olhos.

Rick_ Veio me falar que o seu pai te deu a Haya?

Clara_ Não, eu não vou ficar com ela.

Eu dou um sorriso, eu sabia que mexeria com o psicológico dela falando que o Angus daria depressão.

Clara_ Mas não precisa achar que foi pelas coisas que você me disse.

Rick_ E não foi?

Clara_ Não. Eu vou começar na faculdade em fevereiro, então não vou ter tanto tempo para cuidar de dois cavalos.

Rick_ Humm, e vai fazer faculdade de que?

Clara_ Veterinária.

Rick_ Entendi.

Clara_ Eu só vim te falar, que a Haya é toda sua, e agora, ela vai aceitar você montar nela, já que ela gosta de você.

Rick_ Qual o seu segredo, para conseguir adestrar uma égua rapidamente?

Clara_ Ela não está adestrada, isso é com você. Eu apenas mostrei a ela, que pode confiar na gente. Bom, seja gentil com ela.

Rick_ Eu serei.

Ela dá um sorriso e vai embora, eu saio da enfermaria e procuro pela Haya, ela está dentro de uma baia, escovada, com os cascos limpos, eu me aproximo dela e faço carinho. A noite vou para o meu quarto, envio uma mensagem para a Raquel.

Rick_ Estou com saudades.

Raquel_ Eu também estou.

Rick_ Creio que na semana do Natal, eu estarei de folga, poderíamos nos ver.

Raquel_ No dia 15 de dezembro eu viajo para a cidade dos meus pais e só voltarei, quando as aulas da faculdade retornar. Você não consegue vir antes?

Rick_ Infelizmente eu não consigo.

Raquel_ Não tem como dar uma fugidinha?

Rick_ Não consigo, eu tenho uma sombra o dia todo, o trabalho aqui é muito pesado, eu não consigo ir a noite e ficar sem dormir.

Raquel_ Eu entendo, mas quando eu voltar, a gente pode se ver.

Rick_ Está bem, tenha uma boa viagem.

Raquel_ Obrigada.

Eu respiro fundo. Já tem um tempão que eu não vejo a Raquel e agora, ficar mais todo esse tempo, quando eu a ver novamente, vou pedi-la em namoro. Agora com esse emprego, vou ter um bom salario, vou conseguir dar a ela uma vida boa. No dia seguinte quando acordo, tomo o meu café da manhã reforçado. Vou para as baias e começamos a fazer o meu serviço, chega um caminhão de feno, e vamos até lá para descarregar.

Raul_ Nossa, um caminhão de feno logo cedo, me deixa com muita raiva.

Luiz_ Olha ali, o que vai te deixar feliz.

Raul_ Isso com certeza me deixa muito feliz e e******o.

Eles começam a rir, eu vejo a Clara passando, ela está usando um short jeans azul claro, botas marrons até o meio da canela, e uma blusa xadrez preto com vermelho.

Raul_ Se não fosse filha do patrão, eu pegava e pegava muito.

Luiz_ O patrão não precisa saber.

Raul_ Não precisa, mas se ele descobre, provavelmente ele me mataria.

Luiz_ Com toda certeza ele te mata, mas ele deveria falar para a filha, não usar esses shorts, tão pequenos.

Raul_ É bom ele deixar, assim eu posso olhar a vontade.

Luiz_ Se eu fosse você falaria com ela.

Raul_ Não, ela não dá moral para pobre, ela nem fala bom dia.

Continuo descarregando o caminhão, o Raul tira a sua camisa, o Luiz começa a rir.

Luiz_ Está se exibindo?

Raul_ Claro que não, está fazendo muito calor.

Rick_ Raul está certo, eu também não estou me aguentando.

Eu tiro a minha camisa e o Luiz também. Jogo um feno em minhas costas e o carrego para o galpão, a Clara sai do estabulo e começa a escovar o Angus.

Luiz_ Olha lá, ela está olhando para cá, acho que você chamou mesmo a atenção dela.

Raul_ Ela não vai resistir a esse peitoral.

Eu dou um sorriso, continuo o meu trabalho, assim que terminamos de descarregar o caminhão, o Raul caminha em direção a Clara, sem camisa.

Luiz_ Será que ele vai conseguir alguma coisa com ela?

Rick_ Eu não sei.

Eu vou até o meu quarto e tomo um banho gelado, para tirar todo o feno do corpo, assim que termino o banho, eu vou até a enfermaria, checo os cavalos e depois vou conferir o trabalho dos outros.

Rick_ E aí? Deu certo?

Raul_ Não, ela nem olhou para o meu abdômen, ela deve que estava nos olhando e rindo das nossas caras.

Luiz_ O Rafael está certo, quando fala que a Clara ama mais os cavalos do que as pessoas.

Raul_ É, mas ela não vai querer ser sozinha para sempre.

Luiz_ Talvez, ela goste de mulher.

Raul_ Como eu não pensei isso antes? Os pais são um casal gay, talvez ela também goste de mulher, ahhhhh é um desperdício, se ela me desse uma chance eu faria ela gostar de homem.

Eles começam a rir, a Clara não parece gostar de mulher, talvez ela não goste de pobre mesmo. Na semana seguinte, estamos preparando as coisas para quando as crianças chegarem amanhã.

Saimon_ Já selecionaram os cavalos para amanhã?

Rick_ Sim.

Saimon_ E quais vocês selecionaram?

Rick_ Paçoca, Gigi...

Saimon_ O Paçoca?

Rick_ Sim.

Saimon_ Tem certeza? Eu não quero que aconteça nenhum acidente com as crianças.

Rick_ O Paçoca é um cavalo muito dócil.

Saimon_ Se você diz.

Rick_ Não tem com o que se preocupar.

Saimon_ Está bem.

No outro dia as crianças chegam por volta de 7h da manhã, elas gritam e correm para todo lado.

Rick_ Que hora, que essas crianças vão embora?

O Antônio da um sorriso.

Antônio_ Umas 16h.

Rick_ Meu Deus. Eu não vou sobreviver a esse dia.

As crianças fazem fila para dar a volta nos cavalos, tem um gordinho chamado Carlos, esse moleque já deu umas trezentas voltas, meus braços já está doendo de ficar levantando esse moleque e depois descendo, as outras crianças estão brincando nos brinquedos espalhados pela fazenda, mas esse menino, não cansa.

Saimon_ Agora os cavalos vão descansar.

Carlos_ Ah eu queria ir mais uma vez.

Saimon_ Está bem, só mais uma vez.

Lá vai eu, subir esse gordinho de novo. Dou uma volta rápida com ele, não estou mais aguentando esse sol, desço ele, pego no cabresto e puxo o cavalo para perto do estabulo e o gordinho vem nos seguindo.

Carlos_ Você deu uma volta menor.

Rick_ O cavalo já está cansado.

Carlos_ Eu quero dar outra volta.

Rick_ O cavalo está muito cansado, pegou muito peso hoje.

Carlos_ Eu não ligo, quero dar outra volta.

Rick_ Vai brincar com outra coisa menino.

Carlos_ Você não está entendendo, eu quero dar outra volta agora.

Rick_ Você que não está entendendo, você não vai.

Carlos_ Eu vou contar para o Saimon.

Eu amarro o cabresto na parede do estabulo. Me viro para o menino e o encaro.

Rick_ Pode contar para quem você quiser, agora me deixa em paz gordinho.

Ele me olha furioso chuta a minha canela e sai correndo, eu sinto muita dor e grito para ele.

Rick_ Moleque m*l educado, é por isso que ninguém te adota.

Clara_ Quanta maldade.

A Clara me olha com os braços cruzados.

Rick_ Maldade é esse moleque chutar a minha canela, isso é maldade.

Ela dá um sorriso.

Clara_ São apenas crianças.

Rick_ m*l educadas, é por isso que os pais não quiseram.

Clara_ Não deixa o meu pai, te ouvir dizendo isso.

Rick_ Eu levantei esse gordinho umas mil vezes e ele queria de novo. O seu pai pode me mandar embora, mas quando esses pirralhos vierem na fazenda, eu não vou nem chegar perto.

Clara_ Não se preocupe, eu irei falar com ele para você.

Ela caminha em direção ao refeitório, eu aguento o serviço pesado, mas não vou aguentar essas crianças chatas. É por isso que eu nunca vou ter filho, se meu filho faz uma coisa dessa comigo, eu quebro ele na porrada. Depois do almoço eu foco no meu serviço e não chego mais perto de onde as crianças estão. Finalmente vejo elas indo embora.

Clara_ Estão indo embora.

Rick_ Finalmente.

Ela dá uma risadinha.

Rick_ Crianças m*l educadas.

Clara_ Você atrai das crianças o que você oferece. Se oferece amor, você recebe amor.

Rick_ Eu não chutei a canela daquele gordinho.

Clara_ São crianças carentes de amor, se você oferece carinho para elas, vai receber carinho.

Rick_ Hum.

Clara_ Você precisa amolecer esse seu coração, são apenas crianças.

Ela vai até o ônibus, varias crianças correm na sua direção e a abraça. Abraçam o Saimon, o Antônio e até o Raul, como eu vou dar amor para uma criança, se quando criança eu nunca recebi amor? Eu entro no estabulo e confiro os cavalos, alguns estão estressados e eu entendo perfeitamente, essa gritaria o dia todo.

Rick_ Acabou amigão, agora a paz vai reinar aqui.