O COWBOY QUE NÃO ME AMAVA

Capítulo 5

Clara

Quando eu era criança, eu amava a chuva, colocava as minhas galochas rosas, minha capa de chuva amarela e ficava pulando nas poças de água. Era muito divertido, até que um dia, choveu muito forte, o barulho dos trovões eram assustadores, eu m*l consegui dormir a noite de tanto medo, no outro dia, acordei com barulho de maquinas, conversas altas, quando olhei pela janela, havia morrido mais de cinquenta animais na fazenda, que foram atingidos por um raio, a cena era terrível, e o cheiro pior ainda, então eu passei a ter muito medo de chuva, ela pode nos destruir com muita facilidade, os meus irmãos me zoam por eu ter medo, os meus pais, sempre que chove, eles estão por perto. Hoje quando começou a chover, eu tive tanto medo, e o Angus sabe que eu tenho medo, ele galopou tão rápido, eu tirei as minhas botas rapidamente e joguei em qualquer lugar, me sentei em minha cama, coloquei minha cabeça entre as minhas pernas, para não ouvir os barulhos, meu coração bate muito acelerado, eu tenho muito medo de ser atingida por um raio. Sinto braços envolvendo o meu corpo, é o meu pai Saimon.

Saimon_ Eu estou aqui, vai ficar tudo bem, daqui a pouco a chuva passa.

Eu já fui em várias sessões com uma psicóloga, mas nada adiantou. O meu pai me abraça apertado. Quando acordo o meu pai não está mais aqui, me levanto e tomo um banho, depois eu desço até a cozinha, meus pais e meus irmãos, estão sentados a mesa para o jantar, eu me junto a eles.

Saimon_ Oi meu amor, que bom, que acordou.

Rafael_ E aí medrosa.

Luan_ Não fale assim com a sua irmã Rafael.

Rafael_ Nunca vi ter medo de chuva.

Luan_ Você teve medo de dormir no escuro por anos, e a Clara nunca debochou de você por isso.

Rafael_ Só que eu era uma criança, e a Clara, já não é mais uma criança.

Luan_ Eu não sei onde foi que eu errei na criação de vocês.

Todo mundo fica em silencio.

Luan_ Principalmente você Rafael, gêmeo da Clara, você deveria proteger a sua irmã, ter paciência com ela, mas você, é o que mais coloca a sua irmã para baixo, e eu nunca ensinei vocês serem assim. Deve ter puxado isso do seu pai.

Saimon_ O que? Eu não sou assim, ele deve ter puxado o sangue r**m da sua família.

Luan_ O que? Minha família?

Saimon_ Sua mãe sequestrou a Clara, você lembra?

Clara_ O que?

Eles ficam em silencio.

Clara_ Que história é essa?

Rafael_ Então é por isso, que você nunca fala da sua mãe e nem dos deixa a chamar de avó?

Luan_ É, e eu não quero falar sobre isso.

Clara_ Eu deveria saber.

Luan_ O passado fica no passado.

Clara_ Mas é o passado da minha vida, se vocês não querem me contar, tudo bem. Eu pergunto o tio Ryan, aposto como ele sabe sobre isso.

Os meus pais jantam em silencio, e os meus irmãos também. Depois do jantar os meus pais vão para o quarto, eu subo as escadas e ouço eles brigarem.

Luan_ Você tinha que abrir essa sua boca grande.

Saimon_ Eu não falei por m*l amor.

Luan_ Agora ela vai querer saber, e eu...

Meu pai começa a chorar.

Saimon_ Amor, eu falo com ela. Me desculpa, uma hora ou outra, ela iria saber.

Luan_ Mas não tinha que ser hoje.

Eu vou para o meu quarto, me deito em minha cama, leio o meu livro, no outro dia de manhã, vou tomar o meu café da manhã, meus pais já não estão mais em casa, eu tomo o café da manhã e saio pela fazenda. Estava tudo indo muito bem, mas esse Rick, adora me atormentar, eu não acho que o Angus vá entrar em depressão se eu tiver um outro cavalo. Estou na baia com o Angus, arrumando feno fresco e sal, meu pai entra na baia.

Saimon_ Oi meu amor.

Clara_ Oi pai.

Eu olho para ele.

Clara_ Você acha que se eu tivesse outro cavalo...

Ele dá um sorriso.

Clara_ O Angus entraria em depressão?

Saimon_ Não, o Angus sabe que você o ama muito.

Clara_ Eu quero outro cavalo.

Saimon_ Tem outras questões que você tem que levar em consideração.

Clara_ E quais são?

Saimon_ Em breve você irá começar na faculdade, passará o dia todo lá, você não cuidará mais do Angus do mesmo jeito, a noite vai chegar cansada, as vezes terá trabalhos a fazer. Terá tempo para ele somente aos finais de semana.

Clara_ Você tem razão.

Saimon_ Sim, eu tenho. Quer dar uma volta por aí? Com o Angus e o Perseu?

Clara_ Eu acabei de chegar, mas será que a Haya deixa eu montar nela?

Saimon_ Ela ainda não é adestrada.

Clara_ Mas, eu posso tentar?

Saimon_ Pode.

Vamos até a Haya, o Rick está terminando de limpar os cascos dela. Eu me aproximo, e coloco a manta na Haya.

Rick_ O que você está fazendo?

Ele se levanta e me encara.

Clara_ Haya e eu vamos dar uma volta, com o meu pai.

Rick_ Ela não é adestrada ainda, você vai se machucar.

Clara_ Desde quando você se importa?

Rick_ Desde quando você é a filha do meu patrão.

Clara_ Não precisa se preocupar comigo, se preocupe apenas com o seu trabalho.

Ele segura no meu braço e o aperta.

Rick_ Olha aqui menina, não me provoque.

Eu dou um sorriso.

Clara_ Ou o que? Vai me bater?

Ele solta o meu braço.

Rick_ Se quer se machucar, vai em frente, eu não falo mais nada.

Clara_ Que bom.

Eu coloco a sela na Haya e ajeito tudo para que esteja confortável para ela. O meu pai se aproxima, ele está montado no Perseu.

Saimon_ Vamos?

Rick_ Você tem certeza, que vai deixar ela montar em um cavalo não adestrado?

Esse Rick, o que tem de bonito, ele tem de chato e intrometido.

Saimon_ Vamos ver o que a Haya vai ensinar para a Clara hoje.

Eu passo minha mão no pescoço da Haya.

Clara_ Vamos dar uma volta agora Haya, você vai ser uma boa garota?

O Rick segura o cabresto, eu monto na Haya, ela empina, erguendo-se nas patas trazeiras, o meu chapéu cai no chão, eu seguro firme.

Clara_ Ei garota, está tudo bem.

Passo minha mão em seu pescoço, o Rick a puxa bruscamente para baixo, eu continuo passando a mão no seu pescoço.

Clara_ Tudo bem.

Eu pego o cabresto, o Rick me entrega o meu chapéu, eu o coloco na minha cabeça.

Clara_ Agora vamos dar uma volta pela fazenda, e você vai ser uma boa garota.

Quando o Rick abre a porteira, a Haya sai galopando rapidamente, o meu pai vem atrás.

Clara_ Calma garota.

Eu vou passando a minha mão em seu pescoço, e puxando as rédeas bem devagar, até que ela para.

Saimon_ Está tudo bem?

Clara_ Está, ela é uma boa garota.

Saimon_ Vocês duas, quase me mataram do coração.

Eu dou uma risada, depois andamos bem devagar pela fazenda.

Clara_ Você nunca sai comigo, pela fazenda.

Saimon_ Eu sei, acho que agora com o Rick tomando conta dos cavalos, me sobrara mais tempo. Não é nada fácil tomar conta de um rebanho de gado e dá hípica.

Clara_ Você deveria ficar apenas com os cavalos.

Saimon_ Eu amo os cavalos, mas eu também amo o gado branco.

Clara_ Eu entendo.

Saimon_ Está ansiosa para começar na faculdade?

Clara_ Estou, assim eu posso cuidar melhor dos cavalos.

Saimon_ Você cuida muito bem deles, olha só como a Haya está com você. O antigo dono dela, disse que ela era muito arisca.

Clara_ O antigo dono dela, com certeza a tratava m*l.

Saimon_ Talvez.

Ele respira fundo.

Saimon_ Vamos parar um pouco?

Descemos dos cavalos e os deixamos pastarem, eu amarro a Haya no Perseu. Nos sentamos em umas pedras.

Clara_ Vamos falar daquele assunto?

Saimon_ Sim, nós vamos.

Ele respira fundo.

Saimon_ Quando você e o Rafael nasceram, ficaram internados por alguns dias, vocês nasceram prematuros. No dia que receberam a alta, a mãe do seu pai, sequestrou você...

Clara_ Mas por que ela fez isso?

Saimon_ A Pamela abandonou o seu pai, quando ele era criança, foi cuidado pelos seus bisavós, quando ele se tornou diretor da Glamour, ela apareceu com uma história e o seu pai, ingênuo, acreditou. Ela tinha um plano de roubar tudo que era do seu pai, ela com o seu namorado Arthur, planejaram várias coisas, esse Arthur inclusive namorava o seu pai, tudo fazia parte do plano deles. Então quando todos os planos deram errado, eles sumiram por um tempo. Quando descobriram do nascimento de vocês, tiveram um plano e te sequestraram, foi muito difícil para nós, o Ryan montou uma operação e conseguiu te resgatar em segurança. Tudo acabou bem, só que os traumas ficaram com a gente, você nos acha chato por sermos tão protetores com você, mas somente nós sabemos o que passamos e não queremos te perder nunca, me desculpe por não ter te contado sobre isso antes.

Clara_ Eu entendo, sei que tiveram um bom motivo para me esconder isso. Mas em relação a serem super protetores, eu não sou mais uma criança, e sei muito bem me defender.

Saimon_ Eu sei que você é capaz de se defender, mas é um absurdo você se defender, quando você tem pais e irmão que podem defender você.

Clara_ Eu preciso me defender sozinha papai, preciso tomar as minhas próprias decisões.

Saimon_ Eu sei, mas você não precisa, eu sempre estarei aqui com você.