Quando pôs os pés naquele estúdio de fotografia, Chris tinha um plano em mente para irritar Sophia. Era para ser uma provocação. Ele sabia que a mulher resistiria até o fim, por isso não esperava que ela entregaria tudo de mãos tão rápido.
Apesar de estar satisfeito com o resultado, também estava curioso. Aquele beijo espontâneo foi um ato desesperado e sem pensar de Soph. Ela queria se livrar do produtor i****a que estava em cima dela. Isso nunca tinha lhe acontecido. Um homem que era conhecido e respeitado dar em cima de uma das atrizes do seu trabalho?
Pensando bem, é mais comum do que imaginam. Esse meio tem muito disso. Ela só não era tão afoita nem desesperada para aceitar tal coisa. Desde que começou no ramo, não se metia em encrenca e não era vista com ninguém. Os poucos namorados que teve nesse meio tempo foram pessoas tão reservadas quanto ela. E Soph odiava estar em rodas de fofocas ou ser capa de revistas que explanassem os erros e acertos de tal pessoa.
Entretanto, todos naquele estúdio achavam que sim, que eles estavam juntos. Uma briga no meio de todos, provavelmente por ciúme, e depois um beijo?
Soph sentiu um imenso desejo de se bater no momento em que saiu da frente de toda aquela gente. Claro que depois do ocorrido eles tiveram que acabar com aquela tortura. Donald estava lá, assistindo a tudo e a encarando como um pedaço de carne.
Onde eu fui me meter?
— Apesar de estar gostando da sua decisão de aceitar minha proposta, estou confuso. — Christian não deixaria barato. Claro que ele correria até ela e a puxaria pela cintura até algum lugar escuro e vazio para lhe questionar. E Sophia sabia que o homem usaria isso para esfregar na sua cara todas as vezes que ela o recusou. — O que fez você mudar de ideia? — Ele cerrou os olhos, pensativo, encarando seu rosto. Ela não queria ter aquela conversa, mas não conseguiria fugir dela. — Ficou com ciúme e resolveu marcar território?
— Não viaja, Christian. Eu apenas usei você. — Ela ficou nervosa. Não foi r**m, até que gostou. Gostou muito.
Tudo que os dois faziam juntos era bom, por isso o alerta de cuidado. No momento em que ela viu aquela troca de olhares, sentiu ciúme sim, ainda que lutasse contra essa realidade. Porém, seu receio de parecer uma mentirosa e, de bônus, ter que suportar as investidas do seu “chefe” a fizeram tomar essa atitude.
Sophia já tinha sido tocada, olhada e até recebeu cantadas de alguns babacas que trabalhavam com ela, mas foi a primeira vez que se sentiu amedrontada. Ele a agarrou e ficou beijando o seu pescoço, achando isso normal, como se ela fosse uma das demais que já aceitaram aquela situação.
— Então continue usando, porque eu gostei. — Óbvio que ele levaria tudo na brincadeira. — Mas se vamos fazer isso, temos que confiar um no outro. Você sabe os meus motivos, mas eu não sei os seus.
Ele estava com uma pulga atrás da orelha. Não era bobo. Notou o olhar amedrontado dela para Donald. E justamente quando ele chegou, ela resolveu aceitar o acordo?
— Isso é mesmo necessário?
Os burburinhos no estúdio, onde as pessoas ainda estavam conversando, deixou-a nervosa. Não queria que ninguém a ouvisse. Ela tentou sair de uma situação constrangedora entrando em outra.
Como iria mentir para todo mundo que namorava um astro das telas safado?
— Aceitei, e ponto final. Mas é claro que isso ainda vai ter que ser acordado. Não vou me meter em uma confusão por sua causa.
— Claro que é necessário uma parceria. Ou você quer ter segredinhos? Porque isso não funciona comigo — ele insistiu, cruzando os braços. — Abre o jogo, Sophia.
Soph respirou fundo e encarou o homem que havia acabado de beijar. Ele estava tão sério, que ela achou que era outra pessoa.
O quê? Vai me dar uma bronca?
— Não pode contar para ninguém — sussurrou, apontando o dedo para ele, enfurecida.
— É meio que óbvio. As pessoas não podem nem sonhar que isso aqui é um acordo.
Verdade.
Então, tudo que rolar com a gente será um segredo?
Ela achou esquisito esse pensamento, pois acreditava que era assim que começava uma amizade.
— Donald tem interesses além do trabalho comigo. — Ela se aproximou dele e procurou por alguém os espreitando. Mas nada.
Todos em Hollywood já ouviram conversas assim antes. A mulher é assediada e reclama ou denuncia, mas sai como a errada da história, perde trabalhos e é ignorada pelos produtores, que praticamente vivem em um grupo particular deles.
Foi o que pensou a assistente de Sophia. Se ela reclamasse, não entraria no set de filmagem, e quem sabe o que mais perderia com isso. Foi por essa razão a sua ideia de dizer que tinha um namorado, para que mantivesse Donald longe.
— Expressei a minha negativa quando aconteceu, mas ele só riu e disse que era normal. Perguntou se eu era comprometida. Com certeza ele não acreditou. Eu tinha em mente dizer que namorava você, só que fiquei em pânico.
— Não é a primeira a acusar Donald. — Chris pensou, olhando para as pessoas ao longe. — Ele já arruinou a carreira de muitas mulheres, as que o recusaram e as que o acusaram. Ele é um dos maiores na indústria, seus longas ganham o mundo. E todos tapam os olhos para não perderem o babaca. — Keilly estava certa. Se Sophia abrisse o bico, seria a condenada ali. — Não se preocupe, não direi a ninguém. É o nosso segredinho. — Estendeu a mão como se selasse o acordo. — E, de quebra, posso mantê-lo longe.
— Como vai fazer isso? — Franziu o cenho, quase ignorando o aperto de mãos.
— Sendo a minha garota, ninguém tasca o dedo em você.
Desconfiada, mas contra a parede, ela aceitou o aperto, sabendo que esse seria só o início da sua dor de cabeça.
— Não sou sua garota. — Puxou-o para mais perto de si, ficando cara a cara com ele.
Ela se lembrou de que instantes antes os dois tinham se beijado de verdade. Nada de atuação, embora fosse uma. Foi bom, e ela queria repetir, mas se recordou de que, na verdade, estava correndo perigo. Um homem como Christian não era para se confiar.
Chris sabia que seria difícil, que ela resistiria a ele, no entanto estava disposto a conquistar a garota. Independentemente do falso relacionamento, eles teriam que interpretar bem esse papel. Beijos seriam permitidos e, de mãos dadas, eles passeariam por lugares onde as câmeras estariam os esperando. Nas festas, ela estaria irresistível e ele babaria em cima dela, pois tinha que admitir: Sophia Thompson era linda.
— A partir de agora, você é completamente minha, docinho. — Riu, pensando em várias formas de provocá-la. — Seus beijos, seu perfume, olhos e tudo que eu tenho direito.
— É um relacionamento falso — lembrou-lhe.
— Poderemos estar mentindo ao dizer que nos amamos, mas não n**o que há uma paixão. E não tem como você dizer que namora alguém se não os verem se pegando.
— Vejo que tenho que tomar cuidado com você também. — Fitou seus lábios e sentiu que seu coração estava a ponto de sair pela boca, de tão ansiosa que estava.
— É uma ofensa me comparar ao Donald, mas, apesar de tudo e de você negar, tem uma faísca que pode causar um incêndio aqui.
— No máximo beijo — alertou-lhe.
— No mínimo, vou pôr você contra a parede e te beijar de verdade; nada dessas coisas leves de filmes.
Ela fez que não, porém gostou do que ele falou. Na realidade, olhou para aqueles lábios charmosos e desejou que ele fizesse isso no momento.
— Vamos ter que estipular regras. — Ela disfarçou e ele sorriu, sabendo que ganharia essa brincadeira.
— Adoro regras. — Claro que sim.
— Ótimo. — Sentiu-se ainda mais nervosa com aquele sorriso safado no rosto dele.
— Quebrá-las me excita — completou.
— Você pode ser menos safado e levar essa coisa a sério? — Irritou-se.
— Quem disse que não estou levando a sério? — Quando os olhos castanho-escuros dela se enfureciam, ela ficava ainda mais bonita. E o corado do seu rosto completava a diversão. — Soph, você me ama do jeito que sou, e eu te amo do jeito que você é. Por isso somos perfeitos. Você sendo a chata da relação, e eu sendo o divertido que vai tornar a sua vida mais animada.
— Já está escrevendo o script? — Cerrou os olhos.
— Não tem que ser mentira, vê-se a realidade.
Maldito Christian. Ele parecia ler os pensamentos dela. Claro que ele a irritava a todo o momento, contudo era o que ela mais gostava. Por isso não parava de pensar nele.
— Acho melhor irmos logo. Temos muito o que fazer — ele disse.
— Temos? — Franziu o cenho.
— Bem... Agora começa a fase dois. — É óbvio que ele seria o cabeça. Sempre tinha um plano para tudo. — Já havia rumores de que estávamos juntos, e você acabou de me beijar na frente de todo mundo, sem motivo. Também já fomos vistos juntos várias vezes.
— Por motivos diferentes — ela enfatizou.
— Eles não sabem disso. — Riu. — Acho que vou gostar de tornar real o nosso papel. Claro que com muitas modificações. Tipo... Vou ter que a agarrar sem motivos, andar de mãos dadas com você e...
— Regras! — ela o interrompeu. — Só vai funcionar se tiver regras.
— Eu já deixei claro que adoro regras, mas para quebrá-las.
— Christian!
— Sophia! — Ele a encarou novamente. Viu fogo nos seus olhos e... medo. Nunca tinha provocado isso nela. — Certo, eu vou tentar me manter correto. Além do mais, será você quem vai me implorar por isso. Não tenho com o que me preocupar.
— Exibido! Egocêntrico!
— Esquentadinha!