Namorada falsa

1304 Words
Ela estava ficando maluca. Não parava de pensar no que fez, no que aceitou e na atitude impensável de escolher Christian Harrison como seu namorado falso. Existiam tantos que seriam bem melhores, mais educados, menos safados e mais confiáveis, mas lá estava ele a encarando, pedindo para que ela aceitasse o acordo i****a que os faria serem falados por um bom tempo. Afundando o seu rosto na almofada e gritando como uma louca, ela tentava pensar em uma saída ou em como fazer com que isso não acabasse da pior forma possível. Chris era um safado conhecido, e em toda a sua carreira nunca havia assumido nenhuma namorada. Sempre foi um descarado. Aparecia nas manchetes, bebia e já foi preso por dirigir embriagado. E pior, ela era extremamente atraída por ele, como se o fogo fosse sugado pelo corpo sexy e o sorriso safado daquele homem. Como sobreviver a esse período de tempestade? — Não adianta surtar agora. — Keilly estava certa, só que isso não ajudava. Ela só conseguiria pensar em algo depois do surto. — Eu aceitei viver um papel na vida real. Como não quer que eu surte? — Ela jogou a almofada tão forte e longe, que sua assistente arregalou os olhos. A mulher já tinha visto Soph surtar antes e se desesperar, porém não era só isso, ela sabia que havia algo a mais, como um medo. E imaginou que era normal, afinal, se alguém descobrisse a verdade, abriria a boca para toda a Hollywood. Era assim que as coisas funcionavam: uma grande boca fofoqueira estragava as coisas. — Christian Harrison. Eu aceitei ser a namorada falsa de Christian Harrison. — O homem mais gostoso e talentoso de Hollywood. — Sua assistente suspirou só de imaginá-lo sem camisa. Ela mesma queria dar uns pegas nele, no entanto seria impossível. Keilly não fazia o tipo dele: baixinha, com sardas e com uns quilinhos a mais. Sua chefe super magra e bonitona conseguiu pelo menos um namoro falso com o homem. “É muita sorte”, ela pensou. — Ele não é, nem de longe, o mais gostoso e talentoso — retrucou Soph, que pegou das mãos da mulher ruiva o saco de doces que ela comia. Não podia, estava fora da sua dieta. Keilly a lembraria disso e o tomaria das suas mãos se não fosse o estado da morena e os seus olhos de fogo. — Philip Douglas é o cara mais sexy e charmoso de Hollywood, quem sabe do mundo, e tem uma pegada fora do comum. Ela se lembrou da última vez em que eles estiveram juntos. Por baixo dos panos, a mulher já tinha pegado alguns dos colegas. Tomou cuidado e foi silenciosa, sorrateira. Nunca se meteu em uma encrenca que não pudesse contornar. — Aquela pele macia cor de chocolate... O beijo dele é um pecado... Keilly quase perdeu as órbitas dos olhos ao notar que Christian, sorrateiramente, entrava na sala, onde Soph estava sentada, comendo os doces proibidos e pensando no passado. Ele escutava tudo que ela dizia. Cerrou os olhos e ficou puto. Ele tinha pensado: “Precisamos conversar sobre o acordo e saber como diremos essa história para as pessoas e quando sairemos em público.” Só que o loiro não estava preparado para ouvir aquelas palavras da boca apimentada da sua namorada falsa. Claro, ele não tinha como ficar com ciúme, mas, no mínimo, ficou ofendido. Como assim ele estava em segundo lugar na boca da mulher que caiu de suspiros todas as vezes que eles se beijaram? — Soph! — chamou Key, tentando lhe avisar. — Chris é um cara bonito e tem certo poder, mas é egocêntrico, arrogante e me irrita até os últimos fios do meu cabelo — reclamou. No fundo, Sophia gostava dele mais do que queria admitir. Isso era uma droga. A menina de 10 anos ainda deveria estar viva, magoada e sentir repulsa. Mas não. Ela apreciava estar com ele, sentir seu perfume, beijar sua boca... — Soph! Christian estava parado atrás do sofá, com um sorriso irônico nos lábios, pensando em como faria ela pagar por tudo que falou sobre ele. — Acho bem interessante você dizer essas coisas, sendo que é caidinha por mim. — Ele se inclinou no sofá e disse todas essas palavras, sentindo raiva, bem ao seu ouvido. Sophia congelou. Ela não esperava por isso. Estava nervosa, com medo do que aconteceria. Chris era como uma pedra em seu sapato. — O que está fazendo aqui? — Ela se levantou no mesmo instante e o olhou, assustada. Key pegou os doces da sua mão e saiu, desejando evaporar da frente deles. O coração de Sophia estava na boca. Foi verdade o que ela disse, tinha certeza, só não queria que ele tivesse ouvido. — Pensei comigo mesmo: vai ser bom conversarmos sobre o que vamos dizer às pessoas. — Ele passou a andar pela enorme sala de estar, onde tudo tinha o estilo dela. Havia tons claros e mistura de cores, mas elas não eram exageradas. Ele nunca tinha entrado em sua casa. Ao ser recebido por uma mulher de idade, que deduziu ser a empregada, pensou em fazer uma de suas surpresas. Todavia, quem se surpreendeu foi ele. — Sophia é uma mulher de seguir tudo como manda o roteiro. Ela é certinha. Sei que deve estar surtando. Sendo assim... vamos passar um tempo juntos e bolar uma história convincente. — Chris estava tentando intimidá-la, e conseguiu. A língua da morena parecia ter sumido da boca. Ela não podia mentir. Droga! Ele conseguia mexer com ela. Mexer de verdade, tipo um crush que voltou para a torturar. — Então sou menosprezado por você. Como ousou dizer essas coisas de mim? — Encarou seus olhos, irritado. Ao respirar fundo, Chris se espantou com a forma como estava lidando com isso. Ele sempre ouvia coisas assim dela, e isso não o afetava. Bem... Era o que ele pensava. Notou que seu coração batia rápido no peito e que sua irritação tinha nome. Odiou até pensar nisso. Ciúme? Ele nunca havia sentido ciúme de ninguém. Pior, ele estava começando a odiar a maneira como ela o enxergava. Christian era um cara errado, que fazia coisas erradas, mas não era um monstro. — Não sei por qual motivo está irritado ou ofendido, sempre falei essas coisas na sua cara. — Ela cruzou os braços, fingindo coragem, e desviou seus olhos dos dele. Sentia-se congelada. Verdade. Ela sempre disse, mas essa foi a primeira vez que ele se zangou. — Sou seu namorado agora, não pode dizer essas coisas de mim. Ela riu. Um deboche, claro, que só o enfureceu mais. — Devo lhe lembrar que não é de verdade e que, ainda, é um cara com essas características? — Devo dizer que não sou tudo isso que pensa. — Aproximou-se dela, dando um passo adiante. — Sou sim um homem problemático e tenho péssimas atitudes, porém isso não é tudo. Não deve me definir assim. E agora, que vamos ser um casal, quero, pelo menos, um pouco mais de respeito. — Certo. Vou ser amorosa e sorrir todas as vezes que você me elogiar. — Revirou os olhos. Cristian parou no tempo, olhou para ela e pensou: “Vou mostrar para essa garota que não se brinca com Christian Harrison.” — Tem compromisso para o resto da noite? — Mudou de tom e de expressão. Sophia franziu o cenho, fitando o seu sorriso. Sempre que parava para prestar atenção no homem, impressionava-se com a beleza dele e o excesso de confiança. A barba bem-feita desenhava o seu rosto, ele tinha o maxilar firme, seus lábios eram rosados e o sorriso era irresistível. Os olhos dela sabiam que sua alma pecava em desejá-lo. Já estava de bom tamanho ser a fã magoadinha.
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