Tire suas roupas I

740 Words
Com os nervos à flor da pele, Sophia se olhava no espelho pela milésima vez, tentando achar alguma coisa fora do lugar. Não tinha. Na verdade, era só uma blusa de alças finas com uma calça larga da cor preta e um sobretudo da mesma cor. Seus cabelos estavam soltos. Todo esse nervosismo tinha um porquê: seria a primeira vez que ela sairia de casa com Christian sendo seu “namorado”. Aquele beijo no estúdio rendeu muitas fofocas. As pessoas são como traças: quanto mais sabem, mais falam. O que faltava era eles confirmarem. Não precisavam dizer “estamos namorando”, simplesmente sair de mãos dadas e se beijarem ao ar livre, como se fosse normal tudo isso. Serviria. Só que não era nada fácil para ela. Soph nunca havia se preocupado com as roupas que usaria no dia a dia. Afinal, tudo que tinha, ficava bom nela. Na realidade, essa não era a sua preocupação, e sim confirmar para Deus e o mundo que ela, a única em todo aquele tempo de carreira dele, foi a escolhida para ser sua namorada oficialmente. Oficialmente, ele estava namorando. Quão absurdo era isso? A noite passada foi extremamente reveladora e excitante. Presa no seu quarto com um homem daquele, dizendo tudo que ele disse, ela ficou maluquinha a ponto de começar a fantasiar e desejar algo que não podia. Ela não seria a fraca que, em dois dias, ficaria confortável em dormir com ele só por causa de um acordo. — Vamos nos atrasar. — Keilly estava tão nervosa quanto ela. Até parecia que era ela quem teria que fingir ser a namorada de um astro de Hollywood cafajeste. — Você tem que estar na recepção do Leny às quatro, então... — Eu sei, Keilly. Acredite, eu sei. — Ela notou seu coração na boca, e olha que ele nem estava ali. Iriam se encontrar logo mais. Soph refletiu durante a noite, depois que Chris foi embora. Ela estava sendo muito dura com o homem. Eles deveriam ser amigos, parceiros, não rivais. — Vamos — ela falou ao, finalmente, sair da frente do espelho. Christian, por outro lado, estava relaxado, como se sua vida não estivesse prestes a mudar por conta de uma certa mulher apimentada que, insuportavelmente, resistia às suas cantadas e charme. — Eu nunca, jamais, apostaria que você assumiria um namoro, ainda mais com Sophia Thompson. — John era amigo de longa data de Chris, e seu espanto com a novidade era de se esperar. De fato, era o que toda a Los Angeles estava pensando. — Sophia Thompson? Christian, encostado na cadeira, ao ar livre, usando seus óculos escuros, camisa floral leve, de botões, e bebendo algo brando, sorria ao ver a cara de espanto do amigo. Ele se corroía por dentro por não poder falar a verdade. Chris não entendeu o porquê de John estar tão surpreso com a sua escolha, já que, em todo aquele tempo, Sophia foi a única mulher com quem ele realmente teve uma química inexplicável nas telas. Ela era linda, engraçada e as pessoas amavam seu jeito extrovertido. Por isso ele franziu o cenho, encarando-o com um sorriso safado na boca. — Qual o espanto? Sophia tem um poder fora do comum. — Chris nem precisava mentir, sentia que era tudo real. E, afinal, era, a não ser a parte em que eles não dormiam juntos, não transavam ou, realmente, não se amavam. Porém, toda a admiração era bem verdadeira. — Ela é muito, muito chata às vezes. Sabia que ela resistiu a mim desde o princípio? Foi a única, em toda a minha carreira, que não caiu de amores por mim. Foi irritante, mas tornou tudo mais divertido. — Ela resistiu a você? — desacreditou. John diria que era um exagero Chris pensar que todas as mulheres do mundo cairiam de amores por ele, mas era real que a maioria delas com quem ele já se encontrou, ficou, minimamente, envergonhada ou mexida por vê-lo sorrir para ela. — Como você conseguiu conquistá-la, então? — Aos poucos. — Pegou a bebida e deu um gole. — Nunca precisei correr atrás de mulher nenhuma, mas valeu a pena. Internamente, Christian se mordia. Isso ainda não tinha acontecido. Soph era difícil, mantinha-se de pé. Insuportável. Mulher difícil de se lidar. Isso feria sua honra, portanto ele não falaria a ninguém que a garota de 27 anos era tão dura na queda.
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