Até que a vida nos separe | [MORRO]

20"Surpresas, Amor e Revelações "

Priscilla

A luz fraca do amanhecer filtrava-se pelas cortinas entreabertas, banhando o quarto em tons suaves de laranja e dourado. Ao abrir os olhos, a sensação de peso sobre mim me despertou lentamente. Guilherme estava ali, todo largado, seu corpo desajeitado ocupando boa parte da cama. Uma perna repousava sobre mim, enquanto um dos braços estava jogado descuidadamente em minha cintura, como se estivesse buscando calor.

Seu rosto, ainda adormecido, tinha uma expressão serena, os traços suavizados pela tranquilidade do sono. O cabelo bagunçado caía sobre a testa, e sua respiração era calma e regular. A cena transmitia uma sensação de i********e e conforto, apesar da bagunça evidente.

O quarto estava silencioso, apenas o leve ruído da respiração de Guilherme quebrava o silêncio. O ambiente estava impregnado com a atmosfera preguiçosa das primeiras horas da manhã, e eu me vi hesitando em perturbar aquela tranquilidade.

Malu_ folgado!_ murmurei enquanto tentava tirá-lo de cima de mim.

Quando finalmente consegui me livrar, fui até o banheiro procurar por uma escova nova. Encontrei três na gaveta, peguei uma e fui escovar os dentes, depois lavei o rosto. De volta ao quarto, escolhi uma roupa das que o Lobo tinha conseguido e peguei uma toalha para tomar banho.

Ao retornar, encontrei Águia sentado na cama mexendo no celular. Peguei minhas roupas e retornei ao banheiro para me trocar. De volta ao quarto, ele veio na minha direção me enchendo de beijos pelo pescoço.

Malu_Está todo meloso hoje. O que aconteceu com o Águia bandidão!?_ falei, rindo.

Águia_Você não é Ave Maria, mas tá cheia de graça!_ ele respondeu, me dando um tapa na b***a.

Malu_Vai tomar seu banho logo, quero ir embora pra casa_ brinquei, e ele concordou me dando um selinho antes de ir para o banheiro.

Peguei minhas coisas e fui até a cozinha, onde Lobo e Lc já estavam tomando café.

Malu_Sem aplausos, sem muita bajulação, mas o amor da vida de vocês chegou!_ anunciei.

Lc_iludida toda!_ ele respondeu de boca cheia.

Malu_Se está passando fome, posso fazer uma arrecadação de alimentos, amor_ brinquei com Lc, que resmungou algo enquanto comia.

Lobo notou meu bom humor e perguntou.

Lobo_Esse bom humor todo é o quê?_me olhou sorrindo

Malu_Não está na cara? Até ontem eu achava que minha mãe estava morta, e ela está viva, e de quebra ainda encontrei meu pai!_ falei, sem perceber a expressão dele mudar.

Lobo_Você me chamou de que?_ele perguntou, surpreso e com um sorriso nos lábios.

Malu_Ah, me desculpa_falei sem graça_Eu não percebi_sorri nervosa.

Lc interrompeu

Lc_Você nem sabe se ele é realmente teu pai, maluca.

Lobo_Podemos fazer o teste de DNA, ai podemos ter certeza disso_sugeriu, me olhando

Malu_Podemos sim. _concordei

Águia então desceu as escadas e se juntou a nós na cozinha, ainda de mau humor.

Lc_Oi amor, bom dia pra você também. Esse m*l humor aí foi o quê? A amante não deu conta do recado na noite passada!_ Lc provocou, e todos rimos.

Águia_Começou você com essas palhaçadas_falou sério

Lobo_Eu sempre desconfiei que o Lc gostava da outra fruta, agora eu tenho certeza disso _falou e eu gargalhei alto

Malu_Essa certeza eu tinha desde sempre!_ comentei, divertida.

Lc_dormiu com bozo sua palhaça!

Águia_Está com o Patati e o Patatá enfiado no **, só pode ! _me olhou bolado

Malu_O que foi amorzinho, nem fiz nada com você ainda, está bolado porque?_olhei pra ele debochando

Águia_fica de gracinha ai fica, acabo com isso jaja._me olhou com malícia

Malu_ai chega, vamos embora logo! _me levantei

Águia_calma mulher, eu acabei de sentar aqui para comer, marca cinco ai_neguei

Malu_Você estáva implicando comigo agora, então você levanta dessa mesa e vem me ajudar a colocar minha mãe dentro do carro, agora!

Lc_Tenho certeza que isso é tpm, mulher doida, vamos logo Águia, antes que essa doida parte para cima de nós todos aqui_se levantou junto com o Águia que tava resmungando não sei o que.

Eles me deixaram sozinha com o Lobo que estava me olhando e rindo.

Lobo_Você é pilantra garota, a cara nem arde em! _falou e eu rir

Malu_A Maluzinha aqui sempre consegue o que quer_me gabei_Agora vai ajudar os meninos também!

Lobo_Estava demorando em! _bufou se levantando e indo até o quarto

Minutos depois, estávamos todos no carro, e Águia decidiu que iríamos para a casa dele, já que a minha era pequena. Águia e Lc levaram minha mãe para o quarto, e eu convidei Rebeca para ir até lá.

Ela chegou rapidamente, e eu a abracei.

Rebeca_Eu vim o mais rápido que consegui! O que aconteceu, você está bem?_ela perguntou preocupada.

Águia interrompeu com seu jeito brincalhão, e Rebeca fez drama, jogando-se sobre mim.

Malu_Chega vocês dois_ pedi_ amiga, quero te mostrar uma coisa, uma pessoa!

Ela estava desconfiada, mas eu a levei até o quarto onde minha mãe estava. Quando ela viu minha mãe, ficou branca como papel, sem reação.

Malu_ Amiga, você está bem?_ perguntei preocupada.

Rebeca_E-eu... eu tô ficando maluca, não tô!?_ ela disse nervosa_ Meu Deus Malu_ passou a mão nos cabelos_ Ela, ela tá viva, não tá?

Malu_ Ela está sim, amiga. Minha mãe está viva, graças a Deus. Ela entrou em coma faz quase um mês, eu espero que ela acorde logo_ expliquei.

Rebeca estava sem acreditar, agradecendo e emocionada. Depois, ela mencionou Ana, e sua expressão mudou.

Rebeca_ O boato que estava rolando é verdade. Ela realmente estava tendo um caso com o chefe de um morro inimigo_ ela disse, e eu neguei com a cabeça.

Malu_ O que deu nela, Ana Clara não era assim_ comentei, confusa.

Rebeca_ Talvez ela sempre tenha sido assim, nós que não percebemos. A traição vem da pessoa que a gente menos espera_ Rebeca refletiu.

Estava conversando com a Rebeca quando o Águia apareceu no quarto, ele estava com outra roupa, tinha tomado outro banho.

Malu— Vai sair? — perguntei, vendo ele arrumar o relógio no pulso.

Águia— Tô indo resolver uns bagulho, não sei que horas eu volto.

Malu— Tá tudo bem? — Ele concordou e saiu sem olhar na minha cara.

Malu— Que estranho! — franzi o cenho.

Rebeca me olhou com um sorrisinho no rosto e perguntou:

Rebeca— O que vocês têm?

Malu— Não temos nada, só amizade mesmo!

Rebeca— Sei. Amiga, vou ir nessa, tenho que arrumar casa ainda. Mais tarde talvez volto aqui. Se precisar de alguma coisa, me liga, tá, Manuzinha! — falou, me dando um abraço.

Malu— Tá bom, gostosa. Te amo, tá? Obrigada por tudo! — Retribui o abraço e dei um selinho nela.

Ela foi embora e eu fui fazer o almoço. Estava sozinha em casa, na verdade eu, minha mãe e a Eliza. Terminei o almoço, fui almoçar, e depois que terminei fui lavar as coisas que sujei.

Estava com um tédio enorme, então resolvi dar uma faxina na casa. Comecei pelo andar de cima, arrumei todos os quartos. No quarto do Águia, arrumei o guarda-roupa dele que estava uma bagunça que só.

Quando terminei, fui tomar um banho e fiquei assistindo série. Escutei a porta da frente se abrindo e achei que era o Águia, mas quando olhei era o Lobo.

Malu— Oi, Lobinho! Tudo bem? — falei com um sorriso amigável no rosto.

Lobo— Oiii, Maluzinha! Trouxe açaí pra você! — me entregou uma sacola.

Malu— Mentiraaa! Muito obrigada, de verdade! Estava morrendo de vontade de um açaí.

Lobo— Li sua mente, então. Vim ver sua mãe também.

Malu— Ah, sim. Ela continua na mesma. Ela continua me chamando, mas é apenas isso — falei, triste.

Lobo— Não fica assim, pô. Já já ela vai acordar! — me abraçou de lado. — Tô indo lá. O Águia tá aí?

Neguei com a cabeça.

Malu— Ele disse que tinha que resolver uns bagulhos e falou que não sabe que horas volta.

Lobo me olhou estranho e eu dei de ombros. Ele foi para o quarto onde minha mãe estava e eu fiquei assistindo série enquanto tomava o açaí. Minutos depois, o LC apareceu.

Lc— E aí, gatinha — beijou minha cabeça. — Tá bem?

Concordei.

Lc— O Águia tá aí? — olhei confusa para ele.

Malu— Achei que você soubesse para onde ele foi. Ele saiu cedo falando que ia resolver umas coisas!

Lucas me olhou estranho.

Ai tem coisa!_pensei

Lc— Ele não me disse nada. Na verdade, não falou pra ninguém — ficou um tempo calado. — E aí, como a tia Mari está?

Desviei o olhar.

Malu— Mesma coisa, né.

Lc— Lobo tá aí, né? Vi a BMW dele parada aí na porta. — Concordei, sorrindo. — Tu gostou dele, né?

Malu— Muito. Eu ainda não tenho a certeza de que ele é meu pai, sabe? Só que eu já sinto isso. Eu tô sentindo alguma coisa que me diz que ele é meu pai, entende?

Ele concordou, sorrindo.

Lc— Tô feliz pra c*****o em te ver assim, sabia? Parece até a Malu de antes, de quando tu tinha 11, 12 anos. Tava com saudade já!

Malu— Seu bobo! — Dei um tapinha de leve nele.

Lc— Vou voltar pra boca, tá, gatinha? Te amo! — Me abraçou e deu um beijo no topo da minha cabeça.

Ele saiu e eu fiquei pensando no Águia. Se fosse para resolver coisa do tráfico, os meninos iam ficar sabendo.

Malu O que é que esse doido se meteu? — falei para mim mesma.

Lobo apareceu do nada e perguntou:

Lobo— Esse quem?

Malu— Que susto, Lobo! Tô falando do Águia. Ninguém sabe onde ele está.

Lobo— Já já ele aparece. Tô indo pro meu morro. Tchau, Maluzinha. Se precisar, dá um toque! — me deu um abraço e saiu.

Enfim, sozinha!

A noite caiu e o relógio marcava 03:33. Eu ainda estava assistindo série. Não estava conseguindo dormir, sentindo uma coisa r**m, um aperto no peito, e calafrios pelo corpo. Estava ventando pra caramba também, parecia que ia chover, e eu morro de medo de ficar sozinha quando chove. Já tinha ligado pro Águia umas 300 vezes e nada dele atender. Liguei pro LC e só dava caixa postal. O celular da Rebeca estava desligado. Parecia que todos estavam me evitando.

Do nada, escutei um barulho vindo da cozinha, vidro quebrando. Meu corpo tirou print. Tomei o maior susto. Estava parecendo filme de terror isso aqui. Janelas batendo. Me levantei para ir fechar. Juro que tinha visto um vulto preto passando.

Comecei a ficar com medo. Peguei meu celular e liguei pro Águia, e adivinha? Caixa postal. Fui até os meninos que estavam na contenção, e quando abri o portão, não tinha ninguém lá. A rua estava deserta. Nenhum dos meninos que era pra estar ali estava lá.

Quando voltei, vi o Águia parado em frente à janela. A ventania tinha parado. Chamei por ele e o mesmo virou, me olhando. Estava com os olhos vermelhos.

Malu— Onde você estava? Te liguei várias vezes e nada de você atender! — fui até ele, mas ele estava me olhando estranho. Senti até um arrepio.

Vi um sorriso assustador crescer no rosto dele. Dei um passo pra trás, batendo em alguém. Me virei e vi o Lc. Ele estava me olhando do mesmo jeito que o Águia.

Olhei em volta e todos estavam ali: Rebeca, Lobo, Ana Clara, Gabriel. Todos com o mesmo sorriso no rosto. Comecei a chorar desesperada e corri pro quarto do Águia, trancando a porta.

Me sentei no chão, encostando minhas costas na porta. Apoiei minha cabeça em meus joelhos. Senti alguém me tocar. Olhei rápido para ver quem era. Minha mãe. Ela estava me olhando com um sorriso lindo no rosto. Corri para abraçá-la, mas senti algo enfiando na minha barriga.

Olhei para baixo, vendo ela segurando uma faca que estava cravada na minha barriga. Senti o sangue escorrendo. Olhei para ela novamente e vi o mesmo sorriso diabólico no rosto dela.

Malu— Por... por que fez isso, mãe? — Senti minha garganta dar um nó e meus olhos se enchendo de lágrimas.

Mariana— Vingança, Maria Luiza. Estou me vingando por tudo que você me fez! — enfiou mais a faca.

Malu— Não, por favor. Eu te amo. Não faz isso comigo, mãe! — falei com dificuldades.

Mariana— Eu estou em coma por sua culpa. Você me deixou assim, e agora todos querem ver você morta.

Malu— Não, por favor, não! — gritei.