33" Noite de perigo e desejo "

1669 Words
Águia Eu me postava à distância, uma sombra entre as sombras, observando a Maria Luiza como um predador silencioso. O camarote estava repleto de caras desconhecidos que lançavam olhares lascivos na sua direção, e isso me deixava inquieto. Lá embaixo, uma cacofonia de assobios e gritos impertinentes dirigidos a ela e à Rebeca ressoava como um eco irritante. Esses playboys, sempre tão entusiasmados, sempre tão desrespeitosos. Fumava um baseado com uma calma dissimulada, o álcool misturando-se ao fumo enquanto observava o ambiente com um olhar atento. Minutos depois, vi o j**a e a Letícia subindo as escadas, caminhando na minha direção, a sua presença interrompendo o meu campo de visão. A Letícia havia cumprido seu papel bem, afastando ele da Malu durante todos esses dias, mas a minha vigilância não conhecia descanso. Japa chegou com um sorriso largo, jogando o cumprimento com os meninos. Japa_ E aí, seus putos!_ saudou com uma confiança despreocupada. Gb_ Quem é vivo sempre aparece. Tá de coleira, j**a?_ perguntou Gb, o tom provocativo e divertido. Japa riu, balançando a cabeça enquanto olhava para Letícia que estava agora ao lado das meninas. Japa_ Tô nada, só curtindo o momento!_ respondeu, os olhos ainda fixos em Letícia. Eu soltei uma baforada de fumaça para o ar, observando a interação com uma expressão impassível. Águia_ Vocês dois formam um casal bonito, pô. — comentei. Japa desviou o olhar para mim, a expressão dele se tornando um pouco mais séria. Japa_ A Letícia gosta de viver a vida, de sair pros lugares. E não é sempre que vou estar por perto, entendeu? Tenho minhas obrigações. Gb, sempre com seu olhar afiado, rebateu com um tom de sabedoria forçada. Gb_ Isso não quer dizer nada, pô. Ela vai entender que você leva uma vida diferente. Japa fez uma careta, seus olhos se fixando nas meninas antes de decidir que era hora de se aproximar. Japa_ É complicado!_ disse, a voz carregada de uma frustração dissimulada._ Vou ali falar com as meninas! Observei-o com um olhar penetrante, acompanhando-o com minha visão até ele chegar perto da Maria Luiza. Ele a cumprimentou com uma i********e excessiva, o abraço dele era mais do que um simples cumprimento. Um desdém carregado, uma violação sutil da minha própria possessividade. Eu não gostei nada disso. Gb_ Fica de boa, pô!_ Gb me olhou, um sorriso irônico no rosto._ Ele já sabe que não pode ter nada com ela. Olhei para ele, o semblante sério, e o meu silêncio falava mais do que palavras poderiam expressar. Águia_ Não sei do que você tá falando!_ retruquei, a voz baixa e carregada de tensão. Gb, com um olhar de desdém, continuou. Gb_ Ah, para de show. Você não é Xuxa. Tá aí morrendo de ciúmes do cara com a Malu. Ele já sabe que ela tá no seu nome, Águia. Ele não vai tentar nada com ela mais, relaxa aí! Minhas palavras saíram como um rosnado baixo, minha mente uma tempestade de pensamentos perturbadores. Águia_ Eu espero!_ declarei, tomando um gole longo da minha bebida enquanto o observava de longe. O meu olhar não deixava espaço para dúvidas. A possessividade que sentia não era apenas uma sensação passageira; era uma marca, uma cicatriz que delineava o meu território, um lembrete constante da minha vigilância. A noite continuava seu curso, a música e a fumaça criando uma névoa que obscurecia os limites entre o desejo e o controle. A tensão era palpável, e eu me questionava se algum dia haveria paz nesse labirinto de emoções e possessividade. Maria Luiza Assim que o j**a me abraçou, percebi que a Letícia já havia captado a mensagem. Seus olhos se voltaram na direção onde Guilherme estava e, com um ligeiro aceno de cabeça, confirmou que ele estava observando. Soltei um sorriso sutil, um toque de satisfação em meu rosto, e retribuí o abraço com um ar de desdém calculado. Malu_ E aí, gatinho!_ minha voz melodiosa carregada de um charme provocador. Rebeca_ Amiga, você está brincando com fogo_ Rebeca me alertou, a expressão de preocupação estampada em seu rosto. Malu_ Só estou colocando meu plano em prática. Se o Águia acha que eu ia aceitar aquele plano ridículo dele sem reagir, ele está muito enganado._ A determinação em minha voz era clara, uma rejeição à tentativa dele de manipular a situação. Japa, com um sorriso que beirava o cínico, me olhou com uma mistura de divertimento e apreensão. Japa_ Tá me usando pra fazer ciúmes no meu chefe? — A pergunta saiu quase como uma brincadeira, mas eu sabia que havia um fundo de verdade. Malu_ Não vai dar problema nenhum, relaxa!_ garanti, com uma confiança um pouco abalada pela bebida. Rebeca_ Lembrando que é só uma encenação, não quero ver ninguém morto hoje, por favor! — Rebeca advertiu, a voz embargada pelo álcool. Letícia, com um riso nervoso, observou. Letícia_ Amiga, ele está vermelho igual um pimentão! — Ela se divertia com a situação, sua alegria contrastando com a tensão no ar. Malu_ Pois deixe ele com raiva. — Dei de ombros, minha atitude desafiadora não escondia a satisfação. Me afastei do j**a quando ele foi buscar mais bebidas e comecei a dançar com as meninas, a música me consumindo. Quando j**a voltou com um balde de cerveja, peguei uma garrafa, abri-a e bebi com ânimo. Continuei dançando, o ritmo da música pulsando em meu corpo. [....] A euforia da noite me consumiu completamente, e a ideia de evitar Guilherme estava ficando cada vez mais fácil. Não havia conseguido falar com ele, mesmo quando ele veio em minha direção, evitei-o como se ele fosse um espectro indesejado. Letícia e minha irmã estavam descendo para a pista, e eu estava indo atrás delas até ser interrompida. Águia me agarrou, seu olhar severo misturado com uma preocupação palpável. Águia_ Onde você vai?_ Seu tom era autoritário, quase possessivo. Malu_ Não está vendo? Estou indo para a pista!_ Tentei me soltar do aperto dele, a frustração evidenciada em minha voz. Águia_ Não vai. Você já está bêbada. Vamos embora!_ Ele insistiu, tentando me puxar para fora. Malu_ Me solta!_ Exclamei, forçando meu braço para fora do aperto._ Vai embora você, pode me deixar aqui! Saí, empurrando-o para o lado, e fui atrás das meninas, que estavam dançando perto do barzinho. Poucos minutos depois, um grupo de meninos se aproximou de nós. Eles se escoravam no balcão, observando-nos com olhares maliciosos. Ignorei-os até que um deles se aproximou e colocou a mão na minha cintura. Malu_ Não encosta!_ Ordenei, empurrando a mão dele para longe de mim. xxx_ Me desculpe, posso pagar uma bebida pra você? — Ele ofereceu, a tentativa de gentileza soando insincera. Eu ia recusar, mas Rebeca, que estava visivelmente mais embriagada que eu, concordou com um aceno desajeitado. Rebeca_ Ela quer sim!_ Falou, a voz enrolada. xxx_ Desce mais duas daquela aí, amigão!_ O homem chamou o bartender, que confirmou com um sorriso cúmplice. O homem voltou algum tempo depois, entregando as cervejas. Bebi a minha rapidamente, o álcool intensificando o estado de embriaguez. Rebeca e eu continuamos dançando, mas algo estava errado. Rebeca parecia estranha, pálida e suando frio. Me aproximei dela, segurando seus cabelos para que não caíssem em seu rosto. Malu_ Está tudo bem?_ Perguntei, preocupada. Rebeca_ Eu... não estou bem, Malu. Me leva pro banheiro!_ Sua voz estava fraca, e ela se agarrava a mim. Guiando-a até o banheiro de um bar, Rebeca se apoiou na pia, sua respiração irregular. Amarrei seu cabelo e joguei água fria em seu rosto. Malu_ O que você está sentindo?_ Perguntei, a preocupação evidente em minha voz. Rebeca_ Meu corpo está estranho. Estou com dificuldades pra respirar._ A resposta dela era uma mistura de pânico e desconforto. Malu_ Vou pedir ajuda!_ Quando comecei a sair, senti minhas vistas embaçarem, um sinal de que eu também estava sucumbindo à mesma condição. Bati alguns passos para trás até bater na pia onde Rebeca estava, minha cabeça girando e o corpo queimando. Rebeca_ O que foi?_ Rebeca perguntou, visivelmente alarmada. Malu_ Estou tonta!_ Coloquei a mão na cabeça, a sensação de desorientação se tornando insuportável. O calor no meu corpo era implacável, minha boca seca. Rebeca me olhava, tão pálida e abalada quanto eu. Rebeca_ Acho que foi aquela bebida daquele cara, Malu. Estava batizada!_ Rebeca tentou explicar, sua voz tremendo. Malu_ E se eles aparecerem aqui, Rebeca?_ Perguntei, a ansiedade fazendo minha voz tremer. De repente, ouvimos a porta se abrindo, e o medo se instalou. Era Letícia, finalmente. Letícia_ Estava procurando vocês, suas doidas — Ela disse, o alívio no rosto dela desaparecendo ao perceber nosso estado deplorável._ O que aconteceu? Rebeca_ Acho que fomos drogadas, Letícia!_ Rebeca afirmou, a voz fraca e desesperada. Letícia_ O quê? Como assim?_ Letícia perguntou, sua preocupação aumentando. Malu_ Aqueles caras que estavam perto de nós, um deles pagou a bebida, e parece que o cara do bar estava envolvido._ Expliquei, a realidade do que estava acontecendo começando a se revelar. Rebeca_ Você precisa chamar alguém agora!_ Rebeca insistiu, a voz quase inaudível. Letícia_ Vou ligar pro Águia!_ Letícia disse, pegando o celular e ligando._ Está indo direto para a caixa postal. Rebeca_ Não adianta, a música está alta demais, eles não vão ouvir. Você vai ter que ir lá!_ Rebeca estava quase em pânico. Letícia_ Está bom, vou rápido. Não desmaiem, por favor!_ Letícia disse, antes de sair apressada. Poucos segundos depois, a porta se abriu novamente. Esperava que fosse Letícia, mas para nossa surpresa aterrorizante, eram os mesmos caras de antes. Cinco deles entraram e fecharam a porta atrás de si, seus sorrisos malignos refletindo a intensidade da situação. xxx_ Que bom ver vocês novamente, princesas! Trouxe uns amigos para se divertir, espero que não se importem!_ Um deles disse, um sorriso nojento espalhado pelo rosto, sua voz cheia de malícia. Com dificuldade, caminhei até Rebeca, minha visão turva e o corpo queimando, sem conseguir me manter em pé. O desespero tomou conta, enquanto os homens se aproximavam, sua presença imponente e ameaçadora.
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