17" Revelações e emoções "

1372 Words
Lobo Quando me deparei com aquela menina, foi como se o tempo congelasse por um instante. Seus traços lembravam tanto a Mariana: os olhos profundos que pareciam guardar segredos, a boca delicada que transmitia uma mistura de doçura e firmeza, e o nariz perfeitamente esculpido. Fiquei paralisado, observando cada detalhe de seu rosto, enquanto ela também me encarava. Era como se houvesse uma conexão instantânea entre nós, como se ela também me reconhecesse de alguma forma. Lobo _ Então, você é a famosa Malu! Satisfação! — disse, sorrindo gentilmente enquanto fazíamos um toque de mãos. Águia _ Bora rangar, tô varado de fome! — falou, indo até a cozinha, com Malu logo atrás. Segui os dois até a cozinha, onde a mesa já estava posta. Strogonoff de frango, meu prato favorito, para minha surpresa. Lobo _ Caramba, foi você quem fez? — perguntei para ela, que estava sentada à minha frente. Malu _ Não, foi o Águia. — falou pela primeira vez, e até a voz dela parecia com a da Mariana. Enquanto comíamos, Guilherme e eu conversávamos, mas Malu não falava e nem tocava na comida. Parecia absorta em seus próprios pensamentos. Águia _ Então, Lobo, eu queria continuar aquele assunto do hospital. Tem como? — perguntou, olhando diretamente para mim. Lobo _ Claro, podemos ir lá para fora, ou pode ser aqui mesmo? — perguntei, entendendo a seriedade do que ele queria discutir. Águia _ O assunto pode ser falado na frente dela, até porque é do interesse dela! — falou, olhando para Malu, que franziu a testa. Lobo _ Como assim? Águia _ Mariana é mãe da Malu, pô! A revelação me deixou atônito. Minha mente voltou ao passado, lembrando que Mariana estava grávida de uma menina. Eu sabia da gravidez, mas ela me disse que era um menino e que era de outro cara. Lobo _ Mariana tem dois filhos? — perguntei para Maria Luiza, que me olhou confusa. Malu _ Não, sou filha única. Minha mãe só tem eu como filha. Águia _ Sabe o que é mais engraçado, Lobo? — falou, rindo sarcasticamente._Maria Luiza tem 19 anos. Você lembra o que aconteceu há 19 anos? Cada pedaço da conversa começou a se encaixar, como se peças de um quebra-cabeça estivessem finalmente formando uma imagem clara. Fiquei perplexo ao perceber que Mariana escondeu a verdade sobre a gravidez, inventando uma história completamente diferente. A sensação de traição misturada com choque se espalhou por mim.As lembranças surgiram como um turbilhão: os momentos que passamos juntos, as palavras trocadas e a confiança que eu depositava nela. Tudo parecia ter sido abalado pela revelação surpreendente. A ideia de que Maria Luiza poderia ser minha filha mexia comigo de uma maneira que eu não conseguia explicar.Eu me sentia dividido entre a incredulidade e a necessidade de aceitar essa possibilidade, enquanto tentava processar toda a informação que acabara de receber. Malu _ Guilherme, para com isso! — falou, olhando para ele. Águia _ O que foi, pô? Tô querendo deixar as coisas bem claras aqui! — deu de ombros. Lobo _ O que você está querendo dizer, Águia?_falei já sabendo sua resposta Águia _ Tô querendo dizer que talvez a Maria Luiza possa ser sua filha, pô! Maria Luiza Eu realmente não sei explicar como me senti depois de ouvir aquela frase. Lobo ficou branco e não tirava os olhos de mim. Lobo _ Que brincadeira é essa, Águia? Águia _ Não tô brincando, tô falando sério. É só analisar as coisas, Lobo. Há 19 anos, você foi fazer aquela missão, não foi? — Lobo concordou. — Ficou dois meses fora, o tempo certinho para Mariana descobrir a gravidez. E como ela já conhecia sua vida, quis ficar longe de você e manter a gravidez escondida. E te enganou, dizendo que estava grávida de um menino e que era de outro cara. Malu _ Minha mãe não faria uma coisa dessas, Águia! — levantei-me, indignada. Águia _ Qual foi, Maria Luiza. Sua mãe já veio para o morro grávida de você. Malu _ Exatamente, ela poderia ter ficado com outro homem antes. Águia _ Vocês não são tão burros assim, né? Lobo _ Isso é uma loucura, Águia. Mariana não teria coragem de esconder e inventar uma mentira dessas! Malu _ Exatamente, ela não teria essa coragem. Águia, me leva para a casa da Rebeca? Águia _ Calma, pô. O assunto aqui não acabou, e você vai dormir aqui hoje. Malu _ O que mais você tem para falar? Já não basta essa loucura toda!? Águia _ Lobo ainda tem que contar para a gente onde é que ele está com a Mariana! — falou, e eu olhei para ele confusa. Malu _ Que história é essa? Lobo _ É verdade, Maria Luiza. Eu realmente estou com sua mãe — senti minhas pernas ficando fracas e um nó se formando na minha garganta. Sentei no sofá, e Águia veio para o meu lado. Águia _ Tá tudo bem? — concordei com a cabeça. Lobo _ Como eu disse para o Águia antes, eu nunca esqueci sua mãe. Queria mantê-la em segurança, então fiquei de olho nela, mesmo de longe. Quando soube que ela tinha sido sequestrada, fiquei maluco. Quis ir atrás dela, custe o que custasse. Revirei o mundo inteiro e encontrei. Descobri antes do Águia e fui atrás. Matei todos lá. Malu _ Então minha mãe está viva? — perguntei, limpando as lágrimas que escorriam. Lobo _ Ela está viva, mas em coma. No dia que fui buscá-la, o Isaac, antes de morrer, deu três tiros nela. Dois pegaram, e um passou de raspão no braço — comecei a chorar ainda mais. Malu _ Eu quero ver minha mãe! Por favor, me deixa ver ela!? — implorei. Águia _ Calma aí, Maria Luiza. Você saiu do hospital hoje. Se continuar assim, vai parar lá de novo. Antes que ele terminasse a frase, senti um calor intenso subir pelo meu corpo, minhas vistas escureceram e, em um piscar de olhos, perdi completamente a consciência. [... ] Quando recuperei a consciência, tudo estava girando ao meu redor. Abri os olhos devagar, tentando me acostumar com a luz intensa que entrava pela janela. Vi Águia ao meu lado, levantando minhas pernas com cuidado para ajudar na circulação. O coração ainda batia descompassado, e minha cabeça latejava com intensidade. Levei a mão à testa, tentando afastar a sensação de tontura. A confusão reinava em minha mente enquanto eu tentava entender o que tinha acontecido. Águia _ Caramba, garota, tem como ficar acordada a partir de agora? Lobo _ Toma um pouco de água com açúcar — me entregou um copo, e eu bebi um gole. Malu _ Eu posso ver minha mãe agora? — olhei para o Lobo, que me observava preocupado. Lobo _ Só depois que você comer alguma coisa. Notei que não tocou na comida, e tenho certeza que não está se alimentando direito, né? — falou, e eu concordei com a cabeça. Águia _ Isso é sério, Maria Luiza. Todo dia pergunto se você comeu, e você fala que sim. Por que não está comendo? Malu _ Sem fome. Às vezes, como uma fruta. Lobo _ Fruta não enche. Come a comida lá, e depois a gente vai — concordei e me levantei com dificuldade. Comi um pouco de strogonoff e depois fui escovar os dentes. Malu _ Podemos ir agora? — perguntei, olhando para os dois homens sentados no sofá. Águia _ Pega pelo menos uma blusa de frio. Tá um pouco frio lá fora! — falou, e eu concordei, indo para o quarto dele onde minha mochila estava. Peguei meu bobojaco preto curto e fui até o closet do Águia, pegando uma blusa para ele. Quando desci as escadas, vi que eles estavam conversando sobre algo e pararam ao me notar. Malu _ O que estavam falando? — olhei para os dois à minha frente. Águia — Nada demais. Pegou uma blusa para mim? — falou, olhando para minha mão, e eu concordei, sorrindo de lado. — Que bonitinho! — disse, rindo, e eu mostrei o dedo do meio para ele, que riu mais ainda. Malu — Vamos logo. Quero ver minha mãe! — falei, saindo da casa com determinação.
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