42" Envolta na sombra do desejo "

1465 Words
Maria Luiza Rebeca _ O que aconteceu? _ Me olhou assustada, e o olhar de curiosidade. Letícia _ Quem é aquela mulher maluca? Malu _ Lembra da mulher que falei pra vocês? A ex-amante do Gabriel. Rebeca _ A tal de Amanda? _ Eu assenti, confirmando. Letícia _ Não me diga que é ela! _ Repetiu, com um tom de incredulidade, e eu confirmei novamente. _ O que essa maluca tá fazendo aqui? Malu _ Ela chegou cheia de si. Ontem mesmo, essa doida tava desesperada pedindo ajuda, dizendo que não tinha pra onde ir. Letícia _ Não parecia, porque ela tava toda montada, com cabelão e cílios gigantes. Parecia estar bem de vida. Rebeca _ Ou ela tava mentindo, ou ela achou alguém pra bancar ela. Malu _ Acho que a segunda opção encaixa melhor. _ Rimos, aliviadas pelo fato de podermos brincar um pouco com a situação. Letícia _ E o que fez ela sair daquele jeito? _ Me olhou, curiosa. Malu _ Perguntei se ela já sabia o que queria fazer nas unhas. Ela pediu pra eu surpreendê-la, e eu aceitei. Perguntei se ela preferia unhas grandes ou pequenas, porque mesmo se fosse da minha escolha, tinha que ser do gosto da cliente, né? Rebeca _ Profissionalismo! _ Completou, admirada com a abordagem. Malu _ Exatamente! A maluca falou que gostava de unhas bem grandes. Eu lembrei que ela tinha um filho pequeno, e que as unhas poderiam machucar ele e atrapalhar ela a cuidar dele. Dei minha opinião, e ela achou r**m, começou a ser grosseira comigo, e eu não aceitei. Rebeca _ Fez bem. Letícia _ O problema é se ela fizer alguma coisa que vá prejudicar o salão. Minha mãe não vai gostar nada disso._ Falou um pouco triste, claramente preocupada. Malu _ Não tem problema, amiga. Eu me responsabilizo por tudo, até porque a culpa foi minha. Rebeca _ Não foi sua amiga, foi daquela doida que veio fazer barraco aqui. Malu _ Mesmo assim, Letícia, você consegue adiantar o horário da próxima pra agora? Letícia _ Vou ligar pra cliente. _ Concordou e saiu da sala, me deixando sozinha com Rebeca. Rebeca _ Tá com medo da mãe da Lelê te dar bronca? Malu _ Tô com medo da Amanda fazer alguma coisa contra o salão e eu perder meu emprego. Rebeca _ Relaxa, amiga. A mãe da Letícia é bem paciente e ela sabe como são algumas clientes. Malu _ Eu espero! Letícia _ Malu, a cliente falou que pode vir, é a Giovanna, só manutenção. Rebeca _ Que sorte, Maluzinha! Saiu de uma cliente chata para uma das melhores. A Giovanna é um amor de pessoa, adoro aquela menina. Malu _ Graças a Deus, porque ninguém merece duas chatas uma atrás da outra. Eu gosto da Giovanna porque ela chega cheia de fofoca pra contar. _ Rimos juntas, aliviadas pela mudança de cliente. Reorganizei todas as coisas no salão com a precisão habitual, já aguardando a chegada de Giovanna. Ela não demorou a aparecer e, assim que entrou, eu soube que o dia estava prestes a ser produtivo. Giovanna tinha o talento de sempre saber o que queria, o que eu adorava. Com um sorriso, a recebi e começamos a fofocar sobre os últimos acontecimentos enquanto eu preparava os materiais para fazer suas unhas. O aroma do esmalte misturado com a leveza da nossa conversa criava um ambiente descontraído e agradável. A manhã passou de forma tranquila e produtiva. Depois de Giovanna, atendi mais duas clientes. Cada uma tinha suas peculiaridades, mas todas foram atendidas com a mesma atenção e dedicação. Quando o relógio marcou meio-dia, decidimos fazer uma pausa para o almoço. Como de costume, fomos até a lanchonete da dona Hermínia, um pequeno estabelecimento no morro que se tornou nosso ponto de encontro favorito. Ao chegarmos, a lanchonete estava movimentada, com o cheiro do tempero caseiro preenchendo o ar. Eu avistei Lc, Gb e o Águia em uma das mesas próximas à janela. Eles estavam imersos em uma conversa animada, rindo e desfrutando das refeições com um entusiasmo contagiante. O Águia, em particular, parecia estar no centro das atenções, com seu sorriso carismático e a expressão relaxada. Quando ele me viu, um sorriso de lado se formou em seus lábios, e o olhar dele me fez sentir um misto de derretimento e satisfação por dentro. Eu me aproximei da mesa, e a presença deles trouxe uma sensação de familiaridade e conforto. A interação casual e a energia positiva daquele momento eram exatamente o que eu precisava para recarregar as energias e continuar com o resto do dia. Lc _ As mais gatas desse morro chegaram! E aí, Maluzinha! _ Fez um toque comigo. Malu _ Oi, cunhadinho! Quanto tempo não te vejo. _ Sentei no colo dele, com um sorriso no rosto. Gb _ O que sua irmã vai achar dessa cena aí?! _ Referiu-se ao fato de eu estar sentada no colo do Lc. Lc _ Ela não vai falar nada porque não tem nada demais. Malu é minha irmãzinha, e é mulher do parceiro ali! _ Apontou com a cabeça para o Águia, que estava calado, comendo. Águia _ Se é minha, tinha que estar sentada no meu colo, não no seu! _ Falou sem mais nem menos, e eu engoli em seco, surpresa com o tom possessivo. Rebeca _ Sem vergonha nenhuma, né? Seu descarado. Águia _ Tô mandando o papo reto, pô. Vocês vivem dizendo que é minha mulher, então tem que estar é comigo, não no colo de outro cara! _ Falou cheio de marra, o que me deixou ainda mais desconfortável. Malu _ Vou fingir que não escutei esse comentário horrível que você fez, porque minha manhã foi péssima. _ Levantei-me, visivelmente irritada. Águia _ O que tá rolando? _ Cruzou os braços, me olhando com uma expressão preocupada. Rebeca _ Aquela tal de Amanda apareceu lá no salão e fez um maior barraco. Gb _ Tá de caô! _ Falou surpreso. Lc _ É a mina que você falou? _ Perguntou para o Gb, que confirmou. Malu _ Não importa agora. Vou comer porque tô morrendo de fome. _ Falei e fui me dirigindo ao buffet. Águia _ Novidade! _ Debochou, rindo, e eu mostrei o dedo do meio para ele. Águia _ Enfia no cu! _ Gritou, fazendo com que alguns olhares se voltassem para nós. Fui até o buffet, coloquei um pouco de comida no prato e, ao me aproximar das mesas, notei que as meninas tinham se juntado aos meninos. Sentei-me em uma cadeira ao lado do Águia, com uma cadeira vazia do meu outro lado. Águia _ Achei que você tava morrendo de fome, colocou só esse pouquinho de comida. Malu _ Claro, não sou você que coloca o monte Everest no prato. _ Falei, fazendo todos rirem. Águia _ Tá cheia de graça! Lc _ Que gracinha. Tá igual aqueles casais de colégio que se odeiam no começo e depois não vivem mais separados. Malu _ Que bonitinho. Tá vendo muito filme de romance, Lucas? Tô gostando de ver! Lc _ Você viu, menina! _ Começou a fazer uma voz mais afeminada. _ Ai, amiga, me indica um filme bom de romance _ Exaltou a palavra "romance". Rebeca _ Se você quer um romance bem clichê, assista qualquer dorama. Você vai gostar. Gb _ Sei nem que p***a é essa! _ Falou para o Águia, que também estava confuso. Águia _ Nem eu! Malu _ Tão querendo assistir romance também? _ Perguntei, rindo da situação. Águia _ Não viaja, Maria Luiza. Você tá cheia de graça, né palhaça. Gb _ Mudando de assunto, que dia a mãe da Letícia vai mudar pro lugar que ela comprou aqui? Os bagulhos já tão tudo prontos, pô. Rebeca _ Semana que vem ainda. Águia _ Chega de papinho furado, bora trabalhar, seus vagabundos. Tem várias coisas pra ser resolvidas hoje, e amanhã já é a reunião. Lc _ Demorou, tchau Maluzinha, come direito, viu! _ Me deu um beijo na testa e foi saindo. Águia _ Mais tarde vou brotar na sua casa, quero falar um bagulho contigo! _ Falou no meu ouvido, e eu apenas concordei com a cabeça. Ele me deu um beijo no pescoço e outro na testa, antes de se juntar aos outros e sair. Letícia _ Que episódio foi esse que eu perdi? Vocês tão juntos, juntos agora? Rebeca _ O que seria, juntos, juntos pra você? _ Cruzou os braços, rindo. Letícia _ Namorando! Malu _ Claro que não. A gente fica às vezes, mas não é nada demais. Rebeca _ Você gosta dele? _ Me olhou séria. Malu _ Não sei explicar, amiga. Me deixa comer, e depois falamos disso aí! _ Respondi, tentando mudar de assunto.
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