30" Jogos de lealdade e desejos"

1539 Words
Letícia Vou ajudar o Águia por dois motivos, na verdade, três. O primeiro é que eu sei que ele realmente gosta da Maluzinha. E, sinceramente, eu quero muito que eles fiquem juntos. Eles formam um casal tão fofo, dá até vontade de suspirar. Ver aqueles dois juntos me faz acreditar, mesmo que só um pouco, que o amor pode existir em meio a tanta confusão. No fundo, sou uma romântica incurável, mesmo que eu não goste de admitir. Mas, para ser bem sincera, o terceiro motivo é que, se eu não aceitasse, ele provavelmente ia partir pra agressão. E, honestamente, o j**a é tão gato pra morrer assim. Não quero ser responsável por uma tragédia, pelo menos não hoje. Ele pode ser um i****a às vezes, mas ninguém merece terminar assim. E, convenhamos, eu tenho um coração, mesmo que ele esteja bem escondido. Além disso, a preocupação de como eu ia pagar pelas bebidas no baile estava me tirando o sono. Desde que o baile foi divulgado, esse pensamento não me deixava em paz. Era uma mistura de ansiedade e expectativa, mas, no fundo, eu sabia que precisava encontrar uma solução. Então, quando surgiu a oportunidade de ter as bebidas pagas por outra pessoa, senti um alívio enorme. Não precisar me preocupar com isso foi como tirar um peso dos meus ombros. Agora, posso realmente me entregar à festa. Vou beber sem moderação, dançar a noite toda e aproveitar cada momento. Porque, no fim das contas, é isso que importa, não é? Uma garota precisa se divertir, especialmente depois de semanas tão tumultuadas e estressantes. Eu passei por tanta coisa recentemente, então essa festa é a chance perfeita para relaxar e esquecer os problemas, mesmo que seja só por uma noite. Além do mais, poder fazer isso sem gastar um centavo é a cereja do bolo. Não preciso me preocupar em economizar ou em me sentir culpada por cada drink que pedir. Pelo contrário, vou me permitir esse luxo, porque eu mereço um pouco de diversão depois de tanta confusão. E, quem sabe, essa noite possa ser o começo de algo novo, uma forma de virar a página e começar um capítulo mais leve e alegre da minha vida. Quando se trata do j**a e da Malu, não sinto ciúmes. Minha relação com ele é puramente física; nos encontramos às vezes, mas não há envolvimento emocional. Sou uma pessoa bastante desapegada e priorizo meu bem-estar acima de tudo. Não vou me deixar envolver a menos que alguém realmente me mostre que quer estar comigo de verdade, com um comprometimento total, 10/10. Minha entrega é completa quando vejo que a outra pessoa realmente vale a pena, mas se percebo que não há reciprocidade ou que a pessoa não está disposta a se esforçar, simplesmente não me importo. Não gasto minha energia com pessoas que não merecem. Tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar envolvida em dramas que não me trazem benefício algum. Meus objetivos e meu tempo são preciosos demais para serem desperdiçados com quem não vale a pena. Então, meu plano é simples, mas precisa ser bem executado. Vou chegar na Malu e falar toda a verdade, tudo que o Águia me pediu e me contou. Minha amizade com ela vale mil vezes mais que qualquer drama com o j**a. Eu, hein. Mas é claro que vou pedir pra ela ficar um pouco distante do j**a até o dia do baile. Quero garantir minhas bebidas de graça. Pô, já que vou me envolver nessa confusão toda, pelo menos vou tirar um proveito. Não sou santa e nunca disse que seria. A Malu merece saber a verdade, e eu vou ser a pessoa que vai abrir os olhos dela. Vou me aproximar dela com cuidado, escolher as palavras certas e revelar tudo. O Águia vai ter que entender que, apesar de eu estar ajudando, minha lealdade é com a Malu. E o j**a? Bem, ele vai ter que lidar com as consequências das próprias ações. Eu não sou babá de ninguém e, se ele tá metido em encrenca, vai ter que se virar. Às vezes, me pergunto se eu deveria me importar mais com os sentimentos das pessoas ao meu redor. Mas a verdade é que sempre fui assim, desapegada. Minha liberdade e meu bem-estar vêm primeiro. Não vou me deixar envolver em drama desnecessário. Se alguém quiser estar comigo, vai ter que entender isso e aceitar as minhas condições. Caso contrário, pode seguir em frente. Talvez eu seja um pouco egoísta, mas quem não é? Todos estão tentando proteger seu próprio interesse, e eu não sou diferente. Só que eu sou honesta sobre isso. Não vou fingir ser alguém que não sou. Vou viver minha vida do jeito que quero, e se isso significa tomar algumas decisões difíceis, que assim seja. Prefiro ser verdadeira a viver uma mentira para agradar os outros. E sobre o baile, já consigo imaginar a diversão. As luzes, a música, as pessoas dançando e, claro, as bebidas. Vou aproveitar cada momento, porque a vida é curta demais para se preocupar com coisas que não importam. E se, no meio disso tudo, eu puder ajudar o Águia e a Malu a se acertarem, melhor ainda. Quem sabe, no final das contas, todos nós saímos ganhando. Maria Luíza Acordei com uma dor de cabeça latejante e uma sensação de incômodo nos s***s, especialmente nos m*****s. Suspirei, sabendo que esses eram sinais claros de que minha querida e amada menstruação estava prestes a chegar. Fui ao banheiro, decidida a tomar um banho relaxante para tentar aliviar um pouco o desconforto. No entanto, evitei lavar o cabelo, pois sabia que ele iria encher de poeira das unhas. O banho foi revigorante. A água quente ajudou a aliviar um pouco a tensão nos meus músculos e a dor de cabeça pareceu diminuir ligeiramente. Após sair do chuveiro, sequei-me cuidadosamente e passei meu hidratante corporal favorito, espalhando-o por toda a pele até ficar macia e cheirosa. Caminhei até meu guarda-roupa e escolhi uma lingerie preta de renda, que além de bonita, era incrivelmente confortável. Antes de vesti-la, coloquei um absorvente, prevendo que seria necessário em breve. Vesti também um body preto de renda, que moldava meu corpo de maneira perfeita, destacando minhas curvas. Combinei com um short preto desfiado, que dava um ar despojado e moderno ao visual. Nos pés, optei por um tênis da Nike, que era ao mesmo tempo estiloso e confortável para enfrentar o dia. Prendi meu cabelo em um r**o de cavalo alto, garantindo praticidade e um toque esportivo. Depois de me vestir, fui até o espelho do banheiro. Passei protetor solar no rosto, um hábito que mantinha religiosamente todos os dias para proteger minha pele dos danos do sol. Apliquei um gloss nos lábios, que dava um brilho discreto e natural. Satisfeita com o resultado, peguei minhas coisas e fui para a cozinha. Minha mãe estava sentada à mesa, tomando seu café da manhã tranquilamente. Aproximando-me, inclinei-me para dar um beijo carinhoso na cabeça dela e desejei um bom dia. Mariana_ Sua menstruação tá pra chegar, né? — perguntou ela, observando meu semblante abatido com olhos atentos. Concordei com um aceno de cabeça, e ela sorriu com um misto de compaixão e brincadeira. Mariana_ Tô vendo, essa cara de b***a que você tá. Vê se melhora, vai atender seus clientes desse jeito? — falou rindo, e eu revirei os olhos, fazendo uma expressão de tédio. Malu_ Com uma mãe dessas, pra que inimigo, né? Tô indo. Beijo, te amo! — despedi-me, bebendo uma xícara de café antes de sair. Descendo a rua, vi um grupo conhecido: LC, GB, Águia e mais três meninos, todos parados na esquina fumando. Assim que LC me avistou, ele sorriu e veio falar comigo com sua típica animação. Lc_ E aí, amante do meu marido! — ele me abraçou de lado, sempre brincalhão. Malu_ E aí, chatinho, tá bem? — perguntei, passando meu braço ao redor da cintura dele. Lc_ Tô bem, pô. Já tá indo trampar, né? — concordei com a cabeça. — Tá com essa carinha por quê? Malu_ Dor de cabeça! — fiz um drama, colocando a mão na testa em um gesto exagerado. Lc_ É aqueles bagulhos de mulher, né? Quer chocolate? — perguntou ele, vendo meu rosto se iluminar com a oferta. Concordei animada, e ele prometeu: Lc_ Vou mandar entregar lá no teu trampo. Eu até te levaria, mas tenho que resolver uns bagulhos ali agora. Malu_ Tá tudo bem, fica pra próxima. Vou indo nessa. Beijinho. Passei pelo grupo cumprimentando os outros, mas evitei olhar muito para o Águia. Ainda estava chateada com ele por ter me deixado ir embora sozinha para casa na última vez que saímos. Sentia um nó no estômago toda vez que pensava naquilo. Cheguei ao salão de beleza onde trabalhava, e as meninas já estavam organizando tudo para o dia. O ambiente estava cheio de energia, com a música suave tocando ao fundo e o som das conversas animadas. Fui direto para minha sala, ajeitando todos os materiais e produtos para a primeira cliente, que estava marcada para as 8:20. Conferi minha agenda do dia e respirei fundo, preparando-me mentalmente para mais um dia de trabalho.
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