CAPITULO 28

1527 Words
Helena encarou os amigos de Bruno, tentando compreender o significado por trás das palavras que Lucas havia dito. Seu coração batia acelerado enquanto as perguntas se acumulavam em sua mente. Bruno não teria ficado com ela porque ele ia morrer? A ideia parecia absurda, mas havia algo na seriedade nos olhos dos três rapazes que a fez questionar ainda mais. Como Bruno poderia estar tão certo disso? E qual era o sentido por trás dessa profecia? As perguntas se multiplicavam, e Helena estava determinada a descobrir as respostas. Lúcia, percebendo o desconforto de Helena, sugeriu que eles fossem para um barzinho próximo para conversarem mais tranquilamente. Os cinco amigos caminharam até o local em silêncio, suas expressões refletindo a seriedade do assunto que estava por vir. Ao chegarem, Helena encarou os três rapazes e finalmente quebrou o silêncio. "Ok, alguém pode me explicar o que está acontecendo? Por que vocês estão falando de profecias e de morte? Isso não faz sentido." Pedro suspirou e se virou para Helena, decidido a contar a história completa. "Há algum tempo, nós cruzamos com uma cigana na praia. Bruno, de certa forma, fez um comentário meio debochado sobre o trabalho dela." Jonathan interveio. "Ela viu isso como um desafio e lançou uma espécie de... profecia sobre o Bruno." Helena franziu a testa, tentando processar essa informação. "E que profecia seria essa?" Jonathan tomou a palavra. "Ela disse que Bruno se casaria até os 24 anos, teria quatro filhos, ficaria rico, mas não fazendo o que ama e muito menos através de jogos de azar. Seu pai faleceria aos 60 anos, e ele aos cinquenta e oito anos." Lúcia, ainda processando a informação, comentou: "Isso é incrivelmente específico para ser apenas uma coincidência." Jonathan concordou com ela. "Exatamente. E a parte mais relevante para a nossa discussão é que tudo isso só aconteceria se Bruno se envolvesse com uma mulher morena." Helena piscou, perplexa com a especificidade dessas alegações. "Isso é... surreal. Como ela poderia saber disso?" Lucas confirmou: "Não temos ideia, mas desde então, apesar do Bruno viver dizendo que não se importa com a profecia, ele evitava ao máximo se envolver com mulheres morenas." As palavras atingiram Helena como um soco, e ela olhou para os amigos de Bruno, sua expressão uma mistura de choque e confusão. "Mas... espere um minuto. Bruno nunca esteve com uma mulher morena depois da profecia?" Lucas negou com a cabeça. "Não, ele teve alguns relacionamentos, mas nenhum deles chegou ao ponto de ficar sério." Jonathan então olhou diretamente para Helena, sua expressão séria. "O problema não é ele ter se envolvido com uma morena, Helena. O problema é ele amar uma mulher morena. E agora ele te ama, Helena." As palavras de Jonathan ecoaram na mente de Helena, deixando-a sem palavras. Ela encarou os amigos de Bruno, vendo a seriedade em seus olhos. A ideia de que Bruno a amava ao ponto de sacrificar sua própria vida era avassaladora. Finalmente ela começou a entender a verdade por trás das ações de Bruno. Tudo se encaixou - a hesitação, a distância, a decisão de não ficar com ela. E assim, em meio a um barulhento bar, Helena começou a compreender que a história entre ela e Bruno ia muito além do que ela jamais imaginou. *** Bruno chegou cedo à sua loja de materiais esportivos, Nilton's Bike, mais uma vez abrindo o estabelecimento sozinho. Enquanto começava a atender os clientes, ele percebia a ausência de seus amigos e colegas de trabalho, Gabriel, Jonathan e Lucas. Era estranho, um ou outro poderia faltar, mas os três juntos levantava suspeitas. Entre um atendimento e outro, Bruno tentava entrar em contato com eles, deixando mensagens em suas caixas postais para saber onde estavam e se estavam bem, mas nenhuma resposta chegava. Quando a hora do almoço se aproximou, Bruno fechou a loja temporariamente e dirigiu-se a sua casa. Seu pai, Nilton, e sua mãe, Loreta, já estavam sentados à mesa para o almoço quando ele entrou, seu rosto refletindo preocupação. Nilton notou a expressão de seu filho e perguntou com carinho: "Está tudo bem, Bruno?" Bruno suspirou, servindo-se de comida. "Sim, só estou um pouco sobrecarregado hoje. Meus amigos faltaram no trabalho." Nilton deu de ombros de forma casual. "Ah, você conhece esses rapazes. Às vezes, são meio imprevisíveis." Bruno ergueu os olhos para seu pai, seus pensamentos claramente preocupados. "Sim, mas não é normal os três faltarem ao mesmo tempo. Amanhã vou ter uma conversa séria com eles." Enquanto eles almoçavam, Loreta observou a interação entre pai e filho. Com um olhar atento, ela perguntou: "Você precisa de ajuda na loja? Seu pai e eu poderíamos ajudar." Bruno sorriu para a mãe, agradecendo a oferta. "Obrigado, mãe." Ele olhou para o pai, fazendo uma pergunta mais séria. "E a mãe, como está?" Nilton sorriu com carinho para Loreta, que estava concentrada em seu almoço. "Ela acordou lúcida hoje, Bruno. E acho que seria bom todos trabalharmos juntos hoje." "Se o senhor diz... tudo bem. Afinal, a loja pertence a vocês." Bruno assentiu, feliz por ouvir isso. Após o almoço, a família decidiu ir até a loja juntos. Enquanto Nilton cuidava do caixa e Bruno atendia os clientes, Loreta se uniu a eles, interagindo com os clientes e ajudando no que podia. Bruno observou a cena, sua preocupação momentaneamente esquecida enquanto admirava a união e o esforço de sua família para fazer o negócio dar certo. Por um breve momento, ele se sentiu feliz por estar ali, vivendo o sonho que seus pais sempre desejaram. *** A atmosfera no bar estava tensa enquanto Helena encarava os amigos de Bruno, sua mente girando com as implicações da profecia e das revelações que haviam sido feitas. O garçom serviu os copos de cerveja, trazendo um pouco de alívio momentâneo enquanto ela tomava um gole e processava tudo o que tinha ouvido. Ela olhou para os amigos de Bruno, os olhares de compreensão e preocupação em seus rostos. Helena finalmente reuniu coragem para perguntar o que estava em sua mente. "Vocês vieram até aqui por conta própria ou foi o Bruno quem enviou vocês?" Gabriel foi o primeiro a responder, balançando a cabeça. "Não, Helena, nós viemos por nossa própria conta. Bruno nem faz ideia de que estamos aqui." Ela tomou um gole da cerveja gelada, deixando o líquido refrescante percorrer sua garganta enquanto processava tudo o que havia sido dito. A perspectiva de como aquilo poderia afetar sua vida, especialmente agora que estava prestes a se casar, a deixava inquieta. "Então, vocês vieram até aqui por conta própria?", ela perguntou buscando entender a situação por completo. "Bruno não sabe que estão aqui?" Lucas respondeu, um olhar determinado em seus olhos. "Exatamente. Bruno não sabe que estamos aqui, e sinceramente, ele não aprovaria." Jonathan completou, sua voz carregada de seriedade. "Nós arriscamos nossos empregos por isso. Provavelmente amanhã estaremos sem trabalho." A cerveja gelada estava sendo uma distração momentânea para Helena enquanto ela tentava processar a magnitude da situação. Ela olhou para seus copos, seus pensamentos girando em torno das palavras ditas. Ela então fez a pergunta que estava pesando em sua mente. "Por que vocês fizeram isso? Por que se importar comigo, com o que aconteceu entre mim e Bruno? Por que se importar tanto com algo que nem mesmo Bruno pareceu se importar?"" Gabriel respondeu com sinceridade. "É justamente porque o Bruno se importa com você que ele se afastou. E percebemos que você estava prestes a tomar uma decisão importante sem ter toda a verdade." Jonathan continuou, seu olhar focado em Helena. "Nós conversamos e percebemos que não seria justo com você. Você merece saber a verdade antes de tomar uma decisão tão grande." Helena observou os três amigos, sentindo-se tocada pela dedicação deles. Então, ela voltou sua atenção para a cerveja em sua mão e depois olhou para cima. "Mas por quê? Por que vocês fariam tudo isso por mim? Eu estou prestes a me casar, e parece que nada disso importa mais." Lucas completou, sua voz suave. "Não queremos interferir em sua decisão, Helena. Só achamos que você merece saber." Lúcia, que tinha ouvido tudo atentamente, pegou sua cerveja e tomou um gole antes de falar. "Infelizmente, vocês chegaram um pouco tarde. Helena já está prestes a se casar em dois dias, e ela não vai mudar de ideia." Ela olhou diretamente para Helena, seu olhar sério. "Diga para eles que é verdade, Helena. Diga que você está determinada a seguir em frente." Helena encarou Lúcia. Ela sentiu o nó em sua garganta enquanto admitia com tristeza . " Meninos, obrigada por tudo o que disseram, mas eu tomei minha decisão e estou determinada a me casar com Leandro." Os três amigos de Bruno baixaram os olhos, uma mistura de resignação e compreensão em seus rostos. Eles tinham arriscado muito, mas parecia que suas ações não mudariam o curso dos eventos que estavam prestes a acontecer. A confirmação de suas palavras trouxe um misto de emoções em sua mente, uma tristeza silenciosa por tudo o que poderia ter sido. Ela se viu encarando o abismo entre as escolhas que fizera e a verdade que agora conhecia.
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